sábado, 22 de janeiro de 2011

Agricultura ecológica ou permacultura holzeriana

Sepp Holzer é um agricultor austríaco que pratica agricultura ecológica desde 1962. Mais tarde, alguém lhe disse que a sua agricultura era uma forma de permacultura, que, sendo um pouco diferente da permacultura de Mollison e Holmgren, acabou por ser denominada de Permacultura Holzeriana. Com a modelação inicial do terreno para melhor gestão da água, criando terraços e represas, com o saber e experiência adquiridos ao longo de décadas, Sepp transformou um terreno de montanha com 45 hectares, com altitude dos 1000 aos 1400 metros, e com uma temperatura média anual de 4ºC, na quinta mais produtiva da Áustria. Nessa quinta, trabalham ele, sua mulher, e alguns animais. 
Sepp Holzer agora dedica-se também a divulgar pelo mundo os princípios da sua agricultura e do seu saber. E segundo o próprio, os dois grandes segredos são: gestão da água e agricultura com a natureza e não contra ela. Em Portugal, Sepp Holzer tem acompanhado e ajudado a transformar Tamera, (de que já falei aqui) no Alentejo, num verdadeiro oásis.

Foto do blogue Paredes em Transição
No passado mês de Dezembro, Sepp Holzer esteve cá para a conferência "Portugal: Paraíso ou Deserto?", no Porto e em Lisboa, organizada pela Quercus e por Tamera.

Recentemente, a Quercus Porto disponibilizou o vídeo da intervenção de Sepp Holzer, no dia 5 de Dezembro de 2010, no Fórum Maia (abaixo), que se seguiu à apresentação do projecto Tamera e a um interessante documentário sobre o trabalho de Sepp na Áustria. O debate que se seguiu, pode ser visto aqui.

SEPP HOLZER - Portugal: Paraíso ou Deserto? - PALESTRA from Quercus Porto on Vimeo.

18 comentários:

  1. Olá Manuela. Porque as aulas do curso que estou a tirar e o facto de ter cá uma amiga que está a segui-lo comigo, ocupa uma grande parte do tempo de que disponho, nomeadamente aquele de que preciso para descansar. Isto para pedir-lhe desculpa de não estar a comentar os textos dos blogs de que gosto.
    Para não fugir ao que vem sendo habitual, este é mais um post que muito apreciei e, daí, tê-lo colocado na minha página do Facebook.
    Um abraço, Manuela.

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  2. Fabuloso!

    O sotaque do senhor dificulta um pouco a compreensão, mas a tradutora é fantástica!
    Fiquei ainda mais fã e, tirando a barriguinha, quero ser como o Sepp quando for grande!
    Aí é que a minha avó se orgulharia de mim - se ela já dizia que eu tinha "mão verde"!!!

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  3. Cara Mizita

    Por favor não me peça desculpa por não comentar mais, pois então eu teria de pedir milhares de desculpas, porque não consigo ter tempo de visitar os seus blogues onde sei que encontro tantos textos que gostaria de ler e comentar, bem como de outros blogues que muito gosto.

    O tempo por aqui é curto, e embora muito gostasse de visitar frequentemente vários blogues, como os seus, mas confesso que é difícil conciliar o preparar posts com a leitura de blogues que aprecio. Quando tenho menos inspiração para escrever ou investigar, aí vou fazer as minhas visitas, mas a informação que me chega, relacionada com a sustentabilidade, é tanta, que por vezes até as tarefas domésticas ficam afectadas.

    Por isso, vê bem que sei como é, e esteja à vontade para comentar ou não comentar quando quiser. E mesmo que eu não responda na altura, saiba que sempre lhe fico agradecida.

    Beijinhos e bom Domingo :)

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  4. Olá Sónia

    Pois para mim o sotaque dele não dificultava nada, pois não pesco mesmo nada de alemão :)))
    Não me viste na assistência? A câmara passou de relance, mas eu estava lá :)
    Adorei a palestra e o pragmatismo do Sepp Holzer (que ainda mais sobressai no debate).
    De facto, conclui-se que a evolução da agricultura tem andado no sentido oposto ao que devia, ou seja, contra a natureza.

    E adorei a frase dele:
    "Os políticos que querem impor culturas de organismos geneticamente modificados, não deviam estar nos governos, mas na cadeia, porque isso é crime"

    Este homem devia era andar a ensinar os ministros da agricultura de vários países!

    Beijinhos :)

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  5. Oh que chatice... Lá vou ter que ver isto outra vez! ;-)

    Confesso que fiquei só a ouvir enquanto fazia outras coisas (o "multitasking" é terrível) e ia só coscuvilhando as fotos quando ele referia algo interessantes, mas vou ver outra vez!

    O pragmatismo é típico dos alemães (e austríacos também aparentemente) - os que conheci no Algarve são fantásticos, mas levam tudo muito à letra (o que dificulta trocadilhos e piadas, mas acabam por chegar lá com a explicação!)!!!

    Quando os políticos pensarem em fazer algo de jeito, aí é que eu me surpreendo!

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  6. Precisava e preciso muito da ajuda dele, he he he. o senhor deve andar sempre bastante ocupado.
    Se não for dele, preciso de conselhos de pessoas que aprenderam alguma coisa com este senhor.
    Estou a pensar contactar com o pessoal de Tamera e pedir ajuda se eles ma puderem dar, ou melhor, ir para lá aprender a trabalhar com a terra.
    A ver vamos se é possível. Tenho bastante terra e não quero fazer o que se faz normalmente, mas não posso ir só por tentativas. Não se trata propriamente de uma horta caseira.
    Ele diz que é possível o que a maioria acha impossível.
    Esta terra tão bonita, está altamente contaminada com adubos, herbicidas e insecticidas e tenho a desconfiança de que já existem transgénicos apesar de não constar.
    É a monocultura da vaca que é altamente subsidiada.
    E por falar nisto, descobri uma coisa inacreditável: andava eu em pesquisas sobre quantos animais para consumo eram abatidos (assassinados) no matadouro de Ponta Delgada (a capital de São Miguel), quando me deparei com uma informação absurda (é só para perceberem que até nestes ares plácidos
    e bonitos, se esconde o papão do capitalismo desenfreado), são abatidos entre 800 a 1000 bezerros (bebés) por semana, para serem totalmente incinerados para se poder manter a cota de mercado. Por cada um desses bezerros o agricultor recebe 75 euros.
    E como é que existem assim tantos bezerros? Existem porque as vacas, assim como nós mulheres, só têm leite se tiverem filhos, e como a espécie humana dos países desenvolvidos bebe tanto leite e derivados, as nossas queridas e simpáticas vaquinhas têm que andar a ter bebés, para nós não ficarmos sem leite.
    Como se a nossa vida dependesse do leite e muito mais, dessa quantidade tremenda de leite que ingerimos e que se comercializa. Capitalismo cada vez mais selvagem é a resposta, não a nossa saúde.
    Também descobri que ao ingerir demasiado cálcio, que é o que se faz normalmente nos países desenvolvidos, cuja dieta é á base de carne, leite e derivados, eliminámos tb maior percentagem.
    Quem tiver paciência, poderá ter explicação melhor que a minha em muitos sítios na net (eu perdi as fontes destas informações).
    Bom, Manuela, acho que me distraí e estiquei o texto, mas aí vai, porque acho estas informações bastante elucidativas deste sistema em que vivemos.

    E podem ver aqui a notícia sobre os vitelos:

    http://ww1.rtp.pt/acores/index.php?article=7048&visual=3&layout=10&tm=5

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  7. Bom dia Manuela,
    Já ando há uma data de tempo à espera que saia a versão inglesa do livro cuja capa mostras acima.
    A imagem é da maquete da capa para a referida (e tão aguardada) tradução do livro, ou sabes se já existe no mercado?
    Fiz uma busca na Internet para ver se encontrava mais alguma informação sobre o assunto, mas não encontrei nada :(

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  8. Olá Sónia

    Eu estava a brincar com a "cena": praticamente não apareço :) E quanto à frase, não sei se está no filme, não o vi todo, porque estive lá - pode tê-la dito no debate, ou noutra altura... sei que foi muito aplaudida :)
    Quanto aos político... o melhor é não me esticar...

    Beijinhos

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  9. Ana Teresa

    O Sepp anda de facto muito ocupado, e parece-me que disse que tinha já o tempo para conferências programado para 2 anos...
    Mas vai havendo formações em permacultura, especialmente no sul do país. Quanto ao norte, vamos ver se a Quercus Porto organiza alguma coisa este ano, pois organizou várias formações introdutórias, espero que continue com formações mais completas.
    Se não, mais dia menos dia lá terei de ir passar 15 dias mais a sul.
    No Açores também era bem preciso esse tipo de acções de formação. Entretanto, na internet lá se vai aprendendo alguma coisa, mas não é o mesmo que uma formação intensiva.

    Isso que falou dos bezerros, é um crime! Como é possível? Não chega ter de matar os bichinhos para alimento, ainda por cima para incinerar? Ao que chega a estupidez humana!

    Esperemos que a humanidade ganhe algum juízo, mas parece coisa bem difícil!

    Beijinhos e bom Domingo

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  10. Olá Miguel

    Sinceramente, usei a imagem da capa da internet para ilustrar o post, mas não faço ideia se o livro está editado. Se descobrir, logo aviso!

    E obrigada pela outra imagem, que fui buscar ao teu blogue :)

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  11. Já agora, fica aqui o link para o recente Portal da Permacultura, que vou colocar na barra lateral :)

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  12. Muito boa esta Palestra, o senhor percebe muito disto, devíamos dar-lhe nacionalidade Portuguesa, e que ele fosse para Ministério da agricultura.
    O que me surpreendeu mais foi como ele e mulher sozinhos conseguem monitorizar 45 hectares, deve ter conseguido criar um sistema tão equilibrado que mal precisa de mão humana e isso é realmente interessante.
    Outra coisa que me surpreendeu foi como ele na Áustria conseguiu criar kiwis, eu já tentei plantar kiwis no Alentejo e não consegui,tenho que tentar outra vez !!!
    Infelizmente o que ele diz dos subsídios é verdade estão a estragar a pouca Agricultura, que temos, devemos ser dos poucos países,em que quem tenha 30 hectares de terra sem ser trabalhada já tira uma quantidade de dinheiro em subsídios ,suficiente para sobreviver.
    As monoculturas são outra , por exemplo os olivais intensivos que agora está na moda, com a quantidade de pesticidas e adubos daqui a 10 ou 20 anos estas terras tornam-e inférteis.Temos tão pouca agricultura e a pouca que temos está tão mal organizada...
    A criação de transgénicos faz parte do sistema actual , porque eles só são produtivos com grande quantidade de adubos, e como são muito frágeis a doenças por isso também requerem muitos pesticidas, o que torna os agricultores reféns, para não falar nas sementes.
    o Senhor bate em todos os pontos importantes infelizmente os nossos políticos não estão interessados nestes assuntos..

    Saudações , parabens por a publicação de qualidade

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  13. Só mais uma acha para a fogueira acerca dos vitelos e da produção de leite, com conhecimento de médica veterinária:

    Para produzir leite, a vaca é sujeita a tratamentos hormonais para ovular na altura desejada e inseminada com sémen congelado de touros seleccionados, o vitelo é retirado mal seja vendável, a vaca é mantida a produzir leite máximo de tempo possível, sendo a qualidade do leite mantida com ração formulada (para se ter o nível adequado de proteína e de gordura).
    Enfim...

    Vejam o vídeo da Pink, "Raise Your Glass", de 1:15 a 1:30, e vão perceber a analogia...

    Por isso é que pessoas como o Sepp são tão necessárias: para, contra ventos e tempestades, mostrar que a Natureza é sábia e devemos estar com ela e não contra ela!

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  14. Acho que me esqueci do link do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=XjVNlG5cZyQ

    Manuela: a cena dos transgénicos serem crime ele disse durante a palestra e até eu bati palmas!!!

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  15. SDaVeiga
    Só que por cá, não são vendáveis para consumo (valem 75 euros, mortos), vão aos 15 dias, mais ou menos, para a o matadouro, para serem de seguida incinerados.
    De qq maneira, em ambos os casos e mesmo dependendo do ponto de vista, (vegetarianos e não vegetarianos) é muito mau. Produz se vida para logo em seguida, dar cabo dela. É uma vida que só foi "criada", para podermos nós nos apropriarmos do que é legitimamente dela e, como em todo o nosso consumo, o problema mais grave é o excesso que nos impingem e nós seguimos cegamente. Porque até aposto, que a maioria nem se questiona e nem lhes passa pela cabeça, que uma vaca para dar leite desta maneira, terá que engravidar (desculpem-me, emprenhar) muitas vezes. Aliás, hoje em dia, substituem-se muitas palavras, para os assuntos não serem tão graves, para levar as pessoas a não pensarem.

    Por fim, não esticarei mais o assunto, é que qq vida para mim tem demasiada importância, especialmente dos que não se podem defender.

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  16. É mesmo isso Ana: impingem-nos hábitos de consumo que nem tínhamos nem precisamos de ter e, além do desperdício enorme de vidas, temos aquilo que o Sepp falou de "não haver incentivo para o trabalho, com tantos apoios da UE".
    Continue a falar contra isso e a alertar consciências, a ver se alguma coisa muda! Ao menos que não se desperdice por completo a vida dos pobres animais e alguém os compre para quintas pedagógicas e afins!
    Um grande bem-haja.

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  17. Ana Teresa e Sónia:

    Obrigada pelas vossas "achas" para avivar a discussão :)

    Bom fim de semana

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