domingo, 6 de novembro de 2011

A população mundial e o crescimento exponencial

No ano em que nasci, a nossa espécie contava com pouco mais de 3 mil milhões de habitantes. Durante o meu tempo de vida (e ainda não completei meio século), a humanidade mais do que duplicou, sendo que na passada semana (dia 31/10/2011) atingimos os 7 mil milhões (7 000 000 000).

Fonte: Wikipedia
Apesar da infâmia desta civilização que permite que morra uma criança de fome a cada 6 segundos, que permite que 1/7 dos seus sobreviva (ou morra) com fome crónica, o crescimento da população mundial tem sido exponencial. E com este crescimento populacional, cresce também o consumo de recursos, exponencialmente.

Em toda a história da natureza, um crescimento exponencial de uma população (infecções, pragas) leva, inexoravelmente, ao colapso. Porque os recursos se esgotam e a espécie que cresceu exponencialmente acelera então o seu declíneo devorando-se ou guerreando-se entre si.

David Attenborough, conhecido repórter de natureza e vida selvagem da BBC juntou a sua voz a uma organização que tem como objectivo sensibilizar para a necessidade de travar o crescimento exponencial da população (Optimum Popullation Trust - hoje Population Matters) e apresentou, em 2009, um documentário chamado How Many People Can Live on Planet Earth (completo e sem legendas nesta ligação).


Quantas pessoas podem viver no planeta Terra... por mcrost   (1º parte)

(Documentário em 6 partes: playlist aqui)

E sobre este tema, gostaria ainda de deixar aqui uma referência ao Professor de Física da Universidade Colorado em Boulder, Dr. Albert Bartlett, que tem dado palestras sobre Aritmética, Energia e População. Na sua opinião, crescimento sustentável é uma contradição, e considera o crescimento populacional o maior problema que a nossa espécie enfrenta. Tão famosa ficou a sua aula gravada, que há quem lhe chame "O vídeo mais IMPORTANTE que você alguma vez verá" (e também quem lhe chame "O vídeo mais aborrecido que você alguma vez verá", devido ao tom algo monocórdico). A verdade é que, desde 2007, a palestra já foi vista mais de 3 milhões de vezes no Youtube!

Nesta palestra, Albert Bartlett explica, de uma forma muito simples e clara, o que é a função exponencial do ponto de vista matemático, e as suas implicações no mundo físico. Aconselho a que vejam pelo menos os primeiros minutos do primeiro vídeo (à esquerda), e o último (à direita), especialmente o apelo que faz aos americanos no início deste (pelo meio, ficam a parte 2, 3, 4, 5, 6 e 7). 



Os seis países mais populosos albergam  hoje metade da população mundial (Fonte dos dados: Wikipedia, 2011):
  1. China -1347 milhões de habitantes (19,3%)
  2. Índia -1203 milhões de habitantes (17,1 %)
  3. Estados Unidos -312 milhões de habitantes (4,5%)
  4. Indonésia - 238 milhões de habitantes (3,4%)
  5. Brasil - 195 milhões de habitantes (2,8%)
  6. Paquistão -177 milhões de habitantes (2,6%)
Albert Bartlett afirma que o maior problema de crescimento populacional não está na China ou na Índia, mas nos Estados Unidos, porque apesar de a sua população ser 1/5 da da China ou 1/4 da da Índia, o seu consumo per capita é 30 vezes superior ao dos países em desenvolvimento.

Quanto à minha opinião, o crescimento populacional é um problema muito grave que temos de enfrentar, mas mais grave ainda é a imoral, injusta e criminosa distribuição de riqueza que o capitalismo selvagem infligiu à humanidade e que por tabela também destrói a natureza e o planeta. 

5 comentários:

  1. Olá Manuela :))
    Fiz link e agradeço.
    Um beijinho.

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  2. Antes de mais deixe-me dizer que concordo com a sua opinião. Quanto ao Sr. Bartlett nao o conhecia mas achei os seus vídeos interessantes. Mas fica uma duvida: Tendo em conta que a China e a Índia estão a crescer muito rápido em termos económicos e por conseguinte o seu consumo a aumentar nao serão elas no futuro o maior problema do crescimento populacional?

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  3. Ver esta imagem para entender!

    Aos meus olhos de alucinado as duas linhas que se destacam no gráfico são as linhas dos 'nascimentos' e das 'mortes'... não liguem sou maluco com diploma e certificação de qualidade ISO!

    E porquê? Simples... o aumento louco que o gráfico prevê apenas significa o decrescimento da classificação das sociedades actuais. Actualmente os países "não desenvolvidos" são os que apresentam elevadas taxas de natalidade e mortalidade, e os "desenvolvidos" o oposto... o que o gráfico mostra é o nivelar para o sustentável, isto é, nivelar para um Sistema que tenha em conta os Limites dos Ecossistemas e, de uma forma mais global, os limites do Planeta.

    Nós (povo que habita um pedaço de terra que é conhecido pela designação portugal) já estamos a iniciar esta transformação.

    Por isso Manuela não te preocupes muito com isto de número de animais humanos. Como acontece em qualquer praga o número cresce enquanto há suporte de vida que permita esse crescimento e decresce quando esses suportes acabam ou se tornam reduzidos... É tudo apenas uma questão de "Deixar o Tempo Chegar...".

    Se fossemos uma espécie realmente inteligente então já tínhamos reconhecido o perigo que aí vem e já estávamos a agir em conformidade. Como somos uma praga com baixo nível de inteligência vamos ser tratados como tal pelas Leis Fundamentais que regem os Ecossistemas que nos dão o tal suporte de crescimento.

    Isto foi puro pensamento optimista...

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  4. Muitos creram que o progresso cientifíco e tecnológico tornara obsoleta a lei populacional de Malthus...

    É uma situação curiosa as pessoas duvidarem de um raciocínio lógico e só acreditarem no que empiricamente fique experimentado e provado!

    Mas se a lei de Malthus é analiticamente auto-evidente porquê tê-la minoriZado e destituído?

    Pois, como é possível algo crescer ilimitadamente no seio de um meio limitado!?

    Nem sequer o universo em "expansão" o consentiria, até porque provavelemente não é o espaço que se expande mas sim a matéria - nós incluidos - que se contrai a uma velocidade tal que as nebulosas longínquas nos parecem cada vez mais distantes... :)

    Há possivelmente alguns erros basilares na ciência da economia; p.e., a indústria é útil sem dúvida, mas o industrialismo, a sobreprodução de bens inúteis é um vergonhoso desperdício de energia.

    E todo o exagero na retórica do trabalho e do trabalhador não conduz a nenhum sucesso. A agricultura é criadora de riqueza graças à fecundidade da natureza e a engenharia aplicada na indústria realiza a produção em série de utilidades para a vida.

    Assim, o trabalho é sobretudo digno e dignificante enquanto exercício de engenho e criatividade, e não enquanto mero episódio de rotina de observação e vigilância dos processos naturais da agricultura e dos mecânicos da indústria.

    O que significa que no fundamental somos seres destinados à ciência e à arte, ao lazer e ao prazer.

    Claro, no respeito da proporção sustentável entre produção e população, para que a vida não seja um inferno

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  5. Vou transpor para aqui um comentário que deixei no VOZ:

    Vi um filme "Watchman" e isso sim, deixou-me mesmo muito triste.
    É mais ou menos uma metáfora, um recado para pessoas contestatárias como nós. Demora 3horas mas vale a pena... não sei se viste. Sei que o recado é este:- Nós temos o dinheiro, o poder, e o conhecimento. Quando acharmos necessário eliminar uns milhões para que a espécie não se extinga, fá-lo-emos. Vocês nada podem contra nós.
    No filme que letras brancas aparecem num fundo escuro durante uns tempos a ocupar o écran todo? ROCKFELLER!
    O recado é este: Pomos e dispomos da espécie humana!
    Por isso e a partir daqui, já nada me espanta.
    Por isso antes da Natureza nos eliminar, haverá quem esteja disposto a fazê-lo para serem como sempre os donos do Mundo. Agora liguem isso a "DUMBS"... para quem não sabe o que é, pesquise no youtube.

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