domingo, 23 de outubro de 2022

Ecorâmicas 2022: Decrescimento

No último fim de semana de outubro regressa a Guimarães a mostra de cinema documental sobre sociedade e ambiente ECORÂMICAS com o tema “Decrescimento: Humanizar a Economia”. 

Saiba mais detalhes no site da Associação Vimaranense de Ecologia "Manifesto Verde". Programa aqui.


quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Zero Resíduos #WeChooseReuse

«Cada um de nós produz em média 513 kg de resíduos por ano, ou seja, 1,4 kg por dia. E isto sem contar ainda com uma quantidade maior de resíduos que é produzida por todos os produtos que consumimos e que resultam dos diversos processos ao longo da cadeia de produção. 

As soluções atuais já demonstraram não estar à altura do desafio, por isso, precisamos de uma nova abordagem que vá à raiz do problema, evitando a produção de resíduos na origem e garantindo que os que são produzidos voltam a ser recursos para a sociedade.» (do vídeo abaixo)


«ZERO Resíduos significa conservar e recuperar todos os recursos, sem os incinerar ou depositar em aterro, incentivando mudanças na conceção dos produtos, de forma a reduzir a quantidade e a eliminar a toxicidade dos resíduos e dos materiais utilizados. 

Quando falamos de ZERO Resíduos estamos a referir-nos a uma meta que é ética, económica, progressiva, eficiente e visionária, para orientar os cidadãos e as instituições na alteração dos seus estilos de vida e práticas quotidianas, numa sociedade que, para ser sustentável, tem que se reintegrar nos ciclos naturais, onde os resíduos devem ver pensados como recursos.»

Saiba mais no vídeo da ZERO sobre o conceito Zero Resíduos, ou na fonte, o site da ZERO

 

Embora o conceito Zero Resíduos aqui referido implique um compromisso da parte dos municípios, todos nós, como indivíduos, como trabalhadores em empresas ou como voluntários, somos parte muito importante deste processo, deste compromisso.


A nível europeu, a campanha #WeChooseReuse , nascida do movimento  #BreakFreeFromPlastic,  promove o apoio dos europeus à reutilização, e já conta com o compromisso de mais de 100 mil cidadãos, 165 ONG, cerca de 300 empresas e 34 municípios.

Junte-se a este movimento e comprometa-se a atingir metas de redução de resíduos e de embalagens em

https://wechoosereuse.org/  

ou em  https://zero.ong/wechoosereuse/    (pt)

#WeChooseReuse #BreakFreeFromPlastic #CircularEconomy #PactoEcologicoEuropeu

domingo, 16 de outubro de 2022

Alimentação: o futuro pela boca!

NÃO DEIXAR NINGUÉM PARA TRÁS é o lema do Dia Mundial da Alimentação 2022 que se assinala a 16 de outubro. Mas da maneira como a grande parte da população dos países mais ricos se tem vindo a alimentar, e com as opções e o desperdício associado, continuam a ficar para trás muitas pessoas, a sofrer de fome, inanição e injustiça social; ficam para trás também muitos animais maltratados e encarcerados em explorações industriais; e fica para trás a natureza, devido à excessiva e desequilibrada exploração de recursos, desflorestação, extinção da biodiversidade e agravamento das alterações climáticas. E está tudo interligado! 

Pirâmide dupla, BCFN
«A alimentação é um tema que toca a todos e a cada um de nós. Todos comemos e estamos, portanto, dependentes do acesso a alimentos saudáveis e nutritivos. O acesso aos alimentos e a qualidade da alimentação são, por isso, questões-chave do desenvolvimento humano. Uma sociedade não pode ser considerada desenvolvida se estas questões não estiverem, em grande parte, resolvidas. O acesso aos alimentos e a qualidade da alimentação (ou a sua falta) têm, por outro lado, profundas implicações ao nível da saúde pública, do bem-estar das pessoas e do capital humano, afetando, portanto, a própria capacidade de uma sociedade para se desenvolver.

Pirâmide da pegada de carbono, BCFN
A alimentação é, além disso, o principal motivo para atividades produtivas como a agricultura e a pesca, que transformam profundamente os ecossistemas terrestres, aquáticos e marinhos que nos rodeiam. A pegada ecológica e a sustentabilidade do nosso modelo de produção, transformação, transporte, distribuição e consumo de alimentos são, por isso, questões incontornáveis no debate sobre a alimentação. A desigualdade social afeta fortemente o acesso de muitos a uma alimentação de qualidade, quer nos países em desenvolvimento quer nos países ditos desenvolvidos. Esta é, por isso, também uma questão a não excluir de qualquer discussão séria sobre o futuro da alimentação. Uma alimentação com futuro requer, assim, o acesso, por parte de todos, a uma alimentação saudável e ecologicamente sustentável.


O futuro da alimentação humana num mundo em crescimento demográfico, com dietas em rápida mutação, com escassez crescente de recursos cruciais como a água, a energia e o solo fértil, e num contexto de alterações climáticas cada vez mais visíveis, coloca hoje desafios monumentais à ciência e à tecnologia, às políticas públicas nos mais diversos domínios e a todos nós, enquanto cidadãos e consumidores.
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Fonte: Akatu
O futuro da alimentação passa pelas decisões do consumidor, que, multiplicadas por sete mil milhões, se transformam na força de mudança mais poderosa. As escolhas alimentares dos consumidores serão um dos fatores mais decisivos para a mudança climática e têm impactos sobre o consumo de água e de energia e sobre o uso do solo. São muito diferentes as necessidades de energia, água e terra para a produção, transporte, consumo e armazenamento de diferentes tipos de alimentos, bem como os resíduos produzidos. As escolhas alimentares dos consumidores afetam ainda a saúde pública, o bem-estar das pessoas e a sua capacidade de contribuir para o desenvolvimento da sua sociedade. Deste modo, parece muito claro que modificar os comportamentos e decisões de consumo é questão-chave para assegurar uma alimentação saudável, ambientalmente sustentável e geradora de maior potencial de desenvolvimento.»

Fonte: "O Futuro da Alimentação: Ambiente, Saúde e Economia", Fundação Calouste Gulbenkian; (extraído da introdução do relatório, de José Lima Santos, Isabel do Carmo, Pedro Graça e  Isabel Ribeiro)



Estou convicta de que o futuro depende mais da alimentação do que de qualquer outra coisa ou atividade que possamos fazer.  As nossas escolhas alimentares interferem profundamente na nossa saúde e na dos nossos descendentes, no ambiente, biodiversidade e alterações climáticas, na economia, soberania alimentar e democracia. Muito mais do que parece à primeira vista.



Quando escolhemos o que compramos para comer, não estamos apenas a promover a nossa saúde ou a nossa doença, estamos a votar num determinado sistema económico.

Fonte: BCFN
Ao preferir produtos biológicos, ao optar por produtos locais e da época, ao escolher dietas vegetarianas (ou ao introduzir refeições vegetarianas), ao não comprar produtos processados ou excessivamente embalados, não está apenas a cuidar da sua saúde, está também a cuidar da saúde do planeta.

Dia 16 de outubro é o Dia Mundial da Alimentação; dia 1 de novembro é o Dia Mundial do Veganismo; dia 8 de novembro é o Dia Europeu da Alimentação e Cozinha Saudáveis; que o assinalar destas datas permitam contribuir para a informação e reflexão sobre  o assunto.

Para saber mais sobre alimentação saudável, consulte o blogue NUTRIMENTO do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, da Direção-Geral da Saúde, no qual pode consultar muitos manuais sobre alimentação, inclusive os manuais (entre muitos outros):


 

Informa-se também que a partir de hoje está em consulta pública o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (2022-2030) que pode consultar em:


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Mensagem  publicada a 6 de novembro de 2016, republicada em 16 de outubro de 2018,  atualizada (1º e último parágrafos) e republicada a 16 de outubro de 2022, Dia Mundial da Alimentação.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Fome num mundo a aquecer

De acordo com o relatório da Oxfam, "FOME NUM MUNDO A AQUECER, Como a crise climática agrava a fome já existente no mundo", as alterações climáticas estão a agravar a fome de milhões de pessoas em todo o mundo e acentuar as desigualdades.

«A crise climática está a acelerar em todo o mundo, alterando rapidamente nossos padrões climáticos e criando crises desde as secas e incêndios florestais nos Estados Unidos e na Austrália, até as ondas de calor do verão na Europa e a pior seca da África Oriental em quase meio século.

As alterações climáticas estão a causar secas mais frequentes e intensas, inundações, ondas de calor e outros eventos climáticos extremos, e estes, por sua vez, contribuíram para a disseminação e agravamento da insegurança alimentar.

O número de desastres climáticos aumentou cinco vezes nos últimos 50 anos.

A pesquisa da Oxfam analisou 10 dos “hotspots climáticos” mais afetados – aqueles países com os apelos humanitários da ONU mais recorrentes em resposta a grandes eventos climáticos extremos desde 2000: Afeganistão, Burkina Faso, Djibuti, Guatemala, Haiti, Quénia, Madagáscar, Níger, Somália e Zimbábue. A pesquisa descobriu que esses países com clima mais quente, húmido ou seco também estão a mergulhar numa fome mais profunda.

Embora seja extremamente difícil medir o impacto direto exato das alterações climáticas sobre a fome, dada a natureza complexa das crises de fome, à medida que o clima extremo se torna mais feroz e mais frequente, está a devastar a vida de milhões de pessoas já desfavorecidas atingidas por outras crises, roubando-lhes de suas casas, colheitas e sua próxima refeição.

Como ilustra a Tabela 1, o número total de pessoas que sofrem de fome aguda nesses 10 hotspots climáticos mais que duplicou nos últimos seis anos, de 21,3 milhões para 47,5 milhões.

. Quatro desses dez países também lideraram consistentemente a lista de países atingidos pela fome aguda principalmente devido a extremos climáticos, de acordo com o Relatório Global para Crise Alimentar

. Quase 18 milhões de pessoas nesses 10 países estão atualmente à beira da inanição.

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Apelo da OXFAM para a ação:


A crise climática está aqui, e as pessoas já estão a morrer de fome devido ao clima. Embora os governos devam tomar medidas imediatas para salvar vidas e controlar os impactos da atual crise climática, são necessárias ações urgentes para preparar os países vulneráveis ​​para os próximos choques climáticos. Isso inclui garantir financiamento climático para apoiar as pessoas mais impactadas e investir em sistemas alimentares resilientes, sustentáveis ​​e justos no género, que funcionem para todas as pessoas e para o planeta.  

Na 77ª Assembleia Geral da ONU e antes da COP27, a Oxfam pediu aos governos medidas urgentes para:

Reduzir drasticamente as emissões: Todos os países, especialmente as nações poluidoras ricas, devem assumir suas responsabilidades e reenviar ambiciosas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) de acordo com sua parte justa para limitar o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C. Isso inclui cortes drásticos nas emissões globais, incluindo o tratamento das emissões da agricultura insustentável, alimentação animal, desflorestação e uso de combustíveis fósseis.

Fornecer assistência de emergência para salvar vidas agora: Para salvar vidas agora, doadores, especialmente de nações ricas e poluidoras, devem preencher imediatamente a lacuna de apelo humanitário da ONU para ajudar países e pessoas impactados. Para preencher essa lacuna, os governos devem garantir que as empresas e os ricos pagam a sua parte justa de impostos, principalmente aqueles que lucram com os danos ao planeta.

Compensar de forma justa os mais impactados pela crise climática: além de cumprir a meta de financiamento climático de 100 mil milões de US dólares para mitigação e adaptação climática, os países ricos poluidores devem compensar os países de baixa renda pelos danos e perdas que lhes causaram devido às mudanças climáticas. Isso ocorre por meio do estabelecimento de um mecanismo de financiamento para lidar com perdas e danos sob a UNFCCC, bem como o cancelamento da dívida para ajudar esses países a se prepararem e lidarem com os choques climáticos.

Preparar os países pobres e as pessoas pobres para o próximo choque climático: os governos devem se comprometer com ações antecipadas e preparação antecipada para os choques climáticos, incluindo a garantia de financiamento para ser prontamente despachado antes dos desastres climáticos e a mobilização de sistemas de alerta precoce e garantir que as comunidades e organizações locais afetadas estejam no coração da resposta. Isso também inclui investir em esquemas de proteção social para ajudar as pessoas a lidar com a situação.

Construir sistemas alimentares mais justos, resilientes e sustentáveis: os governos e o setor privado devem colocar sistemas alimentares mais justos e de gênero no centro da resposta climática, para ajudar os produtores de alimentos de pequena escala a se recuperar, reconstruir e responder às crises climáticas. Isso inclui investir na agricultura sustentável que apoie a produção local de alimentos e preserve o planeta.

Fornecer vias seguras e legais para as pessoas forçadas a se mudar devido às mudanças climáticas: para chegar a países seguros tanto em termos de desastres climáticos de curto prazo quanto para alterações climáticas de longo prazo que tornam seus locais de origem inabitáveis.

Garantir uma resposta climática sensível ao género: gerar dados para entender melhor o impacto da crise climática sobre mulheres, meninas e indivíduos não binários e garantir que eles possam ter acesso a  serviços sociais básicos.»

Fonte: HUNGER IN A HEATING WORLD - How the climate crisis is fuelling hunger in an already hungry world ), OXFAM MEDIA BRIEFING 16 September 2022  (tradução livre)