quarta-feira, 25 de março de 2020

Como surgiu o coronavírus?

Estudos vários começam a apontar que a origem de muitas doenças epidémicas como a COVID-19, provocada pelo novo coronavírus, são transmitidas por certos animais em determinadas condições. As "zoonoses" são doenças infecciosas capazes de ser naturalmente transmitidas entre animais e seres humanos. Neste caso, ao que tudo indica, a origem estará no comércio de animais selvagens no mercado de Wuhan na China: vejam o vídeo abaixo, explica de uma forma muito clara.


Aconselho a leitura do artigo "Biodiversidade e Saúde" publicado pela Associação Campo Aberto em 2018, e republicado recentemente, devidamente fundamentado, onde o surgimento de doenças epidémicas é inequivocamente ligado à intromissão humana na vida selvagem, do qual ficam aqui dois parágrafos:


«Em pleno Antropoceno, a alteração do uso dos solos, as populações animais e o clima arrastam o aparecimento de doenças transmissíveis dos animais aos seres humanos, ou seja, de zoonoses.

...

Com cerca de 60 por cento dos agentes patogénicos humanos e cerca de 60 por cento das doenças infeciosas emergentes classificadas como zoonoses, ou seja, transmissíveis dos animais aos seres humanos, essas patologias (gripe das aves, VIH SIDA, SRAS e Ebola, etc) representam um desafio crescente de saúde pública a nível mundial.
...
As atividades humanas influenciam a emergência e a transmissão da quase totalidade das zoonoses, quer como motor principal quer como fator secundário.

A humanidade modifica o seu ambiente desde que surgiram seres humanos, mas, com uma população mundial em aumento constante e uma necessidade exponencial de recursos, aumentam de rapidez a expansão geográfica das atividades humanas e as pressões associadas (agricultura, urbanização, atividades industriais). São diminutos os espaços atualmente isentos da marca antrópica.

Daí resulta simultaneamente o desaparecimento em massa das populações animais selvagens e um contacto reforçado do Homem com a fauna cujo espaço vital se vai reduzindo. Estando essa pressão antrópica sem precedentes sobre os ecossistemas em constante aumento,  e em contexto de mudanças ambientais globais, as doenças zoonóticas continuarão no futuro a emergir.»




Este vídeo é uma tradução por QI News do vídeo original de VOX (aqui)

sexta-feira, 20 de março de 2020

Carta do coronavírus para a Humanidade

Este vídeo é uma mensagem do novo coronavírus para a Humanidade. Aliás, o vírus é apenas o mensageiro, quem manda a mensagem é o planeta Terra. Este  aviso é provavelmente a nossa última chance de mudar de direção, de começarmos a pensar no planeta e agir para o proteger. A sério.

O texto original é de Kristin Flyntz e foi escrito a 12 de março 2020 (An Imagined Letter from Covid-19 to Humans)



«Uma carta imaginada do coronavírus para os humanos

Parem! Apenas parem!.
Já não é um pedido. É uma ordem.
Estamos aqui para vos ajudar.

Vamos parar o carrossel de alta velocidade e supersónico
Vamos parar
os aviões
os comboios
as escolas
os shoppings
as reuniões
a correria frenética e furiosa das ilusões e "obrigações" que vos impedem de ouvir as batidas do nosso coração partilhado
a forma como respiramos juntos, em uníssono.
A nossa obrigação é uns para com os outros,
Como sempre foi, mesmo que tenhas esquecido.

Vamos interromper esta transmissão, a transmissão cacofónica sem fim, de divisões e distrações, para vos trazer esta notícia já antiga:
Nós não estamos bem.
Nenhum de nós; todos nós estamos sofrendo.
No ano passado, as tempestades de fogo que queimaram os pulmões da terra não vos deram descanso
Nem os tufões em África, China, Japão.
Nem os climas febris no Japão e na Índia.
Não tendes estado a ouvir.
É difícil ouvir quando estais sempre tão ocupados, a trabalhar para manter os confortos e comodidades que suportam as vossas vidas.
Mas a fundação está a ceder, a afundar sob o peso das vossass necessidades e desejos.
Nós vos ajudaremos.
Vamos trazer as tempestades de fogo aos vossos corpos
Vamos trazer a febre para os vossos corpos
Vamos trazer a queimaduras  e inundações aos vossos pulmões 
para que vocês possam ouvir:
Nós não estamos bem.

Apesar do que podeis pensar ou sentir, nós não somos o inimigo.
Nós somos o mensageiro. Nós somos aliados. Somos uma força de equilíbrio.
Estamos a pedir-vos:
Para parar, para ficar quietos, para ouvir;
Para ultrapassar as vossas preocupações individuais e considerar as preocupações de todos;
Para assumir a vossa ignorância, para encontrar a vossa humildade, para abandonar a mente pensante e viajar fundo na mente do coração;
Para olhar para o céu, com menos aviões, e vê-lo, notar a sua condição: claro, esfumado, nublado, chuvoso?  Quanto é que precisais que ele seja  saudável para que também possais ser saudáveis?
Para olhar para uma árvore, e vê-la, notar a sua condição: como é que a sua saúde contribui para a saúde do céu, para o ar que precisais para serdes saudáveis?
Para visitar um rio, e vê-lo, notar a sua condição: límpido, limpo, turvo, poluído? Quanto é que precisais que o rio seja saudável para que também possais ser saudáveis? Como é que a saúde do rio contribui para a saúde da árvore, que contribui para a saúde do céu, para que vocês também sejam saudáveis?

Muitos têm medo agora.
Não demonizeis o vosso medo, e também, não deixeis que ele vos domine. Em vez disso, deixai que ele fale convosco - na sua quietude, ouvi a sua sabedoria.
O que vos poderá estar a dizer sobre o trabalho, os assuntos, os riscos,  para além das ameaças de inconveniência pessoal e doença?
Tal como a saúde de uma árvore, de um rio, do céu vos dizem sobre a qualidade da vossa própria saúde, o que é que a qualidade da vossa saúde vos diz sobre a saúde dos rios, das árvores, do céu e de todos nós os que partilhamos este planeta convosco?

Parem!
Reparai se estais a resistir.
Reparai a que é que vós estais a resistir.
Perguntai porquê.

Parem! Parem apenas.
Fiquem quietos.
Escutem.
Perguntem-nos o que podemos ensinar-vos sobre doença e cura, sobre o que pode ser necessário para que tudo esteja bem.
Nós vos ajudaremos, se vós ouvirdes.»

- Kristin Flyntz 2020.03.12

Fonte: An Imagined Letter from Covid-19 to Humans (tradução livre)

(publicado em 20/3/2020, atualizado em 5/4/2020 com o texto traduzido e devidos créditos)

quinta-feira, 19 de março de 2020

Pão de fermentação lenta (receita)

Com a dificuldade em sair de casa e em comprar alimentos que vivemos nestes dias de pandemia, partilho aqui uma receita de pão de fermentação lenta - feito com massa-mãe. 

Normalmente, o pão tem de ser  "sovado" (amassado de uma determinada forma). Neste caso, em vez da "sova" uso uma forma mais expedita - maior quantidade de água para o pão ficar "fofo".


Nesta reeita, a massa é para mexer com colher,  e o pão é feito em 2 etapas. Mais a de "fabricação do fermento", esta realizada uma única vez, mas que dura 5 dias. 


Fiz várias experiências, de várias fontes. Esta foi a que escolhi, a que, para já, resultou bem para o meu gosto. 


Ainda passarei a outras farinhas para além do trigo e centeio, e posteriormente adicionarei sementes. Será possível, com certeza, usar outras farinhas, ou misturas com diferentes farinhas com menos glúten ou sem glúten (espelta, kamut,  milho, arroz, ….). Mas em anteriores experiências com pão, sem glúten é muito mais difícil um pão fofo. Normalmente requer outros ingredientes adicionais (ex. goma de xantana).


O difícil é acertar o passo para ter pão todos os dias. Mas não é preciso fazer diariamente, porque este pão mantém-se bom pelo menos alguns dias.


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PÃO DE FERMENTAÇÃO LENTA 

Ingredientes:
·         Farinha de centeio integral biológica
·         Farinha de trigo branca e/ou integral biológica
·         Água
·         Sal

1 – Fazer o fermento natural

Fermento natural: com as leveduras e lactobacilos naturais dos cereais. Por isso a importância de usar integral e biológico para fazer o fermento. E com o centeio resulta melhor.

Ingredientes:
·         Farinha de centeio integral biológica
·         Água

Dia 1 – Num frasco de vidro, juntar 1 colher de sopa rasa de farinha de centeio integral biológica e 2 colheres de sopa rasas de água sem cloro, morna.  Deixar em local reservado, ex. dentro de um armário, 24 horas.
Dia 2 – Juntar mais 1 colher de sopa rasa de farinha de centeio integral biológica e 2 colheres de sopa rasas de água sem cloro, morna.  Voltar a deixar em local reservado, ex. dentro de um armário, 24 horas.
Dia 3, 4 e 5 – Repetir o dia 2.

Se a mistura desenvolveu bolhinhas bem visíveis lateralmente, é porque já é fermento. Se não, tentar mais um dia . Se não resultar em bolhinhas, deitar fora. Voltar a tentar, e usar um local mais morno (menos frio).

Guardar no frigorífico. Uma vez por semana deve ser “alimentado”/ reativado - ou se faz a massa-mãe e guarda-se novamente uma parte, se  não, reativa-se da seguinte forma:

·         Alimentar / reativar o fermento: juntar 1 colher de sopa rasa de farinha (de preferência de centeio integral biológica, mas também pode ser trigo) e 1 colher de sopa de água sem cloro, de preferência morna. Misturar. Deixar fora do frigorífico de um dia para o outro.  Está pronto a usar ou a voltar para o frigorífico mais 7 dias.

2 – Fazer a massa mãe (para um pão de cerca de 1 kg)

Ingredientes:
·         40 g farinha de centeio (de preferência integral e biológica)
·         40 g farinha de trigo branca ou integral (de preferência integral e biológica)
·         80 ml água sem cloro (de preferência morna)
·         40 g fermento natural

Também pode ser usado só centeio, ou só trigo.  Usar igual quantidade de água que o total de farinha (em peso) e metade de fermento natural.

Numa bacia pequena misturar as farinhas e a água, juntar o fermento. Misturar e deixar levedar num local reservado, como por exemplo dentro de um armário da cozinha ou no forno desligado. 
Fica de um dia para o outro, ou pelo menos 5-6 horas a levedar.
A massa mãe cresce mais ou menos para o dobro em volume.

Usar parte da massa mãe para fazer o pão (cerca de 10% do peso do pão) e guardar a restante (pelo menos 50 g) como fermento natural no frigorífico. 
Reativar / alimentar conforme ponto anterior, ou usar, no máximo até uma semana..

3 – Fazer a massa do pão (para um pão de cerca de 1 kg)

Ingredientes:
·         300 g farinha de trigo branca (de preferência biológica)
·         100 g farinha de trigo integral (de preferência biológica)
·         50 g farinha de centeio integral  (de preferência biológica)
·         450 ml água sem cloro (de preferência morna)
·         2 colheres de chá de sal grosso
·         100 g fermento natural

Numa bacia média misturar as farinhas e o sal. Juntar a água morna e misturar bem. Juntar o fermento e misturar novamente.
Forrar uma forma retangular (tipo bolo inglês) com papel vegetal. Deitar a massa na forma que não deve ultrapassar metade da mesma.
Deixar levedar num local reservado, como por exemplo dentro de um armário da cozinha ou no forno desligado. Pelo menos 2-3 horas ou até ficar no dobro do volume (no verão é mais rápido, no inverno mais lento).

Quanto às farinhas, também pode ser usado só trigo, ou só trigo branco, ou outras misturas ou outras percentagens.    

4 –  Cozer o pão

Ligar o forno, colocar lá dentro um recipiente com água (para dar humidade) e aquecer aos 200 ºC (eu uso calor de cima e de baixo, forno elétrico). Só quando tiver atingido a temperatura é que se deve meter a forma com a massa no forno.

Coze cerca de 25 -30 minutos. Retirar do forno e retirar da forma. Bater por baixo como quem bate à porta: se soar a oco, é porque está pronto. Bom proveito. 

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(Nota publiquei também mo blogue Agir pela Sustentabilidade, dado que este foi mais uma vez bloquado pelo Facebook e Instagram)

terça-feira, 17 de março de 2020

"O que o vírus nos está a explicar"



«Acredito que o cosmos tem sua própria maneira de equilibrar as coisas e suas leis, quando elas estão perturbadas.  O momento em que estamos a viver, cheio de anomalias e paradoxos, faz-nos pensar...

Numa época em que as alterações climáticas causadas pelos desastres ambientais atingiram níveis preocupantes, a China em primeiro lugar, e muitos países depois, são forçados a congelar; a economia entra em colapso, mas a poluição diminui consideravelmente. O ar melhora; você usa a máscara, mas respira...

Num momento histórico em que certas ideologias e políticas discriminatórias, com fortes referências a um passado mesquinho, estão  a ser reativadas em todo o mundo, chega um vírus que nos faz experimentar que, em um instante, podemos nos tornar os discriminados, os segregados, os presos na fronteira, os portadores de doenças. Mesmo que a culpa não seja nossa. Mesmo que sejamos brancos, ocidentais e viajando em classe executiva.

Numa sociedade baseada na produtividade e no consumo, em que todos corremos 14 horas por dia atrás do desconhecido, sem sábados nem domingos, sem mais vermelhos no calendário, de um momento para o outro, vem a paragem.

Parados, em casa, dias e dias. Para contar com um tempo cujo valor perdemos, se não for mensurável em compensação, em dinheiro.  Ainda sabemos o que fazer com ele?

Numa fase em que o crescimento dos filhos é, por necessidade, muitas vezes delegado a outras figuras e instituições, o vírus fecha as escolas e obriga-as a encontrar soluções alternativas, para voltar a colocar mães e pais junto dos filhos. Obriga-nos a começar uma nova família.

Numa dimensão onde as relações, a comunicação, a sociabilidade são jogadas principalmente no "não-espaço" da rede social virtual, dando-nos a ilusão de proximidade, o vírus tira-nos a verdadeira proximidade: sem tocar, sem beijar, sem abraçar, à distância, no frio do não-contacto.

Quanto é que tomámos estes gestos e o seu significado como garantidos?

Numa fase social em que pensar no próprio umbigo se tornou a regra, o vírus envia-nos uma mensagem clara: a única saída é a reciprocidade, o sentido de pertença, a comunidade, o sentimento de fazer parte de algo maior para cuidar e que pode cuidar de nós. A responsabilidade partilhada, o sentimento de que o destino não é só de vocês, mas de todos à vossa volta depende das vossas acções. E que tu dependes deles.

Então, se pararmos de fazer caça às bruxas, de perguntar de quem é a culpa ou por que tudo isto aconteceu, mas pensando no que podemos aprender com isso, acho que todos nós temos muito o que pensar e nos comprometer.

Porque com o cosmos e suas leis, obviamente, temos uma dívida de gratidão.
O vírus está a explicar-nos, a um preço muito alto»

Fonte: Francesca Morelli: "ecco cosa ci sta spiegando il virus", em  Vita, 10/3/2020  (tradução livre)

sábado, 14 de março de 2020

11 anos, uma pandemia e uma corrente de solidariedade

Dia 14 de março de  2020, em plena situação de pandemia da doença provocada pelo coronavírus COVID-19,  este blogue completa 11 anos de existência.  Habitualmente faço um balanço da situação do blogue, mas este ano, em época excepcional, também vou fazer diferente do normal. 

Assim, de forma a ajudar a esclarecer, a evitar a propagação rápida do vírus e o pânico, e porque faz toda a diferença se o vírus se espalha rápido - com elevada taxa de mortalidade por colapso dos sistemas de saúde - ou lentamente - dando tempo aos hospitais para tratarem as pessoas, deixo aqui uma mensagem que tem andado a circular via Whatsapp pelas pessoas da minha terra, Vila Nova de Famalicão:

«Mensagem partilhada pelo médico famalicense Rui Guedes...

🚨🚨 IMPORTANTE 🚨🚨

Caros amigos,

Não somos entidades com nomes sonantes nem peritos em epidemiologia, somos apenas a arraia miúda, médicos que vivem diariamente num Sistema Nacional de Saúde (SNS) que no seu basal já trabalha no limite, e como tal, vemos com apreensão os dias que se avizinham.

Não estamos satisfeitos com o modo como a situação do COVID-19 tem sido conduzida pelas entidades competentes. Na tentativa atendível de não causar pânico, a verdadeira mensagem não está a passar e a nossa perceção é que pessoas fora da área da Saúde acham que o atual cenário “é um exagero”. Compreendemos em plenitude, não fossem tantas as vezes que a comunicação social nos anuncia a catástrofe iminente, que como ao proverbial rapaz os ignoramos quando há mesmo um lobo.

Assim, pretendemos deixar umas notas, que vindas de alguém que conhecem poderão ter o impacto que conferências de imprensa não têm conseguido.

Com base no cenário que vemos em Itália e que começamos a ver em Espanha (e na informação que vai sendo partilhada entre a comunidade médica) consideramos ser necessário dizer e reforçar o seguinte:

1- Mais de 80% das pessoas infetadas com o COVID-19 terão sintomas muito leves, semelhantes a uma simples constipação ou a um síndrome gripal ligeiro. Estes casos podem e devem evitar idas aos Serviços de Urgência. Não o dizemos por capricho! Não há qualquer tratamento a oferecer aos casos ligeiros, não há nada que se possa fazer num hospital que os impeça de agravar (e a vasta maioria não agravarão e passarão por si sós!). Breve, ir ao hospital não vos adiantará nada pessoalmente e pelo contrário porá em risco todos os outros utentes e profissionais.

2- Pelo menos 10% dos casos serão graves o suficiente para causar falta de ar e obrigar a idas ao Hospital. Alguns destes serão graves o suficiente para precisarem de ventilação mecânica (“ficar ligado à máquina”). Apesar de estes casos graves serem maioritariamente pessoas idosas ou com doenças que os fragilizam, também acontecerão casos de pessoas jovens saudáveis (se 0.2% dos jovens afetados precisarem de ventilação, no caso de 10.000 afetados serão 20 jovens em Portugal em estado grave). Nos idosos e pessoas com problemas de saúde, essa percentagem pode chegar aos 15-20%, o que significa potencialmente uma enormidade de doentes graves que o SNS não terá capacidade de assistir da melhor forma, que é o que se vê acontecer em Itália, onde ventiladores estão a ser recusados logo à partida, sem qualquer contemplação, a pessoas com mais de 60 anos.


3- O que podemos fazer? Tentar que em vez de termos 10.000 casos até ao final de Março, tenhamos esses 10.000 casos espalhados no tempo ao longo de 6 meses. Faz muita diferença um hospital ter no mesmo dia 10 pessoas a precisar de ventilador ou ter 50 pessoas a precisar de ventilador. É simples, não vai haver para todos. Como podemos atrasar então o surgimento de novos casos? Isolarmo-nos o mais possível. E cada dia conta no atraso que vamos conseguir!

Imagem de Globo
 4- Se és dono de uma empresa ou de um escritório considera fechar portas e colocar os funcionários a trabalhar tanto quanto possível de casa. Pensa assim, vais ter que fechar  portas em duas semanas de qualquer forma, com uma grande diferença: salvaste vidas!!

5- Se podes trabalhar de casa, deves absolutamente fazê-lo.

6- Não vás ao ginásio, vai dar uma corrida (não em grupo!) e faz umas flexões em casa. Não vás ao café. Não vás ao restaurante. Escusado será mencionar esse ambiente fresco e arejado que existe em discotecas e bares noturnos. Almoço de fim de semana em casa dos avós? Cancelem. Jantar de anos da Filipa? Não vai dar, a Filipa compreenderá, mais não seja em duas semanas quando perceber a dimensão do problema.

7- As crianças, ao contrário do que se viu escrito em alguns locais, parecem ser bastante contagiosas. Apresentam também muito poucos sintomas quando estão infetadas. Ou seja, devemos evitar o contacto entre as crianças da família e respetivos avós e outros membros mais frágeis. Pelo lado bom e para tranquilizar: tanto quanto sabemos (e já sabemos alguma coisa após tantos milhares de casos pelo Mundo) não há qualquer caso de doença grave em crianças menores de 10 anos. Os sacanitas são rijos, mas muito contagiosos.

8- A máscara só é útil para quem já está a tossir e espirrar - para pessoas sem sintomas ajuda pouco. Importante mesmo é lavar as mãos frequentemente e evitar tocar na cara/boca/olhos. E manter distância social: não há apertos de mão, não há beijinhos e falar de perto é também má ideia (vá, todos conhecemos aquela pessoa que manda muitos “perdigotos”).

9- Não é demais salientar que durante esta época as outras doenças, acidentes e infortúnios vários não vão tirar férias. Continuarão a existir AVCs, ataques cardíacos, outras infeções, acidentes de viação, exatamente na mesma quantidade de antes. Com uma diferença saliente: quando esses doentes graves precisarem de vaga nos cuidados intensivos (que mesmo num dia bom já são insuficientes e difíceis de gerir), podem bem não a ter. A mortalidade do COVID não é só a mortalidade do COVID - com um sistema a trabalhar para lá do limite, todas as outras doenças que já antes matavam, matarão mais.

10- Terminamos com uma nota importante: o pânico é contraproducente. Ninguém tem necessidade de açambarcar setecentos rolos de papel higiénico. A sociedade como a conhecemos não colapsará. Mas isto não é a gripe A, não é a vespa asiática, não é a crise dos combustíveis, não é nenhuma das mais recentes catástrofes sempre anunciadas e felizmente nunca cumpridas. Desta vez é a sério (palavra de escuteiro) e cabe a cada um de nós fazer a sua parte para que seja o menos sério possível.»

Neste momento em que escrevo, na Europa há 36642 casos confirmados e 1514 mortos (daqui) devido ao coronavírus, onde a pior situação, no momento, é em Itália, com cerca de metade dos casos. Em Portugal, neste momento há 169 caso, e a aumentar muito cada dia; felizmente ainda 0 mortos (daqui) . Se não forem tomadas medidas de prevenção suficientes nos vários países, podem todos ficar muito pior. Por isso, informe-se, tenha calma, e proteja-se a si e aos outros.

Como agradecimento aos profissionais de saúde que lutam e trabalham para além de toda a razoabilidade nesta fase difícil, partilho também a corrente que um grupo de cidadãos iniciou nas redes sociais:

«Hoje às 22h00 vai haver uma corrente de esperança e energia dedicada a todos os profissionais de saúde que trabalham em todo o país para nos ajudar a ultrapassar este desafio enorme.
💖
Às 22h00 venham todos à janela, à varanda, onde puderem, aplaudir os nossos profissionais de saúde. 👏👏👏Passem a todos os conhecidos. 
🙏🏻
#somostodosSNS💫»


Saiba mais sobre o novo coronavírus na DGS em:   https://covid19.min-saude.pt/

Situação atualizada na Europa (via OMS) : ver aqui

Veja também (fonte do gráfico acima) artigo no  Globo : Globo: Um gráfico explica a pandemia

quarta-feira, 11 de março de 2020

Greve Climática Estudantil cancelada

«A Greve Climática Estudantil, no contexto dos últimos acontecimentos relacionados ao novo coronavírus, e a saber de nossa responsabilidade social para com a saúde pública, informa que as manifestações marcadas para a próxima sexta-feira (13) não serão realizadas.
Ouvimos a ciência e os especialistas e, apesar de sabermos que os jovens são os menos afetados por este vírus, reconhecemos a importância de agirmos em solidariedade com aqueles que são mais vulneráveis.

Agimos de acordo com a gravidade da crise que enfrentamos, da mesma forma como esperamos que nossos políticos ajam ao enfrentar a crise que temos denunciado há tanto tempo. E é tendo isso em conta que alertamos para o caos social que está por emergir com a emergência climática.

É uma crise à escala global que já matou e continua a matar milhares de pessoas. As suas consequências devastadoras milhões na pobreza, crises migratórias e agravam as desigualdades sociais. É uma crise que continuará a destabilizar a economia e expõe com clareza as fraquezas do sistema em que vivemos. Referimos nos, obviamente, à crise climática. Uma crise que já é global e afetará o futuro de todas as gerações vindouras

O coronavírus é, evidentemente, um perigo. Mas, e se tratássemos a crise climática como tratamos o coronavírus? E se, constantemente, estivéssemos a receber notícias ao minuto das catástrofes que se continuam a desenrolar de uma ponta à outra do mundo? E se as políticas governamentais fossem vistas e dissecadas sobre o prisma da crise climática, tal como está a acontecer com a nova epidemia?

O coronavírus é mais fácil de ser encarado como uma crise devido à sua proximidade imediata e real à população. Por não terem sido tomadas precauções mais cedo, enfrentamos agora medidas severas de contingência que excluem grupos racializados e precarizados.

A crise climática é enfrentada como algo distante, temporal e geograficamente. Assim, tem sido sistematicamente ignorada ou encarada de ânimo leve por parte dos governos do mundo. Ambas as situações esclarecem que no bussiness as usual não há espaço para investimentos público suficiente. Seja para garantir um sistema de saúde público , seja para efetuar uma transição verde e justa da economia, criar empregos para o clima e garantir uma democracia energética.

Assim, o coronavírus é apenas uma amostra do que será a crise climática se baixarmos os braços e não continuarmos a lutar por justiça climática todos os dias. É por isso que neste dia 13 de março continuamos a agir, adaptando-nos às circunstâncias que assim o exigem.

Fiquem atentos para as ações e protestos, cuja importância se intensifica de dia para dia, da Greve Climática Estudantil.»

Fonte:  Facebook de Greve Climática Estudantil, 11 de março 2020

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Publicado a 9 de março 2020:
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Só com os jovens podemos melhorar as coisas neste planeta... com a intervenção deles, com a exigência deles, mas é precisa a ajuda de todas as gerações.

Apesar de absolutamente necessárias as mudanças no comportamento individual - não chegam, temos de exigir aos políticos que que tomem medidas sérias e proporcionais ao problema.

Basta de assobiar para o lado, dar duas palavrinhas bonitas e continuar na mesma.


----------------------------------------------------  MANIFESTO 13 DE MARÇO --------------------------------------------------------


«A nossa casa está a arder. Temos uma década para reverter todo um século, mas continuamos longe de conseguir cumprir as metas europeias e internacionais, já de si insuficientes, para a neutralidade carbónica. Em Portugal, ainda nem foi declarado o estado de emergência climática, crucial para o reconhecimento de que estamos, efetivamente, numa situação extraordinária. Apesar de todas as promessas durante a campanha eleitoral, o governo continua a não fazer do combate às alterações climáticas uma prioridade real.


O Orçamento de Estado é um dos exemplos mais recentes disso mesmo, demonstrando uma insuficiência grave no compromisso de atingir as metas para a neutralidade carbónica. O investimento previsto para a mobilidade é particularmente preocupante, uma vez que se centra maioritariamente em estradas, deixando de lado o reforço dos transportes públicos rodoviários fora dos grandes centros urbanos, bem como a necessária expansão da rede ferroviária. Já no que toca às florestas, ainda não se não prioriza o desenvolvimento sustentável e o governo só prevê a remodelação para um novo tipo de floresta se a existente for considerada economicamente inviável.

Além disso, o governo continua a insistir em aprovar grandes projetos que configuram autênticos crimes ambientais, tanto pelos impactos negativos que têm nos ecossistemas e qualidade de vida das populações, como pela contribuição direta ou indireta para um elevado aumento das emissões de gases de efeito de estufa. Referimo-nos à construção do aeroporto do Montijo e às dragagens do Sado, mas também à prospeção de gás e à exploração de lítio, que anulam a possibilidade de Portugal respeitar a sua meta de redução de emissões.


Assim, tanto para o nosso governo como para as grandes empresas, o lucro continua a sobrepôr-se ao nosso futuro. Perante isto, não podemos ficar de braços cruzados. Como ativistas temos provado, por todo o mundo, que nunca se é demasiado jovem para fazer a diferença, por mais que tentem descredibilizar-nos. Todos juntos, conseguimos trazer para o debate público a necessidade de mudar. Agora, é preciso passar da retórica à prática.


No dia 13 de março, abdicamos de um dia de aulas pelo nosso futuro. Fazemos greve pelo fim dos grandes projetos que contribuirão para aprofundar a crise climática, exigindo que todo esse investimento seja redirecionado para uma transição energética justa, a reflorestação massiva e ordenada do território e o alargamento da rede de transportes públicos. Mas só unidos conseguiremos construir uma alternativa justa e, por isso, apelamos a que todos os sindicatos, coletivos, organizações e cidadãos em geral se juntem a esta mobilização. Nós somos aqueles de quem estávamos à espera.»

Fonte (texto do manifesto e imagens):

Acompanhe aqui a organização das manifestações, já agendadas em muitas cidades de Portugal!

quinta-feira, 5 de março de 2020

Troca de Sementes de Famalicão e Mercadinho da Primavera

Sábado, 7 de março 2020: 
Mercadinho da Primavera: 10h00 - 18h00; 
Troca de Sementes: 14h30 - 17h30; 
Central de Camionagem, Vila Nova de Famalicão.

Dia 7 de Março, irá ocorrer a 9ª edição da Troca de Sementes de Famalicão, evento basilar da Associação Famalicão em Transição, que visa promover a soberania alimentar, preservar a biodiversidade e evitar a extinção de variedades tradicionais, através da troca gratuita ou cedência de sementes.

Em simultâneo, acontecerá a 2ª Edição do Mercadinho da Primavera, que pretende dar a conhecer ao consumidor em geral, alternativas sustentáveis e soluções práticas, fáceis de implementar na nossa rotina do dia-a-dia, bem como os benefícios que estas simples trocas acarretam para o bem-estar: do próprio e do planeta. Este evento consiste num Bazar Ecológico para venda de artigos sustentáveis, stock off, upcycling, alimentação biológica, vegan e/ou a granel e serviços de terapias, bem como numa Feira de Usados, para venda de artigos em 2ª mão, promovendo o consumo sustentável e a economia circular.

A Madrinha do Mercadinho da Primavera será a Alexandra Arnóbio, figura reconhecida pelo seu trabalho na promoção da reutilização e de uma economia circular através da “Era uma vez Upcycling Projects”, cujo mote é o de acreditar num mundo mais sustentável, onde o lixo de uns pode tornar-se no luxo de outros. Com uma parceria com a Lipor, a missão da Alexandra Arnóbio é olhar para o que está à nossa volta e criar novas funções, perpetuar a memória de tempos que já foram num futuro que ainda irá ser.

Sustentabilidade e economia circular são valores que Famalicão em Transição promove, tanto com a Troca de Sementes, como com os mercadinhos, aos quais se junta o grupo Eco-Trocas Famalicão, que irá proporcionar um Ponto de Trocas, no decorrer deste sábado. Este grupo, criado através do Facebook, tem como objetivo promover a redução do consumo através de trocas gratuitas, com aproveitamento de recursos já existentes, contribuindo para a diminuição de desperdícios.

Estão convidados a vir a Famalicão e conhecer estes projetos e pessoas que trabalham por um mundo mais sustentável.

terça-feira, 3 de março de 2020

Censurado pelo Facebook

Nova Atualização: 
No dia 18/3/2020,  este blogue foi novamente bloqueado pelo Facebook. Agradeço a todos os que ajudaram a tentar desbloquear, mas não resulto, os que censuraram tiveram mais força. MUITO OBRIGADA na mesma.


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Atualização: 
No final da tarde de 6/3/2020, e graças à colaboração de muitos amigos no Facebook, este blogue foi desbloqueado naquela rede. Agradeço a todos os que participaram enviando mensagens para o Facebook explicando porque era um erro bloquear este site. MUITO OBRIGADA

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Sustentabilidade é Acção, este local virtual de informação e alerta ambiental, foi censurado pelo Facebook. Esta plataforma eliminou todas as publicações que tinham um link para este blogue.


Um blogue que criei há quase 11 anos, como forma de participação cívica, partilhando preocupações e divulgando informações, por vezes opiniões, sobre questões ambientais e da nossa sociedade, trazendo vozes mais esclarecidas e vídeos informativos.

Um blogue que já teve mais de 1,5 milhões de visitas, e o qual, com mais ou menos tempo, mas sempre com dedicação ao planeta e à causa pública, vou alimentando conforme posso e sei. 

Um blogue que foi feito com muitas, muitas horas de dedicação, ao longo  quase 1400 mensagens publicadas.

Um blogue que não tem publicidade, um blogue sem fins lucrativos, um blogue que é uma missão.

Um blogue que, desde 2010, venho partilhando as publicações no Facebook, na página criada para o efeito (Sustentabilidade é Acção) e no meu mural, à medida que os blogues foram trocados pelas redes sociais.

E o Facebook censurou este blogue, porque "não respeita os padrões da comunidade", dizem, sem explicar coisa nenhuma. e apagaram todas as mensagens que tinham ligação a este blogue: no mural, na página referida.  E o mesmo fizeram na conta do Instagram, que quase não é utilizada.

Já respondi ao Facebook que deve ser engano, pedindo a revisão. Provavelmente nunca vão "rever" ou responder. Veremos. Seja como for, lamento isto, que acontece a 11 dias dos 11 anos!

Talvez este seja o incentivo que precisava para largar de vez o mundo virtual, pois não me parece que a maioria dos blogues ou sites hoje consigam sobreviver sem presença nas redes sociais. A ver vamos. 

Obrigada a quem leu este desabafo. Até breve!
Manuela Araújo
3/3/2020, Vila Nova de Famalicão, Portugal