segunda-feira, 22 de abril de 2024

Limpar a Terra: de dentro para fora

«Você está a poluir o mundo ou a limpá-lo? Só você e mais ninguém é responsável pelo seu espaço interior, tal como é responsável pelo planeta. Tal como no interior, assim também no exterior: se os seres humanos limparem a poluição interior, também deixarão de criar poluição exterior.» ...

«Como é possível que só no século vinte os seres humanos tenham morto mais de cem milhões dos seus semelhantes? Seres humanos a infligirem uns aos outros um sofrimento de tal magnitude ultrapassa tudo o que se possa imaginar. E isso sem levar em conta a violência mental, emocional e física, a tortura, a dor e a crueldade que eles continuam a infligir uns aos outros assim como a outros seres vivos diariamente.  Será que agem desta maneira por estarem em contacto com o seu estado natural, a alegria da vida interior? Claro que não. 

Só pessoas que estejam num estado profundamente negativo, que se sintam realmente muito mal, criariam uma realidade semelhante como reflexo daquilo que sentem. Agora, essas pessoas estão empenhadas na destruição da Natureza e do planeta que as sustenta. É incrível, mas é verdade. A espécie humana está perigosamente louca e muito doente. Não é um juízo. É um facto. Também é uma facto que a saúde mental se esconde por trás da loucura. A cura e a redenção estão sempre ao nosso alcance.»

Estes são dois textos de Eckhart Tolle extraídos do livro "O Poder do Agora". 

No Dia da Terra, e com as condições deste querido e belo planeta cada vez piores para sustentar a Vida e a Humanidade, quis trazer uma reflexão deste escritor.

A mensagem de Eckhart procura explicar que o mundo está tão mal porque as pessoas estão mal. E estão mal porque vivem em dor, na maior parte das vezes uma dor causada pela própria mente. Uma mente, que nos bombardeia com ressentimentos de passado e medos de futuro, que ignora constantemente o momento presente, preferindo esperar pela felicidade algures no devir. 

Mas ela só pode ser vivida no agora. Tolle diz-nos que para nos escutarmos no momento presente, sermos testemunhas dos nossos pensamentos, mas não nos deixarmos influenciar por eles, e assim nos libertarmos da dor que a nossa psique nos causa. Trata-se de sabermos observar a nossa mente, de não a deixar controlar-nos, mas de a saber usar apenas quando é precisa, como o instrumento precioso que é.  E sobretudo, não nos identificarmos com ela. Nós não somos a nossa mente, a nossa história, os nossos medos. Se fôssemos, não a conseguiríamos observar, não é? 

A seguir mais um extrato do mesmo livro, que acho que explica muito bem como estamos dominados pela nossa mente, mas também como podemos deixar de estar.

«Provavelmente já se cruzou com pessoas "malucas" que falam e resmungam incessantemente consigo próprias: Pois bem, isso não é muito diferente daquilo que você e todas as outras pessoas  "normais" fazem, só que não o fazem em voz alta. A voz comenta, especula, critica, compara queixa-se, gosta, não gosta, e por aí fora.

A voz não é necessariamente relevante para a situação em que você se encontra no momento; provavelmente ela está a reviver o passado recente ou distante, a ensaiar ou imaginar possíveis situações futuras. Aqui, ela muitas vezes imagina que as coisas irão correr mal ou terão resultados negativos; chama-se a isto preocupação. Por vezes, esta pista sonora é acompanhada por imagens visuais ou "filmes mentais". Mesmo que a voz seja relevante para a situação presente, ela interpretará essa situação em termos de passado. É assim porque a voz pertence à sua mente condicionada, que é o resultado de todo o seu historial passado, assim como do contexto mental e cultural colectivo que você herdou. 

Portanto, você vê e julga o presente através dos olhos do passado e obtém dele uma visão totalmente distorcida. Não é raro que a voz seja o pior inimigo de uma pessoa. Muitas pessoas vivem com um carrasco na cabeça que as ataca e castiga constantemente e lhes suga a energia vital. Ela é causadora de uma tremenda angústia e infelicidade, assim como de doenças. 

Mas há boas notícias: você pode libertar-se da sua mente. É a única libertação verdadeira. Poderá começar a dar o primeiro passo neste momento Comece por ouvir a voz dentro da sua cabeça o maior número de vezes que puder. Preste particular atenção a quaisquer padrões de pensamentos repetitivos, esses velhos discos riscados que provavelmente estão a tocar na sua cabeça há muitos anos. É isso que eu quero dizer com "observar o pensador", que é uma outra maneira de dizer: escute a voz dentro da sua cabeça, esteja lá como testemunha presencial.

Ao escutar essa voz, escute-a com imparcialidade. O mesmo é dizer, não julgue. Não critique nem condene o que ouve, porque fazê-lo significaria deixar a mesma voz entrar novamente pela porte de trás. Depressa compreenderá: lá está a voz, e aqui estou eu a ouvi-la, a observá-la. Esta consciência de que eu estou, esta sensação da sua própria presença, não é um pensamento. Tem origem para além da mente.»

Eckhart Tolle, "O Poder do Agora - Guia para o Crescimento Espiritual", Editora Pergaminho

Tal como disse Ervin László:  

«Antes de partimos para reformar o mundo, faríamos bem fazer uma pausa para ver se não temos de nos reformar a nós próprios.»

Fonte das imagens: Planeta Terra, NASA

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