sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os jovens e o consumo - mensagem do GEOTA

Porque a mensagem é muito importante para uma mudança urgente na sociedade, publico a seguir o comunicado do GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, que se constituiu legalmente em 1986 como associação de defesa do ambiente de âmbito nacional, mas cuja existência enquanto grupo de reflexão e educação na área do ambiente remonta a 1981. E fica desde já um agradecimento à Ana Teresa por me ter enviado um e-mail alertando para a necessidade de divulgação deste comunicado.

O GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente sugere que no Programa para a Juventude, que foi objecto, no dia 14 de Fevereiro de 2011, de debate na Assembleia da República,se introduza o tema "Os Jovens  e o Consumo".
As solicitações crescentes a que os jovens estão sujeitos, actualmente,  obrigam a uma maior consciência e discussão sobre todas as realidades a  que o jovem está exposto, incluindo os assédios constantes da  publicidade, da moda e do mercado.
No quotidiano, sentem-se  encurralados entre as exigências do mercado de trabalho e os ditames  da publicidade e do mercado de consumo, deixando uma pequena margem de manobra  para a sua identidade, felicidade e realização pessoal.
Devemos lançar a discussão sobre o auxílio a prestar aos jovens e às  famílias face ao assédio constante a que estão sujeitos por parte da  indústria do marketing e das grandes empresas, que deixa pouco espaço  para a individualidade e para a diferença, obrigando a um gasto  excessivo para manter a aparência da modernidade, da juventude, da  novidade e da pertença ao grupo.
O processo de autonomia do jovem  passa não apenas pelo crescimento e autonomia face à família e a  sociedade, mas também face aos ditames da moda e do mercado.
Esta é  também uma questão de saúde pública que não deve ser evitada e  perguntamos não deverá o Estado auxiliar os jovens e as famílias nesta  difícil tarefa?
Queremos jovens saudáveis, cultos, interessados, que contribuam  positivamente para a sociedade, nomeadamente através do voluntariado,  e não jovens permanentemente insatisfeitos na busca incessante por  objectos não essenciais.
Os jovens devem estar preparados e saber que  um consumidor consciente  deve estar atento a todas as implicações  sociais, económicas e ambientais de cada gesto de consumo, nomeadamente à decadência actual de todos os ciclos de vida provocada pelo excesso de consumo, e deve  conhecer o poder do consumidor e, em especial, dos jovens consumidores.
Queremos empresas responsáveis e campanhas éticas que respeitem os consumidores, jovens e menos jovens, através da transparência, sustentabilidade, rigor e sentido cívico dos bens que promovem. Essa consciência ética deve ultrapassar, inclusive, os aspectos ligados à gestão ambiental das empresas, mas entroncar numa abordagem mais abrangente do desenvolvimento sustentável e da solidariedade intergeracional. Esta posição, portanto, não é contra as empresas, grandes ou pequenas, qualquer que seja a sua natureza. É, antes, contra as entidades (sejam grandes ou pequenas) que tenham mau desempenho ambiental, onde se inclui (nesse mau desempenho) fomentar nos seus clientes práticas pouco amigas do ambiente. Nós estamos contra a publicidade enganosa, onde se inclui aquela que mascara parte do problema, fazendo uma cosmética, contando meias verdades.
Os jovens devem ser, desde pequenos, ensinados a saber que cada um por si e todos juntos, podem fazer a diferença. Jovens consciências conduzem a cidadãos responsáveis, a democracias duradouras e a economias saudáveis.
Para  isso, solicitamos que seja introduzida a presente questão na agenda da  Política de Juventude: "Estamos a criar cidadãos ou consumidores?"
GEOTA, Lisboa, 14 de Fevereiro de 2011

6 comentários:

  1. Olhe, Manuela, estamos a criar jovens consumidores, mas, como sempre, a maior culpa está nos pais; é certo que a publicidade incentiva muito ao consumo e todo o jovem e criança quer ter tudo aquilo que os outros teem: Eu não sou melhor nem pior do que qualquer outra mãe, nem os meus filhos foram crianças e jovens diferentes; só que eu tinha uma conversinha com eles e explicava que não podia comprar tudo o que queriam e que as possibilidades de uns não são as mesmas de outros. Sempre entenderam muito bem. Entenderam tão bem que hoje, já jovens adultos consideram que o telemóvel é para falar e não tem que ser de ultima geração e este é apenas um exemplo.Muitas vezes são os pais que não querem que os filhos tenham menos coisas que os outros e fazem questão de lhes comprar tudo aquilo que não é essencial e este essencial falta muitas vezes em casa.Fico pasmada quando vejo crianças da de 10, 11 anos com telemóveis de ultima geração. Me diga? Será que são essas crianças que pedem? Talvez peçam um telemóvel, mas desses? Custa-me a crer. Temos primeiro que dar formação a muitos pais de hoje, pois muitas vezes sentem-se orgulhosos dos filhos não pelo que eles são, mas pelas roupas de marca que usam, pelos telemóveis, pelas mochilas críssimas, etc, etc. Tuo tem que começar em casa e depois então vamos pedir a colaboração nas escolas, nas empresas, na publicidade. Hoje me orgulho de ver o meu filho a conversar com o filhinho dele / 4 anos) a explicar-lhe que não pode ter um carrinho sempre que vai ao shopping ou ao hipermercado. Criança entende muito bem, os pais é que não querem perder tempo a explicar.Penso que no aspecto de reciclagem e até de outro tipo de preservação do ambiente as crianças e jovens estão a ter isso muito em conta, melhor até do que alguns adultos; muitas vezes são elas que exigem dos pais esse comportamento. É bom continuar todos estes alertas, sejam eles de que tipo forem, mas, se a mensagem não chegar aos pais, continuaremos a ter jovens consumistas. Um beijinho, Manuela e tenha um bom fim de semana. Parabéns pelo tema, muito pertinente, como sempre.
    Emília

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  2. Olá a todos,
    explico porque achei que este comunicado devia ser divulgado.
    É que com este conhecimento, podemos aproveitar a boa e bastante pertinente iniciativa do GEOTA e reforçar a idéia.
    Proponho mais uma vez, que as pessoas que estejam de acordo com esta medida, escrevam emails para todos os partidos com representação na Ass.República no sentido de exercer pressão para que esta questão seja debatida e comecem a legislar no sentido de maior ética empresarial e publicitária.
    Se nós (todos os que têm esta consciência), não fizermos nada, ninguém o fará por nós e não vale a pena só lamentar.
    Mais uma coisa, actualmente, o só fazermos a nossa parte dentro do nosso pequeno núcleo, não é o suficiente para travar o que está mal, é preciso pressionar para entidades e ir alertando o maior número possível de pessoas, para este tipo de armadilhas.
    A minha esperança, é que TODOS percebam, que se participarem mais activamente, TUDO pode ser melhorado.

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  3. Olá Emília

    Muito obrigada, ainda bem que gostou do tema. Para mim também o consumo a que chegou a nossa sociedade é preocupante, e há que inverter esse modo de vista de "usa e deita fora" que os americanos inventaram e que dá cabo do planeta!

    Os meus filhos foram educados desde pequenos a não serem consumidores, e felizmente que deu resultado :) só é pena que a maioria dos amigos deles não esteja na mesma onda... mas nesse aspecto eles nunca se deixaram influenciar (também, acho que não tinham hipótese)!

    Obrigada pelo seu comentário, e sobretudo obrigada por ter passado essa mensagem aos seus :)

    Bom Domingo e beijinhos :)

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  4. Ah...beijinhos Manuela e obrigada por todo este teu trabalho.

    Este é para aqueles que nada fazem:

    #O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer" . Einstein

    Este é para ti e para aqueles que apesar de tudo, continuam a acreditar:

    Sou um guardador de rebanhos.
    O rebanho são os meus pensamentos
    E os meus pensamentos são todos sensações.
    Penso com os olhos e com os ouvidos
    E com as mãos e os pés
    E com o nariz e a boca.

    Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
    E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

    Por isso quando num dia de calor
    Me sinto triste de gozá-lo tanto,
    E me deito ao comprido na erva,
    E fecho os olhos quentes,
    Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
    Sei a verdade e sou feliz.

    Alberto Caeiro, O guardador de rebanhos

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  5. Ana Teresa

    Não será que o GEOTA poderia criar uma petição para que o assunto seja debatido na AR?

    PS.: O Presidente do GEOTA, João Joanaz de Melo, teve uma intervenção brilhante e acutilante (sem papas na língua) na URBAVERDE, não resisti a dar-lhe os parabéns no final!

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  6. Já lhes fiz a sugestão da tal petição.
    Resta-nos aguardar.

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