quarta-feira, 27 de julho de 2011

Os motivos da fome no mundo

"No ano passado morreram 36 milhões de pessoas de fome, quando actualmente a agricultura mundial tem capacidade para alimentar 12 mil milhões de pessoas, o dobro da população mundial. Por outras palavras, não há aqui nenhuma fatalidade: uma criança que morre de fome é assassinada!

Estas são palavras de Jean Ziegler em 2006, extraídas de um pequeno documentário que passou na TVE em 17/06/2006; no entanto, passados 5 anos, continua actual. Jean Ziegler foi relator especial da ONU sobre o direito à alimentação entre 2000 e 2008.

Veja o vídeo abaixo com atenção, onde Jean Ziegler explica os verdadeiros motivos da fome no mundo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Fome, desperdício e crescimento contínuo

O seguinte texto é de aNaTureza (Ana Teresa Simões) e foi deixado como comentário na mensagem sobre a Catástrofe no Corno de África
O alerta dado é importante e urgente, e pode ajudar a acordar.  Ajude também as pessoas que conhece a acordar do estado letárgico a que nos induzem.

«Convém lembrar do que acontece quando temos a pretensão de nos intitular "países desenvolvidos". Vejam este trailer do documentário "Taste the Waste"



Somos todos nós, enquanto consumidores sem consciência, os que contribuem e deixam que tudo isto aconteça. Esta economia não tem "ponta que se lhe pegue". E se não "nos pusermos a pau", amanhã seremos nós "os africanos".

A engrenagem da moeda é virtual, neste momento existem grandes "buracos" no sistema financeiro de quase todos os países. Ao tentarem tapar estes "buracos", insistem na produção de todo o tipo de consumo cuja matéria prima é tirada da natureza, principalmente aos países mais pobres. 

Se todos os animais humanos do planeta, tivessem o mesmo padrão de vida dos americanos, seriam necessárias 4,5 Terras para responder as suas necessidades. Apesar de tudo, o que é incentivado é este padrão (é o que chamam de crescimento económico), o único possível para alimentar este modelo de economia .

Não falando do lixo que sobra deste enorme consumo. Este lixo, para além de ficar no país de origem da produção, também é exportado para os países mais pobres, neste caso, o lixo mais poluente e perigoso. Existe um estudo que diz que 1 carga de produto produzido/fabricado, equivale a 32 cargas de lixo. Assim sendo, como é possível falar-se de crescimento económico segundo este padrão? Pior, é ver políticos, governantes e economistas a propagandearem este crescimento como se isto fosse possível sem comprometer toda a base de vida deste planeta. Actualmente já estamos a pagar por isso, embora "passe ao lado" de uns tantos, não é o caso dos países mais pobres.

Por outro lado, verificamos uma quantidade de países que estão a empobrecer. A maioria quando acordar, será tarde demais. Será isto que queremos???

Para acabar, como fazendo parte dos habitantes de um pais que já foi mais desenvolvido (um exemplo simples, éramos muitos mais auto-suficientes na nossa alimentação), não consigo deixar de me sentir também responsável por tudo isto.

Deixo esta frase que resume a loucura e cegueira: "Quem acredita que o crescimento pode continuar para sempre num mundo que é finito, ou é doido ou economista"

Atenção às noticias nos "veículos de propaganda de massas", não contam toda a verdade, nem abordam muitos assuntos importantes. Servem para acharmos que estamos "por dentro" do que acontece e os interesses do modelo vigente (salvo raras excepções). 

Tentei passar o que vai na minha alma "acordada"
aNaTureza, 25/07/2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Telemóveis de Sangue

Ouvi hoje um anúncio na SIC Notícias a uma reportagem que irá dar esta noite às 2:00 da madrugada, nesse canal, intitulada "Telemóveis de Sangue". Pesquisei na Internet para confirmar, mas em lado nenhum encontrei qualquer informação a confirmar a programação. De qualquer modo, programei a gravação do programa "Toda a Verdade" previsto para essa hora. Sem quaisquer certezas.

Já falei aqui sobre o coltan, um minério usado em aparelhos electrónicos, como telemóveis e computadores portáteis, com uma forte procura devido às suas propriedades. A maior parte das reservas mundiais de coltan estão na República Democrática do Congo, onde crianças fazem trabalho escravo, pessoas são mortas e torturadas por causa da guerra alimentada pelos lucros brutais da extracção deste minério. De quem é a culpa? De muitos, de nós todos que compramos telemóveis e computadores. Tenhamos pelo menos a coragem de saber até que ponto somos responsáveis por esta situação. De certeza que depois não trocaremos de telemóvel ou computador com tanta facilidade. 

Não sei se a reportagem será, como o nome indica, o filme "Blood in the Mobile" de Frank Piasecki Poulsen - 2010 (trailer no vídeo de cima), ou se será o "Blood Coltain" de Patrick Forestier - 2007 (reportagem no vídeo de baixo, em inglês), ou se será alguma outra reportagem sobre o tema. 





sexta-feira, 22 de julho de 2011

Catástrofe em África

O continente africano tem passado tempos muito difíceis: guerras, conflitos, exploração descarada dos seus recursos e povos pelas multinacionais dos países ricos, pobreza, revolta, fome.

Como se isso não chegasse, a seca severa fustiga há dois anos a região de Corno de África, de tal modo mais de 11 milhões de pessoas não têm o que comer e meio milhão de crianças está em risco de morte iminente por fome. Plantações, animais e pessoas morrem sem água nem alimento. Nada cresce naquelas terras a não ser a fome, a sede, o desespero, o número de refugiados nos campos, e a morte. É a crise humanitária mais grave dos últimos 60 anos.

Na Somália, onde foi decretado o estado de fome pela ONU, cerca de um terço da população precisa de ajuda alimentar de emergência. Mas o Quénia, o Uganda, a Etiópia e o Djibouti também estão seriamente afectados pela seca.



O texto que se segue dá indicações de como ajudar à distância, e foi transcrito da notícia de anteontem no Público:

"Como ajudar a Somália?

A pior seca dos últimos 60 anos está a deixar em risco cerca de 12 milhões de pessoas no Corno de África. Na Somália, mais de 3000 pessoas atravessam todos os dias a fronteira para a Etiópia ou o Quénia, em busca de ajuda. As Nações Unidas declararam formalmente a existência de fome em duas regiões do Sul do país. É uma corrida contra o tempo, a mais grave tragédia humanitária no mundo, garante o Alto Comissariado da ONU para os refugiados. Várias organizações lançaram campanhas, em todo o mundo. Eis como pode ajudar:

A Unicef em Portugal (www.unicef.pt) está a recolher fundos, os donativos podem ser feitos no site ou nas caixas multibanco. Selecciona-se “Transferências”, depois “Ser solidário” e finalmente “Unicef”. Para efeitos fiscais, escolhe-se depois a opção “Factura” e introduz-se o número de contribuinte.

Também podem ser enviados cheques para a morada Comité Português para a UNICEF, Av. António Augusto de Aguiar, 21 - 3º Esquerdo 1069-115 Lisboa.

Também é possível contribuir por telefone, através do número 760 501 501, chamada de valor acrescentado que custa 60 cêntimos. Ou fazer depósitos para a conta no banco Millenium BCP (NIB 0033 0000 5013 1901 2290 5)

- O Comité Internacional da Cruz Vermelha também tem uma página na Internet dedicada à Somália onde se podem efectuar donativos (http://www.icrc.org/eng/where-we-work/africa/somalia/index.jsp)

- O Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados lançou, também na Internet, uma campanha para ajudar a Somália, à qual se pode aceder em http://www.unhcr.org/emergency/somalia/

- O Programa Alimentar Mundial está a efectuar recolha de donativos para ajudar as vítimas da seca no Corno de África em http://www.wfp.org/crisis/horn-of-africa

- A Oxfam (http://www.oxfam.org/eastafrica) também está a aceitar donativos para as vítimas da fome.

- A Care lançou a sua campanha na página http://www.care.org/index.asp

- Os Médicos sem Fronteiras recolhem também donativos em https://www.doctorswithoutborders.org/donate/"

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Kit de detecção de tretas

O método científico, crenças, e tretas: Ouça Michael Sherner explicar as 10 pistas para detectar se está perante ciência ou perante crenças ou tretas.

terça-feira, 19 de julho de 2011

67 minutos são muito pouco para aprender

Continuando no tema de ontem, Mandela Day, vale a pena reflectir no artigo de Ana Sousa Dias publicado hoje no Jornal de Notícias, "Sessenta e sete minutos", do qual transcrevo os primeiros e os últimos parágrafos:

«Oferecer a alguém 67 minutos foi o apelo que a Fundação Mandela, com a adesão das Nações Unidas, lançou ao Mundo para assinalar os 93 anos de vida de Nelson Mandela.

Tão simples e tão difícil, esta proposta global. Simples porque pareceria banal que cada um de nós fizesse alguma coisa pelos outros. Difícil porque o nosso quotidiano está organizado de tal forma que nos centramos em nós e nos que nos estão mais próximos. E é tão mais confortável ver na televisão um concerto solidário com artistas que nos provocam breves lágrimas.

...

"Coloco nas vossas mãos os anos de vida que me restam", disse Mandela em Fevereiro de 1990, no comício memorável que marcou a liberdade do prisioneiro número 466/64.

Os últimos 21 anos não tornaram a África do Sul o país perfeito, longe disso. Os números mostram enormes desigualdades e uma curta esperança de vida, discriminações que não estão na lei mas subsistem. À distância, não podemos mudar isso. Mas podemos pelo menos fazer uma das 67 coisas que a Fundação Mandela propõe: escutar a história de vida de alguém mais velho. Os nossos "mais velhos" podem ensinar-nos muita coisa. Sessenta e sete minutos são muito pouco tempo para aprender.»

domingo, 17 de julho de 2011

Permacultura - cultura permanente

Ilustração de Nelson Avelar
A permacultura é uma filosofia de vida, uma "cultura permanente" que abrange tantas áreas da vivência humana quantas são necessárias à sua sobrevivência e felicidade.

O texto abaixo é parte da introdução de Nelson Avelar, na sua página dedicada à Permacultura. O vídeo a seguir é uma reportagem sobre  o IPEP (Instituto de Permacultura e Ecovilas dos Pampas) no Brasil.  João Rockett, do IPEP, define a Permacultura como "um sistema interdisciplinar para criar comunidades humanas sustentáveis".

A agricultura natural e sustentável é uma das componentes mais visíveis da permacultura, mas não é a única. O espírito de comunidade, entreaajuda e partilha, o planeamento, a construção sustentável, a gestão da água, a minimização da energia e as energias renováveis, são outras das vertentes essenciais deste modo de vida em harmonia com a natureza e com os outros. Precisamente o oposto do caminho que a actual civilização tem seguido. Há que inverter o rumo!

"PORQUÊ E COMO (por Nelson Avelar)

Como ecologista/ambientalista defendo o ambiente com todas as minhas forças e convicções. Este planeta Terra em que vivemos, uma pequena esfera numa infinita imensidão de espaço e tempo, tem vindo a ser progressivamente agredido pelas forças do chamado "progresso" da humanidade.

A destruição dos ecossistemas e de nós próprios está em curso rápido. Segundo a comunidade científica a vida na Terra já se extinguiu quase por completo por 5 vezes desde a sua existência sendo a extinção dos Dinossauros uma das mais conhecidas devido à queda de um meteorito que provocou alterações drásticas das condições climatéricas da altura. Actualmente vamos a caminho da 6ª extinção mas desta vez a causa é o próprio homem.

Apercebo-me do quanto sou responsável pela actual situação em que nos encontramos.

Na procura de uma melhor compreensão e resolução para estas inquietações, descobri os sistemas de Permacultura. A clareza das ideias e métodos, valores éticos e morais, a não existência de pensamentos e atitudes rígidas, dogmáticas e extremistas enquadrou-me logo de imediato nesta linha de pensamento, planeamento e acção.

A Permacultura é um sistema cujos métodos permitem combinar harmoniosamente as peças do puzzle de forma a que a imagem de vida do ser humano na terra se torne mais justa, sustentável e equilibrada. É uma linguagem coerente, aberta, simples, óbvia, positiva, construtiva, eficaz e universal pois é adaptável não se negando outras abordagens existentes ou excluindo quaisquer temáticas. Tenta-se sim observá-las, compreende-las, melhora-las e integra-las harmoniosamente."


sexta-feira, 15 de julho de 2011

50 anos da Amnistia Internacional


AMNESTY INTERNATIONAL - 50 years from Carlos Lascano on Vimeo.

Na  génese da Amnistia Internacional, que completou 50 anos no passado mês de Maio, está um artigo escrito por um advogado inglês, Peter Benenson, e publicado no jornal Observer de 28 de Maio de 1961.

Segundo o site oficial da Amnistia Internacional, Peter Benenson resolveu tomar uma atitude quando soube de dois estudantes portugueses que foram presos por brindar à liberdade. 

Contando várias histórias de atentados à liberdade de expressão, de consciência e de religião pelo mundo fora, o artigo "The Forgotten Prisioners" foi o apelo que deu origem a esse movimento que há 50 anos levanta a voz contra as violações dos direitos humanos.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Obrigada pelo apoio e companhia!

Nos últimos tempos, este blogue atingiu e passou alguns números redondos, como as 150.000 visitas, os 500 seguidores no Blogger e no NetworkedBlogs, as 2000 pessoas que gostam da respectiva página no Facebook, e os 300 seguidores no Twitter

Quero, por isso, agradecer sinceramente a todas as pessoas que o seguem (519 através do Blogger, 573 através do NetworkedBlogs, 2003 pessoas através da página do Facebook e 321 através do Twitter), bem como aos que o visitaram e que fizeram com que chegasse às 154 mil visitas -  muito obrigada a todos pela vossa presença e apoio ao longo destes 850 dias!

Agradeço em especial a todos os que contribuíram para melhorar o blogue com os seus comentários que tanto enriquecem este espaço. Não querendo deixar ninguém de fora, atrevo-me, no entanto, a deixar aqui um "muito obrigada" particular à Fada do Bosque, ao Voz a 0 db e à Ana Teresa pela sua companhia constante e frequente, ajudando a que o diálogo seja construído e a que da discussão nasça a luz. Aproveito também para pedir desculpa aos que aqui comentam, por nem sempre a disponibilidade de tempo me permitir agradecer o seu comentário e continuar o diálogo.

Felizmente, hoje existem muitos e bons sites e blogues que ajudam a informar e alertar consciências nesta área, muitos mais do que em Março de 2009 quando este blogue iniciou. Podem aceder a uma parte deles aqui ao lado na lista lateral de blogues, ou na página Blogues e Redes, na qual tenho a certeza de faltarem muitos, uns por lapso ou esquecimento, outros porque ainda não os conheço.  Grande parte são oriundos do Brasil, nosso país irmão com cerca de 192 milhões de habitantes,18 vezes mais que os 10.555.853 residentes em Portugal (de acordo com as estatísticas do Blogger, cerca de 51% das visitas a este blogue tem origem em Portugal e cerca de 36% no Brasil).

Acho que valeu a pena o tempo que dedico a este blogue desde há cerca de 2 anos e 4 meses, e espero poder continuar a publicar aqui assuntos relacionados com a sustentabilidade enquanto sentir que contribuo para alertar consciências e mudar comportamentos. 

MUITO OBRIGADA a todos, fiquem com um pouco de música e belas imagens!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Uma história para acordar

Healthy Child Healthy World é uma organização não lucrativa que induz um movimento para a capacitação dos pais a proteger crianças de substâncias químicas nocivas. 

Com as crescentes evidências que todos os dias ligam contaminantes ambientais com as doenças das crianças, como asma, dificuldades de aprendizagem, obesidade, cancro e outras, esta organização traduz a ciência para linguagem acessível e inspira os pais e cuidadores a criar ambientes saudáveis em que as famílias possam florescer. São seus objectivos:
 - Expandir a consciência dos riscos tóxicos e desnecessários, na saúde das crianças;
 - Incentivar acções simples e escolhas de estilo de vida responsáveis;
 - Defender políticas e legislação que protejam as crianças dos riscos ambientais para a saúde e,
 - Envolver comunidades para que actuem colectivamente no sentido de criar um mundo mais saudável.

O vídeo que se segue é da campanha de 2010. Espreite o site da Healthy Child Healthy World, não esquecendo de passar pelo "The 5 Easy Steps".

sexta-feira, 8 de julho de 2011

"Crise Terminal do Capitalismo?" - por Leonardo Boff

Imagem: site de Leonardo Boff
Para ler e reflectir, o artigo de Leonardo Boff, teólogo, escritor e professor universitário brasileiro, publicado no dia 28/06/2011 em Mercado Ético:

"Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

Imagem obtida em A.C.Almuinha
O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

 Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugal 12% no país e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas, mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.


Imagem de SIC Notícias
As ruas de vários países europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhóis gritam: “não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumossacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da superexploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas."

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Planeta em Movimento

"Um dia para ir além dos combustíveis fósseis"

"Moving Planet é uma manifestação mundial que visa nos levar para além dos combustíveis fósseis e exigir soluções climáticas. Venha de bicicleta, patins, skate ou a pé. Venha com seus vizinhos e amigos, sua família e colegas de trabalho. Venha fazer parte de um grande movimento.

Porquê: por muito tempo os nossos líderes negaram e atrasaram, comprometeram-se e cederam. Essa era tem que chegar ao fim: está na hora de superarmos a crise climática e nos mexermos. " (Fonte: Moving Planet)

No passado mês de Outubro, no mundo inteiro, 7374 eventos marcaram o o 10/10/10  - Dia de Acção Climática, da campanha 350.org, numa chamada de atenção séria mas divertida para a necessidade de passarmos para além da nossa dependência dos combustíveis fósseis.

Este ano, a campanha, agora denominada MOVING PLANET está já marcada para o dia 24 de Setembro de 2011.

Em Vila Nova de Famalicão, não vamos deixar passar o dia em branco: a acção já está registada como "Planeta em Movimento Famalicão", embora ainda não esteja definida qual a acção. Poderá ser novamente uma caminhada, ou um passeio de bicicleta, ambos, ou mesmo outro tipo de acção. A decidir em grupo, mais tarde.

Em Portugal, estão também registadas mais duas acções locais: em Alcobaça (Associação A Rocha), e e Faro (Glocal Faro).

Para começar participar num evento, procure a sua localidade no Mapa de Acções, e se ainda não houver nenhuma, tome a iniciativa e registe-o em Começar uma Acção. Depois, é preciso arranjar um grupo para ajudar a organizar e divulgar. Ideias não faltam aqui, mas a sua criatividade pode acrescentar outras.
As alterações climáticas estão a alterar a face da Terra, com o degelo do Ártico, com a subida da água do mar, fazendo desaparecer zonas costeiras e mesmo países inteiros estão em risco, a seca, os fogos florestais, as tempestades e inundações cada vez mais devastadoras e frequentes, são evidências de um planeta em mudança. Irreversível? Talvez!

Os políticos mais poderosos estão reféns das pressões de grandes corporações, e preferem fazer de conta que as alterações climáticas não existem, ou que as mesmas não tem qualquer origem na actividade humana, ou mesmo achar que as sociedades se vão adaptar.
Por isso, cada vez é mais urgente e importante fazer alguma coisa para redução de consumos energéticos de fontes de combustível fósseis, porque só há outra coisa que move esses políticos, além do que está por detrás dos lobbies: a caça ao voto! Não podemos desistir de alterar os nossos comportamentos e de reivindicar!

Precisamos que os direitos das pessoas e da natureza estejam acima dos direitos dos poluidores.

domingo, 3 de julho de 2011

Hortas Urbanas no Porto - Quinta das Musas da Fontinha

No passado sábado, dia 2 de Julho, no Porto, fui assistir à sessão "Criar Uma Agrofloresta", uma iniciativa da Universidade Livre da Quinta Musas da Fontinha,  "uma plataforma organizada que tem como principal objectivo promover, realizar e articular acções de carácter voluntário e educativo que contribuam para a promoção da sustentabilidade nas diferentes esferas sócio-ambientais e para o desenvolvimento integral dos indivíduos que nelas participam". (Fonte: Terra Solta)

Aproveitei para conhecer a Quinta das Musas da Fontinha, onde um projecto de hortas comunitárias (mas mais que isso) nasceu a partir da sociedade civil, e posso-vos garantir que está a dar frutos: para além dos frutos reais e das mais variadas espécies hortícolas (e não só), foi com muita satisfação que verifiquei a alegria com que as pessoas da cidade se dedicam ao cultivo dos seus alimentos, à partilha de experiências e conhecimentos, enquanto convivem como uma comunidade interligada. Um verdadeiro exemplo de Transição.

O vídeo que se segue, extraído do programa Biosfera de 12/05/2011, explica como começou e como funciona esta fantástica iniciativa.  Mais abaixo, algumas fotos e um pequeno vídeo que registei lá no dia 02/07/2011.



 
 
 

sábado, 2 de julho de 2011

Quem são os verdadeiros piratas?

Somália: um país devastado pela guerra, pela seca e pela fome, tem visto as suas águas marítimas invadidas e saqueadas por frotas pesqueiras ilegais provenientes de outros  países, e poluídas pela descarga de resíduos tóxicos da mais diversa natureza, incluindo nucleares. Ninguém defende este povo do roubo sistemático, de modo que já nem peixe têm para pescar. Como único meio de defesa, grupos armados tentam fazer reféns barcos pesqueiros que invadem as suas águas, com o objectivo de obter resgates.

Veja o documentário de Juan Falque, e conclua, por si próprio, quem são os verdadeiros piratas. Aproveite também para visitar o blogue Ondas3, onde OLima colocou um resumo do vídeo em português.

Versão com legendas em português (e outras línguas) aqui.


¡Piratas! from Juan Falque on Vimeo.

"A pirataria na Somália monopoliza os meios de comunicação, mas a informação chega, na maioria dos casos, fragmentada, distorcida e manipulada. Este documentário tenta reorganizar e completar as informações existentes, oferecendo uma abordagem para o conflito, a sua origem, suas motivações ... e, especialmente, suas consequências. Para mais detalhes sobre o processo de execução, documentação, etc: juanfalque.blogspot.com/​2011/​04/​origen-y-desarrollo-del-documental.html" Fonte: Juan Falque

Agradeço à Fada do Bosque por ter recomendado este imprescindível vídeo, e à Ana Teresa o comentário ao mesmo, onde transcreveu um poema de Bertold Brecht (1898-1956), e que aqui fica também citado:

"Primeiro levaram os negros,
mas não me importei com isso,
eu não era negro.
 
Em seguida levaram alguns operários,
mas não me importei com isso,
eu também não era operário.
 
Depois prenderam os miseráveis,
mas não me importei com isso,
porque eu não sou miserável.
 
Depois agarraram uns desempregados,
mas como tenho o meu emprego,
também não me importei.
 
Agora estão a levar-me,
mas já é tarde.
 
Como eu não me importei com ninguém,
ninguém se importa comigo."