sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

2014 - Ano Internacional da Agricultura Familiar

Em contramão da ganância e ambição de lucro que tem pautado a expansão dos alimentos transgénicos, da agricultura química e das monoculturas extensivas, o Relatório de 2013 da ONU (UNEP) “Pequenos Agricultores, Segurança Alimentar e Meio Ambiente”, conclui que "Investimento em pequenos agricultores é a melhor maneira de superar a pobreza". Para promover a agricultura familiar, a ONU declarou 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar, com os seguintes objetivos:

"1. Apoiar a formulação de políticas que promovam a agricultura familiar sustentável, incentivando os governos a estabelecerem o ambiente propício (políticas favoráveis, legislação adequada, planeamento participativo para um diálogo sobre políticas, investimentos) para o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar.
2. Aumentar o conhecimento, a comunicação e consciencialização pública;
3. Obter um melhor entendimento das necessidades, potencial e restrições da agricultura familiar, e assegurar apoio técnico.
4. Criar sinergias para a sustentabilidade." (fonte e mais informação aqui)

«ANO INTERNACIONAL DA AGRICULTURA FAMILIAR

Imagem de FAO (obtida aqui)
O Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF) 2014 visa a aumentar a visibilidade da agricultura familiar e dos pequenos agricultores, focalizando a atenção mundial em seu importante papel na erradicação da fome e pobreza, provisão de segurança alimentar e nutricional, melhora dos meios de subsistência, gestão dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e para o desenvolvimento sustentável, particularmente nas áreas rurais.


O objetivo do AIAF 2014 é reposicionar a agricultura familiar no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais nas agendas nacionais, identificando lacunas e oportunidades para promover uma mudança rumo a um desenvolvimento mais equitativo e equilibrado. O AIAF 2014 vai promover uma ampla discussão e cooperação no âmbito nacional, regional e global para aumentar a conscientização e entendimento dos desafios que os pequenos agricultores enfrentam e ajudar a identificar maneiras eficientes de apoiar os agricultores familiares.

O QUE É AGRICULTURA FAMILIAR?

A agricultura familiar inclui todas as atividades agrícolas de base familiar e está ligada a diversas áreas do desenvolvimento rural. A agricultura familiar consiste em um meio de organização das produções agrícola, florestal, pesqueira, pastoril e aquícola que são gerenciadas e operadas por uma família e predominantemente dependente de mão-de-obra familiar, tanto de mulheres quanto de homens.

Imagem obtida aqui
Tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento, a agricultura familiar é a forma predominante de agricultura no setor de produção de alimentos.

Em nível nacional, existe uma série de fatores que são fundamentais para o bom desenvolvimento da agricultura familiar, tais como: condições agroecológicas e as características territoriais; ambiente político; acesso aos mercados; o acesso à terra e aos recursos naturais; acesso à tecnologia e serviços de extensão; o acesso ao financiamento; condições demográficas, econômicas e socioculturais; disponibilidade de educação especializada; entre outros.

A agricultura familiar tem um importante papel socioeconômico, ambiental e cultural.

POR QUE A AGRICULTURA FAMILIAR É IMPORTANTE?

A agricultura familiar e de pequena escala estão intimamente vinculados à segurança alimentar mundial.

A agricultura familiar preserva os alimentos tradicionais, além de contribuir para uma alimentação balanceada, para a proteção da agrobiodiversidade e para o uso sustentável dos recursos naturais.
A agricultura familiar representa uma oportunidade para impulsionar as economias locais, especialmente quando combinada com políticas específicas destinadas a promover a proteção social e o bem-estar das comunidades.»

Fonte: FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura)/

domingo, 26 de janeiro de 2014

Rastos químicos no céu (Chemtrails)

Rastos químicos (chemtrails) que perduram nos céus, geoengenharia, controle climático, o projeto militar americano HAARP, e sementes geneticamente modificadas para resistir ao alumínio... afinal, o que é que liga estes assuntos? O documentário abaixo incorporado "What in the World are They  Spraying?", de Michael Murphy, dá-lhe pistas ...

"Não acredita em Chemtrails ou Rastos Químicos? Não tem problema algum... uma boa maioria da população também nem faz ideia que existem e por isso escolhemos ignorar o óbvio porque não temos tempo de olhar para cima." Este é o lead do artigo "Chemtrails são uma realidade que optamos ignorar!", publicada em Portugal Mundial em maio de 2013.

Imagem daqui
Para lá dos factos, e dado o secretismo do assunto, as teorias da conspiração sucedem-se: os chemtrails (uma forma de geoengenharia) destinam-se a controlar o clima, a estupidificar a população, a reduzir a população, a enriquecer a Monsanto e outros que tais, ... ou até a mais do que uma destas em simultâneo.

Todos podemos ver os rastos persistentes de aviões nos céus, e tudo leva a crer que se trata de mesmo de pulverizações e não simples rastos de água em aviões a jato. As evidências são muitas, e o motivo mais consensual é combater o aquecimento global (
até o IPCC vem falar na geoengenharia). Mas será mesmo? Seja qual for o motivo, um projeto desta escala e natureza, feito na ignorância do público, não pode ser coisa boa!

Imagem obtida aqui, de Ansel Adams
Até quando as megalomanias tecnológicas? Envenenam o ar, o solo e a água sobretudo com partículas de alumíno (ver aqui sobre a toxicidade do alumínio nas diversas formas químicas), mas também outras, como bário e estrôncio. Com a autorização de quem? Quais as consequências para a saúde, a água, o solo, a flora, a fauna, os ecossistemas, e mesmo para o clima? Há aquelas que são apontadas no filme, e depois, há aquelas que não podemos sequer (ainda) imaginar!

"Os chemtrails não são uma teoria da conspiração, mas uma conspiração de facto" (do vídeo)

Tem dúvidas? Mais que legítimo! Pesquise na internet, há muita informação, mas tenha em consideração que a desinformação é também muita. E nos meios de comunicação social, como habitual... nada se passa neste tipo de assuntos que a todos dizem respeito!



Ver também o testemunho de Rosalind Peterson na ONU, em 2007

domingo, 19 de janeiro de 2014

Banco de Partilha Social

Em 2014 arranca o Banco de Partilha Social (BPS), um projeto de cidadania participativa destinado a apoiar pessoas idosas e a criar postos de trabalho em Portugal.

Como funciona? Quem quiser contribuir, deposita 20 euros por ano no BPS; o valor do dinheiro será mais tarde devolvido em produtos hortícolas. Enquanto isso, o dinheiro servirá para criar uma rede de apoio a idosos, e de hortas sociais, dando trabalho a jovens desempregados.

Se quiser participar, pode fazer uma pré-adesão no site do BPS: http://www.bancodepartilha.org/. Pode também seguir o desenvolvimento no projeto na página Facebook:  https://www.facebook.com/BancodePartilha

Este vídeo da reportagem no Porto Canal (abaixo), ou este na RTP, explicam melhor como funciona.



Luís Miguel Figueiredo, mentor deste Banco de Partilha Social, esteve envolvido, através da Forever Kids, na ajuda a crianças do Haiti, após o terramoto de 12 de janeiro de 2010, na ajuda ao regresso de 40 cidadãos romenos ao seu país em 2011, e numa rede de transporte para idosos em Cinfães em 2012.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

3º Curso de Planeamento em Permacultura em Serralves

O Serviço Educativo de Serralves em parceria com a Quercus promovem o Curso de Planeamento em Permacultura em Serralves, Porto.
O curso decorrerá em fins de semana alternados, de 15 de fevereiro a 27 de abril de 2014, no espaço da quinta do Parque  de Serralves, com os formadores Yassine Benderra e Joana Costa.


«Depois das boas experiências com os cursos organizados em 2012 e 2013 onde se transformaram espaços e mentalidades, lançaram-se sementes à terra e germinaram novos projectos, o Serviço Educativo de Serralves em parceria com a Quercus quer dar continuidade a esta aprendizagem e partilha de experiências.

Este curso oferece uma viagem de seis fins de semana alternados pelo mundo da Permacultura, será dado em português e os participantes que cumprirem todas as horas de formação obterão um certificado oficial da «British Permaculture Association» de realização de um “PDC – Permaculture Design Course” – o curso de 72 horas criado por Bill Mollison.

PERMACULTURA significa “cultura permanente” e trata de planear habitats humanos sustentáveis. É uma filosofia e uma abordagem ao uso do solo que interliga clima, plantas, animais, ciclos de nutrientes, solo, gestão da água e necessidades humanas em comunidades produtivas e eficientes. Este termo conhece a sua origem com Bill Mollison e David Holmgren, e tem inspirado diversos movimentos sociais na direção de vidas socialmente mais justas e ecologicamente sustentáveis, como é o caso das «cidades em transição», liderado pela primeira vez pelo permacultor Rob Hopkins.»

Inscrições e mais informações em http://www.permacultura.pt.la/ 

domingo, 12 de janeiro de 2014

7º Curso de Apicultura em Paredes

A Associação Paredes em Transição promove o Sétimo Workshop de Apicultura com Harald Hafner em Paredes, de 28 de fevereiro a 18 de maio de 2014.

«Pretende-se que os participantes terminem o workshop com a confiança necessária para tratarem os seus próprios enxames, quer como passatempo, quer como uma possível ocupação a tempo inteiro.

O workshop será conduzido, em língua portuguesa, por Harald Hafner, apicultor austríaco há muito radicado em Portugal, mestre em apicultura, e com uma vasta experiência profissional em vários ambientes, com diversas raças de abelhas e diferentes tipos de colmeia»

As datas das sessões são as seguintes:
1.ª sessão: 28 de Fevereiro, 1 de Março e 2 Março (Sexta 21:15-23:15h; Sab. 9:15-17:15h; Dom. 9:00-13:00h)
2.ª sessão: 12 de Abril (Dom. 9:00-17:00 h)
3.ª sessão: 16, 17 e 18 de Maio (Sexta 21:15-23:15h; Sab. 9:15-17:15h; Dom. 9:00h - até terminar, de tarde)

Inscrições e mais informações no blogue Paredes em Transição (aqui)

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Revolução do Amor

Imagem obtida aqui
"Não se pode expulsar uma ideia cujo tempo chegou" - Occupy Wall St


Abaixo, mais uma curta metragem com Charles Eisenstein, anterior à Economia Sagrada. Não perca nenhuma delas.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Alternativa ao neoliberalismo - a consciência (José Saramago)

Um discurso de José Saramago em Cáceres, Estremadura, Espanha, de 1999. Sobre a consciência como única alternativa ao neoliberalismo, mais atual ainda hoje, 15 anos depois. Sem dúvida que merece a nossa atenção e reflexão.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O funesto império mundial das corporações (Leonardo Boff)

Para começar o ano de 2014,  trago para aqui um recente texto de Leonardo Boff, publicado no seu site no passado dia 28/12/2013, com uma reflexão sobre a principal causas do mau estado deste mundo - o capitalismo predatório das grandes multinacionais - que cada um de nós ajuda a manter ao comprar os seus produtos sem tentar questionar a sua origem ou a sua real necessidade (negritos e links meus):


Imagem obtida aqui
«O individualismo, marca registrada da sociedade de mercado e do capitalismo como modo de produção e sua expressão política o (neo)liberalismo, revelam toda sua força mediante as corporações nacionais e multinacionais. Nelas vigora cruel competição dentro da lógica do ganha-perde.

Pensava-se que a crise sistêmica de 2008 que afetou pesadamente o coração dos centros econômico-financeiros nos USA e na Europa, lá onde a sociedade de mercado é dominante e elabora as estratégias para o mundo inteiro, levasse a uma revisão de rota. Ainda mais que não se trata apenas do futuro da sociedade de mercado mundializada mas de nossa civilização e até de nossa espécie e do sistema-vida.

Muitos como J. Stiglitz e P. Krugman esperavam que o legado da crise de 2008 seria um grande debate sobre que tipo de sociedade queremos construir. Enganaram-se rotundamente. A discussão não se deu. Ao contrário, a lógica que provocou a crise foi retomada com mais furor.

Richard  Wilkinson, epidemiologista inglês e um dos maiores especialistas sobre o tema desigualdade  foi mais atento e disse, ainda em 2013 numa entrevista ao jornal Die Zeit da Alemanha:”a questão fundamental é esta: queremos ou não verdadeiramente viver segundo o princípio que o mais forte se apropria de quase tudo e o mais fraco é deixado para trás?”.

Os super-ricos e super-poderosos decidiram que querem viver segundo o princípio darwinista do mais forte e que se danem os mais fracos. Mas comenta Wilkinson: “creio que todos temos necessidade de uma maior cooperação e reciprocidade, pois as pessoas desejam uma maior igualdade social”. Esse desejo é intencionalmente negado por esses epulões.

Imagem do filme Thrive
Via de regra, a lógica capitalista é feroz: uma empresa engole a outra (eufemisticamente se diz que se fizeram fusões). Quando se chega a um ponto em que só restam apenas algumas grandes, elas mudam a lógica: ao invés de se guerrearem, fazem entre si uma aliança de lobos e comportam-se mutuamente como  cordeiros. Assim articuladas detém mais poder, acumulam com mais certeza para si e para seus acionistas, desconsiderando totalmente o bem da sociedade.

A influência política e econômica que exercem sobre os governos, a maioria muito mais fracos que elas, é extremamente constrangedor, interferindo no preço das commodities, na redução dos investimentos sociais, na saúde, educação, transporte e segurança. Os milhares que ocupam as ruas no mundo e no Brasil intuíram essa dominação de um novo tipo de império, feito sob o lema:”a ganância é boa” (greed is good) e “devoremos o que pudermos devorar”.

Há excelentes estudos sobre a dominação do mundo por parte das grandes corporações multilaterais. Conhecido é o do economista norte-americano David Korten ”Quando as corporações regem o mundo”(When the Corporations rule the World, Berret-Koehler Publisher 1995/2001)). Mas fazia falta  um estudo de síntese. Este foi feito pelo Instituto Suiço de Pesquisa Tecnológica (ETH)” em Zurique em 2011 que se conta entre os mais respeitados centros de pesquisa, competindo com MIT. O documento envolve grandes nomes, é curto, não mais de 10 páginas e 26 sobre a metodologia para mostrar a total transparência dos resultados. Foi resumido pelo Professor de economia da PUC-SP Ladislau Dowbor em seu site. Baseamo-nos nele.

Imagem obtida aqui
Dentre as 30 milhões de corporações existentes, o Instituto selecionou 43 mil para estudar melhor a lógica de seu funcionamento. O esquema simplificado se articula assim: há um pequeno núcleo financeiro central que possui dois lados: de um,  são as corporações que compõe o núcleo e do outro, aquelas que são controladas por ele. Tal articulação cria uma rede de controle corporativo global. Esse pequeno núcleo (core) constitui uma super-entidade (super entity). Dele emanam os controles em rede, o que facilita a redução dos custos, a proteção dos riscos, o aumento da confiança e, o que é principal, a definição das linhas da economia global que devem ser fortalecidas e onde.

Esse pequeno núcleo, fundamentalmente de grandes bancos, detém a maior parte das participações nas outras corporações. O topo controla 80% de toda rede de corporações. São apenas 737 atores, presentes em 147 grandes empresas. Ai estão o Deutsche Bank, o J.P. Morgan Chase, o UBS, o Santander, o Goldes Sachs, o BNP Paribas entre outros tantos. No final menos de 1% das empresas controla 40% de toda rede.

Este fato nos permite entender agora a indignação dos Occupies  e de outros que acusam que 1% das empresas faz o que quer com os recursos suados de 99% da população. Eles não trabalham e nada produzem. Apenas fazem mais dinheiro com dinheiro lançado no mercado da especulação.

Foi esta absurda voracidade de acumular ilimitadamente que gestou a crise sistêmica de 2008. Esta lógica aprofunda cada vez mais a desigualdade e torna mais difícil a saída da crise. Quanto de desumanidade aquenta o estômago dos povos? Pois tudo tem seu limite nem a economia é tudo. Mas agora nos é dado ver as entranhas do monstro. Como diz Dowbor: ”A verdade é que temos ignorado o elefante que está no centro da sala”.  Ele está quebrando tudo, cristais, louças e pisoteando pessoas. Mas até quando? O senso ético mundial nos assegura que uma sociedade não pode subsistir por muito tempo assentada sobre a super exploração, a mentira e a anti-vida.

A grande alternativa é oferecida por David Korten que tem trabalhado com Joanna Macy, uma das mais comprometidas educadoras com o novo paradigma e com um futuro diferente e otimista do mundo. A grande virada (The Great Turning) se dará com a passagem do paradigma “Império” para o da “Comunidade da Terra”. O primeiro dominou nos últimos cinco mil anos. Agora chegou seu ponto mais baixo de degradação. Uma virada salvadora é a renúncia ao poder como dominação imperial  sobre e contra os outros na direção de uma convivência de todos com todos na única “Comunidade da Terra”, na qual seres humanos e demais seres da grande comunidade de vida convivem, colaboram e juntos mantém uma Casa Comum hospitaleira e acolhedora para todos. Só nesta direção poderemos garantir um futuro comum, digno de ser vivido.»

Leonardo Boff, 28/12/2013,