domingo, 3 de abril de 2011

O aviso da Irlanda e o exemplo da Islândia

No passado dia 27 de Março, o jornal irlandês Independent publicou uma carta dirigida a Portugal, no género "quem te avisa, teu amigo é" (tradução minha aqui, embora limitada, pelo que aconselho o original)  no qual a Irlanda avisa Portugal  de que a "ajuda externa" ou "resgate" que se adivinha no horizonte não são, na realidade, nenhuma ajuda, mas sim o prolongar do grave problema para as próximas gerações.

A Islândia, um país europeu não pertencente à União Europeia, esteve (e está) na falência, mas vai por um caminho muito diferente: em vez de seguir a ditadura financeira, escolheu a verdadeira democracia. Um caminho em que os cidadãos passaram a ter voz activa, a decidir os destinos da nação. Os bancos e os recursos naturais foram nacionalizados e os culpados pela falência do país estão a ser responsabilizados. A situação ainda está muito difícil, mas o caminho para a saída da crise está a ser traçado e há sinais positivos.

Sobre o exemplo da Islândia, recomendo que leiam a mensagem de Maria Josefa Paias no blogue Restolhando: Islândia - uma lição de democracia, do passado dia 13 de Março, e o artigo no jornal ionline - Islândia. O povo é quem mais ordena. E já tirou o país da recessão, de 26 de Março.

Com o aviso da Irlanda, e com o exemplo da Islândia, será que os portugueses irão cometer as mesmas asneiras de sempre? Einstein dizia que para novos problemas, novas soluções. Neste caso, o problema é velho, mas sem dúvida que é preciso partir do zero para chegar à solução. Porque as soluções velhas não resolveram coisa nenhuma! Antes pelo contrário!

8 comentários:

  1. Cara Manuela,
    Quanto aos avisos da Irlanda, não me parece que esta Democracia "de plástico" (Saramago qualifica-a de aparente) dê ouvidos ao quer que seja. Nem ouve, tal é a algazarra...

    Quanto à Islandia, não vai ser fácil manter-se assim. Seria mais fácil se o seu exemplo fosse seguido outros, nomeadamente Portugal. Isolada, o sistema não lhe perdoará...

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  2. Portugal teria muito a aprender com a Islândia (e como os povos nórdicos, no geral), não só no que toca a economia.
    No entanto, e infelizmente, penso que a nossa posição não poderia ser mais oposta.

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  3. Olá Rogério

    Infelizmente, será uma grande surpresa para mim se os portugueses tivessem a determinação e coragem da Islândia e partissem para a luta com cidadania e responsabilidade.

    Mas enquanto os políticos andam para aí a jogar à bola, vamos tendo esperança. Mas eles nem olha para a Islândia, e uma coisa assim, teria de partir do povo, nunca partirá dos políticos, servidores dos monstros financeiros.

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  4. Mãe da Rita

    Estou de acordo, infelizmente no 2º parágrafo também. Cidadania é coisa que este país ainda desconhece...

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  5. Manuela,
    Estaremos nós em condições de recusar qualquer tipo de ajuda externa? Se sim, em que condições e quais as consequências?
    Por uma vez, seria desejável discutir o que deve ser feito e que cada um tomasse conciência do seu papel neste desafio colectivo. Minorar os efeitos de quem sobrevive com parcos recursos é outra das obrigações de uma sociedade que se diz maioritariamente de esquerda e centro-esquerda, e também cristã.
    Não podemos ter ilusões, com ou sem FMI, vamos ter de baixar o nosso nível de vida; não é possível gastar o que se não tem indeterminadamente.
    um abraço,

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  6. Estou farta de tanto pessimismo... faço das palavras de um comentador deste sério ARTIGO as minhas. Até que enfim umas palavras de optimismo no meio de tanta aldrabice que se tem dito!
    Isto quanto à dívida externa.
    Quanto à voz da razão do Paulo Lobato, quando diz que não podemos gastar o que não temos, tem razão, mas aqui, não nos esqueçamos do engodo dos agiotas dos banqueiros, bem explicadinho aí nesse artigo e que como escreveu Dante, forram o solo dos infernos!... muito gostei do Inferno de Dante!
    Quanto ao teu post, os meus Parabéns, está um must!

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  7. Olá Paulo e Lena

    Parece que temos "ajuda", quer o povo queira quer não. Mas a lavagem ao cérebro já foi feita...

    Uma ajuda era seguir o exemplo da Islândia e responsabilizar os culpados pela situação! E outra ajuda seria seguir uma grande parte dos conselhos que o Timothy Bancroft-Hinchey aqui, a começar pelo "O que Portugal precisa é varrer os milhares de sanguessugas que sugam o país seco, gravitando em torno das posições de poder e controle - um exército de barões invisíveis, seres opacos e cinzentos, que ganham a vida à custa do resto do país. Estes são os lobbies, esses são os boys para os quais os trabalhos estão reservados."

    Este artigo de Boaventura Sousa Santos também dá alternativa.

    O caminho que os do costume vão seguir, se o povo assim quiser (e parece que quer), será o caminho do costume, é já deu décadas de provas de não ser um bom caminho.

    Reduzir o consumo? Excelente para o ambiente, bem o apregoo por aqui! Mas quem deve diminuir o nível de vida é quem pode, não quem já está no limiar da pobreza... Assim não!

    Claro que as pessoas terão de mudar: vão ter de voltar à agricultura, vão ter de puxar pelos seus talentos e imaginação para criar o seu trabalho e rendimento. Mas cortar as pernas a quem tem mais dificuldades e deixar os que lucram intocáveis, isso é imoral!

    Obrigada aos dois pela visita e pelo comentário

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