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É preciso reprogramar o consciente e o inconsciente colectivo.
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Swans Reflecting Elephants, Salvador Dali, 1937 |
Durante pelo menos duas décadas fui um ignorante político.
A oratória inflamada no anfiteatro da faculdade não me convenceu como mola de vida e o filme da governação pareceu-me uma fatalidade necessária.
Até que me cruzei com o serviço público. Vivi baralhado entre uma pretensa necessidade de nutrir a carreira e o desrespeito pela ética pessoal. Desisti.
Quando multiplicamos a nossa pequena experiência pelo todo a visão torna-se assustadora. Vomitei, então, frustração e desespero em emails inconsequentes, em publicações de denúncia nas redes sociais e conversas repetitivas. Cheguei mesmo a organizar eventos de rua que chamavam a atenção e pediam novas possibilidades.
Tudo errado.
Quanto mais nos conectarmos com as notícias de corrupção, de má gestão e abuso do poder mais essa realidade é interiormente vivida e nos parece incontornável. Quanto mais publicarmos fotos e exemplos de má liderança mais lhes damos vida.
O que vale a pena é a mudança de perspectiva. O dar-se conta, como que de um observador exterior se tratasse, verificando que jamais um povo poderá viver fora da verdade e do amor por todos os concidadãos, mente e espírito colectivo.
É nesta crença inabalável, na certeza que a massa crítica já é presente, que todos encontraremos a clareza e força para agir quando explodir o momento.»
Este é um pequeno texto de um antigo colega de que tinha perdido o rasto, e que há pouco reencontrei numa rede social. Gostei e quis partilhar.