segunda-feira, 29 de junho de 2015

Leites infantis - como evitar transgénicos (Comunicado da Plataforma Transgénicos Fora)

Divulgação do comunicado da Plataforma Transgénicos Fora -  2015/06/29  (www.stopogm.net):



Divulgada hoje pesquisa que dá finalmente possibilidade de escolher
  • Os leites infantis podem provir de uma cadeia de produção assente em rações transgénicas
  • Pela primeira vez é possível saber quais as marcas em Portugal que garantem uma produção livre de transgénicos
  • Evidências científicas apontam para diferenças significativas entre leite de animais que consumiram rações com e sem transgénicos
A maior parte dos leites infantis à venda em Portugal é proveniente de uma cadeia de produção que envolve animais alimentados com rações transgénicas. Quais são essas marcas, e quais as alternativas, não era conhecido até hoje visto que o regulamento europeu de rotulagem só prevê informação ao consumidor quando os ingredientes transgénicos estão diretamente presentes no produto final (o que não é o caso das rações animais). A Plataforma Transgénicos Fora (PTF) contactou as principais marcas multicanal de leites infantis e traçou pela primeira vez o quadro das opções a nível nacional.

No que toca aos leites infantis 100% vegetais - como na marca Alpro Soya - a questão das rações não se coloca, existindo apenas a possibilidade de utilização de soja transgénica na formulação. No entanto esse uso direto já está sujeito a rotulagem e, no caso da Alpro em Portugal, a ausência de indicações na embalagem indicará, em princípio, a não utilização de transgénicos pela empresa.

Os leites infantis de agricultura biológica - como as marcas Holle (suíça) e Babybio (francesa) - garantem por definição a não utilização de rações transgénicas na alimentação animal, entre outros critérios, pelo que não suscitam preocupações do ponto de vista da cadeia de produção. Mas tanto os leites vegetais como os biológicos representam apenas uma pequenina fração do mercado português.
No que toca aos leites de produção convencional baseados em leite de vaca, nenhuma das marcas mais conhecidas está em condições de garantir que os animais são alimentados sem recurso a rações transgénicas, incluindo a Nutribén, Milkid, Nutrilon, Aptamil, Milupa, Blédina, Novalac, Enfalac, Nan, Nidina, Nestlé Júnior e Mimosa Bem Essencial, entre outras.
Tanto quanto foi possível detetar, e sempre de acordo com as informações fornecidas pelas próprias empresas, apenas a marca Miltina (da empresa alemã Humana) pode garantir que os animais são alimentados exclusivamente a pasto e rações livres de transgénicos. Esta será portanto a única alternativa neste momento para os consumidores que não pretendam a opção vegetariana ou de agricultura biológica e queiram garantir que os seus filhos estão protegidos de uma cadeia alimentar assente em transgénicos.
Qual é o risco? A perspetiva científica
Não existem neste momento provas científicas definitivas de que o leite proveniente de animais alimentados com rações transgénicas seja significativamente diferente do restante leite. No entanto a investigação tem sido limitada e a comunidade científica está longe de ter chegado a uma conclusão consensual. Dados preliminares apontam desde já para dois aspetos importantes, ambos a contracorrente do que tem sido defendido pela indústria ao longo dos anos .*1*

O primeiro é que o DNA transgénico da soja/milho já foi nalguns casos detetado no leite dos animais produtores, não sendo destruído pelo processo de pasteurização.*2* Ou seja, objetivamente falando, os leites infantis não são exatamente iguais consoante a cadeia de produção inclua ou não transgénicos.
O segundo aspeto, ainda mais importante, vem retratado em investigação muito recente de uma equipa coordenada pela universidade italiana de Nápoles, que alimentou cabras com soja transgénica.*3* Este trabalho detetou perturbações importantes no colostro, o primeiro leite produzido pós-parto e que possui uma importante função imunitária. Além disso, ao fim de um mês de vida, as crias que mamaram nas mães alimentadas a transgénicos apresentavam claramente menos peso do que o grupo de controle.

Face a estes dados não pode ser descartada a possibilidade de que os leites infantis produzidos com leite obtido de animais alimentados com rações que, em Portugal, são na sua esmagadora maioria transgénicas, representem um risco mensurável para os bebés e crianças. Note-se que a EFSA - Autoridade Europeia de Segurança Alimentar neste momento ainda não exige avaliação deste tipo de potenciais problemas antes de dar o seu selo de aprovação a novos transgénicos na União Europeia.

Enquanto tais salvaguardas não são implementadas os portugueses podem agora começar a exercer o seu direito a um consumo informado numa área - a alimentação infantil - que devia merecer o maior cuidado e rigor.

NOTA 1: A Plataforma Transgénicos Fora faz questão de relembrar a recomendação da Organização Mundial de Saúde relativa aos benefícios do aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses de idade.
NOTA 2: A Plataforma Transgénicos Fora não recebeu qualquer financiamento ou influência externa no tocante à elaboração e conclusões deste trabalho.

referências

*2* Agodi, A., Barchitta, M., Grillo, A., & Sciacca, S. (2006). Detection of genetically modified DNA sequences in milk from the Italian market. International journal of hygiene and environmental health, 209(1), 81-88.
Tudisco, R., Mastellone, V., Cutrignelli, M. I., Lombardi, P., Bovera, F., Mirabella, N., ... & Infascelli, F. (2010). Fate of transgenic DNA and evaluation of metabolic effects in goats fed genetically modified soybean and in their offsprings. Animal, 4(10), 1662-1671.
*3* Tudisco, R., Calabro, S., Cutrignelli, M. I., Moniello, G., Grossi, M., Mastellone, V., ... & Infascelli, F. (2015). Genetically modified soybean in a goat diet: Influence on kid performance. Small Ruminant Research, 126, 67-74.
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A Plataforma Transgénicos Fora é uma estrutura integrada por onze entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura (AGROBIO, Associação Portuguesa de Agricultura Biológica; CAMPO ABERTO, Associação de Defesa do Ambiente; CNA, Confederação Nacional da Agricultura; CPADA, Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente; GAIA, Grupo de Ação e Intervenção Ambiental; GEOTA, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; Associação IN LOCO, Desenvolvimento e Cidadania; LPN, Liga para a Proteção da Natureza; MPI, Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente e QUERCUS, Associação Nacional de Conservação da Natureza) e apoiada por dezenas de outras. Para mais informações contactar info@stopogm.net ou www.stopogm.net

Mais de 10 mil cidadãos portugueses reiteraram já por escrito a sua oposição aos transgénicos.

1 comentário:

  1. Olá Manuela!

    Sobre o (já assinado) TPP

    De pouco valerão as tais assinaturas – minha incluída!

    O carrasco dos DONOS do sistema monetário é quem mais ORDENA!
    “TPA passed with a mere 219-211 vote with only 218 needed to pass. The real shocker comes from the amount of money each Representative received for a yes vote. In total, $197,869,145 was given to Representatives for a yes vote where as $23,065,231 was given in opposition.

    John Boehner (R-OH) received $5.3 million for a “yea” vote and was the highest paid legislator.
    Kevin McCarthy (R-CA) received $2.4 million for his “yea” vote.
    Paul Ryan (R-WI) received $2.4 million for a “yea” vote and came in at the third highest paid legislator.
    Pat Tiberi (R-OH) follows Paul Ryan, coming in the fourth spot having received $1.6 million for his “yea” vote.”

    A FONTE

    As 8 Famílias continuam a emitir cheques e como tal continuam a CONTROLAR!

    VOZ

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