segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Glifosato causa doenças neurodegenerativas


Um estudo recente de Winstone et al. publicado  no Journal of Neuroinflammation, demonstra que  o glifosato infiltra-se no cérebro e aumenta a citocina pró-inflamatória TNFα com implicações nas doenças neurodegenerativas.

 «Conclusões

Coletivamente, esses resultados mostram pela primeira vez que o glifosato se infiltra no cérebro, eleva a expressão de TNFα e Aβ solúvel e interrompe o transcriptoma de maneira dependente da dose, sugerindo que a exposição a esse herbicida pode ter resultados prejudiciais em relação à saúde da população em geral.»

Glifosato é o herbicida mais usado no mundo, e em Portugal, é vulgarmente conhecido por Roundup, e é usado (a rodos) na agricultura e na limpeza de caminhos, como se não fosse um verdadeiro veneno.

«O glifosato (N-(fosfonometil)glicina), o ingrediente ativo em muitos herbicidas comerciais, tem sido o herbicida mais aplicado em todo o mundo desde o ano de 2000, logo após a introdução de culturas tolerantes ao glifosato em 1996. Hoje, mais de 113 milhões de quilos de glifosato são utilizados na agricultura a cada ano nos Estados Unidos. ... Embora atualmente considerado seguro pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPS) e pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), pesquisas recentes indicam que o glifosato pode ser tóxico para o corpo humano, o que merece uma investigação mais aprofundada. Os efeitos agudos dos herbicidas têm sido extensivamente estudados, no entanto, as complicações a longo prazo da exposição permanecem amplamente desconhecidas. De particular preocupação é que o glifosato demonstrou atravessar a barreira hematoencefálica in vitro, mas ainda não foi estudado extensivamente no cérebro.»

Em 2018 participei num estudo sobre a presença de glifosato na urina dos portugueses, publicado mais tarde na revista Environmental Toxicology and Pharmacology. Numa altura em que mais de metade dos meus alimentos já eram de produção biológica, parte deles cultivados por mim, fiquei estupefacta com a quantidade desta substância que foi encontrada na minha urina:  0,17 microgramas por litro em julho e 0,54 microgramas por litro em outubro (o valor mais baixo em julho é explicado por consumir, no verão, mais produtos da minha horta); imaginem aqueles que não se preocupam com a proveniência dos seus alimentos!

Neste tema dos pesticidas, há 3 coisas completamente incompreensíveis: 

  1.  que agências de proteção do ambiente aprovem venenos (sim, todos os pesticidas são venenos) químicos sem muitos, independentes e prolongados estudos,  
  2.  que essas agências continuem a ignorara os estudos independentes que já há começaram a ser publicados, e 
  3.  que o princípio da precaução seja totalmente ignorado!~~
Fonte: Journal of NeuroinflammationWinstone et al. : "Glyphosate infiltrates the brain and increases pro‑inflammatory cytokine TNFα: implications for neurodegenerative disorders", 2022

2 comentários:

  1. É condenável que algumas autarquias ignorem isso
    aqui, em OEIRAS levaram tempo a tomar juízo

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  2. Olá Rogério. Sim, é condenável que as autarquias ainda usem isso nas ruas, pois deviam dar o exemplo, mas o pior é permitirem usar isso nos alimentos.

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