segunda-feira, 22 de abril de 2024

Limpar a Terra: de dentro para fora

«Você está a poluir o mundo ou a limpá-lo? Só você e mais ninguém é responsável pelo seu espaço interior, tal como é responsável pelo planeta. Tal como no interior, assim também no exterior: se os seres humanos limparem a poluição interior, também deixarão de criar poluição exterior.» ...

«Como é possível que só no século vinte os seres humanos tenham morto mais de cem milhões dos seus semelhantes? Seres humanos a infligirem uns aos outros um sofrimento de tal magnitude ultrapassa tudo o que se possa imaginar. E isso sem levar em conta a violência mental, emocional e física, a tortura, a dor e a crueldade que eles continuam a infligir uns aos outros assim como a outros seres vivos diariamente.  Será que agem desta maneira por estarem em contacto com o seu estado natural, a alegria da vida interior? Claro que não. 

Só pessoas que estejam num estado profundamente negativo, que se sintam realmente muito mal, criariam uma realidade semelhante como reflexo daquilo que sentem. Agora, essas pessoas estão empenhadas na destruição da Natureza e do planeta que as sustenta. É incrível, mas é verdade. A espécie humana está perigosamente louca e muito doente. Não é um juízo. É um facto. Também é uma facto que a saúde mental se esconde por trás da loucura. A cura e a redenção estão sempre ao nosso alcance.»

Estes são dois textos de Eckhart Tolle extraídos do livro "O Poder do Agora". 

No Dia da Terra, e com as condições deste querido e belo planeta cada vez piores para sustentar a Vida e a Humanidade, quis trazer uma reflexão deste escritor.

A mensagem de Eckhart procura explicar que o mundo está tão mal porque as pessoas estão mal. E estão mal porque vivem em dor, na maior parte das vezes uma dor causada pela própria mente. Uma mente, que nos bombardeia com ressentimentos de passado e medos de futuro, que ignora constantemente o momento presente, preferindo esperar pela felicidade algures no devir. 

Mas ela só pode ser vivida no agora. Tolle diz-nos que para nos escutarmos no momento presente, sermos testemunhas dos nossos pensamentos, mas não nos deixarmos influenciar por eles, e assim nos libertarmos da dor que a nossa psique nos causa. Trata-se de sabermos observar a nossa mente, de não a deixar controlar-nos, mas de a saber usar apenas quando é precisa, como o instrumento precioso que é.  E sobretudo, não nos identificarmos com ela. Nós não somos a nossa mente, a nossa história, os nossos medos. Se fôssemos, não a conseguiríamos observar, não é? 

A seguir mais um extrato do mesmo livro, que acho que explica muito bem como estamos dominados pela nossa mente, mas também como podemos deixar de estar.

«Provavelmente já se cruzou com pessoas "malucas" que falam e resmungam incessantemente consigo próprias: Pois bem, isso não é muito diferente daquilo que você e todas as outras pessoas  "normais" fazem, só que não o fazem em voz alta. A voz comenta, especula, critica, compara queixa-se, gosta, não gosta, e por aí fora.

A voz não é necessariamente relevante para a situação em que você se encontra no momento; provavelmente ela está a reviver o passado recente ou distante, a ensaiar ou imaginar possíveis situações futuras. Aqui, ela muitas vezes imagina que as coisas irão correr mal ou terão resultados negativos; chama-se a isto preocupação. Por vezes, esta pista sonora é acompanhada por imagens visuais ou "filmes mentais". Mesmo que a voz seja relevante para a situação presente, ela interpretará essa situação em termos de passado. É assim porque a voz pertence à sua mente condicionada, que é o resultado de todo o seu historial passado, assim como do contexto mental e cultural colectivo que você herdou. 

Portanto, você vê e julga o presente através dos olhos do passado e obtém dele uma visão totalmente distorcida. Não é raro que a voz seja o pior inimigo de uma pessoa. Muitas pessoas vivem com um carrasco na cabeça que as ataca e castiga constantemente e lhes suga a energia vital. Ela é causadora de uma tremenda angústia e infelicidade, assim como de doenças. 

Mas há boas notícias: você pode libertar-se da sua mente. É a única libertação verdadeira. Poderá começar a dar o primeiro passo neste momento Comece por ouvir a voz dentro da sua cabeça o maior número de vezes que puder. Preste particular atenção a quaisquer padrões de pensamentos repetitivos, esses velhos discos riscados que provavelmente estão a tocar na sua cabeça há muitos anos. É isso que eu quero dizer com "observar o pensador", que é uma outra maneira de dizer: escute a voz dentro da sua cabeça, esteja lá como testemunha presencial.

Ao escutar essa voz, escute-a com imparcialidade. O mesmo é dizer, não julgue. Não critique nem condene o que ouve, porque fazê-lo significaria deixar a mesma voz entrar novamente pela porte de trás. Depressa compreenderá: lá está a voz, e aqui estou eu a ouvi-la, a observá-la. Esta consciência de que eu estou, esta sensação da sua própria presença, não é um pensamento. Tem origem para além da mente.»

Eckhart Tolle, "O Poder do Agora - Guia para o Crescimento Espiritual", Editora Pergaminho

Tal como disse Ervin László:  

«Antes de partimos para reformar o mundo, faríamos bem fazer uma pausa para ver se não temos de nos reformar a nós próprios.»

Fonte das imagens: Planeta Terra, NASA

domingo, 14 de abril de 2024

Ameaça existencial (Johan Rockström)

«Johan Rockström  é um dos mais respeitados cientistas do clima do mundo.  Em 2009 liderou uma equipa que identificou quais os "sistemas planetários suporte da vida"  essenciais para manter a vida na Terra. Eles encontraram nove que, se gravemente perturbados,  podem tornar a vida humana na Terra, em última análise, impossível. 

Chamaram-lhes os limites planetários.

Infelizmente, dos nove  limites planetários, seis já foram ultrapassados e um está na iminência de ser ultrapassado

Texto inicial do vídeo abaixo (tradução livre)

«A AMEAÇA EXISTENCIAL

O estado do planeta é realmente terrível. temos hoje amplas evidências científicas de que estamos nada menos do que uma emergência planetária.

Temos uma crise climática global, mas também temos uma crise ecológica global e a crise ecológica mina a resiliência de todo o planeta, o que significa que quando continuamos a emitir gases com efeito de estufa, queimamos combustíveis fósseis e degradamos ecossistemas, estamos a aproximar-nos muito de pontos de viragem que levariam a mudanças irreversíveis, que comprometeriam todas as gerações futuras, num planeta que se deslocaria irreversivelmente para um estado cada vez menos apto para apoiar os meios de subsistência humanos.

Portanto, apesar de tudo, estamos hoje num ponto de desafio existencial e isto está agora bem estabelecido cientificamente através do IPCC, o 6º relatório do painel intergovernamental sobre alterações climáticas, que conclui  que 1,1 graus Celsius de  aquecimento é o ponto que atingimos agora -  através da queima de combustíveis fósseis e da mudança no uso da terra -  é a temperatura mais quente na Terra nos últimos 100.000 anos. O que significa que atingimos o limite máximo da temperatura média global mais quente da Terra desde que saímos da última era glacial, deste que começamos a desenvolver civilizações tais como as conhecemos.

Fundamentalmente, podemos dizer que o estado do planeta que tem sustentado aquilo que hoje valorizamos como um mundo moderno é excedido, em termos da capacidade do sistema terrestre de o sustentar.

O primeiro desafio para nós, em termos de uma abordagem sistémica completa para responder aos riscos existenciais que enfrentamos, é que precisamos adotar uma abordagem sistémica completa, e compreender que não podemos pensar na crise climática como apenas enfrentar os combustíveis fósseis, ou pensar nos sistemas alimentares apenas para salvar os polinizadores, ou pensar na saúde como sendo apenas uma questão de ar limpo ou água limpa.  

Precisamos agora navegar e ser administradores de todos os limites planetários, dos nove grandes sistemas que sabemos cientificamente que regulam a estabilidade e a resiliência de todo o planeta.  

Limites planetários 2023, obtida em Naturlink

Em primeiro lugar devemos permanecer dentro de um espaço operacional seguro, definido pela ciência, para o clima, para a biodiversidade, para a terra, para a água doce, para os grandes ciclos de nutrientes do nitrogénio e do fósforo, mas também para a poluição, para os resíduos e para todos os produtos químicos que carregamos no sistema terrestre.  Hoje temos muito apoio científico para esta transição em termos de qual é o corredor dentro do qual devemos permanecer.  Então, eu diria que isto está em primeiro lugar

Em segundo lugar, temos de entender que esta não é mais uma jornada incremental, é uma jornada exponencial. Trata-se de transformar as sociedades, os comportamentos, os valores, os estilos de vida, a economia mundial.

A economia moderna, que se baseia no crescimento económico, é alimentada por energia barata. E a energia barata vem de combustíveis fósseis. Esta é uma história de sucesso notável, se olhar para trás. Antes de começarmos a atingir os pontos de inflexão (limites) e começarmos a realmente encher a atmosfera com muitos gases com efeito estufa, poderia argumentar-se que este empreendimento insustentável nos serviu muito bem,  pois proporcionou uma criação de riqueza humana realmente rápida, especialmente para aqueles que tiveram a sorte de estar nos países industrializados que embarcaram nessa jornada.

Mas agora chegamos ao fim dessa estrada, sabemos que chegamos ao fim da estrada  quando sabemos que ultrapassamos 350 PPM, o limite climático do planeta, basicamente em 1990. Portanto, foram nos últimos 30 anos que passámos de um  planeta resiliente que podia lidar com as pressões insustentáveis que subsidiaram a nossa riqueza,  para esta fase em que já não funciona e agora estamos a atingir o limite máximo.

Estamos há tanto tempo nesta tendência negativa que agora as faturas estão começando a ser enviadas de volta para as economias e estamos começando a sentir isso.

Então a crise e o desafio são agora, não estão longe no futuro, nem em termos de impactos, nem em termos de ação.

Mas a boa notícia é que, ao mesmo tempo,  avançou um desenvolvimento tão extraordinário, ao longo dos últimos anos, pois hoje temos muitas evidências de que as soluções não estão apenas disponíveis, mas também são escaláveis e são competitivas e, para além disso, proporcionam melhores resultados para nós, humanos, em termos de emprego e economia, certamente, mas também em termos de saúde.

Quando você adota sistemas de energia limpa solar e eólica, você limpa o ar e obtém resultados muito melhores para a saúde humana e, francamente, também cria uma melhor resiliência humana ao potencial de futuras pandemias.

Então você conhece os investimentos num futuro muito mais robusto e saudável, avançando em direção a essas soluções agora disponíveis.

Então, o que leva ao pessimismo?

É que não vemos que todos os países do mundo intensificaram e alinharam os seus planos nacionais de mitigação com a ciência. Sabemos que estamos a avançar num caminho que nos levará muito além dos 2° a 3° C de aquecimento apenas até ao final deste século. 

Portanto, essa é uma preocupação enorme.

A minha mensagem, e apesar de partilhar essa preocupação, é que nunca devemos desistir. Cada décimo de grau é importante. Cada décimo de grau reduzirá a quantidade de eventos extremos, secas, inundações, incêndios, impactos de doenças que sentiremos, pelo que valerá a pena fazer todo o caminho.

E eu também gostaria de enfatizar novamente o fato de que estamos apoiados, e isso é fundamental e importante, sabemos que estamos apoiados na narrativa vencedora.

Sabemos que o futuro limpo e sustentável é o único que pode nos dar o futuro saudável, seguro, e a agenda de criação de riqueza que desejamos. Se quisermos realmente cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentável, isso não pode ser feito com o atual sistema alimentar, com o atual sistema energético, com a forma atual como produzimos, consumimos e criamos resíduos, nunca conseguirá alcançar 10 mil milhões de pessoas, é impossível.

Então, ou nos tornamos sustentáveis ou falhamos completamente.

A AMEAÇA EXISTENCIAL

O estado do planeta é realmente terrível, temos hoje amplas provas científicas de que estamos numa emergência planetária, temos uma crise climática global, mas também temos uma crise ecológica global, e a crise ecológica mina a resiliência de todo o planeta, o que significa que quando continuamos a emitir gases com efeito de estufa, a queimar combustíveis fósseis e a degradar ecossistemas, estamos a chegar muito perto de pontos de rutura que levariam a mudanças irreversíveis que comprometeriam todas as gerações futuras num planeta à deriva irreversivelmente em direção a um estado cada vez menos apto para apoiar os meios de subsistência humanos.»

Johan Rockström, tradução (livre) do vídeo


sexta-feira, 12 de abril de 2024

Deixe que a Vida Seja

Ler e ouvir com atenção Eckhart Tolle, escutar a sua mensagem sobre a consciência e o poder do momento presente, pode mudar a vida de uma pessoa, e poderia fazer a Humanidade subir de patamar e mudar o mundo para muito melhor.  Este vídeo narra alguns textos de  Eckhart Tolle, ouça, preste atenção.
   
«Eckhart Tolle, pseudónimo de Ulrich Leonard Tolle é um escritor e conferencista alemão, conhecido como autor de best sellers sobre espiritualidade. O seu livro mais conhecido é O Poder do Agora.

Tolle conta que, aos 29 anos, depois de vários episódios depressivos, passou por uma profunda transformação espiritual, dissolveu sua antiga identidade e mudou o curso de sua vida de forma radical. Os anos seguintes foram dedicados ao entendimento, integração e aprofundamento desta transformação, que marcou o início de uma intensa jornada interior. No seu livro, O Poder do Agora, relata as respostas obtidas através dessa busca, explicando que, quando nos alinhamos ao momento presente, uma nova perceção da realidade surge, muito mais pura, profunda, poderosa

Fonte: Wikipedia



«Eckhart Tolle é amplamente reconhecido como um dos professores espirituais mais inspiradores e visionários do mundo hoje. Com os seus best-sellers internacionais, O Poder do Agora e Uma Nova Terra — traduzidos para 52 idiomas — ele apresentou a milhões de pessoas a alegria e a liberdade de viver a vida no momento presente. O New York Times o descreveu como “o autor espiritual mais popular dos Estados Unidos” e, em 2011, a Watkins Review o nomeou “a pessoa espiritualmente mais influente do mundo”. Os ensinamentos profundos, mas simples, de Eckhart ajudaram inúmeras pessoas ao redor do mundo a experimentar um estado de paz interior vibrante e viva em suas vidas diárias. Os seus ensinamentos centram-se no significado e no poder da Presença, o estado de consciência desperta, que transcende o ego e o pensamento discursivo. Eckhart vê este despertar como o próximo passo essencial na evolução humana.» 


sábado, 6 de abril de 2024

Humanidade e IA - que futuro?

Ontem fui assistir a uma peça na Casa das Artes de Famalicão denominada "Ficções", com a atuação de Vera Holtz,  que foi simplesmente fabulosa.  Fiquei interessada no tema, baseado no livro "SAPIENS - História Breve da Humanidade" de Yuval Noah Harari, uma reflexão sobre o poder criativo e destrutivo dos seres humanos, e ao pesquisar sobre este autor, encontrei o vídeo abaixo.

Trata-se de uma entrevista do jornalista Pedro Pinto ao historiador e escritor Yuval Noah Harari, que decorreu em 19 de maio de 2023 em Lisboa, promovida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).
    
Na primeira pergunta, o entrevistador pergunta a Yuval Harari como vê a humanidade atualmente e porque acha difícil prever o futuro, ao que Yuval responde:

«Atualmente, somos quase como deuses em termos de poderes de criação e destruição, agora temos o poder de criar novas formas de vida, mas também de destruir grande parte de vida na Terra, incluindo nós mesmo. 

Enfrentamos dois desafios enormes, por um lado, a ameaça do colapso ecológico, por outro lado, a ameaça da rutura tecnológica. Estamos a criar ferramentas extremamente poderosas como a IA que podem minar a civilização humana. 

E talvez o pior seja que, em vez de nos unirmos para enfrentar estes desafios comuns à nossa espécie, estamos a dividir-nos, estamos a lutar uns contra os outros cada vez mais.  Há tensões crescentes a nível internacional, há tensões crescentes dentro das sociedades, uma após a outra, as sociedades estão a entrar em colapso. 

Então talvez a pergunta mais importante a ser feita sobre os humanos, sobre a humanidade, é: 
"Se somos tão inteligentes, por que estamos a fazer tantas coisas estúpidas?"

Imagem obtida aqui
Chamamos à nossa espécie Homo sapiens, humanos sábios e, no entanto, estamos envolvidos em tantas atividades autodestrutivas atividades e parecemos incapazes de nos pararmos. Julgo que é esse o paradoxo dos humanos inteligentes, dos humanos sábios.»

Destaco ainda a seguinte frase de Yuval na entrevista: 

«A inteligência artificial (IA) é a primeira tecnologia que é capaz de tomar decisões, por isso, pode tomar decisões sobre nós e tirar-nos o poder."

E a resposta à pergunta "Qual foi a sua aprendizagem mais importante até hoje?"

«Meditação, para observar como a minha mente cria constantemente histórias de ficção, e ser capaz de abandoná-las por um tempo e simplesmente entrar em contato com a realidade como ela é»

quinta-feira, 14 de março de 2024

15 anos

Os anos vão passando e já lá vão 15 desde que o Sustentabilidade é Acção abriu com a primeira publicação sobre História das Coisas. Num tempo em que os blogues foram abalroados e quase engolidos pelas redes sociais, é talvez de louca continuar a alimentar um blogue. 

Na verdade, muitos começam a perceber que a velocidade das redes sociais não permite o conhecimento nem a reflexão, portanto, não permite a evolução. 

Por isso, quando algo me aparece que sinto que devo partilhar e tenho um pouco de tempo livre, venho aqui, desta vez fazer o balanço do blogue nestes 15 anos:

    • 1 815 000 visitas no total (63 mil no último ano)
    • 929 seguidores 
    • 1521 mensagens publicadas 
    • 6930 comentários

Como já disse há 5 anos, a gratificação da partilha e o conhecimento obtido a partir da pesquisa têm sido valiosos, pois têm-me ajudado a conhecer-me melhor e a conhecer melhor o que me rodeia. Por isso, MUITO OBRIGADA a quem visita este espaço, porque me incentiva a mantê-lo.

quinta-feira, 7 de março de 2024

Curta reflexão politico-ambiental

«Atualmente, nenhum político devia estar no poder em lugar nenhum deste planeta se não está a colocar a ação climática no topo da sua agenda» 

 Tradução livre a citação do livro  ‘Right Here Right Now’  de  Natalie Isaacs, cuja foto (abaixo) foi obtida nas redes sociais de 1 Million Women (@1millionwomen) de que Natalie é fundadora. 


A emergência climática tem de ser uma prioridade na política! De facto, não consigo compreender como se ignora, a nível de decisores políticos, a maior crise que a humanidade já enfrentou. Estamos a caminhar para o caos climático, que trará o caos económico e social. E, infelizmente, já é tarde demais para muita gente!  

Em Portugal, se ainda não decidiu em quem votar no próximo domingo, veja que partido está mais de acordo consigo, se já decidiu, confira em: 

https://www.emquemvotar.pt/

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Manifesto C7: Prioridades ambientais para as Legislativas 2024

Sete organizações de proteção do ambiente pedem aos partidos políticos um aumento de 50% nas verbas para conservação da natureza, de forma a travar a perda da biodiversidade e a mitigar os impactos das alterações climáticas.  

O manifesto abaixo transcrito foi obtido na página do GEOTA, e na página da ANP/WWF pode juntar-se a este apelo e assinar também o manifesto.



Manifesto C7: Prioridades ambientais para as Legislativas 2024

Os efeitos das alterações climáticas já são sentidos em todo o mundo e constituem ameaças reais à segurança e bem-estar das pessoas. A perda de biodiversidade e a degradação ambiental, que seguem a um ritmo acelerado, agravam ainda mais esta realidade. Para garantir que os líderes que estarão à frente das decisões em Portugal estejam comprometidos em reverter este cenário, a Coligação C7 destaca as seguintes medidas prioritárias que devem ser incluídas nos programas das Eleições Legislativas que se aproximam:

1. CONSERVAÇÃO E RESTAURO DA NATUREZA, DENTRO E FORA DE ÁREAS CLASSIFICADAS

● Garantir o cumprimento da meta de proteção de 30% do território terrestre e marinho até 2030, através de uma rede eficaz de Áreas Protegidas ecologicamente representativas, conectadas e bem geridas;

● Garantir a implementação da Rede Natura 2000 (nomeadamente, a conclusão da elaboração dos planos de gestão e a ampliação desta rede ecológica em Portugal) e a efetiva aplicação da legislação, da regulamentação e de iniciativas de conservação, monitorização e fiscalização em todo o Sistema Nacional de Áreas Classificadas;

● Elaborar e implementar o Plano Nacional de Restauro de maneira participativa, com as ONGAs e demais atores relevantes, para promover o restauro ecológico à escala da paisagem e dos ecossistemas degradados, reabilitar o equilíbrio ecossistémico e reverter a perda de biodiversidade;

● Promover o restauro dos rios através da remoção de barreiras fluviais obsoletas, em linha com o objetivo do Pacto Ecológico Europeu de libertar 25 mil km de rios, tendo como ponto de partida o levantamento já feito pela Agência Portuguesa de Ambiente;

● Aumentar em pelo menos 50% o financiamento disponível (quer em Orçamento de Estado, quer no Fundo Ambiental) para ações de conservação da natureza, que deverá ser plurianual, de forma a garantir o cumprimento dos compromissos internacionais assumidos, nomeadamente o Global Biodiversity Framework da Convenção da Diversidade Biológica;

● Manter a nível europeu a posição louvável de defesa da proteção do lobo, impedindo a redução do seu estatuto de proteção dentro da União Europeia;

● Criar legislação para a conservação das árvores junto das estradas nacionais e municipais, obrigando as entidades gestoras a fundamentarem publicamente as decisões sobre abates.

2. CLIMA E ENERGIA

● Urgência na criação do Conselho de Ação Climática e implementação da Lei de Bases do Clima;

● Garantir a participação efetiva das ONGAs nos processos de revisão do Plano Nacional de Energia e Clima e do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2045, previstos para 2024;

● Promover a transição para uma economia de baixo carbono para que progressivamente se consiga a eliminação de todos os subsídios e apoios públicos aos combustíveis fósseis;

● Realizar um planeamento sistemático, amplo, integrado, baseado na ciência e participativo para a definição das go-to areas para instalação de projetos de energias renováveis, sejam eles terrestres ou offshore, para garantir que a expansão das energias renováveis não coloca em causa a conservação da biodiversidade, independentemente de esta se situar dentro ou fora de áreas de conservação;

● Promover a eficiência energética e apostar prioritariamente na produção descentralizada das energias renováveis, nomeadamente em comunidades energéticas.

3. AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO

● Investir na agricultura de baixo impacto, que realiza práticas sustentáveis de uso do solo e da água, com reduzida emissão de gases de efeito de estufa e que beneficia a biodiversidade;

● Promover o uso eficiente e contido da água na agricultura, diversificação e complementaridade entre origens de água nos diversos sistemas de abastecimento, e a regulação do uso de água em todos os sistemas;

● Criar o Plano Nacional de Alimentação Sustentável, que defina de forma participada e transparente os princípios para a alimentação sustentável e os integre de forma sistémica nas políticas de produção, consumo e combate ao desperdício e perdas de alimentos, bem como nas políticas de saúde;

● Inserir critérios ambientais obrigatórios para as compras públicas de alimentação escolar, garantindo uma alimentação saudável e sustentável nas cantinas, privilegiando cadeias de abastecimento mais sustentáveis e dando escala à implementação da Estratégia Nacional para as Compras Públicas Ecológicas;

● Promover a adoção eficaz de dietas sustentáveis (sem se limitar à dieta mediterrânica), inclusive através da integração deste tipo de medidas, com definição de objetivos e metas concretas, na revisão do Plano Nacional de Energia e Clima e do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2045.

4. OCEANOS E PESCAS

● Estabelecer moratória à mineração em mar profundo em águas nacionais, e continuar a apoiar a moratória em águas internacionais;

● Desenvolver de forma participativa e implementar o Plano de Ação Nacional para a Gestão e Conservação de Tubarões e Raias, bem como o Plano de Ação para a Mitigação da Pesca em Cetáceos, Aves e Tartarugas;

● Instaurar o Fórum de Carbono Azul em Portugal;

● Apoiar a transição das pescarias para uma pesca de baixo impacto, canalizando os fundos públicos para a realização de avaliação que comprove os impactos das pescarias e eliminando gradualmente os subsídios à pesca prejudiciais aos recursos pesqueiros, além de garantir o financiamento e capacitação para institucionalização da cogestão de pescarias;

● Assegurar a correta implementação da Diretiva-Quadro da Estratégia Marinha através de planos de monitorização baseados na ciência e com o financiamento adequado;

● Assegurar a correta implementação da Política Comum de Pescas, em especial do novo Regulamento de Controlo e do Plano de Ação Marinha.

Para além destas prioridades temáticas, é essencial que sejam garantidos mais espaços formais para a participação da sociedade civil na construção das políticas públicas em todas as suas etapas, desde as fases mais iniciais de elaboração, passando pela implementação, até à monitorização. Além disso, as consultas públicas podem ser otimizadas por meio de plataformas únicas (à semelhança da Comissão Europeia), tendo como padrão mínimo o que está estabelecido na legislação de Avaliação de Impacte Ambiental e assegurando o cumprimento da Convenção de Aarhus sobre direito de participação.

A C7 considera que estas medidas são o mínimo necessário para que Portugal faça frente aos desafios ambientais globais, sem as quais não será possível o cumprimento dos compromissos internacionais assumidos, nem tampouco garantir um ecossistema e uma sociedade resilientes.

A Coligação C7 é composta pelas seguintes organizações:

  • ANP|WWF – Associação Natureza Portugal, em associação com a WWF
  • FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade
  • GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
  • LPN – Liga para a Protecção da Natureza
  • Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
  • SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
  • ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável



domingo, 28 de janeiro de 2024

Curso de Introdução à Agricultura Natural Coreana

 Nos próximos dias 3 e 4 de fevereiro decorrerá em Vila Nova de Famalicão, um Curso de Introdução à Agricultura Natural Coreana (KNF) com Ana Taborda Moreira, Especialista Certificada em KNF, e organizado pela VITIWISE e pela Associação Famalicão em Transição.

As inscrições estarão abertas até ao dia 31 de janeiro no formulário: https://forms.gle/TcNqEH1TWGeLcXgq5

Mais informações no site da Associação Famalicão em Transição.

domingo, 14 de janeiro de 2024

Mitos sobre alterações climáticas

Recentemente, o Público/Azul publicou  o artigo "10 mitos sobre as alterações climáticas desmascarados", um texto incluído na iniciativa Covering Climate Now, uma colaboração jornalí­stica global que pretende reforçar a cobertura da história do clima. Ficam aqui transcritos os mitos e os factos, podendo as respetivas explicações ser lidas no artigo original (aqui). 

«10 mitos sobre as alterações climáticas desmascarados

A desinformação sobre o clima está em todo o lado. Este guia ajuda-nos a reconhecer e refutar os principais mitos e repor a verdade. Os cientistas não estão de acordo? O clima está sempre a mudar?

Os cientistas de todo o mundo concordam que as alterações climáticas são reais, estão a acontecer agora e são causadas pela queima de combustíveis fósseis. No entanto, há muitos mitos que persistem sobre as alterações climáticas .

A maioria dos mitos sobre as alterações climáticas  tem sido perpetuada pelas empresas de combustíveis fósseis, pelos seus aliados políticos e por outros com interesses no status quo. Durante décadas, gastaram milhões de dólares em publicidade, "estudos" de grupos de reflexão e lobbies para confundir o público, os decisores políticos e também a imprensa e, assim, impedir a Acão climática.

Isto levou alguns jornalistas a suavizar a sua cobertura - por exemplo, não relacionando as alterações  climáticas  com condições meteorológicas extremas - deixando o público mal informado. Este guia ajuda a reconhecer e saber como refutar estes mitos.

 

A maioria dos mitos sobre as alterações climáticas tem sido perpetuada pelas empresas de combustíveis fósseis e pelos seus aliados políticos. Fonte: Público. Imagem: GETTY IMAGES

MITO 1: Os cientistas não estão de acordo sobre as alterações  climáticas

FACTO: Mais de 99% dos cientistas do clima concordam que a atividade humana está a sobreaquecer o planeta.

 

MITO 2: As alterações  climáticas  são um embuste político

FACTO: As leis da física não se importam com ideologias políticas. As alterações climáticas  causadas pelo homem são um facto cientifico, como concluíram praticamente todas as instituições cientificas do planeta.


MITO 3: Não é possível saber que os seres humanos estão a causar alterações  climáticas

FACTO: Podemos, e sabemos. A temperatura global e os níveis de CO2 na atmosfera têm aumentado a par e passo desde que os seres humanos começaram a queimar grandes quantidades de carvão e outros combustíveis fósseis durante a Revolução Industrial. (Fonte: NASA).


MITO 4: O clima está sempre a mudar, hoje não á diferente

FACTO: É verdade que o clima da Terra já mudou antes. Mas nunca tão rapidamente como agora, devido aos 250 anos de queima de combustíveis fósseis.


MITO 5: Não há nada que possamos fazer em relação às alterações climáticas, por isso, porquê darmo-nos ao trabalho

FACTO: Os cientistas têm declarado repetidamente que a humanidade já dispõe das ferramentas e tecnologias necessárias para travar as alterações climáticas e evitar os seus piores impactos. O Relatório de Sí­ntese do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas  (IPCC, na sigla em inglês) classifica as cinco abordagens principais que podem limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius.


MITO 6: Não podemos viver sem petróleo

FACTO: As sociedades modernas não podem deixar o petróleo de um dia para o outro, mas a queda dos custos e a rápida expansão da energia solar, eólica e de outras fontes de energia renováveis mostram que podemos deixar os combustíveis fósseis para trás, se quisermos.


MITO 7: E a China? Os outros países são piores

FACTO: Os EUA emitiram mais gases com efeito de estufa do que qualquer outro paí­s na história. A China ultrapassou recentemente os EUA como o maior emissor anual. Mas o que importa na atmosfera são as emissões cumulativas e não as anuais, o que torna os EUA os maiores responsáveis pelas alterações  climáticas.


MITO 8: Um aumento da temperatura de 1,5 graus Celsius não é nada de especial

FACTO: Atualmente, as temperaturas globais estão cerca de 1,2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Este aumento já intensificou as condições climatéricas extremas registadas em todo o mundo. Os impactos intensificar-se-ão quanto mais nos aproximarmos dos 1,5 graus Celsius.


MITO 9: Os seres humanos, as plantas e os animais podem adaptar-se às alterações climáticas

FACTO: A adaptação tem sido uma característica das espécies bem-sucedidas há centenas de milhões de anos. Mas há limites rigorosos quanto à rapidez - e à extensão - com que as pessoas, as plantas e os animais se podem adaptar.

 

MITO 10: Ninguém se preocupa com as alterações climáticas

FACTO: As pessoas em todo o mundo estão cada vez mais preocupadas com as alterações climáticas  e querem saber como as travar.»


Fonte: https://www.publico.pt/2023/12/31/azul/noticia/10-mitos-alteracoes-climaticas-desmascarados-2071971

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Combater a epidemia da solidão

«A solidão está incluída no bolo de uma sociedade moderna com o tipo de configuração social e infra estruturas que temos hoje. ... Quando todos os nossos relacionamentos são mediados pelo dinheiro, temos a sensação de estarmos sozinhos, a sensação de não estarmos conectados. ...

Comece a orientar-se para a perceção da dádiva,  o que significa  perceber a sua vida como uma dádiva, ver o seu propósito como sendo para dar. Entender que você precisa receber para continuar a dar.  

E avaliar situações, como o que devo dar nesta situação, o  que devo receber?  Se você estiver envolvido, e isto não é uma tarefa, é um convite, talvez até ouvindo isto receba aquele presente, que é:

"Ah, sim, eu sou um ser lindo. Fui generosamente presenteado com vida, respiração, sol, amor e um corpo. Eu não ganhei isso, mas aqui estou. E eu sei porque estou aqui, eu sei que anseio contribuir para um mundo belo"

Quando estiver na dádiva, não se sentirá mais solitário, e conexões profundas com outras pessoas crescerão, como resultado dessa orientação para a dádiva.» 

Charles Eisenstein , The Loneliness Epidemic: How Society's Dependence on Money is Leaving Us Alone and Disconnected (vídeo abaixo)