terça-feira, 1 de janeiro de 2019

O caminho do despertar

«Somos o que pensamos. Tudo o que somos resulta dos nossos pensamentos. Com os nossos pensamentos, fazemos o mundo.»  Buda

O Lama tibetano Blo-bzang Don-yod (1602-1678) fez uma ilustração chamada "O Caminho do Despertar" para facilitar a aprendizagem da meditação aos seus discípulos (representado no quadro da imagem a seguir).

Imagem obtida aqui
 O desenho representa um caminho, e cada personagem e cada etapa tem uma simbologia, remetendo para os obstáculos e a dificuldade no controle da mente agitada, e para a recompensa quando a mente se acalma e pratica o "Samatha" - termo usado na meditação budista para designar o treino que leva à calma e concentração, e mesmo ao "Vipassana" -  um método de meditação que promove, momento a momento, a atenção plena acerca dos eventos, da realidade, exatamente da forma como eles são vivenciados no presente.

Abaixo um vídeo que anima as etapas do quadro, e mais abaixo a explicação, traduzida daqui.



«Neste vídeo representa-se o desenvolvimento do Samatha (shi-né), em que um elefante  simboliza a mente do meditador. Uma vez domesticado, o elefante nunca mais desobedece ao seu mestre, tornando-se útil para desenvolver numerosas obras. O mesmo se aplica à mente. Além disso, um elefante selvagem e indomável é perigoso, muitas vezes causando destruição terrível. Da mesma forma, uma mente que não foi treinada pode causar sofrimento.

No início, o elefante é totalmente negro, significando que, no estágio inicial de desenvolvimento da samatha, a letargia mental domina a mente. Na frente do elefante vai um macaco que representa a agitação mental. O macaco não fica um momento parado, está sempre a conversar com alguém, sendo atraído por qualquer coisa.

O macaco conduz o elefante. Neste estado, a agitação mental guia a mente para todos os lados.

Atrás do elefante segue o meditador, que tenta controlar a mente. Numa das mãos ele segura um arco que simboliza a atenção, e na outro um laço que simboliza o estado de alerta. Neste estado, o meditador não tem controle sobre sua mente. O elefante segue o macaco sem prestar a menor atenção ao meditador.

No segundo estágio, o meditador quase alcançou o elefante.

No terceiro estágio, o meditador lança o laço no pescoço do elefante. O elefante olha para trás, simbolizando a mente já é um pouco controlada pelo poder da atenção. Nesta fase, um coelho aparece na parte de trás do elefante. Este é o coelho da letargia mental, que anteriormente era tão subtil que não era reconhecida, mas que agora é óbvia para o meditador.

Nestes estágios iniciais, há que aplicar a força de atenção mais do que a força da aplicação cuidadosa, pois a agitação precisa de ser eliminada antes da letargia.

No quarto estágio, o elefante é muito mais obediente. Muito raramente ele tem que receber o laço de atenção.

No quinto estágio, o macaco vai atrás do elefante que, sob forma submissa, segue o arco e o laço do meditador. A agitação mental não mais perturbará a mente de maneira intensa.

Na sexta etapa, tanto o elefante como o macaco seguem o meditador calmamente. Agora o meditador nem precisa se virar para olhar para eles. Ele só precisa concentrar a atenção para controlar a mente. O coelho desapareceu.

Na sétima etapa, o elefante é deixado para seguir a sua própria vontade. O meditador já não precisa mais de lhe dar a atenção nem a aplicação atenta. O macaco da agitação desapareceu completamente da cena. A agitação e a letargia nunca mais aparecerão de forma grosseira, apenas ocasionalmente, de aparecerão de maneira subtil.

Na oitava etapa, o elefante ficou completamente branco. Ele segue atrás do homem pois agora a mente é completamente obediente. No entanto, ainda é necessária alguma energia para manter a concentração.

Na nona etapa, o meditador senta-se em meditação e o elefante adormece a seus pés. A mente agora pode permanecer concentrada sem qualquer esforço por longos períodos de tempo, até dias, semanas ou meses.

Estes são os nove estágios do desenvolvimento do samatha. A décima etapa é a conquista do verdadeiro samatha representado pelo meditador a cavalgar calmamente nas costas do elefante.

Além disso, há um décimo primeiro estágio, no qual o meditador é desenhado como montando o elefante que agora caminha em sentido contrário. O meditador segura uma espada flamejante. Ele entrou agora em um novo tipo de meditação chamado vipassana, ou a mais alta interiorização (em tibetano: Lhag-mthong). Essa meditação é simbolizada pela espada flamejante, o instrumento afiado e penetrante que corta em direção à realização do vazio.

Em vários sítios deste diagrama aparece um incêndio. Este fogo representa o esforço necessário para a prática de shamata. Cada vez que este fogo aparece é menor que o anterior e eventualmente desaparece. Em cada estágio sucessivo de desenvolvimento, menos energia é necessária para manter a concentração e, eventualmente, não será preciso esforço. O fogo reaparece no décimo primeiro estágio, quando o meditador tomou a meditação no vácuo.

Também no diagrama aparecem as imagens de comida, roupas, instrumentos musicais, perfumes e um espelho. Eles simbolizam as cinco fontes de agitação mental, como os cinco objetos sensuais: os de gosto, tato, som, olfato e visão, respetivamente.»

Fonte: https://youtu.be/3jgqw--1Sxc (tradução livre)

Vídeo com legendas explicativas em espanhol em: https://www.youtube.com/watch?v=t9JC2tg03zw

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