domingo, 26 de junho de 2011

Depois de semear ventos...

"Quem semeia vento" é o título da Grande Reportagem sobre o estado da agricultura em Portugal,  que passou na SIC no dia 8 de Maio de 2011. Não vi na altura, mas encontrei o vídeo no excelente no blogue Bioterra, do João Soares, e que abaixo deixo incorporado.

Depois de décadas em que o Estado e a União Europeia se dedicaram a destruir a agricultura em Portugal, estamos num país sem qualquer autonomia alimentar. Muitos agricultores abandonaram as terras. Dos que subsistem, muitos apenas produzem à base de subsídios, tal como a UE quer para controlar produções de acordo com interesses instalados. Outros têm subsídios para não produzir.  Dos que continuam a cultivar, a maioria não está informada sobre técnicas agrícolas sustentáveis, mantendo sistemas de produção nocivos ao ambiente e à saúde, privilegiando monoculturas e o uso de fertilizantes e pesticidas em detrimento da biodiversidade de culturas e do respeito pelo suporte vivo que é o solo.

Mas chegou a hora de mudar esta situação, e,  felizmente ela está a mudar mesmo, como podem ver, na reportagem abaixo!



Acho que todos já percebemos que chegou a hora de produzir alimentos em Portugal para caminharmos rapidamente no sentido da soberania alimentar. 

Imagem de Quinta do Rio Dão
Está na hora de perceber que a agricultura em Portugal deve ser incentivada em formas sustentáveis e no respeito pela natureza e pela saúde. Mais que a agricultura em modo de produção biológico, é preciso agricultura sustentável. Saliento pela positiva a ocorrência do 1º Encontro de Agricultura Sustentável no Porto, no passado dia 18 de Junho, coorganizado pela Campo Aberto, Plataforma Transgénicos Fora e Escola Superior de Biotecnologia (Grupo de Estudos Ambientais) da Universidade Católica.

Está na hora de acabar com os grandes lucros dos grandes distribuidores, e promover a ligação o mais directa possível entre os produtores e os consumidores. Nesse aspecto, o projecto PROVE - promover e vender, já espalhado por várias zonas do país, é um bom exemplo do presente para o futuro - um sistema de encomenda de cabazes através da Internet com horários e locais de entrega preestabelecidos.

Está também na hora dos portugueses perceberem que só dando preferência aos produtos agrícolas portugueses se pode ajudar a agricultura em Portugal, e que não é sustentável insistir em comprar os produtos fora da sua época natural. Isto também faz parte do consumo consciente.

Hortas de Biotecnologia, UCP, Asprela - Porto
E, por último, vejo que já muitas pessoas começam a praticar agricultura urbana, aproveitando pequenos quintais, varandas, terraços, e até janelas. Na Internet multiplicam-se sites, blogues e grupos de troca de informação sobre agricultura urbana, biológica e sustentável (ver na página Agricultura Sustentável alguns exemplos). Câmaras Municipais, Instituições e Associações cada vez mais se empenham em disponibilizar terrenos para hortas comunitárias e em dar formação em métodos biológicos e sustentáveis.

E novos agricultores começam a cultivar seus jardins comestíveis ou a regressar aos terrenos agrícolas, agora mais informados sobre agricultura biológica e sustentável. 

Haja esperança em Portugal e nos portugueses para deixarmos de semear ventos e passarmos a semear a terra com sustentabilidade!

6 comentários:

  1. Terei de regressar com mais tempo. Prometo faze-lo. Mais que boa informação tem elementos para meu estudo. Voltarei...

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  2. Aqui não há escolha possível tem que se começar a produzir, o que parece é que os grandes distributores o senhor Belmiro e o senhor do Pingo Doce que me agora não me lembra o nome, já perceberam isso e agora se querem fazer passar por grandes impulsionadores da venda de produtos portugueses, sendo eles que ajudaram a matar a agricultura em portugal nos ultimos 20 anos..

    Até assistimos aquela fantochada da divulgação do Continente dos produtos Portugueses em Lisboa.Propaganda pura e dura.

    Os senhores Belmiro e afins querem é comprar por 20 cêntimos e vender a 1 euro, é o que está a acontecer neste momento com a melancia por exemplo, e agora pergunto, qual é o pequeno ou médio agricultor que vai cultivar melancia , para vender a 20 cêntimos?

    È por isso que para tornar a melancia rentável a 20 cent o quilo metem os adubos, as hormonas e todas aquelas coisas que fazem bem á saude, e no fim pagamos o mesmo pelo produto final, só que o lucro vai para os senhores Belmiros ...

    Enquanto os agricultores não começarem a lucrar por a qualidade dos seus produtos, vai ser mais do mesmo..

    Dando só o exemplo os novos olivais(Espanhois) do alentejo , realmente aumentou a produção , mas então e a qualidade do azeite??
    Aquele azeite só mesmo para biodiesel, só por o cheiro se nota a diferença , até mete medo ... Para não falar que daqui a 10 os olivais intensivos estarão fechados , e a terra queimada ...


    Saudações

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  3. Importar o que se pode ter por cá, só pode dar nisto.

    Educação para a cidadania é preciso, para saberem somar 2+2.

    Zé Povinho ainda acredita na UE e governantes...tá se a ver...

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  4. Rogério, volte quando quiser e quando puder, será sempre bem vindo :)

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  5. Carlos
    Esse problema, o dos "grandes distribuidores" é um dos pontos fundamentais, e que foi bem focado explanado nas apresentações de Birke Mauer e de Alberto Gomes no 1º Encontro de Agricultura Local Sustentável no Grande Porto. Também o
    Daniel Oliveira falou do tema esta semana, no Expresso.

    E o pior, é que ouvi dizer que as grandes distribuidoras andam a "cozinhar" um ataque massivo às pequenas mercearias de proximidade. Precisamos de estar atentos, e seguir exemplos como o PROVE!

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  6. Ana Teresa

    As pessoas começam a compreender... devagar, mas vão entender.

    Vamos lá para a Transição, estou a ver que em Famalicão começa a germinar, ainda só em ideias, mas é o princípio :)

    Beijinhos

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