domingo, 12 de março de 2017

Nós e os outros (das relações e das diferenças)

Este post está preparado há um ano em meio (desde 10/09/2015), na altura não o achei oportuno ou teria outras coisas para publicar, e acabei por esquecer-me dele. Hoje fui ver os "rascunhos" (posts inacabados, 27), encontrei-o e achei que estava na hora de o publicar.

Imagem daqui
São extratos de textos que fui encontrando por aí, referentes às atitudes e relações de uns para com os outros, de forma direta, ou forma camuflada nas redes sociais, e de todos para com os "ismos " ou para com os donos do mundo.

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1. "A minha cara metade", por Raquel Varela,  05/04/2014

(imagem obtida aqui)
«Há uma pandemia mundial em curso de narcisismo. Narcisismo não é vaidade. Um narcísico pode até ser discreto, calado e vestido de cinzento. Mas é uma pandemia insuportável. É o tipo que chega a uma reunião com mais 30 e pede para a próxima reunião ser mudada porque “ele tem uma consulta médica” – o que era o mundo sem ele!; é a mãe que diz com orgulho “o meu filho não faz nada sem mim” – um anormal portanto!; é o filho que quando a mãe lhe coloca a comida na mesa diz com esgar “não gosto nada disto” – tempos houve, os quais saúdo conservadoramente, que o tipo dizia “obrigada por teres feito o jantar querida mãe (mesmo que não gostasse)”; é o tipo que entra num sindicato e na primeira discordância, sem ter mexido uma palha, sai, e é o sindicalista que acha que é dono das decisões da organização; é o que entra numa associação e “esquece-se” mensalmente e sempre de pagar a quota – o financiamento colectivo que se lixe!; é o que estaciona em cima do passeio, o que atravessa um bairro a 50 km hora porque ele está atrasado para o trabalho e a criança que está a jogar à bola está a “atrapalhá-lo” – não é o seu filho porque ia ele preocupar-se!?; é a professora que despacha o trabalho dela para os alunos e os pais destes fazerem em casa; e são os pais que entram numa escola a gritar com a professora, sem sequer lhe perguntar o que se passou. 

Todos estes comportamentos têm em comum o desenvolvimento incipiente do superego, do não saber estar na pele do outro, do não querer estar na pele do outro – o outro, diria um humorista, “nunca ouvi falar desse”. É um comportamento para-sociopata, de gente que não consegue sair de si e acha que os outros são instrumentais ao seu bem-estar. É uma esmagadora ausência de resistência à frustração, um imediatismo de prazer quase animal (não socializado, portanto).
...
Piadas sérias à parte, o tema é grave. Os outros não são o preenchimento do nosso vazio, as relações são relações, de discordância, de debate, de diferença. O mundo está difícil. É aliás um barco a caminho do precipício, onde há uns tipos no convés e a maioria no porão. Mas desengane-se quem acha que vai ficar à tona – olhem para 1939-1945! Todos nos vamos afundar se não reagirmos organizadamente. Mas para reagir organizadamente temos que ser livres, e só há liberdade na diferença, na discordância, temos que re-aprender a viver com os outros na sua complexidade, na sua surpresa, e sobretudo com aquilo que é distinto de nós. Não precisamos de caras metades. Precisamos de gente inteira. »

Fonte: https://raquelcardeiravarela.wordpress.com/2015/04/05/a-minha-cara-metade/

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2. "Aprenda a discordar usando a lógica do papel higiénico", por Wagner Brenner, 14/11/2013

(imagem obtida aqui)
«Por exemplo, o professor de sociologia Edgar Alan Burns, do Eastern Institute of Technology Sociology, usa esse truque no primeiro dia de aula. Ele pergunta aos seus alunos:
“Como vocês acham que o papel higiénico deve ser colocado?”
E nos 50 minutos seguintes, os alunos naturalmente começam a avaliar os MOTIVOS para suas respostas e acabam chegando sozinhos a questões sociais muito maiores como:
  • diferenças de papéis sociais entre homens e mulheres
  • diferenças entre comportamentos públicos e privados
  • diferenças entre classes sociais
  •  etc
São relações de construção social que nunca pararam para pensar antes, mas que agora, sem que ninguém os orientasse, conseguiram enxergar.
Sozinhos, começaram a raciocinar e perceberam correlações e fatos. E, principalmente, começaram a argumentar.
No dia-a-dia, quase nunca fazemos isso. Geralmente, tomamos um partido e passamos a defendê-lo de forma passional, enxergando só o que nos interessa.
Somos bons de discutir, mas ruins para argumentar. Piores ainda para mudar de ideia.»



Fonte: http://www.updateordie.com/2013/11/14/aprenda-a-discordar-usando-papel-higienico/

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3. "A Metáfora da Caixa de Bombom", por Clarion de Laffalot, 6/7/2012

«Vídeo de esclarecimentos para pessoas que só sabem pensar em sistema binário e raciocínio de manada, e ficam tentando "enquadrar" meus pensamentos em ideologias. »



Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=UoZ_X8a47Oc

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E para rematar, enquanto andamos entretidos com superficialidades, estamos bastante presos numas relações de que nem nos apercebemos, mas que nos dominam...
... de um velho parceiro das andanças da blogosfera:

4. Entreter para Dominar…, por Voz a 0 db, 09/12/2014

«Continuem então ENTRETIDOS… OS DONOS agradecem ;-) »


Fonte: https://taawaciclos.wordpress.com/2014/12/09/639/

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3 comentários:

  1. Olá!

    E como se vê por aí... Distracção MATA!

    E não apenas a distracção provocada pela ofuscação que os novos calhaus espertos causam no animal humano!

    Somos velhos e continuamos a debitar a mesma INALTERADA MENSAGEM... Isto é sinal de que?

    Abraço velhota parceira ihih

    voza0db

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  2. 4.
    Lançar a suspeição sem fundamentar também motiva generalizações superficiais e comportamentos de manada, e já constitui também entretenimento. O artigo acabou por gerar uma contradição.
    As generalizações e comportamentos de manada, com as devidas excepções, podem ser úteis e são inevitáveis, uma vez que não podemos experimentar e aprender tudo por nós próprios.

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  3. 4.
    Este teu comentário deixa algo de superficial no ar...

    Qual suspeição sem fundamento é que necessitas que alguém fundamente?

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