sábado, 27 de maio de 2023

Manta Ray

“MANTA RAY",  música nomeada Oscar®  Melhor Canção Original de 2016 composta por J. RALPH,   no documentário “Racing Extinction” (Vida em Extinção, de 2015), do realizador  Louie Psihoyos,  sublimemente interpretada por ANOHNI,  (artista anteriormente conhecida por Antony Hegarty).


Imagens de vídeo de "The Secret Life of Plankton" (c) TEDed / Parafilm; 
Produtor Executivo : Tierney Thys Plankton fotografado por Christian Sardet, Noé Sardet & Sharif Mirshak (c) Plankton Chronicles / CNRS - www.planktonchronicles.org 

 “MANTA RAY” Musica por J. Ralph and ANOHNI 
Letra por ANOHNI, interpretada por J. Ralph & ANOHNI Produzida por J. Ralph, coprodução de Arthur Pingrey 

«Nas árvores

Entre as folhas

Todo o crescimento

Que fizemos


Todo o amor

E separação

Todas  as voltas

Para nos enfrentarmos


Eu divido

No céu

Nos estratos

Entre os raios


Todo o amor

E separação

Todas  as voltas

Para nos enfrentarmos


Sem biodiversidade

Não sou nada

É como se eu nunca

Tivesse existido


Sem minha casa

Sem reflexão

Eu deixo de existir


E meus filhos

Estão a morrer agora

Dentro de mim

Minhas crianças

Estão a morrer agora

Dentro de mim

Minhas crianças


Tudo que eu amo

Tudo o que eu conheço

Tudo o que eu conheci


Estou a morrer agora

Dentro de mim

Minhas crianças


Meus filhos.»


Letra de ANOHNI, tradução livre  (original em: https://youtu.be/zBxcKqh89o8)


Página do documentário RACING EXTINCTION: https://www.opsociety.org/our-work/films/racing-extinction/ 
Documentário "Racing Extincion", versão original - ver em https://youtu.be/POGX3TGaL-U
Documentário "Vida em Extinção", versão dobrada em português do Brasil - ver em https://vimeo.com/148251279

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Carta aberta sobre o Dia Nacional dos Jardins

Carta aberta:  sobre o Dia Nacional dos Jardins

A criação, pela Assembleia da República, do Dia Nacional dos Jardins (instituído a 16 de setembro de 2022), a celebrar anualmente no dia 25 de maio, data do nascimento do Arquiteto Paisagista Gonçalo Ribeiro Teles (1922-2020), foi ideia proposta sob forma de petição pública por um grupo de jovens estudantes de Portimão. Esta iniciativa foi dinamizada por um docente do ensino secundário, o Professor de Filosofia e de Cidadania e Desenvolvimento, Carlos Café, grande admirador de Gonçalo Ribeiro Telles.

A ideia, transformada em decisão pela Assembleia da República, foi aprovada por unanimidade por todos os partidos representados no parlamento, e pode ser vista como um bom augúrio. Todos os partidos, incluindo aqueles que têm sido governo desde 1974, sentiram-se vinculados a respeitar a obra do homenageado e a pôr em prática o seu ideário. Mas é forçoso ver tal unanimidade com alguma prudência e sentido crítico. São ainda muito comuns as situações, e algumas de grande gravidade, em que foi e continua a ser violado não só o espírito da obra do homenageado como ainda, não raro, a letra das leis de proteção do Território, da Natureza e do Ambiente, que a ele devemos, e aos que com ele colaboraram. Violações sempre apoiadas no suposto «interesse público».

Os parques, os jardins, as árvores estão, sem dúvida e de modo permanente,  no cerne do pensamento e da ação de Ribeiro Telles. São, aliás, de sua autoria ou coautoria algumas obras paisagísticas em Portugal que mais se destacam nas últimas décadas. Mas no cerne do seu pensamento e da sua obra está também todo o território português visto na sua unidade e diversidade profunda, porquanto foi também promotor da REN – Reserva Ecológica Nacional e da RAN – Reserva Agrícola Nacional, que têm sido delapidadas ao longo dos anos. Esperemos que os promotores desta decisão da Assembleia da República, nas comemorações e ações que venham a pôr em prática, tenham em atenção não só a letra mas também o espírito de toda a obra, pensamento e ação do homenageado, e façam da criação desse Dia Nacional algo mais do que um verniz cosmético ou uma celebração oca e convencional, tão ao contrário do homenageado.

 
ARTE DOS JARDINS

Para Francisco Caldeira Cabral a arquitectura paisagista mobiliza simultaneamente a arte e a ciência ao aliar uma arte muito subtil a uma técnica muito apurada apoiada numa ciência vasta. Organiza-se o espaço para a criação de beleza para satisfação lúdica do Homem. Eram estas as razões que o levavam a insistir em incluí-la nas Belas Artes.

Celebrar a Arte dos Jardins como Património Natural e Cultural  implica acabar com a nefasta prática, frequente na administração central e local, de utilizar jardins, parques e espaços arborizados como locais que se podem mutilar, agredir e até demolir impunemente a pretexto desta ou daquela obra.

Para evitar intervenções pesadas e destrutivas, incluindo a ocupação desses espaços com estaleiros de obras, deverá algum tipo de avaliação de impacte ambiental estar presente, tendo em conta as suas dimensões e caraterísticas, desde a conceção e não apenas quando já forem dados como irreversíveis trajetos, localizações e destruições ou mutilações de valores naturais, ecológicos e ambientais.

Importa igualmente sublinhar que, além da preservação do património em jardins e espaços verdes similares, é necessário criar novos jardins e espaços verdes em meio urbano. De facto, trazem consigo grandes benefícios por intermédio dos ecossistemas por eles criados, com relevo para a mitigação dos efeitos microclimáticos negativos das «ilhas de calor» nas cidades, da poluição atmosférica, funcionando como filtro e/ou barreira, e das, cada vez mais frequentes, épocas de seca, sem esquecer os benefícios que trazem para a saúde física e mental de todos. Por outro lado, através dos solos permeáveis que preservam e da criação de novos habitats para a flora herbácea e fauna que incentivam, criam uma proteção suplementar nos períodos de chuvas intensas e inundações, ampliando assim o «efeito de esponja» e de barreira à erosão do solo, cuja presença insuficiente foi bem evidente ainda no outono-inverno de 2022-2023.

 

A MODA DAS «REQUALIFICAÇÕES»

Embora a preservação de um jardim seja compatível com intervenções pontuais desde que no respeito do espírito originário que presidiu à sua conceção, sejam eles jardim de autor ou de tradição anónima, é necessário desincentivar a atual moda das «requalificações» quando destroem elementos integrantes e essenciais de jardins e de espaços ajardinados preexistentes.

Em alternativa às «requalificações» simplistas e abusivas deve ser incentivada a criação de novos jardins de raiz. As intervenções no que já existe devem respeitar o património vegetal já plantado, respeitando igualmente os direitos dos seus autores, em grau idêntico àquele que todos reconhecem aos autores de obras de Pintura, Escultura ou Arquitetura.

 
O SUPOSTO E O VERDADEIRO INTERESSE PÚBLICO

A destruição ou mutilação de jardins invocando declarações de suposto «interesse público» devia ser interditada e assumida como crime ambiental. O mesmo se passa com árvores e maciços arbóreos, seja por abate ou podas incorretas. Em teoria a nova Lei n.º 59/21 de 18 de agosto sobre o regime jurídico de gestão do arvoredo urbano deveria interditar tais práticas. No entanto, ela é muitas vezes interpretada de modo laxista pelas autoridades, incluindo pelo próprio Governo, que se atrasa na publicação de regulamentações essenciais à aplicação desta lei.

Nas comemorações do Dia Internacional da Paisagem ocorridas no Porto, Oscar Bressane, colaborador do arquiteto paisagista brasileiro Roberto Burle Marx, recordou que árvores e jardins não devem ser tratados como coisas de que se pode dispor a bel-prazer, mas antes com respeito, já que são seres vivos.

No que se refere ao conjunto do território, e à forma como é desrespeitada a necessidade de preservar ecossistemas e valores naturais, multiplicam-se igualmente as declarações de «interesse público» que contradizem a legislação nacional e até desrespeitam compromissos contraídos em acordos, convenções e tratados internacionais. Factos tanto mais graves quanto é urgente, na situação mundial atual de alteração climática, proteger a biodiversidade, reserva e fonte de carbono acumulado e  reguladora da qualidade do ar, água e solo, de modo a mitigar os efeitos negativos de temperaturas e secas extremas.

Como forma de respeitar e homenagear Gonçalo Ribeiro Telles, o Dia Nacional dos Jardins devia servir para relembrar a necessidade de aumentar e requalificar as manchas verdes urbanas, tornando-as mais naturalizadas e biodiversas, e assumir a preservação destes espaços e dos ecossistemas naturais, como verdadeiro interesse público.

 Subscrevem
associações, grupos e coletivos formais e informais, entidades, empresas:

A.C.E.R. - Associação Cultural e de Estudos Regionais
Academia Cidadã
ACRÉSCIMO - Associação de Promoção ao Investimento Florestal
ADACE - Associação de Defesa do Ambiente de Cacia e Esgueira
ADEP - Associação de Estudos e Defesa do Património Histórico-Cultural de Castelo de Paiva
AEPGA - Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino - Atenor
Aliança pela Floresta Autóctone
ALMARGEM - Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental
Alvorecer Florestal – Web e V. N. Gaia
APTS – Associação Portuguesa de Turismo Sustentável
ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental
Associação Amigos dos Açores
Associação BioLiving
Associação de Defesa do Paul de Tornada – PATO
Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal
Associação Dunas Livres
Associação Vamos Salvar o Jamor
CADEP-CN - Clube dos Amigos e Defensores do Património-Cultural e Natural da Ilha de Sta Maria (Açores)
Associação Espaço VIPA 1051 – Matosinhos
Associação Evoluir Oeiras
Associação Famalicão em Transição
Associação ReflorestarPT - Regeneração Ecológica e Social
Associação Vimaranense para a Ecologia
Campo Aberto – associação de defesa do ambiente
Chão do Rio – Turismo de Aldeia - Travancinha, Seia
CIDAMB – Associação Nacional para a Cidadania Ambiental
CISMA - Associação Cultural – Covilhã
Clube UNESCO da Cidade do Porto
Colectivo HortaFCUL
FAPAS - Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade
Forum Amigos das Árvores - FAA
GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
Glocal Faro
Grupo Olhar o Futuro com Ribeiro Telles
H2AVE – Associação Movimento Cívico para a Dinamização e Valorização do Vale do Ave (Riba de Ave)
Instituto Zoófilo Quinta Carbone – IZQC
Íris – Associação Nacional de Ambiente
Liga Portuguesa dos Direitos do Animal - LPDA
LPN – Liga para a Proteção da Natureza
MAPA – Movimento Académico de Proteção Ambiental – Universidade da Beira Interior
Movimento Bem da Terra – Felgueiras
Movimento Jardim Martim Moniz
Movimento Peticionário Rua Régulo Megauanha-Porto
Movimento por um Jardim Ferroviário na Boavista – Porto
Movimento Unidos pelo Rossio – Aveiro
MUBi- Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta
NDMALO-GE: Núcleo de Defesa do Meio Ambiente de Lordelo do Ouro – Grupo Ecológico
Onda Verde – Associação Juvenil de Ambiente e Aventura
Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural
PCI – Paramédicos de Catástrofe Internacional
Plataforma em Defesa das Árvores
PUMI – Movimento Por Um Mundo Ideal
QUERCUS – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Renovar a Mouraria – Associação
Rio Neiva - Associação de Defesa do Ambiente
Salvar o Jardim da Parada
SEA – Sociedade de Ética Ambiental
Slow Motion Tours - Porto
SPECO – Sociedade Portuguesa de Ecologia
TAGIS- Centro de Conservação das Borboletas de Portugal
Tree Talk Gaia – Movimento pela Preservação de Espaços Verdes em Gaia Litoral
Verde – Associação para a Conservação Integrada da Natureza
ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável

 Fontes: várias, no caso o blogue da ZERO

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Sanguinária-do-japão: alerta para uma potente invasora!

Espécie invasoras são espécies (animais ou plantas) não nativas de determinada região, que aí proliferam sem controle e ameaçam as espécies nativas, causando impactes negativos no equilíbrio dos ecossistemas, na saúde e economia humanas (ver no site Invasoras.pt uma descrição mais completa).

Não é brincadeira, as espécies invasoras são uma ameaça real e muito séria, não só para a biodiversidade como para a economia!

Em Portugal, todos conhecem a Vespa-asiática (Vespa velutina) como caso mais mediático, ou,  falando de plantas, a Mimosa (Acacia-dealbata),  a Austrália (Acacia-melanoxylon),  ou a Erva-das-Pampas (Cortaderia selloana) - estão em todo o lado; ou, nos rios  e lagoas, o Jacinto-de-água (Eichhornia crassipes); já menos conhecidas são o Espanta-lobos (Ailanthus altissima) ou a Háquea-picante (Hakea sericea)... mas todas elas, e muitas outras, proliferam por Portugal, e o desconhecimento geral da ameaça que representam, é enorme.

Imagem daqui

Na sessão Ambientar-se de 15 de novembro de 2019, em Vila Nova de Famalicão, o tema foram as Espécies Invasoras, com a apresentação de projetos de combate a estas pragas, designadamente o projeto Life "CAISIE" na Irlanda,  numa sessão dinamizada pela Associação Vento Norte e em parceria com o Parque da Devesa (Município V.N. Famalicão).

Na conversa que se seguiu ao documentário, a Arq. Paisagista Paula Graça Antunes, convidada para o debate,  apresentou-nos a "Sanguinária-do-japão" a  que os ingleses chamam de "Japanese knotweed", e cujo nome científico é  Fallopia japonica ou Reynoutria japonica ou Polygonum cuspidatum  (ver aqui a ficha do site Invasoras.pt)

Imagem daqui
A sanguinária-do-japão é uma erva perene que atinge os 3 metros de altura, natural da Ásia (onde se mantém controlada por certas espécies de animais), que cresce descontroladamente na Europa e EUA  (até 7 cm por dia), danificando mesmo as construções, desvalorizando terrenos, e de muito difícil a erradicação. Por isso, fica aqui este alerta.

Confesso que, e apesar de ter já uma noção dos impactos que as invasoras têm no nosso território, fiquei assustada com o poder desta planta, que está a prejudicar a economia do Reino Unido e outros países, e que já está a espalhar-se rapidamente no norte de Portugal.

No Reino Unido, estima-se que sejam gastos 165 milhões de libras (perto de  200 milhões de euros) anualmente para a combater esta planta (The Economic Cost of Invasive Non-Native Species
on Great Britain, Nov.2010 - pode descarregar aqui,  e  daqui).

Em Portugal, apesar de haver cientistas e ambientalistas que se dedicam ao combate das invasoras, a verdade é que não existem políticas, mas os danos económicos existem, e sem nada se fazer cada vez serão maiores.



 Reynoutria japonica, daqui
A Reynoutria japonica:

«Está classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como uma das 100 piores espécies invasoras do mundo.

Seu sistema radicular invasivo e um forte crescimento podem danificar as bases de betão, os edifícios, defesas contra inundações, estradas, pavimentação, muros de contenção e lugares arquitetónicos.

Também pode reduzir a capacidade dos canais nas defesas contra inundações para controlar a água.  É um colonizador frequente dos ecossistemas temperados ribeirinhos, bordas de caminhos e lugares de resíduos. Forma grossas e densas colónias que completamente deslocam a outras espécies herbáceas. »
Fonte. Wikipedia

O vídeo publicitário abaixo, de uma empresa escocesa (dedicada ao combate desta planta) mostra um bocado do crescimento e impacto da Sanguinária-do-japão em construções e na paisagem.



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Mensagem publicada originalmente a 22 de novembro de 2019. republicada em 17 de maio de 2023, durante a Semana sobre Espécies  Invasoras 2023

#SEI2023