quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Matemáticos expõe rede capitalista

O texto que se segue é a transcrição de um artigo do site Inovação Tecnológica, por sua vez obtido a partir do News Scientists. "The network of global corporate control", de Stefania Vitali, James B. Glattfelder e, Stefano Battiston (19/09/2011) é a publicação científica que deu origem ao artigo, e pode ser encontrada no site http://arxiv.org/abs/1107.5728v2.

"Matemáticos revelam rede capitalista que domina o mundo

Imagem obtida em Inovação Tecnológica 
Além das ideologias
Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.
Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.
A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça.
Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.
"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."

Rede de controle econômico mundial
A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.
O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.
Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.
O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.
A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.

Poder econômico mundial
Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.
Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações.
Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.
E isso não é tudo.

Super-entidade econômica
Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.
"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.
E a maioria delas são bancos.
Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.
Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.
Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.
A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.
Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.

As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas
  1. Barclays plc
  2. Capital Group Companies Inc
  3. FMR Corporation
  4. AXA
  5. State Street Corporation
  6. JP Morgan Chase & Co
  7. Legal & General Group plc
  8. Vanguard Group Inc
  9. UBS AG
  10. Merrill Lynch & Co Inc
  11. Wellington Management Co LLP
  12. Deutsche Bank AG
  13. Franklin Resources Inc
  14. Credit Suisse Group
  15. Walton Enterprises LLC
  16. Bank of New York Mellon Corp
  17. Natixis
  18. Goldman Sachs Group Inc
  19. T Rowe Price Group Inc
  20. Legg Mason Inc
  21. Morgan Stanley
  22. Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
  23. Northern Trust Corporation
  24. Société Générale
  25. Bank of America Corporation
  26. Lloyds TSB Group plc
  27. Invesco plc
  28. Allianz SE 
  29. TIAA
  30. Old Mutual Public Limited Company
  31. Aviva plc
  32. Schroders plc
  33. Dodge & Cox
  34. Lehman Brothers Holdings Inc* (dados de 2007)
  35. Sun Life Financial Inc
  36. Standard Life plc
  37. CNCE
  38. Nomura Holdings Inc
  39. The Depository Trust Company
  40. Massachusetts Mutual Life Insurance
  41. ING Groep NV
  42. Brandes Investment Partners LP
  43. Unicredito Italiano SPA
  44. Deposit Insurance Corporation of Japan
  45. Vereniging Aegon
  46. BNP Paribas
  47. Affiliated Managers Group Inc
  48. Resona Holdings Inc
  49. Capital Group International Inc
  50. China Petrochemical Group Company"

10 comentários:

  1. Mas são estes tipos que governam o Mundo! Será que o povo todo junto os derrotava? Claro que sim, mas anda tudo desinformado pela nefasta arma que esses mafiosos usam e abusam... a TV!
    Quanto a denunciar tratados e planos que os europeus andam por aí em cimeiras a tramar, quase não vejo informação... nem nos blogues. Continuam quase todos numa núvenm de nevoeiro e como no Tratado de Lisboa... em pouco tempo vão-nos tramar!

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  2. Como de costume...

    Estão aqui de facto descritas algumas das principais corporações que nos escravizam.

    Mas para não variar a referência aos verdadeiros donos e ao banco que Governa praticamente todos os bancos centrais do sistema monetário... nem tem referência cruzada... mas também para quê, não é verdade?

    Se nem com isto (informação/conhecimento) nos conseguimos safar, que interessa dizer às pessoas quem são os verdadeiros donos delas? Eu sou Escravo mas sei quem é o meu dono.

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  3. Fica AQUI o esquema... a parte que falta no estudo é logo o topo do esquema que, esta cabeça completamente atrofiada e classificada por alguns (muitos) de pessimista e louco, desenhou curiosamente num desses acessos de loucura controlada...

    O mais engraçado é que eu não recebi fundos alguns para fazer este esquema... e no entanto mostra o esquema completo!!!

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  4. Agora deixo aqui o resultado de se ir para uma guerra com as armas erradas... Contra estas corporações apenas com armas financeiras poderá a MANADA tentar obter algo de palpável... se continuar a mugir desta forma... vão-se limitar a levar com granadas de gás, para já, no lombo....

    Já está na hora de abrirem a PESTANA...

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  5. Acho que o pessoal apanhou uma conjuntivite pandémica e não consegue descolá-las. Alguns já começam a conseguir.
    Já se descobriu a cura para isso, mas como os investigadores são tidos como loucos, o pessoal tem medo de voltar a ver...
    ...a realidade. :) :(

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  6. Olá Fada

    Pois claro que são estes que mandam no mundo. Estes e os outros do resto da lista, que não foram publicados.

    A TV? Isso faz parte... do sistema!

    Beijinhos

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  7. Olá Voz e Ana Teresa

    De facto, a maior parte das pessoas não tem acesso a esta informação. O problema é que ainda não perceberam que lhes dão de bandeja a informação que querem que eles tenham, ou seja, a desinformação.

    Porque consideram notícia e informação aquilo que a TV e os jornais lhes dizem, ou seja, sempre a tal pílula azul.

    Mas embora poucos em percentagem, já muitos perceberam e têm estado a "ocupar" essas praças pelo mundo fora.

    São sinais de que o nevoeiro, como diz a Fada, não "cega" todos!

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  8. "Eu não sou melhor que Tu. "
    Ao ouvir que a culpa é de "A" ou "B" crio a ilusão de que eu sou inocente o que me leva a manter a minha maneira de ser e de viver. E ao mesmo tempo julgo-me melhor que eles ...(falso e perigoso).
    Temos de começar pelo principio e falar em verdades universais:
    A culpa é minha. Ponto final. A partir daqui analiso os meus erros e mudo ... ao mudar-me mudo inevitávelmente o meu País, eu sou o meu País.
    Eu queria o meu filho rico, poderoso e influente ... não me interessava que fosse honesto ou não, este é o sentimento geral, Não preveligiamos a honestidade mas sim o poder, o dinheiro e o ser mais que o vizinho. Tudo na sociedade está progamado para a competição do ser-se mais que o outro.
    O problema ... é pessoal, é interno, sou eu que estou mal.
    Agora, começo a ver os meus erros;

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  9. Bento,
    tem toda a razão. Não vale a pena reclamar e não mudar nada em nós próprios.
    Enfim, "temos que ser a mudança que queremos ver no mundo".

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  10. aNatureza... não se culpem, não é caso para isso, são contigências...

    «(... )Os pensamentos da classe dominante são também em todas as épocas, os pensamentos dominantes, ou seja a classe que tem o poder material numa dada sociedade, é também a potência dominante espiritual. A classe que dispõe dos meios materiais é a que dispõe também dos meios de produção espiritual, de tal modo que o pensamento daqueles a quem são recusados os meios de produção intelectual está da mesma forma submetido à classe dominante. . Os pensamentos dominantes são apenas a expressão ideal das relações materiais dominantes concebidas sob a forma de idéias e portanto, a expressão das relações que fazem de uma classe a dominante, dizendo de outro modo,, são as idéias do seu domínio.(...)

    A concorrência isola os indivíduos uns dos outros, não apenas os burgueses, mas também e mais ainda os proletários, se bem que os concentre. É por este motivo que decorre sempre um longo período antes que os indivíduos se possam unir, abstraindo do facto de que - se se pretender que a sua união não seja puramente local - esta exige préviamente a construção dos meios necessários pela grande indústria, tais como as grandes cidades industriais e as comunicações rápidas e baratas, razões porque só depois de longas datas se torna possível vencer qualquer força organizada com indivíduos isolados e vivendo em condições que recriam quotidianamente esse isolamento. Exigir o contrário equivaleria a exigir que a concorrência não devesse existir em determinada época histórica ou que os indivíduos inventassem condições sobre as quais não têm qualquer controlo enquanto indivíduos isolados. (...)

    Karl Marx in: A Ideologia Alemã

    Talvez Marx ainda não soubesse que um dia chegaríamos a um ponto sem retorno. O que ele criticava no "maquinismo" elevou-se ao expoente máximo com a ciência e a tecnologia. E assim um dia a Humanidade compreenderá, que se tornou muito tarde para fazer revoluções contra os seus próprios carrascos.»

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