quarta-feira, 11 de março de 2020

Greve Climática Estudantil cancelada

«A Greve Climática Estudantil, no contexto dos últimos acontecimentos relacionados ao novo coronavírus, e a saber de nossa responsabilidade social para com a saúde pública, informa que as manifestações marcadas para a próxima sexta-feira (13) não serão realizadas.
Ouvimos a ciência e os especialistas e, apesar de sabermos que os jovens são os menos afetados por este vírus, reconhecemos a importância de agirmos em solidariedade com aqueles que são mais vulneráveis.

Agimos de acordo com a gravidade da crise que enfrentamos, da mesma forma como esperamos que nossos políticos ajam ao enfrentar a crise que temos denunciado há tanto tempo. E é tendo isso em conta que alertamos para o caos social que está por emergir com a emergência climática.

É uma crise à escala global que já matou e continua a matar milhares de pessoas. As suas consequências devastadoras milhões na pobreza, crises migratórias e agravam as desigualdades sociais. É uma crise que continuará a destabilizar a economia e expõe com clareza as fraquezas do sistema em que vivemos. Referimos nos, obviamente, à crise climática. Uma crise que já é global e afetará o futuro de todas as gerações vindouras

O coronavírus é, evidentemente, um perigo. Mas, e se tratássemos a crise climática como tratamos o coronavírus? E se, constantemente, estivéssemos a receber notícias ao minuto das catástrofes que se continuam a desenrolar de uma ponta à outra do mundo? E se as políticas governamentais fossem vistas e dissecadas sobre o prisma da crise climática, tal como está a acontecer com a nova epidemia?

O coronavírus é mais fácil de ser encarado como uma crise devido à sua proximidade imediata e real à população. Por não terem sido tomadas precauções mais cedo, enfrentamos agora medidas severas de contingência que excluem grupos racializados e precarizados.

A crise climática é enfrentada como algo distante, temporal e geograficamente. Assim, tem sido sistematicamente ignorada ou encarada de ânimo leve por parte dos governos do mundo. Ambas as situações esclarecem que no bussiness as usual não há espaço para investimentos público suficiente. Seja para garantir um sistema de saúde público , seja para efetuar uma transição verde e justa da economia, criar empregos para o clima e garantir uma democracia energética.

Assim, o coronavírus é apenas uma amostra do que será a crise climática se baixarmos os braços e não continuarmos a lutar por justiça climática todos os dias. É por isso que neste dia 13 de março continuamos a agir, adaptando-nos às circunstâncias que assim o exigem.

Fiquem atentos para as ações e protestos, cuja importância se intensifica de dia para dia, da Greve Climática Estudantil.»

Fonte:  Facebook de Greve Climática Estudantil, 11 de março 2020

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Publicado a 9 de março 2020:
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Só com os jovens podemos melhorar as coisas neste planeta... com a intervenção deles, com a exigência deles, mas é precisa a ajuda de todas as gerações.

Apesar de absolutamente necessárias as mudanças no comportamento individual - não chegam, temos de exigir aos políticos que que tomem medidas sérias e proporcionais ao problema.

Basta de assobiar para o lado, dar duas palavrinhas bonitas e continuar na mesma.


----------------------------------------------------  MANIFESTO 13 DE MARÇO --------------------------------------------------------


«A nossa casa está a arder. Temos uma década para reverter todo um século, mas continuamos longe de conseguir cumprir as metas europeias e internacionais, já de si insuficientes, para a neutralidade carbónica. Em Portugal, ainda nem foi declarado o estado de emergência climática, crucial para o reconhecimento de que estamos, efetivamente, numa situação extraordinária. Apesar de todas as promessas durante a campanha eleitoral, o governo continua a não fazer do combate às alterações climáticas uma prioridade real.


O Orçamento de Estado é um dos exemplos mais recentes disso mesmo, demonstrando uma insuficiência grave no compromisso de atingir as metas para a neutralidade carbónica. O investimento previsto para a mobilidade é particularmente preocupante, uma vez que se centra maioritariamente em estradas, deixando de lado o reforço dos transportes públicos rodoviários fora dos grandes centros urbanos, bem como a necessária expansão da rede ferroviária. Já no que toca às florestas, ainda não se não prioriza o desenvolvimento sustentável e o governo só prevê a remodelação para um novo tipo de floresta se a existente for considerada economicamente inviável.

Além disso, o governo continua a insistir em aprovar grandes projetos que configuram autênticos crimes ambientais, tanto pelos impactos negativos que têm nos ecossistemas e qualidade de vida das populações, como pela contribuição direta ou indireta para um elevado aumento das emissões de gases de efeito de estufa. Referimo-nos à construção do aeroporto do Montijo e às dragagens do Sado, mas também à prospeção de gás e à exploração de lítio, que anulam a possibilidade de Portugal respeitar a sua meta de redução de emissões.


Assim, tanto para o nosso governo como para as grandes empresas, o lucro continua a sobrepôr-se ao nosso futuro. Perante isto, não podemos ficar de braços cruzados. Como ativistas temos provado, por todo o mundo, que nunca se é demasiado jovem para fazer a diferença, por mais que tentem descredibilizar-nos. Todos juntos, conseguimos trazer para o debate público a necessidade de mudar. Agora, é preciso passar da retórica à prática.


No dia 13 de março, abdicamos de um dia de aulas pelo nosso futuro. Fazemos greve pelo fim dos grandes projetos que contribuirão para aprofundar a crise climática, exigindo que todo esse investimento seja redirecionado para uma transição energética justa, a reflorestação massiva e ordenada do território e o alargamento da rede de transportes públicos. Mas só unidos conseguiremos construir uma alternativa justa e, por isso, apelamos a que todos os sindicatos, coletivos, organizações e cidadãos em geral se juntem a esta mobilização. Nós somos aqueles de quem estávamos à espera.»

Fonte (texto do manifesto e imagens):

Acompanhe aqui a organização das manifestações, já agendadas em muitas cidades de Portugal!

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