terça-feira, 29 de junho de 2010

Colóquio de Transição 2 - Limites ao Crescimento

Hoje deixo aqui o segundo vídeo do colóquio "Transição para uma economia e cultura pós-carbono", do passado dia 10 de Abril de 2010 em Pombal, com a apresentação do tema "Limites ao Crescimento", pelo Engenheiro do Ambiente Tomás Marques.

Será mesmo plausível que se pense que as economias cresçam sempre? Não se terá ainda percebido que estamos num sistema finito e já estamos a atingir a capacidade de carga máxima?
 

Colóquio da Transição 2 Limites ao Crescimento from João on Vimeo.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

HOJE ajude crianças no Uganda a enfrentar a seca


Hoje recebi um e-mail do WFP (Programa Alimenta Mundial) que assim traduzi:

"Imagine um mundo onde você não consegue alimentar o seu filho, por muito que tente. Esta é a dura realidade em Karamoja, a região mais pobre do Uganda, onde as famílias lutam diariamente com a seca severa,com a violência e a desnutrição. Acabamos de lançar uma operação de emergência lá. A nossa prioridade é proteger as crianças dos efeitos irreversíveis e trágicos da fome crónica.

Como a estação seca começa este mês, a situação está a piorar. Mas há uma hipótese de você fazer a diferença - especialmente hoje, porque a sua doação será acompanhada dólar por dólar, até aos 25.000 dólares.



Numa região onde mais de metade das crianças são raquíticas, o WFP está a ter um impacto duradouro através do programa de saúde da mãe e da criança. Ao proporcionar alimentos nutritivos às crianças, às mulheres grávidas e em aleitamento, nós estamos a dar a hipóteses de um futuro melhor a famílias inteiras.

Não é preciso muito. Apenas 25 dólares (cerca de 25 euros) alimentará uma criança em Karamoja durante os próximos quatro meses difíceis, salvando-os de fome crónica. Você pode ajudar a garantir que o WFP possa alimentar essas mulheres e crianças.


Cada dólar percorrerá um longo caminho e agora vai duas vezes mais longe. Por favor, dê tão generosamente como pode para ajudar a alcançar o nosso objectivo urgente de salvar mais de 2.000 crianças.
Obrigada pela consideração,  
Josette Sheeran, Director Executivo, WFP (Programa Alimentar Mundial)"

sábado, 26 de junho de 2010

No caminho do consumo sustentável

Um dos pecados da economia capitalista reside no apelo ao consumo desregrado e excessivo, que como já se falou aqui várias vezes, leva à exaustão dos recursos naturais, ao desequilíbrio dos ecossistemas, ao "afogamento" da natureza em lixo, e levará, por fim, ao colapso da nossa sociedade.
Para contrariar esta tendência, há dois caminhos que devem ser percorridos em paralelo,: por um lado, a diminuição do consumo, e por outro lado, a procura de um consumo informado, de produtos e serviços que respeitem o ambiente, os animais e a dignidade humana.

Nesse sentido, e porque explica melhor do que eu poderia dizer, transcrevo para aqui um texto de Afonso Capelas Jr. publicado no blogue Sustentável na Prática do site Planeta Sustentável, em 30/05/2010:

"Em busca da corrente do bem   por Afonso Capelas Jr.

Já foi dito que a nossa ação de consumir deixa rastros no planeta, por isso é fundamental consumir com consciência. Entretanto, além da necessidade de aprender a comprar apenas o que realmente será utilizado, é importante também saber fazer escolhas por produtos honestos do ponto de vista socioambiental.

Um exemplo: você já teve a curiosidade de saber de onde veio o sabonete que você usa todos os dias? Como é feita a extração da matéria-prima? E o transporte até a fábrica? Os funcionários são bem remunerados e têm todos os direitos trabalhistas garantidos?

Acredito que a partir de agora nossa tarefa será, cada vez mais, estar atentos aos elos da chamada cadeia de produção do que levamos para casa. Muitas empresas já estão preocupadas em incorporar a sustentabilidade à sua cadeia de produção, mas ainda não é a maioria.

Por isso, a função do consumidor será, cada vez, mais ficar de olho nesse processo. Uma das maneiras é criar o hábito de ler rótulos e embalagens, esmiuçar os sites dos fabricantes, cobrar processos mais limpos utilizando canais de comunicação como o e-mail e os Serviços de Atendimento ao Consumidor (SAC). Outra boa atitude é deixar o produto suspeito na prateleira e escolher outro mais sustentável.

Afinal de contas, não te causa mal estar saber que o chocolate que você adora foi feito com matéria-prima proveniente de fornecedores que destroem florestas tropicais, como foi denunciado no caso da Nestlé, recentemente? Ou que o seu celular de última geração foi produzido com trabalho semi-escravo?

Sobre esse último caso escrevi aqui no site uma resenha sobre o documentário franco-finlandês A decent factory (em tradução livre “Uma fábrica decente”), cujo tema principal é a visita de duas especialistas em ética a uma fábrica chinesa fornecedora de carregadores de celulares terceirizada pela Nokia.

As profissionais não gostaram nada do que viram e a empresa acabou por substituir o fornecedor de sua cadeia produtiva. Assim como a própria Nestlé também se prontificou a fazer o mesmo depois que o caso foi parar na imprensa.

Penso que essas preocupações serão uma tendência cada vez maior neste século 21. Ainda bem. Mas é indispensável fazer a nossa parte já que somos um dos elos mais importantes dessa corrente."

No Brasil, está para breve o selo Qualidade Ambiental, que garante que o produto foi fabricado de acordo com cuidados socioambientais em todos os elos da sua cadeia de produção, desde a extracção da matéria-prima até ao fim de vida - reciclagem e descarte. Saibam mais sobre este selo no post de 25/06/2010, "O selo dos selos ambientais", do mesmo blogue e do mesmo autor, que acaba assim: 
"É, sem dúvida, uma grande notícia e quem sai ganhando somos nós. Só não diminui nossa responsabilidade de estar sempre de olho nos rótulos."
 
Na Europa existe o "Ecolabel", que certifica o respeito pelo ambiente do produto ou serviço, também em toda a sua cadeia produtiva (desde a matéria prima à deposição final), mas que julgo não leve em linha de conta os aspectos sociais e de comércio justo.

Deixo também a indicação de um outro texto do site Planeta Sustentável, no tema Desenvolvimento, intitulado 7 sinais de propaganda enganosa, que ajuda a identificar falsos alardes de produtos "amigos do ambiente", já que não faltam símbolos e selos reclamando os produtos como ecológicos.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Contra uma nova central a carvão na Escócia: passos atrás, não!

Recentemente saiu um artigo no PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America) a confirmar o consenso sobre alterações climáticas (ver aqui).  Cada vez há mais estudos e evidências a comprovar o aquecimento global e o efeito das actividades humanas no aumento do efeito de estufa e nas alterações climáticas. Após o fracasso de Copenhaga, os ânimos dos activistas e das pessoas preocupadas arrefeceram, mas o clima, esse continua a aquecer.

No entanto, países que deviam dar o exemplo e continuar a dar passos em frente em políticas energéticas renováveis, de elevada eficiência e baixo consumo, querem dar passos atrás.
É o caso da Escócia, que estabeleceu metas das mais ambiciosas para combate às alterações climáticas, e que agora pretende levar avante um projecto da Ayrshire Power para uma nova central a carvão destinada à produção de energia eléctrica em Hunterston. Apesar da utilização da tecnologia de captura e sequestro de carbono para remoção de parte do CO2, a construção desta central é um mau exemplo e um passo atrás na luta contra as alterações climáticas.

A comunidade opõe-se à central (CONCH) e a WWF está a mobilizar cidadãos de todo o mundo para enviarem um e-mail ao Governo Escocês pedindo para não aprovar este projecto.  Eu enviei e já foi recebido pelo destinatário (Energy Consents & Deployment Unit  do "The Scottish Government", que respondeu confirmando a chegada e agradecendo a participação.

Se quiser passar à acção pela sustentabilidade, aproveite que o projecto está em consulta pública até 15 de Julho, clique aqui e envie o e-mail ao Governo Escocês. A minha carta está entregue. Se formos muitos, pode ser que sejamos ouvidos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

15ª campanha de reciclagem de radiografias da AMI

Até 25 de Junho, entregue as suas radiografias com mais de 5 anos ou aquelas que já não têm valor de diagnóstico nos sacos disponíveis em qualquer farmácia, sem relatórios, envelopes ou folhas de papel.
Cada tonelada de radiografias dá origem a cerca de 10 kg de prata. A venda da prata ajuda a AMI a partir para aqueles pontos do mundo em que aconteçam catástrofes naturais ou onde a ajuda humanitária seja premente e a melhorar ainda mais a assistência que prestamos aos mais desfavorecidos em Portugal. (Fonte: AMI)

Ao participar está também a proteger o ambiente: reciclar as radiografias evita lixo  poluente e recupera um metal precioso.   Não só ajuda os outros como se ajuda a preservar o planeta.

A insustentabilidade do consumismo

Falar de sustentabilidade virou moda. Usar a sustentabilidade como bandeira para vender produtos, virou moda, tendo-se tornado uma estratégia comum adoptada por muitas empresas. A sustentabilidade não pode ser apenas uma palavra que está na moda, mas terá de ser, antes de mais, uma atitude de respeito pelo ambiente e pelos outros!

O termo sustentabilidade, ou mais propriamente, desenvolvimento sustentável, apareceu em 1987 no relatório Brundtland (O Nosso Futuro Comum), definido assim: “O desenvolvimento sustentável é aquele que procura satisfazer as necessidades da geração actual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades”.

Hoje em dia, são inúmeras as definições. De um modo geral, todas elas abarcam três componentes essenciais: o ambiente, a sociedade e a economia. Se o ambiente não for são, a sociedade não poderá ser sã, e se a sociedade não for sã, a economia também não o poderá ser. Mas a sustentabilidade não se pode limitar a uma definição inter-geracional, pois há que ter em conta que também se aplica intra-geracionalmente: não é sustentável que uma parte da população deste planeta consuma desenfreadamente, gastando excessivamente recursos e produzindo demasiado lixo, enquanto outra parte da população vive abaixo do limiar da pobreza, em estado de fome crónica, vendo familiares e amigos sucumbir diariamente por falta de alimento ou de condições sanitárias básicas.

A pegada ecológica, que exprime a área da superfície terrestre produtiva para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resíduos gerados por um indivíduo, uma comunidade, um país, ou mesmo para a população mundial, é uma forma de termos uma ideia da insustentabilidade da nossa actuação:  Face à população existente, a pegada ecológica média que nos cabe é de 2,0 hectares por pessoa; no entanto, a pegada ecológica média estimada na terra é de 2,9 hectares por pessoa. Estamos a usar mais 45% da superfície da terra e oceanos para produzir o que consumimos e depositar o lixo que produzimos do que o que ela pode sustentar. E a isto acrescem as disparidades que vão desde os 12,5 hectares por pessoa nos EUA (e mais noutros países) até aos 0,6 hectares por pessoa no Bangladesh.

Alcançar um mundo sustentável depende de todos nós, de estarmos esclarecidos e de esclarecermos que o caminho que a economia global tem seguido é errado. O caminho para a sustentabilidade tem de passar não só pelo respeito pelo ambiente e equilíbrio dos ecossistemas, mas também pela justiça social e pela distribuição equitativa de recursos. Há que mudar de rumo, e esta viragem implica uma acção individual e colectiva na redução do consumo e na redução da produção de resíduos.

(Este texto foi publicado no passado dia 11 de Maio no blogue Ponto Marketing, no âmbito da Semana da Sustentabilidade, e na revista resultante. Muito obrigada ao Gabriel Galvão pelo convite, e parabéns pelo sucesso dessa iniciativa)

domingo, 20 de junho de 2010

Colóquio de Transição: 1 - Valores e Crenças

No passado dia 10 de Abril de 2010 realizou-se em Pombal o colóquio "Transição para uma economia e cultura pós-carbono", em que participaram cerca de 150 pessoas. Eu estive lá e participei numa experiência muito enriquecedora, e creio que terei testemunhado o primeiro passo  para a implementação em Portugal das experiências em Transição para uma cultura e economia mais independente do petróleo e mais amiga das pessoas, a exemplo do que já se pratica em várias comunidades locais espalhadas pelo mundo através da rede Transition Network. Os meus sinceros parabéns ao empreendedor João Leitão e aos que o ajudaram a organizar o colóquio. E um agradecimento também por ter disponibilizado os vídeos do colóquio na rede Permacultura Portugal, e que vou tentar colocar aqui, um por semana.

Esse colóquio deixou os participantes conscientes do mau estado da economia e do planeta, mas com um esperança num futuro que parte de cada um, não por si só, mas como parte de comunidades empenhadas em mudar de atitude e de vida.

Hoje deixo o primeiro vídeo do colóquio - "Quem Somos? Valores e Crenças", pelo professor catedrático e psicólogo clínico Vítor Rodrigues (autor dos livros "A Teoria Geral da Estupidez Humana" e "A Nova Ordem Estupidologica"). Uma reflexão sobre as crenças do ser humano e da cultura dominante, que subvertem os valores e impedem o correcto diagnóstico da situação do mundo.


Colóquio da Transição 1 Quem Somos? Valores e Crenças from João on Vimeo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Responsabilidade

"As misérias do mundo estão aí, e só há dois modos de reagir diante delas: ou entender que não se tem a culpa e, portanto, encolher os ombros e dizer que não está nas suas mãos remediá-lo — e isto é certo —, ou, melhor, assumir que, ainda quando não está nas nossas mãos resolvê-lo, devemos comportar-nos como se assim fosse."

 José Saramago, La Jornada, México, 3 de Dezembro de 1998

Na minha opinião, José Saramago, para além de ser um bom escritor, era um bom pensador. Por isso, hoje não podia deixar em branco a sua partida, pelo que fui buscar este texto ao blogue "Outros Cadernos de Saramago", e que tem a ver com aquilo que por aqui se diz desde o início deste blogue.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

I'm mad as hell

Mais de mil milhões de pessoas vivem no mundo em estado de fome crónica. E eu estou zangada demais porque não aceito isso.  Concorda que haja dinheiro para financiar bancos, para financiar guerras, e não haja dinheiro para ajudar os povos que sofrem de fome crónica? Eu não!
Está na hora de dizer BASTA. Zangue-se também e diga que não aceita esta insustentável situação.

Junte-se a mim aos mais de cem mil que assinaram a petição do WFP em colaboração com a FAO, para entregar nas Nações Unidas entre Outubro e Novembro deste ano. Assine aqui.

domingo, 13 de junho de 2010

Transgénicos - "É preciso ficar atento, sempre."

O filme abaixo incorporado é um dos documentários realizados para o programa de televisão  no Brasil "Cidades e Soluções - Especial Transgénicos", e o texto que segue é de Rafael Coimbra, um dos jornalistas participantes, e foi publicado no blogue brasileiro "Cidades e Soluções". Trata-se de um depoimento feito após as pesquisas para a realização de dois programas sobre o tema. Como vêem, a falta de informação é generalizada e alarmante, e urge obrigar os decisores políticos a usarem o princípio da precaução. Veja o filme e divulgue. Ajude a informar.



"O bom jornalismo é feito em cima de dados concretos.
O ideal é o contato direto com os fatos.
As informações vindas de fontes confiáveis e os resultados de pesquisas sérias também ajudam muito.
Quanto mais, melhor.
Só que, no caso dos transgênicos, tudo isso é muito difícil.
A tecnologia microscópica é invisível a olho nu.
As pesquisas sobre o assunto são, quase sempre, produzidas pelas empresas que promovem os produtos.
No Brasil, não existem sequer informações precisas sobre a área plantada dos transgênicos.
Some tudo isso à desinformação por parte dos consumidores e falta de políticas de esclarecimento sobre o tema.
O resultado é um cenário nebuloso.
Ao longo de dois meses mergulhamos fundo no mundo dos organismos geneticamente modificados.
Apesar de todos os esforços, não conseguimos chegar a uma conclusão final sobre o assunto.
Cabe ao telespectador, assim como nós, ouvir os argumentos das duas partes e decidir quem tem a razão.
Os que defendem os transgênicos garantem que eles são seguros e economizam os recursos naturais.
Os que são contra afirmam que há evidências de risco à saúde e prejuízos ao meio ambiente.
O mundo dos transgênicos ainda está longe de se totalmente esclarecido, porque a escala de tempo da natureza é muito diferente da humana.
Pode ser que os reflexos dessa tecnologia recente surjam apenas daqui a muitos anos.
É preciso ficar atento, sempre."

Por Rafael Coimbra.

Acrescentado em 15/06/2010:  O Ministério da Agricultura pronunciou-se sobre o arroz transgénico - veja a resposta na Plataforma Transgénicos Fora.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Os europeus e a biodiversidade

Em Fevereiro passado, a GALLUP fez uma sondagem aos cidadão dos 27 países da União Europeia sobre a biodiversidade. O assunto foi publicado na página do Ecosfera, e o resumo e os resultados do inquérito na página da GALLUP, ou no relatório, respectivamente.

Como conclusão geral, os europeus estão preocupados com a perda da biodiversidade - 63% consideram-na um problema muito sério e 30% consideram um problema razoavelmente sério, embora achem que o a perda de biodiversidade é mais grave globalmente do que na Europa ou no seu país.

Preocupante é também a falta de informação que dizem sentir, com 62% dos inquiridos (67% em Portugal) respondendo que não estão bem informados ou que não estão informados.

Como medidas prioritárias para aumentar a protecção da biodiversidade na Europa, 3o% (26% em Portugal) escolheram a "introdução de normas mais restritivas para os sectores económicos com impacto na natureza", 22% acham prioritário "informar melhor os cidadãos sobre a importância da biodiversidade" (28% em Portugal, onde esta prioridade ficou em 1º lugar), 14% escolheram "aumentar as áreas de protecção à natureza" (15% em Portugal), e 12% acham que a prioridade é "destinar mais recursos financeiros para a protecção da natureza na Europa" (8% em Portugal).

Uma coisa parece resultar claro: a falta de informação sentida, mas da qual, pelo menos, têm consciência, sendo que 20% dos europeus dizem não fazer mais para proteger a biodiversidade porque não sabem o quê.

Quando se pergunta "pessoalmente faz algum esforço para proteger a biodiversidade?", 67 % dos europeus (87% dos portugueses) respondem que sim, dos quais 33% (45% dos portugueses) gostariam de fazer mais.

Neste aspecto, os portugueses são aqueles que lideram a tabela, como os mais activos na defesa da biodiversidade. Talvez estejamos mais sensibilizados para este assunto do que os restantes europeus porque Portugal é mais rico em biodiversidade do que o resto da Europa. Aliás, ocupamos o terceiro lugar no ranking europeu de áreas com interesse especial de protecção, com 20% da área do território protegida (fonte: Visão n.º898).

(Veja na Visão online os 12 animais mais emblemáticos de Portugal e a sua situação de risco e necessidade de protecção)

domingo, 6 de junho de 2010

Transgénicos e OGM, queremos estar informados?

A questão dos alimentos transgénicos ou geneticamente modificados (OGM ou GMO em inglês) é um assunto que a todos diz respeito. Usados há muito na América e também na Europa (em menor escala) na produção de cereais para alimentação de animais, estão agora prestes a entrar directamente na nossa alimentação. Claro que já entravam indirectamente, pois se os animais que comemos são alimentados com milho ou soja transgénica, os OGM entram na nossa cadeia alimentar.

Este é um dos tais assuntos absolutamente esquecidos pela comunicação social, em que os governantes têm vindo a tomar decisões, ignorantes das suas consequências, até porque não há estudos suficientes, pondo em risco a nossa saúde, o ambiente e a biodiversidade. Interessa aos governantes, provavelmente por obscuras razões, que continuemos na ignorância deste assunto, e a comunicação social, também por obscuras razões faz-lhes a vontade calando-se totalmente. Resta-nos a nós cidadãos comuns um pouco mais informados que os outros, divulgar este importante tema.

Cá em Portugal já temos há anos culturas de milho transgénico, a batata transgénica teve recentemente carta branca para entrar na Europa, e o arroz transgénico está em vias de cá entrar também. Por este andar, além da nossa saúde (e da saúde financeira dos agricultores iludidos) estar em risco, a contaminação das espécies naturais é eminente e a biodiversidade levará mais uma grande derrocada.

Por isso, aproveito para relembrar da necessidade de atingir 1 milhão de assinaturas para petição sobre transgénicos ao Presidente da Comissão Europeia. A petição conjunta da Avaaz e Greenpeace já tinha chegado às mais de 900 mil, mas o contador foi reajustado em 31 de Maio, tendo sido eliminadas aquelas subscrições em que não constava o nome completo.

Apelo também para que assine a petição da LPN - Liga para a Protecção da Natureza ao Parlamento e Conselho Europeu, "Pela rotulagem obrigatória de produtos provenientes de animais alimentados com rações GM". Temos todo o direito a saber se a carne que compramos (ou peixe de aquacultura, isto já vai assim...) é de alimentais alimentados com rações geneticamente modificados ou não!

Faça a sua parte: assine as petições (use os links do texto) e divulgue-as.

sábado, 5 de junho de 2010

Dia Mundial do Ambiente - sem razões para comemorar

Hoje é o Dia Mundial do Ambiente. Por esse mundo fora, é data de comemoração, de iniciativas e de lembrar a nossa casa comum.

Mas este ano, não consigo encontrar motivo para comemorar. Sei que as há, só que hoje tenho um filtro no pensamento que me mostra apenas as razões para não comemorar.

Não, hoje não consigo comemorar o Dia Mundial do Ambiente.


Não depois do fracasso da Cimeira de Copenhaga sobre as Alterações Climáticas.

Não depois do esmorecer desanimado das populações após uma onda de activismo mundial contra as alterações climáticas.

Não depois de uma acção única, empenhada e exemplar como o Movimento Limpar Portugal, quando o lixo volta a aparecer nas florestas a uma velocidade espantosa.

Não durante um ano que, apesar de dedicado à biodiversidade, um presidente da Comissão Europeia nos trai e abre as portas da Europa de par em par à entrada de alimentos geneticamente modificados.

Não num ano dedicado à pobreza em que as ajudas financeiras são dadas a bancos geridas por gente podre de rica e quando o fosso entre ricos e pobres cada vez se alarga mais.

Não depois de mais de um ano com grande parte do meu tempo livre dedicado a este blogue, quando constato que a maioria das pessoas que me são mais próximas nunca cá vem fazer uma visita.

E sobretudo, não durante a ocorrência de uma das maiores catástrofes ambientais de sempre: o derramamento de dezenas a centenas de milhões de litros de petróleo no Golfo do México.

Sei que é tarde demais para ser pessimista, mas hoje, perdoem-me o mau humor. Ou arranjem-me cem razões para comemorar. Entretanto, prometo que isto me passa (acreditem, que eu não sou da política).

Conselhos da Quercus no Dia Mundial do Ambiente

A Quercus–ANCN, que comemora este ano 25 anos de existência, aproveitando o facto de o dia 5 de Junho ser o Dia Mundial do Ambiente, apresentou 25 conselhos ambientais para os cidadãos preocupados com a sustentabilidade.
Transcrevo aqui para o blogue os oito conselhos gerais, veja os restantes (temáticos) na respectiva página (aqui).


1. Considerando a rapidez com que o conhecimento evolui no presente, um elemento fundamental para se ser um cidadão sustentável é a informação. Manter-se informado sobre a legislação mais actual e sobre os desenvolvimentos científicos e técnicos mais recentes é fulcral para que possa direccionar as suas escolhas para as soluções e situações mais sustentáveis.

2. Ao contrário do que muitos advogam, a culpa pelo estado em que o Planeta se encontra não é só “dos outros”, é também nossa e por duas vias: porque nos demitimos de fazer melhor e de pressionar quem de direito no mesmo sentido. Apoie organizações cívicas, associe-se, participe e faça ouvir a sua voz. Não está sozinho e em conjunto com todos os outros que pensam da mesma forma é possível dar passos muito significativos. O importante é trabalhar em conjunto.

3. Procure retirar os melhores ensinamentos da crise. Analise bem as suas opções e procure perceber o que é fundamental para que se sinta bem e tenha qualidade de vida. Elimine o que é supérfluo e vai ver que não só estará a ser mais ecológico, mas também a ter maior bem-estar económico e a garantir o equilíbrio emocional.

4. Aprenda a analisar as suas opções quotidianas, pois têm um impacto enorme na sua pegada ecológica, na do país e do mundo. Não é a mesma coisa ir de carro ou de transportes colectivos, comprar a fruta mais barata que encontra ou procurar fruta nacional e/ou de agricultura biológica. Se percebermos que com as nossas opções podemos dar um contributo directo e quotidiano para a sustentabilidade, rapidamente sentiremos que esta é a única forma aceitável de agir.

5. Sempre que um conselho dirigido a proteger o planeta lhe parecer exigente, lembre-se que somos nós – espécie humana – que precisamos do planeta e não o contrário. O Planeta vive bem sem nós, já o contrário não é verdade. Ser sustentável não é, no essencial, uma questão de altruísmo e sim de sobrevivência pura e dura. Seja mais sustentável por si e pelas gerações futuras.

6. Se acha que os produtos ou serviços mais sustentáveis (agricultura biológica; rótulos ecológicos; comércio justo, etc.) são caros, desengane-se. Ao comprar estes produtos ou serviços está a apoiar a produção com preocupações ambientais e sociais. No que toca aos produtos ou serviços convencionais, podemos pagar pouco no momento da aquisição, mas todos acabamos por pagar muito mais pela poluição e destruição ambiental, bem como pelo desrespeito dos direitos sociais.

7. Se tem restrições orçamentais, procure ir substituindo alguns produtos ou serviços convencionais por soluções sustentáveis. Por exemplo, no caso da agricultura biológica comece pelas frutas ou pelos legumes e, progressivamente e na medida das suas possibilidades, avance para outras áreas. Optar pela sustentabilidade é um passo importante para identificarmos o que é de facto fundamental e supérfluo nas nossas vidas, permitindo-nos aplicar melhor o nosso rendimento.

8. Um dos problemas recorrentes em Portugal é a deficiente implementação da legislação em vigor. Torne-se um eco-cidadão e esteja atento a situações incorrectas do ponto de vista ambiental. Sempre que detectar uma infracção contacte a linha SOS Ambiente e Território – 808 200 520 ou aceda ao portal do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR .

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A nossa voz é importante

É uma constatação que muitos fazem e que muitos outros não querem ver: a nossa sociedade está gravemente doente e está a fazer muito mal a todas as outras espécies que habitam o nosso planeta. Não é só o problema da crise económica que se vive em Portugal ou no mundo. É um problema muito mais vasto: a crise de valores e a consequente generalização da falta de respeito pelos outros e pela natureza, que actuam em benefício de grandes ganhos de poder e de dinheiro por parte de uma minoria que desconhece totalmente o sentido da palavra ética.

Possivelmente o colapso da sociedade para que caminhamos, e que parece inevitável, poderá mudar radicalmente a abordagem errada que fazemos do mundo. Mas será à custa de muitas mortes e sofrimento, a uma escala bem maior e aterradora que aquela que vemos pelos quatro cantos do mundo.

Não vejo capacidade de os governantes mundiais mudarem o estado de coisas, pois pertencem à sociedade mundial da cegueira de que fala Leonardo Boff, e são dominados pelos donos da economia: mega-corporações sem rosto com uma feroz sede de lucro e expansão, a todo o custo.

A actual possibilidade de comunicação através da internet, apesar dos seus erros, excessos e perigos, permite-nos estar a par de assuntos que são, infelizmente, ignorados pela comunicação social, mas sobretudo permite-nos muitas vezes, de uma forma rápida e fácil participar, divulgar e manifestar a nossa opinião sobre questões importantes.

Os casos dos blogues, das redes sociais, dos e-mails, e sobretudo das petições criaram uma nova força que há uma década ou menos era praticamente inexistente, e que consegue mexer com interesses instalados.

Se muitas das petições não chegam a lado nenhum, algumas têm dado os seus frutos. É o caso da Petição à Nestlé para parar de comprar óleo de palma derivado da destruição das florestas tropicais habitats dos orangotangos - a Nestlé ouviu e já começou a tomar medidas . Outro caso é a petição a favor da redução do número de deputados na Assembleia da República de 230 para 180, que começou como um grupo no Facebook, e que após 1 mês de ter sido colocada online já arrecadou mais de 58 mil assinaturas, tendo obrigado o Parlamento a discutir o assunto.

Uma voz não chega para fazer um coro, mas sem cada uma delas o coro não é de todo possível!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

CCD - O desaparecimento das abelhas

Julgo que a maioria de nós já ouviu falar ou já testemunhou o desaparecimento das abelhas na última década. Colónias inteiras desaparecem sem deixar rasto, ou simplesmente morrem. Neste último caso, parece ser causa directa o ataque de um parasita, mas algo provoca a vulnerabilidade das abelhas ao mesmo. No caso de desaparecerem, estudos apontam como causa primária a avaria no seu "sistema de navegação", não encontrando o caminho de volta para a colmeia, mas essa "avaria" também terá uma causa. O fenómeno é chamado, em inglês, de colony collapse disorder (CCD).

A continuar o desaparecimento e extinção de espécies de abelhas desta maneira (que se estimam em mais de 20 mil), as consequências para a agricultura, para a nossa alimentação e para a biodiversidade serão gravíssimas. As abelhas são os principais agentes polinizadores das espécies vegetais e evitam a extinção de dezenas de milhares de espécies. As razões para o CCD não são conhecidas, mas muitos cientistas estão a estudar o assunto, e são já apontados como factores o uso de pesticidas, o cultivo de transgénicos, e a poluição electromagnética (radiações de telemóveis).

Os motivos indicados, e embora não haja ainda certezas, parecem apontarem todos numa direcção: a responsabilidade é nossa, das actividades humanas!


«Para além da produção de mel e de outros produtos apícolas, as abelhas são, na realidade, responsáveis pela polinização de milhares de espécies de flores, garantindo o sucesso de um sem-número de colheitas agrícolas essenciais para a alimentação humana. Mas, nos últimos anos, soou um sinal de alarme: um pouco por todo o mundo, desde os Estados Unidos, Inglaterra, França, países nórdicos e até Portugal, assiste-se à extinção de várias espécies de abelhas. E não se sabe ainda muito bem porquê(Fonte: Gaia, 2008-09-21)

«Os apicultores, criadores de abelhas, foram os primeiros a alertar para a mortalidade anormal dos insetos. Eles acusam agricultores de utilizar grandes quantidades de pesticidas, para proteger suas plantações. Os produtos químicos seriam, então, os assassinos. Mas cientistas também descobriram que as colónias estavam sendo atacadas por vírus e fungos, além de um parasita chamado Varroa destructor, uma espécie de ácaro, que tem o pouco simpático apelido de "vampiro de abelhas".» (Fonte: Meu Planetinha, 2009/10/01)

«Vários grupos de investigadores universitários e apicultores, confrontados com o fenómeno, têm vindo a alertar para o perigo que representa esta nova vaga de extinções misteriosas. O despovoamento maciço das colmeias, baptizado de colony collapse disorder (CCD), apresenta sintomas únicos e diferentes daqueles observados nas infestações frequentes pelo parasita Varroa jacobsoni (um ácaro que destrói as larvas). (...) Também os produtos transgénicos podem ser uma ameaça grave. Um estudo português de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto demonstrou que morreram várias colmeias colocadas na vizinhança de campos de milho transgénicos Bt, capaz de produzir a toxina do Bacillus thruringiensis (letal para lagartas e borboletas que atacam o milho).» (Fonte: Gaia, 2008/09/21)

«A diminuição da população de abelhas na Europa e América do Norte pode estar sendo provocada pela radiação de telefones celulares. A conclusão é de dois pesquisadores da Universidade Chandigarh's Punjab, da Índia, que acredita que a rede de telefonia móvel estaria interferindo no senso de navegação dos insetos. A pesquisa foi publicada na semana passada na última edição do periódico Current Science.» (Fonte: Planeta Sustentável, 2010/06/01)

terça-feira, 1 de junho de 2010

No Dia da Criança, adira ao Cartão Solidário

Há dias chegou-me a casa o Cartão Solidário, pois já tinha o provisório há umas semanas. Custou-me apenas 10 euros e tem dois anos de validade. Cada vez que o titular usa este cartão nas lojas e empresas aderentes tem descontos e ao mesmo tempo contribui para a realização das obras sociais de 4 Instituições de Solidariedade Social. O Cartão Solidário é o primeiro projecto da Associação Sorriso Solidário, associação que nasceu da vontade de realizar e apoiar iniciativas orientadas para a minimização de desequilíbrios sociais, culturais e ambientais.

"O titular do Cartão Solidário beneficia de descontos que vão dos 5 aos 50% em várias marcas aderentes ao longo do país. Parte do valor desse desconto, é encaminhado pelas empresas associadas, para as Instituições Beneficiárias do projecto. De dois em dois anos, é realizada uma nova Edição do projecto, elegendo-se novas 4 Instituições, para que possa ajudar várias causas e contribuir para diferentes obras sociais propostas."

São mais de três dezenas as entidades aderentes, mas espero que a AEP, como parceira do projecto, impulsione rapidamente muitas mais empresas a aderirem.

A edição II do Cartão Solidário tem como beneficiárias as seguintes instituições, todas de apoio a crianças:

FUNDAÇÃO GIL - Fundação de Apoio a Crianças e Jovens Internados
"A Fundação do Gil tem como fins principais, contribuir para o bem estar, a valorização pessoal e a plena integração social das crianças e dos jovens que, por razões de natureza diversa, se encontrem internados, por períodos prolongados, em unidades hospitalares, prisionais ou outras. No âmbito do Cartão Solidário, a Fundação do Gil propõe-se a criar a Segunda Unidade Móvel de Apoio ao Domicilio para crianças cujos tratamentos se prolongam por um longo período de tempo."

ASSOCIAÇÃO NOVO FUTURO - Associação de Lares Familiares para Crianças e Jovens
"A Associação Novo Futuro tem por objectivo criar e gerir pequenos Lares para Crianças e Jovens privados de ambiente familiar ou retirados à família por ordem dos Tribunais."

ASSOCIAÇÃO RARÍSSIMAS - Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras
"Apoia doentes, familiares e amigos que convivem de perto com as Doenças Raras. Para contribuir para um conhecimento mais aprofundados daquelas doenças, organiza congressos e seminários, forma voluntários, promove a pesquisa e estudos epidemiológicos e proporciona apoio domiciliário ao portador e família e realiza parcerias internacionais."

ASSOCIAÇÃO SOL - Associação de Apoio a crianças infectadas/afectadas pelo VIH/SIDA
"Assegura a higiene, alimentação, educação, medicação e acompanhamento hospitalar das crianças, dá apoio familiar e proporciona ajuda em géneros alimentares, fraldas, artigos de higiene, vestuário, medicamentos, pagamento de creches, amas, passes sociais, rendas de casa, aparelhos auditivos, etc."

Devemos reflectir sobre a educação que estamos a dar aos nossos filhos, pois ela é sobretudo o nosso exemplo e os nossos valores. Se nós ajudarmos os que mais precisam, as nossas crianças vão aprender essa acção e esse valor e irão ajudar a construir um mundo mais justo e solidário.

Neste Dia da Criança, semeie esta ideia. Regue-a e alimente-a, pois ela dará os seus frutos.