domingo, 16 de janeiro de 2011

Uma questão de inspiração

Imagem obtida em Planeta Educação
O texto que se segue, é de Joana Montenegro, aluna do 10º ano, de Espinho. Veio fora de tempo e com palavras a mais para o concurso Melhorar o Mundo na Escola, mas foi feito com o intuito de nele participar. Por isso, porque vale a pena lê-lo e reflectir sobre ele, e também porque a jovem autora gostaria de o ver aqui publicado, aqui fica (o título fui eu que dei) :

"Sem música a vida seria um erro"

"A meu ver, e digo isto com imensa certeza, o que falta à nossa sociedade, em geral, é inspiração. As acções humanas produzem-se se existir vontade, e para existir vontade tem que existir algo que a alimente. Não falo em motivos ou intenções, mas sim numa entidade, digamos, que seja capaz de despertar nos homens o desejo de querer fazer algo, um sentimento de mudança, uma força interior, o amor à causa. É desse tipo de inspiração que estou a falar, pois tal como um pintor se serve de uma musa inspiradora, se queremos levar este mundo para melhor necessitamos de inspirar a sua população. Eu digo isto porque por mais informação, ameaças e avisos sobre as alterações que o nosso planeta está a sofrer e sobre os imensos problemas que afectam as sociedades, como a pobreza, por exemplo, que por aí andem a circular, a verdade é uma, o ritmo a que contagiam pessoas a tomarem medidas e a passarem à acção é muito lento, tal como a reposição dos recursos minerais na Terra pela natureza. A minha palavra-chave é inspiração, e se alguém quiser ver feita obra necessita de inspirar os trabalhadores, ou seja, se nós, um grupo de protectores da Terra, queremos juntar mais membros precisamos de inspirá-los, criar neles o gosto pela obra. Qualquer um pode demonstrar a veracidade destas palavras por experiência própria, não é difícil. Quando fazemos por gosto, fazemos bem, não ouvimos isto tantas vezes? Este deve ser o lema.

Agora só falta encontrar o alimento da alma, a fonte de inspiração, e é aí que reside a minha ideia. Pedem-me uma maneira de melhorar o mundo na escola, e a minha ideia é inspirar os seus alunos através da música. O maior problema da sociedade é a apatia, pois se assim não fosse não estaríamos na situação em que nos encontramos. Não podemos tolerar esta inexpressividade que afecta muita gente, cujo lema é "deixar andar" ou "não vale a pena" ou ainda "como não é comigo". E isto não podemos tolerar, "tudo vale a pena quando a alma não é pequena" e se há um problema com a sociedade em que estamos inseridos então esse problema também nos diz respeito. Ao colocar um piano, instrumento tão notável e impetuoso, num local de encontro da comunidade escolar, ao qual ninguém consegue ser indiferente, e ao deixar que um pianista, que não é difícil de encontrar numa escola com mais de mil alunos, como é o meu caso, levasse a sua música a preencher as almas apáticas de alegria e inspiração, iríamos, sim, possuir a chave que franquearia a entrada ao novo mundo, um mundo melhor. A música é capaz de mover massas, de inspirar mentes e apaixonar corações, e acho que não exagero ao dizer que a arte, criada pelo homem, será a salvação do humano, irá acordá-lo para a realidade, que não precisa de ser entediante, triste ou assustadora. Irá acordá-lo para a realidade em que a Terra, a sua casa, precisa de ajuda, chama por ajuda. Irá inspirá-lo a salvar essa "jóia do Sistema Solar" (Carl Sagan, em Cosmos), a “mexer-se” em prol dela.

Resumo então a minha ideia: o mundo precisa de mudanças, de melhoramentos; grande percentagem da população humana sente-se indiferente a este assunto; falta-lhe inspiração que lhe dê forças para passar à acção; este problema reside também nas escolas; vamos inspirar, então, os estudantes, vamos dar-lhes a conhecer o verdadeiro mundo da música; mentes felizes são mentes inspiradas que pertencem a seres prontos para entrarem em movimento, o movimento de salvação da Terra; e a inspiração é contagiosa, não tardará, ficará mais gente “infectada”.

O desafio era encontrar uma ideia exequível, aqui está ela. Vai melhorar o mundo? De certeza que sim, porque "sem música a vida seria um erro" (Friedrich Nietzsche). E se existem outras maneiras de inspirar? Claro que sim, agora é o papel de cada um encontrar a sua. A partir daqui, tudo é possível e sem limites definidos, basta querer."
 
Joana Montenegro

4 comentários:

  1. Parabéns Joana!
    Com certeza que uma pessoas feliz e por isso mesmo inspirada, consegue contagiar muito mais.
    Conseguir ser positivo, apesar das coisas que estão mal, é o estado melhor para se construir seja o que for .
    A nossa energia propaga-se, melhor se for positiva.
    VIVA A VIDA!

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  2. Independentemente do que vou dizer neste comentário, eu desejo dar-lhe os meus sinceros parabéns pelo seu texto.
    Há nele grandes jóias, que sinto um pouco inspiradas no que a música consegue de si. Todavia, nem todos estão nessa "onda", por várias razões, nem dispostos a usar a música, como eu sempre fiz, mesmo quando estudava até altas horas da madrugada, porque ela "espevitava os meus sentidos". Acarinho, do mais fundo do meu coração, o que diz, mas eu, sou eu e nem todos temos iguais fontes de inspiração. Vão lá "dar música" a um pobre pai trabalhador, que chega a casa cansado de trabalhar e sabe, de antemão, que o dinheiro que ganha não vai chegar para sustentar a sua família. Depois, Joana, quando diz
    "mentes felizes são mentes inspiradas". Eu diria, mentes inspiradas dão corações felizes. Sabemos que, a maioria das grandes obras, foram concebidas por almas em profundo sofrimento.
    O que disse não deve, de forma algum, representar para si uma crítica negativa, já que o seu texto me tocou bem fundo. Alerto-a, tão somente, para o reverso da sua medalha, que tem um sonho dum lado, e uma profunda marca, do outro.

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  3. Fantástico!

    Tivera o número certo de palavras e o livro não tinha vindo para aqui de certeza!

    É bom saber que há adolescentes com tanta cabeça, tão conscientes dos problemas que a passividade causa e, mais importante ainda, com uma solução!
    Revejo-me completamente nestas palavras porque a minha grande inspiração é também a música e, se já no útero reagimos a ela, porque não usá-la como arma da revolução de mentalidades?
    Se já cá ouvi uma canção acerca dos transgénicos, porque não fazer hinos vendáveis para as massas?!?

    Parabéns Joana e que a tua esperança nunca esmoreça, pois são pessoas como tu que dão esperança a pessoas como eu! :-)

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