terça-feira, 31 de maio de 2016

O Custo Humano dos Agrotóxicos (Pablo Piovano)

Numa altura em que na Europa se considera readmitir ou proibir o uso e venda do herbicida glifosato, era bom que os representantes dos estados Membros que irão decidir esta questão até 30 de junho, vissem com atenção  esta fotorreportagem de Pablo Ernesto Piovano, que mostra os efeitos dos pesticidas na Argentina.

Mais abaixo, a tradução do texto de Pablo Piovano na sua página.


El costo humano de los agrotóxicos - por Pablo Ernesto Piovano (Subtitulado: inglés) from Pablo Ernesto Piovano on Vimeo.


«Está à vista que ao longo do tempo e com o avanço da tecnologia e da "civilização" perdemos a memória do nosso antigo relacionamento com a natureza.

Custa a acreditar que uma grande parte dos alimentos que usamos diariamente são criados num laboratório e fumigados com produtos químicos altamente tóxicos.

Quando soube dos números terríveis do custo humano, decidi, de forma independente, documentar o impacto que os pesticidas estão a ter na saúde dos trabalhadores rurais. Na viagem percorri 6.000 quilômetros pelo litoral e norte da Argentina.

De acordo com a rede de médicos das aldeias pulverizadas com glifosato, o primeiro inquérito diz que são 13,4 milhões de pessoas afetadas. Quase um terço da população total.

Em algumas populações, e em menos de uma década, os casos de cancro em crianças triplicaram, e os abortos espontâneos e malformações congénitas aumentaram 400%.

Apesar da força desta realidade, não há nenhuma informação sistematizada a nível oficial.

Em 1996, a Argentina fez um acordo com a Monsanto para a comercialização da soja transgénica e para uso do glifosato, num procedimento rápido, sem análise científica e sem avaliação de danos humanos.

Imagem obtida em elfederal
A Argentina tornou-se um território de experimentação.

Em 2012, já existem 21 milhões de hectares plantados com sementes transgênicas.

Isto representa 60% da terra arável do país.

Em 2012, 370 milhões de litros de agroquímicos foram usados ​​em solo argentino. O glifosato e o 2.4D, um componente do agente laranja, são herbicidas de uso corrente no país.

Em junho de 2011, o glifosato foi incluído entre os Agentes de Contaminaçõo Orgânica Persistente pela Convenção de Estocolmo.

Na Argentina não existe nenhuma lei nacional que regule a utilização de herbicidas.

Em 2014 o lucro da Monsanto foi de cerca de 16 mil milhões de dólares.

Tudo isto ocorre no seio do silêncio cúmplice da maioria dos meios de comunicação.

Como resultado direto há povos indígenas deslocados, devastação de florestas nativas e contaminação ambiental.»


Pablo Piovano


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