Após a Batalha de Shiloh, Tennessee, em 1862 na Guerra Civil Americana, cerca de 16.000 soldados feridos ficaram espalhados pelo campo de batalha. Eram tantos que nenhum dos exércitos foi capaz de recuperá-los e tratá-los rapidamente. Milhares ficaram deitados na lama, em alguns casos durante dois dias e duas noites, frios e chuvosos. Muitos morreram devido aos ferimentos e consequentes infeções. No entanto. a vida de parte dos soldados foi salva por um fenómeno chamado 'brilho dos anjos'. Alguns dos soldados tinham feridas que brilhavam no escuro e que cicatrizaram com rapidez incomum, o que se tornou na lenda chamada "The Angel's Glow".
Glowing wounds @Alan Wake | Art by SeaCat2401/Deviantart (daqui)
Em 2001, quando Bill Martin, um jovem de 17 anos, visitou o local onde ocorreu a batalha, tendo sabido. Tendo ficado intrigado com a história dos “soldados que brilharam no escuro”, Martin, cuja mãe microbióloga tinha estudado bactérias bioluminescentes do solo, e o seu amigo John Curtis, resolveram investigar. E como resultado, 140 anos depois, descobriram uma possível explicação científica para o acontecimento, através da relação entre a cura das feridas e as bactérias bioluminescentes transportadas em nemátodos do solo com quem vivem em simbiose.
Esta teoria é resumidamente explicada no vídeo de Sustainable Human(colocar legendas e tradução automática):
Esta é uma das histórias sobre o poder do solo contada no novo livro de George Monbiot :
"Com base em avanços surpreendentes na ecologia do solo, Monbiot revela como a evolução da nossa compreensão do mundo sob os nossos pés pode permitir cultivar mais alimentos com menos agricultura. Ele encontra pessoas que estão a desvendar esses métodos, revolucionando a nossa compreensão da fertilidade do solo desde produtores de frutas e hortaliças, passando por criadores de grãos perenes, libertando a terra de arados e venenos, até aos cientistas pioneiros em novas maneiras de cultivar proteínas e gorduras."
No centenário do nascimento do Arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, que nasceu a 25 de maio de 1922, não podia deixar de aqui publicar o manifesto em sua honra, que subscrevo, pois sempre defendeu valores de proteção da natureza e da relação entre o Homem e a Natureza que também eu defendo.
Honramos, em Gonçalo Ribeiro Telles, no centenário do seu nascimento, o Professor, o Arquitecto Paisagista, o homem político, o defensor do mundo rural, e da cidade entendida como o enlace da sociedade e da natureza, e não como puro artifício. Nele honramos, no quadro da legislação que criou, a resistência à destruição dos espaços naturais e da sua cultura, e a aposta na identidade humana com a Terra, que se configura na valorização da ruralidade.
Honrar Gonçalo Ribeiro Telles é defender o municipalismo como forma de organização cívica e de respeito pela história, em vez da artificialização e centralização administrativa constantes. É pugnar pela centralidade do solo, da sua proteção, conservação, regeneração. É agir sempre com base no respeito consequente pelas áreas protegidas, valores naturais, ecossistemas e biodiversidade.
É defender o ar, a água e o solo como fontes primaciais da vida. É defender políticas agro-pastoris-florestais coerentes. É defender as características sociais, culturais e locais dos territórios e das paisagens, se necessário transformando-as, inspirando-nos no seu passado para, recorrendo ao seu carácter e dinâmica genuínas, construir aquelas que o presente e o futuro reclamam, na perspectiva de uma nova interpretação da modernidade.
É entender e actuar na paisagem enquanto sistema vivo, resultante da união íntima entre ecologia e cultura, respeitando a memória biofísica e antropológica que a configura. É pensá-la como espaço de vida e valor identitário e concebê-la muito para além de simples cenário. É acreditar que a paisagem é uma realidade fundadora da qualidade de vida das comunidades.
É combater os desperdícios, a entropia dos sistemas energéticos e produtivos, defendendo a escala adequada dos sistemas alternativos, sempre num quadro da maior participação das populações e das comunidades, concretizando de forma definitiva a rejeição que foi a sua da energia nuclear e tornando obrigatório o desinvestimento nas energias fósseis.
Honrar Gonçalo Ribeiro Telles é dar continuidade ao seu pensamento e à sua obra.»
Este texto foi elaborado pelo Grupo «Olhar o Futuro com Ribeiro Telles» e assinado por António Eloy, Aurora Carapinha, Fernando Pessoa, João Reis Gomes, José Carlos Costa Marques, Margarida Cancela de Abreu, Manuela Raposo Magalhães e Paulo Trancoso, e por eles proposto à subscrição de algumas dezenas de pessoas, 86 das quais o subscreveram. São elas
Alexandra Azevedo
Alexandre Cancela de Abreu
António Arruda
António Braga
António Cândido Franco
António Covas
António Gonzalez
António Lampreia
António Luís Crespi
António Serzedelo
Arminda Deusdado
Armindo Rodrigues Silveira
Bento Morais Sarmento
Carlos Marques
Carlos Martins
Carlos Pessoa
Carlos Pimenta
Elísio Summavielle
Eugénio Sequeira
Fernando Nunes da Silva
Filipe Jorge
Francisco Ferreira
Helena Freitas
Helena G. Pinto
Helena Roseta
Isabel do Carmo
Isabel Elias
Jacinto Rodrigues
João Bau
João Carlos Caninas
João Ceregeiro
João Gabriel Silva
João Gouveia
Jorge Leandro Rosa
Jorge Marques da Silva
Jorge Paiva
José Carlos Morais
José Luís Almeida e Silva
José Marques Moreira
José Sá Fernandes
Luís Carloto Marques
Luís Coimbra
Luís Silva
Luís Vicente
Luísa Schmidt
Manuel Costa Alves
Macário Correia
Manuel Antunes
Manuel Carlos Silva
Manuel Colares Pereira
Manuel Ferreira dos Santos
Manuela Araújo
Manuela Correia
Margarida Correia Marques
Margarida Silva
Maria João Cunha
Maria Calado
Maria José Varandas
Mário Benjamim
Mário Tomé
Mendo Castro Henriques
Miguel Bastos Araújo
Miguel Oliveira e Silva
Miguel Sousa Tavares
Mila Simões de Abreu
Nicole Januário
Nuno Farinha
Nuno Nabais
Paula Marques
Paulo Constantino
Paulo Ferrero
Paulo Soares
Paulo Talhadas dos Santos
Pedro Alexandre Triguinho
Pedro Soares
Pedro Quartin Graça
Raimundo Quintal
Rui Cortes
Rui Cunha
Sérgio Infante
Silvia Carreira
Suzana Fonseca
Teófilo Braga
Tomaz Albuquerque
Valter Vinagre
Viriato Soromenho Marques
Na notícia da TSF pode ouvir e declaração de José Carlos Costa Marques, um dos redatores do texto sobre os objetivos da iniciativa.
Na ECONOMIA CIRCULAR, os produtos são criados de forma a nunca se tornarem desperdício, os materiais são mantidos em uso, e restauramos e protegemos o mundo natural. Esta definição (da Ellen MacArthur Foundation) está em oposição à ECONOMIA LINEAR, em que os produtos são extraídos dos recursos naturais, são transformados, usados e deitados ao lixo.
Os meus avós nasceram e viveram num mundo com economia circular. Eu ainda me lembro, nos tempos da tenra infância, que na quinta dos meus avós nem sequer existia o conceito de lixo. Nos inícios dos anos 60 do século XX, nas aldeias de Portugal, praticamente tudo era reutilizado.
Chegamos ao final desse século XX com a insustentável moda de uma economia linear - de usar e deitar fora. Quem o não fizesse, era (e ainda é) considerado retrógrado ("que horror, ainda usas isso?").
Finalmente, no século XXI, tarde e a más horas, começou a aparecer alguma consciencialização sobre a necessidade de proteger os recursos naturais e fazer menos lixo: "renasce" então o conceito de economia circular!
Nos últimos anos, tanto se tem falado, aqui em Portugal, de Economia Circular, que realmente pensei que já se estivesse a fazer algo substancial neste aspeto. No entanto, veja-se o seguinte gráfico Eurostat com a taxa de circularidade dos países da União Europeia em 2020:
Com tanta conversa sobre economia circular, é muito triste ver ali Portugal nos últimos classificados, com APENAS 2,2% de uso de materiais reciclados. E não haja desculpas com a pandemia, pois, por um lado, a mesma afetou todos os países, por outro lado, desde 2015, pelo menos, que Portugal anda na casa dos 2%.
Nessa mesma revista, são apresentados muitos exemplos de projetos de economia circular, em muitas áreas da economia e da sociedade, alguns muito inspiradores, alguns bastante criativos, mas também, e sobretudo a nível de grandes empresas, alguns muito "greenwashing". Aqueles que "vendem" muito bem a "sustentabilidade", mas quanto a eficácia... bom, isso é outra história. São as grandes empresas que têm o poder maior para mudar esta situação, mas também são elas que, por estarem presas a uma ideia de "crescimento económico", não conseguem pensar "fora da caixa" e dar o verdadeira salto para dentro do círculo de uma nova e necessária e economia.
Precisamos não só de uma economia circular, como de uma nova economia.
Uma economia sem desperdício de recursos naturais e sem desperdício de recursos humanos. Uma economia em que o trabalho não é escravatura, não é o principal objetivo da vida.
Uma economia em que o objetivo de trabalhar não é ter dinheiro para comprar muitas coisas, mas ter o essencial a uma vida feliz enquanto se é útil à sociedade.
E, sobretudo, uma economia em que o objetivo não é o lucro, mas contribuir para uma sociedade melhor.
Na UE, a Comissão Europeia adotou em dezembro de 2015 o primeiro «Plano de Ação para a Economia Circular», visando garantir o crescimento sustentável na União Europeia e estimular a transição da Europa para uma economia mais circular.
O A nível nacional para a economia circular é o «Plano de Ação para a Economia Circular em Portugal», aprovado através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 190-A/2017, de 23 de novembro, cujo objetivo consiste em definir uma estratégia nacional para a economia circular assente na produção e eliminação de resíduos e nos conceitos de reutilização, reparação e renovação de materiais e energia.
No dia 11 de março de 2020, a Comissão Europeia adotou um novo Plano de Ação para a Economia Circular, que constitui um dos principais alicerces do Pacto Ecológico Europeu, o novo roteiro da Europa para o crescimento sustentável.
Abaixo, a definição de TAXA DE CIRCULARIDADE segundo o Eurostat (tradução daqui)
«A 'taxa de circularidade', mede em percentagem, a
proporção de material reciclado e devolvido à economia - economizando assim a
extração de matérias-primas primárias - no uso geral de material. A taxa de
circularidade é assim definida como a razão entre o uso circular dos materiais
(U) e o uso total do material (M).
O uso total de materiais é medido pela soma do consumo
interno de materiais (DMC) e o uso circular de materiais (M = DMC +
U). O DMC é definido nas contas de fluxo de materiais de toda a economia.
A utilização circular de materiais é aproximada da
quantidade de resíduos reciclados nas centrais de valorização domésticas
(RCV_R), menos os resíduos importados destinados à reciclagem (IMPw), mais os
resíduos exportados destinados à reciclagem no estrangeiro (EXPw). ...
Assim,
a Taxa de Circularidade (CMU) é calculada da seguinte forma:
Um valor de Taxa de Circularidade mais alto indica
mais materiais secundários substituindo matérias-primas primárias, ou seja,
evitando os impactos ambientais da extração de matéria prima.»
Ajude a proteger o ambiente, a biodiversidade, a saúde e os pequenos agricultores assinando a petição para que os novos organismos geneticamente modicados (OGM) estejam sujeitos à legislação:
«Exortamos o nosso governo ... e os decisores europeus a recusar todas as tentativas que excluam os Novos OGM da actual legislação Europeia sobre os OGM e a serem firmes na obrigatoriedade das verificações de segurança, transparência e rotulagem relativamente a Velhos e Novos OGM. Só assim será garantida a segurança dos nossos alimentos, a protecção da natureza, do meio ambiente e da liberdade de escolha.»
«A Comissão Europeia acabou de lançar uma consulta pública no seguimento da pressão que tem sofrido da parte da grande agroindústria para desregulamentar a nova geração de OGM. Ignorando o facto de o Tribunal Europeu de Justiça já ter confirmado que os Novos OGM são sujeitos às leis existentes para OGM, a CE cedeu aos pedidos da agroindústria para dar um tratamento diferente às suas invenções mais recentes (que ainda se encontram no laboratório).
A consulta utiliza uma linguagem enviesada que dá a entender que os Novos OGM já foram considerados seguros e que efetivamente contribuem para maior sustentabilidade do sistema agrícola e alimentar. Estas afirmações não têm fundamento e, pelo contrário, estudos sobre os impactos dos Novos OGM (como plantas modificadas utilizando a técnica CRISPR/Cas) apontam para efeitos colaterais preocupantes. »
«O nosso sistema democrático está tão frágil que a Comissão Europeia desrespeita o parecer do Tribunal de Justiça da União Europeia (Julho 2018) e teima em abolir as regras de rotulagem e enfraquecer o controlo de segurança para a 2ª geração de OGM, os Novos OGM .
Se tal acontecer perderemos o direito de escolher o que comemos e semeamos, enquanto as mega-empresas de agroquímicos ganham uma nova fonte de lucros à custa dos recursos que urge preservar.
O poder económico capturou o poder político, e o poder político serve-se a ele próprio ao invés de proteger os comuns que asseguram a sobrevivência de todos: biodiversidade, solo, água, ar, minerais, sementes, património genético (ameaçado pelas patentes e OGM), …»
«Os governos devem promover e apoiar soluções testadas para uma agricultura sustentável e resiliente às alterações climáticas, tais como as práticas agroecológicas e a agricultura biológica, de forma a proteger a liberdade dos criadores de sementes e plantas de trabalhar sem estarem limitados pelas patentes de longo alcance sobre sementes produzidas com os Novos OGM.»