quarta-feira, 31 de março de 2010

Começar a Transição

No texto anterior falámos do pico do petróleo e de como a sua existência está eminente. Estando as economias tão dependentes desta fonte energética, é absolutamente necessário diminuir esta dependência para evitar o colapso.

Lentamente, as energias renováveis emergem, mas ainda estão longe de conseguir ter a capacidade e a eficiência para acabar com o consumo do petróleo. Dependem do sol, do vento, dos avanços tecnológicos, de apoios ao seu desenvolvimento, e de muitos outros factores. São uma aposta absolutamente necessária, mas infelizmente, não suficiente.

A par das apostas tecnológicas nas energias renováveis e na melhoria da eficiência energética dos edifícios, dos equipamentos, das indústrias e dos transportes, há que tornar as nossas sociedades menos dependentes desse combustível para que possam ter capacidade de enfrentar a crise económica que advirá do pico do petróleo. Outras soluções aparentemente "miraculosas" poderão aparecer, como o caso da energia nuclear "limpa", mas, para além de ainda estarem em fase "embrionária", sabemos que também o urânio não é inesgotável. A solução terá de passar forçosamente pela alteração de comportamentos e estilos de vida, pela mudança de paradigma e pela redução do consumo.

A Rede de Transição tem uma resposta a esta questão. Iniciou-se na cidade irlandesa de Kinsale, e na cidade inglesa de Totnes, baseado no "modelo de transição" de Rob Hopkins. Já se alargou a vários países e continentes em mais de cem comunidades de transição. Trata-se verdadeiramente de pensar global e agir local. E também de pensar local.

O tema das comunidades em Transição está a ser introduzido em Portugal através do colóquio, a realizar no próximo dia 10 de Abril, em Pombal, intitulado "Transição para uma Economia e Cultura Pós-carbono", organizado pela Associação Rio Vivo e o Projecto Coisas do Vizinho, com o apoio da Fundação Vox Populi. Se puder, dê um passeio até Pombal nesse sábado e entenda melhor o que é a Transição. Programa e inscrições aqui.

segunda-feira, 29 de março de 2010

O Pico do Petróleo

O petróleo é um dos pilares em que assenta a economia mundial actual. Fornece a maior parte da energia para as nossas actividades e para a indústria.

Entretanto, a população continua a aumentar de forma exponencial, e a ter mais necessidades energéticas. Países em vias de desenvolvimento, até há pouco com baixas pegadas de carbono per capita, vêm esta taxa a aumentar face ao seu desenvolvimento.

Mas o petróleo não é inesgotável. Segundo os entendidos, estamos algures no tempo bem próximos do chamado pico do petróleo. O pico do petróleo será a data em que a taxa de extracção de petróleo começa a diminuir. Ou seja, não significa que o petróleo esteja a acabar, mas sim que a sua extracção fácil e barata está a diminuir. Novas técnicas de extracção de petróleo vão vencendo a dificuldade de extracção, mas cada vez será mais caro obtê-lo. Não há consenso para a data deste pico, mas está apontado algures entre 2005 e 2037 (Hirsch Report). Veja o filme abaixo, que está bastante explicito



A nossa sociedade e a nossa economia estão totalmente vulneráveis ao petróleo, pois dele dependem de uma forma assustadora! E quando o petróleo começar a ver reduzida a sua extracção, o seu preço vai encarecer continuamente e as economias vão começar a colapsar.

Não tenham dúvidas: este é o século em que as sociedades têm de se tornar independentes do petróleo. E as comunidades que mais cedo começarem a preparar-se serão as que mais hipóteses terão de resistir à crise.

(Leia mais sobre o Pico do Petróleo em PortalEnergia, em ComoTudoFunciona, ou no blogue O Pico do Petróleo)

domingo, 28 de março de 2010

URGENTE - consulta pública sobre milho GM acaba hoje

O texto que se segue está disponível no site ZONA LIVRE de OGM do Facebook:

"Está aberta até às 24h de 28 de Março de 2010 (domingo) a consulta pública sobre o pedido da Monsanto para ensaios de campo durante 3 anos com o milho transgénico NK 603. Se quiser mostrar a sua discordância é muito simples: assine e envie a carta abaixo, com ou sem as suas alterações, para o email da consulta: cpogm@apambiente.pt
Se quiser que o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente também receba, inclua igualmente este email: agh@apambiente.pt
Depois de enviar, divulgue esta mensagem pelos seus amigos e conhecidos para que participem também!
Para consultar o dossier da Monsanto, veja
http://stopogm.net/webfm_send/16
Para consultar o parecer de 2009 da Plataforma Transgénicos Fora (que se refere a um pedido muito semelhante), veja
http://stopogm.net/sites/stopogm.net/files/ParecerUEvora2009.pdf
Para mais informações, contacte
mailto:info@stopogm.net
CARTA TIPO:
---------------------------

Exmo Sr. Prof. António Gonçalves Henriques, Director Geral da Agência Portuguesa do Ambiente,

Ref: Consulta Pública sobre a notificação B/PT/10/01
Está em curso até dia 28 de Março de 2010 mais uma consulta pública relativa a experiências em campo aberto que envolvem o cultivo de milho transgénico da Monsanto. Desta feita os pedidos são para terrenos em Monforte e Monção. Porém, não é a localização que sobretudo nos preocupa. O que pretende o cidadão, e cremos que deveria ser igualmente pretendido pela APA, é que as consultas públicas sejam levadas realmente em consideração na decisão final pela APA. Mas tal não tem acontecido. Custa-nos a crer que a APA não dê toda a importância necessária à protecção do ambiente com base nos contributos dos cidadãos.

Como sabe, em 2009, a APA recebeu 670 contributos para a consulta pública, dos quais apenas 18 eram favoráveis à realização dos ensaios de campo. Os documentos a solicitar a não aprovação dos ensaios invocaram muitos argumentos sólidos, concretos e científicos em sua justificação. No entanto, tanto no relatório final da consulta pública como no relatório final com a decisão de autorização de duas localizações, a APA ignorou ostensivamente a validade de tais argumentos, muito menos se dando ao cuidado de lhes responder ou de explicar as razões para não os considerar. Essa atitude não é consentânea com o respeito que a Administração deve aos cidadãos. Ainda assim, e porque os ensaios deste ano são com o mesmo milho transgénico NK 603 discutido em 2009, aguardamos que a APA não se furte a ler os documentos enviados no ano passado. Poderá assim compreender melhor porque é que este milho não é seguro nem deve ser cultivado no Alentejo, no Minho, ou em qualquer outro local.

Apelo à APA para que, em 2010, assuma de outra forma as suas relações com os cidadãos e suas organizações respeitando escrupulosamente os procedimentos verdadeiramente democráticos em matéria de consulta pública. Aguardo a resposta de V. Exa, no pressuposto de que a APA deve passar a agir de forma mais transparente e a respeitar cabalmente os direitos dos cidadãos.

Com os melhores cumprimentos,

[NOME]
[BI]
"


No meu e-mail, usei esta carta-tipo, e acrescentei:

"Até aqui, esta carta tem o conteúdo igual à disponibilizada pelo site do Facebook ZONA LIVRE de OGM e fornecida pela Plataforma Transénicos Fora.
Assino-a porque concordo com ela, e espero que pelo facto de a mesma ser igual à de muitos outras venha dar ênfase ao pedido, em vez de ser utilizada como motivo para a ignorar, como fizeram em 2009 em caso semelhante.
Considero que os transgénicos e outros organismos geneticamente modificados são um passo atrás no desenvolvimento sustentável e na saúde da população em geral, por oposição à agricultura biológica à qual devia ser dado todo o apoio das instituições, incluindo a APA
."

O Prof. Gonçalves Henriques, actual Director da Agência Portuguesa de Ambiente (APA) foi meu professor da disciplina "Avaliação de Impacte Ambiental" no mestrado sobre Tecnologias do Ambiente, Universidade do Minho, no ano lectivo de 1993/1994. Espero que não se tenha esquecido do que ensinou!

sábado, 27 de março de 2010

"Limpar a nossa terra e as nossas almas..."

Passou uma semana depois do dia L, do dia em que cerca de 1% dos portugueses puseram mãos à obra e limparam Portugal, mesmo com a chuva forte que se fez sentir em quase todo o país. "Heróis do mar, nobre povo, nação valente", é o que me apetece dedicar-lhes!

No concelho de Vila Nova de Famalicão (foto: Amigos do Pedal), participaram cerca de 1400 voluntários, tendo removido mais de 700 toneladas de lixo. É obra!


A propósito deste movimento cívico, que partiu, sem qualquer dúvida, da sociedade civil, deixo-vos com as palavras do Dr. Mário Soares no artigo da Visão:

"Limpar Portugal
(...)
Hoje vou falar-vos, caros leitores, da iniciativa excelente que, suponho, partiu da sociedade civil, através da internet, e foi, sensatamente, aprovada e auxiliada pelas Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, pelo Governo, através da ministra do Ambiente, e pelo Presidente da República. Os dois últimos - bem como vários presidentes de câmaras - quiseram participar na campanha tão necessária de limpar Portugal.

Foi uma iniciativa cívica e pedagógica de grande significado e importância. É bom que se saiba, nestes tempos de desesperança, que mais de 100 mil portugueses participaram voluntária e alegremente, no sábado passado (dia chuvoso) na missão de limpar Portugal dos lixos dispersos em 11 mil pontos do País. Encontraram de tudo, em matéria de porcarias, nas cidades, junto à costa, em zonas turísticas e nas florestas: de pneus a carcaças de automóveis, a animais mortos, a restos de comida, a jornais e papéis, e até colchões empapados de água. Para além dos adultos participaram jovens e crianças, que falaram nas televisões, cheios de entusiasmo. Ficarão com esse dia marcado nas suas memórias e dificilmente, no futuro, irão prevaricar.
(...)

Em conclusão: só a consciência cívica das pessoas, pela sua acção - e o respeito pelos valores éticos - nos podem ajudar a limpar a nossa terra e as nossas almas..."


Mário Soares, in Visão n.º 890

sexta-feira, 26 de março de 2010

Peça à Nestlé para fazer uma pausa, pelos orangotangos!

A Nestlé, a maior empresa de alimentos e bebidas do mundo está a produzir algumas das barras de chocolate mais vendidas usando como matéria prima o óleo de palma (ou de dendê) proveniente da destruição doas florestas tropicais da Indonésia. Como resultado, espécies estão ameaçadas da extinção, como é o caso dos orangotangos. Além disso, a desflorestação é uma forte contribuidora para o aumento da concentração de CO2 (gás com efeito estufa) na atmosfera, acelerando as alterações climáticas (ver mais aqui).

No Ano Internacional da Biodiversidade, ajude a parar com a destruição do habitat dos orangotangos, e envie um e-mail ao responsável da Nestlé Internacional a pedir-lhe para parar de comprar óleo de palma de fornecedores que destroem as florestas tropicais (grupo Sinar Mas).

Pode mandar o e-mail através da Greenpeace Internacional (de Portugal) ou da Greenpeace Brasil ou outra, conforme o país (veja aqui).

Have a break? from Greenpeace UK on Vimeo.

terça-feira, 23 de março de 2010

Alimentos geneticamente modificados na Europa

Após 12 anos de resistência, e sem o anterior comissário Stavros Dimas, grande opositor aos OGM, a Comissão Europeia presidida por Durão Barroso aprovou o cultivo de alimentos geneticamente modificados na Europa - a batata GM da BASF. O arroz GM da Bayer está na calha, e o milho GM da Monsanto já estava a ser cultivado na Europa, tendo sido recentemente proibido o seu cultivo na Alemanha.

Será que nós não temos voz nesta história? Eu acho que devemos ter. Por isso, traduzi, na medida das minhas possibilidades, a petição da AVAAZ para a suspensão da introdução do cultivo de organismos geneticamente modificados (transgénicos) na Europa, enquanto não há informação e estudos fidedignos sobre o assunto. Aqui vai:

"Alimentos geneticamente modificados: queremos informação e não cultivo!

A Comissão Europeia acaba de aprovar o cultivo de alimentos geneticamente modificados, pela primeira vez em 12 anos, colocando os lucros dos produtores de transgénicos acima das preocupações da população - 60% dos europeus consideram que necessitamos de mais informação antes de se produzir alimentos que podem ameaçar a nossa saúde e meio ambiente.

Esta iniciativa permite aos cidadãos da União Europeia uma oportunidade única para oficializar o seu pedido à Comissão Europeia. Vamos juntar um milhão de vozes para a proibição de alimentos geneticamente modificados até que as pesquisas sejam feitas. Assine a petição da Avaaz e divulgue. Não se esqueça de incluir o endereço para que a sua assinatura seja contada nesta iniciativa dos cidadãos.

Para o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso:

  • Solicitamos que suspenda a introdução de culturas de alimentos geneticamente modificados (GM) na Europa, e que crie um organismo independente, ético e com um corpo científico para investigação do impacto das culturas GM, e que determine a sua regulamentação."

Assine esta petição no site da AVAAZ e ajude a chegar a 1 milhão de assinaturas.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Para onde queremos ir?

A Hora do Planeta, cujo objectivo é chamar a atenção para o problema das alterações climáticas, é já no próximo sábado, dia 27. Eu vou desligar as luzes entre as 20.300 e as 21.30, eu vou votar no Planeta. Para reflexão, deixo este belo filme de Simon Hergueta que fui buscar ao blogue argentino "Porque Quiero Más" de Cris, a quem agradeço.
Eu não acredito que haja um dia para salvar a terra. Mas acredito que as nossas acções de todos os dias contam. E o caminho consumista e irreflectido que levamos, não é seguramente o correcto. Se consumimos os recursos deste planeta a uma velocidade maior do que a que ele consegue repôr, para onde é que iremos? Não é preciso estudar muito para perceber isto, mas é preciso parar para pensar.

domingo, 21 de março de 2010

Homenagem a uma Fada.... A minha irmã Manuela!

Depois de passar um dia de trabalho no duro e de ler o que a Minha Querida irmã Manuela escreveu no post abaixo, só me apetece deixar-lhe uma homenagem.
Minha querida e pequena Fada que tanto trabalhaste para um fim que me é precioso! A limpeza, a preservação e a saúde dos bosques e florestas que nos rodeiam. Sendo tu uma Alma altruísta e maravilhosa, como sempre agradeces a todos. Pois bem, trabalhaste mais que qualquer um de nós... privaste-te de horas de descanso e dos teus mais queridos, trabalhaste dia e noite, durante dias a fio, para que tudo corresse da melhor forma e quando apareceste, na hora de almoço, para o convívio com os trabalhadores voluntários, foi como se uma luz se acendesse no meu coração, ao ponto de iluminar a minha alma e me carregar de um sentimento de felicidade e de orgulho imenso! Nós é que temos de te agradecer, minha querida Fada pequenina com a mania da invisibilidade! Quando chegas, as atenções todas se viram para um ser lindo e maravilhoso, ao ponto de, para te conseguir abraçar, ter de afastar quase à força a multidão que te rodeava... para ver esse teu lindo sorriso, brilhante, magnânimo, fora de série e de uma sinceridade tão abrangente! ... que apesar do teu porte frágil, irradia um magnetismo Colossal! Uma força avassaladora! Sim! Obrigada minha linda e pequena Fada Sininho! Que todos fossem como tu. Estou tão orgulhosa da irmã que tenho! Que a Alma dos Bosques te envolva em Felicidade e sempre! Quem agradece sou eu! E por ti a Primavera acordou a sorrir...

LIMPAR PORTUGAL - Agradecimentos e Apelo

Para uma experiência sem história (para além da Estónia, mas em moldes diferentes) e sem experiência, com esta dimensão, com o tempo horrível que fez, e apesar de ainda ter ficado lixo por limpar em alguns locais (era impossível fazer mais), Limpar Portugal foi um sucesso.

Agradeço o apoio que as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia, os Escuteiros, Escolas, Associações e todas as entidades e empresas que ajudaram e participaram, mas sobretudo OBRIGADA a todos e cada um dos voluntários que estiveram ontem no terreno a LIMPAR PORTUGAL.

Estou muito orgulhosa de fazer parte de um país e de um concelho onde há tanta gente de fibra, que partiu para acção e decidiu pôr mãos à obra e Limpar Portugal, que nem a chuva, por vezes bem forte, conseguiu afugentar e que demonstraram que as nossa acções CONTAM.

Os agradecimentos e parabéns também a todos os elementos da Coordenação Nacional do Limpar Portugal e aos três elementos que tiveram a ideia de pôr esta acção em marcha: Nuno Mendes, Paulo Torres e Rui Marinho. PARABÉNS por terem conseguido, e em nome do ambiente, das florestas e da consciência cívica, OBRIGADA. Fica aqui para recordação a foto na última página do jornal Público de hoje, onde são os únicos a subir no Sobe e desce.

E por último, deixo aqui o apelo colocado na rede Limpar Portugal, feito por João Pereira, Presidente da Junta de Freguesia de Requião (minha freguesia natal), do Município de Vila Nova de Famalicão:

"Que as autoridades competentes tenham em atenção o esforço que foi feito tão generosamente por todos os envolvidos nesta acção do "Limpar Portugal", desde a organização até aos milhares de voluntários que nela participaram e tomem medidas de vigilância, a exemplo do tem vindo a acontecer com a prevenção de incêndios.
Proteger a floresta não é só evitar incêndios, também é mantê-la limpa."

A todos que de algum modo ajudaram e participaram, OBRIGADA.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Vamos LIMPAR PORTUGAL

Amanhã, dia 20 de Março, é o dia L. Dezenas de milhares de voluntários do Movimento Limpar Portugal vão demonstrar que este povo tem fibra, e que se move por causas bem mais importantes que o futebol. As nossa florestas vão ficar limpas, e não serão uns aguaceirozitos que vão demover o espírito de equipa e de ajuda que move as pessoas que, na prática, querem fazer algo pelo ambiente.

É que não se trata só de limpar a floresta: trata-se também de consciencializar as pessoas, e sobretudo os jovens, de que devemos respeitar o ambiente e os espaços florestais, e de que o lixo tem um local próprio. E ainda mais importante que isso, trata-se de convencer este povo de que é capaz, que nós portugueses, não somos os últimos nem os "desgraçadinhos" e impotentes - nós somos aquilo que quisermos ser!

E agora, pensamento positivo para que o "universo conspire a nosso favor" e não chova amanhã.

Vamos LIMPAR PORTUGAL! Eu vou! E você, vai ficar em casa?

quarta-feira, 17 de março de 2010

Desumanização da economia

Pela terceira vez (antes foi aqui e aqui) transcrevo alguns trechos retirados do livro abaixo identificado. Como não quis interferir com direitos de autor, solicitei autorização ao Professor Valdemar Rodrigues, que gentilmente me deu a liberdade de citar o seu livro. Um livro que vivamente recomendo pela abordagem documentada e fundamentada e pela clareza nas ideias e na transmissão das mesmas.

(imagem da net)

" (...)
Fará sentido que o valor das acções de uma empresa suba, portanto que os seus accionistas embolsem rapidamente generosas quantias, quando a administração da mesma anuncia o despedimento em massa dos trabalhadores? Será ético que os investidores prefiram deslocar os seus investimentos para países onde as leis laborais menos protegem os trabalhadores? Não seria urgente desde já separar o PIB bom do PIB mau, que é aquele conseguido à custa da poluição, da precarização de vidas humanas ou até da própria desgraça?
(...)
O problema da desumanização nas sociedades modernas não está pois resolvido, muito pelo contrário. O ideal da sustentabilidade criou a possibilidade de uma profunda reflexão ética sobre este e outros assuntos, mas que, infelizmente, ficou em grande medida por realizar. (...) Pois é unicamente a esfera pública que confere valor aos objectos; não é o labor nem o trabalho; não é o capital nem o lucro nem o material: é unicamente essa «esfera» na qual o objecto surge para ser estimado, exigido ou desdenhado.
(...)
O que faz sentido é reabilitar essa esfera pública, enriquecendo-a com os múltiplos contributos do pensamento humano, libertando-a das causas que a enfraquecem e protegendo-a assim contra os totalitarismos de toda a espécie, sejam eles supra ou infra estatais. Evitar a pior de todas as dificuldades de comunicação entre os seres humanos, a guerra, é hoje tão essencial como ontem, ou porventura ainda mais. Porque o tempo actual pauta-se por essa extrema exigência que coloca ao homem em geral, mas sobretudo aos políticos e ás famílias mais poderosas do planeta que condicionam a acção colectiva.
Nunca as alturas terão sido tão grandes, e nunca tão grandes terão sido as diferenças que separam os dois lados de um mundo que, para o que importa, está moralmente dividido por dentro e por fora das fronteiras nacionais e regionais. Se por um lado hoje existem todas as condições para estimular e desenvolver o espírito de solidariedade entre os povos, essa ideia de universalismo ético que seduziu Kant e ainda seduz contemporaneamente pensadores como Lawrence Kohlberg, por outro, talvez nunca os meios tecnológicos ao dispor daqueles que actuam nos palcos da política e nos bastidores, tenham sido tão tentadores para alimentarem autênticas guerras de titãs, guerras transnacionais friamente calculadas e determinadas nas quais os povos naturalmente não se revêem - ou revêem erradamente, fruto da sua instrumentalização por falsos medos e radicalismos - e para as quais é apenas solicitado o seu contributo como espectadores ou, na pior das hipóteses, como vítimas.
(...)
A importância de uma profunda reflexão ética por parte das escolas de economia parece ser, como já aqui se deu a entender, hoje, talvez mais do que nunca, urgente. São surpreendentes muitas das coisas que o cidadão comum aos poucos vai tomando conhecimento, aceitando impotente essa espécie de deriva económica que varre o mundo contemporâneo. Uma deriva que passa pelos paraísos fiscais, pelas zonas francas, pelos negócios da guerra e do sofrimento humano, pelos tráficos de drogas, medicamentos e seres humanos, tudo isso no mais cruel e evidente desrespeito pelos Direitos Humanos. (...)"

Valdemar J. Rodrigues, em "Desenvolvimento Sustentável - uma introdução crítica", Parte I - Escolas e correntes de pensamento da questão ambiental- As escolas das ciências sociais e o ambiente - Desafios para a ciência económica, Editora Principia, 2009

domingo, 14 de março de 2010

Um translação, 365 rotações - 1º aniversário

A Terra já deu uma volta ao sol e já rodopiou 365 vezes desde que me lembrei de dar à luz da blogosfera este espaço chamado "Sustentabilidade é Acção". Verdade se diga, quando nasceu o baptizei à pressa de "Sustentabilidade não é palavra, é Acção", e logo o "padrinho" Ferreira-Pinto chegou, e se pôs a dar palpites que era um nome demasiado comprido. Depois, arranjei uma "fada madrinha", a Fada do Bosque, que tocou com a varinha de condão no rebento e logo o encheu de cor! Estes padrinhos ajudaram a criar a criança com alegria, mas como é costume, depois de crescer um pouco, os "folares", diga-se, "posts", começaram a rarear um pouco, ficando a criança a carecer do seu brilho e inspiração. Ainda desafiei uma segunda "madrinha", a Cila, que tanto trabalho tem na defesa do ambiente no terreno, que nem tem tempo para este afilhado virtual, já que logo a seguir a um início prometedor, logo se desvaneceu da blogosfera. Quanto a mim, não imaginava nem de longe em que trabalhos me estava a meter. Mas, por vossa causa (sim, por você que está a ler este texto), tem valido a pena, pois tenho-me sentido amplamente recompensada.

Por isso, hoje quero expressar aqui os meus sinceros agradecimentos:
  • Aos contribuidores do blogue, Ferreira-Pinto, Fada do Bosque e Cila, por terem oferecido alguns preciosos textos a este blogue, que muito animaram e abrilhantaram, uma vez que, não por falta de boas intenções da anfitriã, mas antes por uma inata falta de inspiração da mesma, bem deles precisou (e continua a precisar).
  • Àqueles que durante este ano, se deram ao trabalho de aqui deixar comentários, importantes e imprescindíveis para permitir a troca de ideias e o diálogo, ou mesmo para uma simples palavra de apoio, e cujo contributo permitiu enriquecer 244 dos 263 "posts" publicados.
  • Aos que, solidariamente, se fizeram seguidores do blogue, quer através do Blogger (218), quer através do NetworkedBlogs do Facebook (153), pois são também um motivo forte para continuar este trabalho. No total serão cerca de 300 seguidores, mesmo contando que alguns seguem este blogue através das duas redes. Obrigada a todos pela vossa presença.
  • A todos os visitantes que por aqui passaram (e foram mais de 44 mil visitas) que procuram uma sociedade mais sustentável e mais amiga do ambiente.
  • E um agradecimento especial aos meus três filhos e ao pai deles, meu companheiro de viagem, pelo tempo que lhes roubei. E à minha filha Alice que fez a montagem da imagem deste "post" dedicado ao primeiro aniversário do blogue, um obrigada extra.

Photobucket

Espero poder continuar por cá, assim como espero poder contar com os outros colaboradores, para animar esta casa. E sobretudo, conto com a vossa opinião para poder melhorar este espaço, partilhando um pouco sobre este nosso mundo e a nossa relação com ele.

Continuemos a insistir e a agir por um um mundo mais sustentável. Dedico-vos uma fatia de bolo de aniversário e uma flor de cera da minha varanda :)
A todos, sinceramente, muito obrigada!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Arroz geneticamente modificado? Não, não queremos!

"O arroz é alimento diário para metade da população do mundo. O arroz geneticamente modificado (arroz GM), por outro lado, é uma ameaça para a agricultura, para a biodiversidade e um risco para a nossa saúde.

Actualmente, o arroz GM não é cultivado comercialmente, apenas em campos de ensaio. Contudo, a Bayer manipulou geneticamente o arroz para suportar altas doses de um pesticida tóxico chamado glufosinato, considerado tão perigoso para os seres humanos e o ambiente que em breve será banido da Europa.
Em poucas semanas, a União Europeia deverá decidir se o arroz GM pode ser introduzido nos países da UE, aparecer nas prateleiras dos supermercados e acabar no nosso prato. Se a UE aprovar a importação de arroz GM da Bayer, os agricultores europeus e de outras partes do mundo em breve poderão cultivá-lo."

"Em 15 de Outubro de 2009, a Greenpeace entregou 180.000 assinaturas na Comissão Europeia, mas ainda continuam a recolher assinaturas contra o arroz da Bayer. Mas ainda podemos fazer a diferença assinando esta petição, enviando para os amigos e partilhando nas redes sociais."

Assine a Petição da Greenpeace aqui

Fonte: Greenpeace (tradução livre)



Informe-se melhor e veja o que mais pode fazer, como por exemplo, enviar uma carta ao Ministro da Agricultura, na Plataforma Transgénicos Fora. Lembre-se que Portugal é o terceiro maior produtor de arroz da União Europeia, e que os portugueses comem, por ano, mais arroz do que qualquer outro europeu.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Palavras de esperança

A propósito do recente post sobre Bill Gates e a energia nuclear "limpa", Rudolfo Wolf fez um comentário, o qual, face ao seu conteúdo e à reflexão para que ele nos remete, não pude deixar de publicar aqui (autorizado e corrigido pelo autor):

"A sustentabilidade energética sempre foi uma das bases das economias. Na lógica das sociedades capitalistas coevas, passa pelo custo que acarreta e pelas quantidades disponíveis que apresenta para consumo e consequente suporte das actividades económicas em geral e assim tem sido encarada tanto no plano dos pontos de vista científicos como políticos. Hoje em dia, porém, por bastos motivos que aqui poderemos deixar por dizer, importa também que a mesma seja entendida, em igual nível de importância e consideração, no âmbito quer dos seus equilíbrios geo-físicos, quer das consequências que as suas utilizações possam ter no planeta, mormente em termos de impactos sobre os ecossistemas e na atmosfera. Em suma, é imperioso que consigamos explorar energias renováveis ou, se quisermos, inesgotáveis que temos como recursos à disposição neste berlindezinho cósmico em que todos vivemos e que por isso é a nossa casa comum.

Perante notícias como esta há, por vezes, aquele discurso cínico que fala dos lucros e do poder que tais investimento propiciam a quem os controla, mas isso, parece-me, é a regra com que se joga no modo de organizar a economia em que vivemos e, em conformidade, muito prosaicamente é a realidade com que estamos a viver, no entanto, na minha modesta opinião, não me parece motivo para deixar de sublinhar aquilo que importa destacar no anúncio em causa; a consciencialização dos agentes económicos a respeito dos problemas que expusemos no parágrafo anterior o que, sendo na prática um factor de primordial importância, é um dado bastante positivo para aquilo que poderemos designar genericamente de esperança num amanhã melhor.

Contudo, o problema da sustentabilidade dos recursos energéticos é também uma nova janela sobre um futuro diferente das maneiras de viver que conhecemos e há que ter consciência que existe toda uma área de pensamento a explorar a partir daí e isto é evidentemente válido no domínio das ciências mas também da reflexão filosófica em que, por exemplo, o Professor Peter Singer tem produzido um trabalho significativo. Enquanto o homo económicus que somos, temos construído a cultura contra a Natureza que temos delapidado. Dispomos agora e pela primeira vez na história da Humanidade, a possibilidade de voltarmos a erigir a cultura na Natureza, no sentido de conseguirmos a sabedoria de aprender a viver em harmonia com os equilíbrios geo-físicos desta nossa prodigiosa casinha comum, por enquanto, o único paraíso que nos foi dado para vivermos.

Boa saúde para todos os que nos proporcionam este bonito convívio e que sempre estejam em paz

Rudolfo Wolf"

quarta-feira, 10 de março de 2010

Colóquio - "Transição para uma Economia e Cultura Pós-carbono"

De hoje a um mês, no dia 10 de Abril, vai ocorrer em Pombal um colóquio sobre as iniciativas de Transição, denominado "Transição para uma Economia e Cultura Pós-carbono".

A transição começa em mim, começa em si, começa em pequenas comunidades locais, começa onde um grupo de pessoas está pronto e consciente da necessidade de mudar atitudes e modos de vida com vista a um decrescimento do consumo, à progressiva independência do petróleo, à interajuda entre as pessoas, à proximidade com a natureza. Começa por quem entende que qualidade de vida não é sinónimo do verbo ter, nem do sedentarismo confortável. Começa por quem entende que a solução parte de cada um de nós, e que chegou a hora de agir.

A transição já começou noutros países. Já começou no Reino Unido, com o paradigmático exemplo de Totnes, e já se estendeu a outras comunidades noutros pontos do país, à Irlanda, ao Canadá, ao Chile, À Nova Zelândia, À Alemanha e ao Japão. No total, existem já 126 comunidades oficialmente designadas como "Cidades de Transição", embora com dimensões muito variáveis.

Transcrevo abaixo o texto introdutório de João Leitão, um dos organizador do evento, que já conhecemos aqui do projecto Coisas do Vizinho. O programa do colóquio encontra-se disponível na rede Permacultura Portugal, também criada pelo João Leitão.

"INTRODUÇÃO
Vivemos desafios sem paralelo na História da Humanidade. Na área da energia, cresce o número de especialistas que considera que chegou ao fim, a era dos combustíveis fósseis baratos e abundantes, factor historicamente essencial ao modelo económico dominante, assente na ideia de expansão económica contínua. Por outro lado, as provas de que vários recursos naturais essenciais à nossa existência no Planeta, como por exemplo, água potável, florestas, biodiversidade, solos aráveis, qualidade mínima do ar, reservas de peixe, clima estável, etc., estão sujeitos a enorme stresse, parecem ser cada vez mais irrefutáveis. No campo da saúde mental, os dados relativos às patologias mais comuns, ligadas às perturbações da ansiedade e às depressões, sugerem que o modelo económico e social que preside à organização da nossa sociedade, deve ser repensado.
O Modelo de Transição afirma que é sobretudo ao nível local, que encontramos a solução para muitas questões que o Séc. XXI nos coloca. As Iniciativas de Transição são também inspiradas pelos princípios éticos e de design da Permacultura. Elas são a prova que a sociedade civil, os cidadãos comuns, têm em si o poder para responder criativamente e com eficácia, nomeadamente, aos desafios do Pico do Petróleo, das Alterações Climáticas, e da Vulnerabilidade Económica.
Pombal ou a Região de Leiria podem dar o exemplo em Portugal, inspirando outras localidades e as suas gentes, a abraçar a Transição como uma forma positiva de preparar o futuro das próximas gerações, oferecendo resiliência e optimismo, face a choques externos à comunidade.
OBJECTIVOS DO ENCONTRO
Consciencializar as pessoas para os limites aos crescimento,as alterações climáticas e a dependência da nossa Civilização dos combustíveis fósseis abundantes e baratos; Alertar para a insustentabilidade a médio/longo prazo dos actuais sistemas de produção, distribuição e consumo de bens e serviços; Identificar factores estruturais de mudança: redução energética, uma nova organização do espaço e das relações territoriais, sociais e económicas; Sugerir que estilos de vida com menor consumo energético, cuidado com o Ambiente, e sobretudo mais integrados nas comunidades locais, conduzem à subida dos níveis de bem-estar; Divulgar e sensibilizar para um conjunto de iniciativas em curso de estímulo à mudança de paradigma de desenvolvimento: as Iniciativas de Transição (Transition Towns): porquê, para quê e como?; Partilhar boas práticas existentes que estão de acordo com espírito da Transição no contexto português; Discutir a ideia do desenvolvimento de uma Iniciativa de Transição-piloto no concelho de Pombal: que ameaças e oportunidades, a definição de um conceito, a identificação de parceiros, a dinamização de um grupo de trabalho."

terça-feira, 9 de março de 2010

Bill Gates e a energia nuclear "limpa"

Bill Gates esteve no mês passado a dar uma conferência no grupo TED sobre uma nova forma de energia nuclear. Trata-se de um reactor designado "Traveling Wave Nuclear Reactor" (ou Reactor Nuclear "Limpo") e baseia-se na geração de energia eléctrica tendo como matéria prima principalmente urânio empobrecido, embora precise de uma parte de urânio enriquecido para a fase inicial do processo. Prevê-se que o reactor, que funcionará totalmente em circuito fechado e enterrado, possa gerar energia durante 50 a 100 anos, consumindo os próprios resíduos. O projecto, designado TerraPower, está a ser desenvolvido pela empresa de investigação em energia Intellectual Ventures, na qual Bill Gates é o principal investidor. A tecnologia da Microsoft tem sido aliada com super-computadores para projecto e simulação do reactor. Bill Gates diz que acredita ser a solução para conseguir zero de emissões de CO2 até 2050, mas serão ainda precisos 10 a 15 anos para poder passar a uma realidade. Ver mais aqui (em português) ou aqui (em inglês). Concorde-se ou não, vale a pena ouvir o discurso de Gates. É pena não estar legendado, mas mesmo assim percebe-se bastante bem.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Flordelis

Através da revista Única, do semanário Expresso desta semana, dedicado à Mulher, soube da história de Flordelis dos Santos, uma brasileira de 48 anos, mãe de 50 filhos com idades entre os 2 e os 34 anos, dos quais 4 são biológicos.

Flordelis nasceu e cresceu na favela de Jacarezinho, do Rio de Janeiro, filha de pastor evangélico e mais tarde pastora ela própria. No início da década de 90, Flordelis resgatou 5 adolescentes do tráfico e consumo de drogas. Em Fevereiro de 1994, na sequência do massacre de meninos de rua na Central do Brasil, os sobreviventes, 37 crianças e adolescentes, dos quais 14 bebés, bateram à sua porta à procura de ajuda. Tendo sido acusada de sequestro, os problemas com a Justiça e com a Polícia levaram-na a fugir com as crianças por várias vezes, para não as ter de entregar. (Ver mais aqui: Revista Ragga)

Li a sua história de coragem e solidariedade, e pensei que a vida dela dava um filme. Pesquisei na internet, e verifiquei que deu mesmo. Estreou em Outubro de 2009, no Brasil, o filme “FLORDELIS – Basta uma palavra para mudar”, que conta a história desta missionária evangélica, produzido por Marco António Ferraz e Anderson Corrêa ( aqui o trailer). Quanto à qualidade do filme, não vi e não faço ideia, mas os críticos não gostaram.

Escolhi esta história para assinalar o Dia Internacional da Mulher. Porque esta mulher fez a diferença para muitas crianças. Crianças que hoje estariam mortas ou estariam a cometer crimes.

domingo, 7 de março de 2010

Permacultura Mais Cedo ou Mais Tarde

Dia 8 de Março, entre as 15 e as 16 horas, Maurício Umann será o entrevistado do jornalista João Paulo Meneses, no programa Mais Cedo ou Mais Tarde, na TSF, num programa dedicado à Permacultura. Maurício Umann, nascido no Brasil, dedica-se em Portugal à Permacultura desde 2005, partilhando as suas experiências através do blogue O FOJO.

Se não ouviu em directo, ouça agora aqui neste link à TSF.


sexta-feira, 5 de março de 2010

Uma visão do futuro - Transição

Transcrevo aqui um excerto do livro referido abaixo sobre a transição. Em breve voltarei ao tema.

"A visão ecologista sublinha que a transição para a sustentabilidade implica que as pessoas passem a actuar como cidadãos socialmente responsáveis (não apenas como consumidores que se autogratificam) e que cultivem o cuidado para com os seus vizinhos próximos e distantes.
(...)
Numa sociedade global sustentável os preços dos bens e dos serviços deverão reflectir a «pegada ecológica» e social das actividades económicas, e o princípio da precaução deverá tornar-se uma espécie de regra sagrada da gestão e da ciência. As questões da equidade, nomeadamente as que estão relacionadas com a melhoria do bem estar das pessoas e dos ecossistemas, dominarão sobre as regras clássicas de eficiência na determinação do valor, na avaliação do risco, e na análise do custo/benefício. Os cidadãos deverão envolver-se nos processos de governação, de forma a terem uma palavra a dizer em todas as fases da transição. Nesta concepção, um governo sustentável assumirá uma forma essencialmente colectivista e talhada para o cuidado dos bens globais comuns, tais como os santuários naturais e as zonas de especial interesse ecológico."

Valdemar J. Rodrigues
, em "Desenvolvimento Sustentável - uma introdução crítica", Parte I - Escolas e correntes de pensamento da questão ambiental- A perspectiva da ecologia e a hipótese de Gaia, Editora Principia, 2009

quarta-feira, 3 de março de 2010

Não duvide

"Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas motivadas e comprometidas possa mudar o mundo. Na verdade é a única coisa que o faz."


Margaret Mead
(antropóloga americana, 1901 - 1978)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Declaração de Cidadania Global

Através do blogue brasileiro "Planeta Sustentável", encontrei a Declaração de Cidadania Global na rede Neo.org, uma rede social de pessoas com vontade de mudar a nossa realidade, onde expressam ideias e se comprometem a respeitar a Declaração e agir de alguma forma no sentido de melhorar o mundo. A declaração encontra-se no site em diversas línguas, incluindo em português do Brasil. Tive a ousadia de adaptar para português de Portugal, mas como não sou entendida na matéria agradeço que quem quiser e puder, o corrija ou melhore. O site Neo.org agradece o envio de traduções. Neo.org pertence e é operado pelo Neo Stiftung Institute, fundação sem fins lucrativos, independente e neutra, do Cantão de Appenzell, Suíça.


"Declaração de Cidadania Global
  • Considerando que somos todos do planeta Terra e que estamos ligados uns aos outros como nunca antes estivemos;
  • Considerando que muitos dos nossos actuais sistemas sociais demonstram sinais de degradação ou colapso e produzem impactos negativos ao meio-ambiente e em pessoas de todo o mundo;
  • Considerando que se tornou claro e evidente para um número cada vez maior de pessoas que precisamos reequacionar as premissas fundamentais da nossa visão colectiva do mundo e adoptar novos paradigmas de pensamento (Einstein);
  • Considerando que nós, Homo sapiens, ainda não atingimos nosso potencial máximo como espécie, e ansiamos por uma comunidade global de afirmação da vida, pacífica, sustentável e gratificante;
  • Considerando que as grandes transformações sociais têm origem na poderosa linguagem explícita (A Declaração de Independência dos Estados Unidos, A Carta Magna) e que as verdadeiras mudanças partem de pequenos grupos de cidadãos preocupados e comprometidos (Mead);
Nós, abaixo-assinados, declaramos que é nosso direito inviolável comprometermo-nos obedientemente aos seguintes princípios:
  • Sermos cidadãos da Terra responsáveis, assim como cidadãos legais das nossas nações;
  • Empenharmo-nos para que todas as pessoas vivam em paz, liberdade e tenham suas necessidades básicas atendidas;
  • Adoptarmos a filosofia da "Nave Terra" (Spaceship Earth) que reconhece que os nossos destinos estão inevitavelmente interconectados com todas as outras pessoas (Fuller);
  • Abraçarmos o princípio de que todas as pessoas são criadas igualmente, merecendo o mesmo respeito, confiança e dignidade, independente de suas posições ou estatutos;
  • Sermos responsáveis pela qualidade de vida das gerações futuras;
  • Sermos defensores da justiça social, da sustentabilidade ambiental e da realização espiritual para todos;
  • Abordarmos as nossas vidas e o nosso trabalho com uma atitude de interdependência, sendo individualmente responsáveis por nós e pelas nossas comunidades, ao mesmo tempo em que contamos com os outros para manter um “todo” sustentável;
  • Desafiarmos o "status quo" e suas instituições, lideranças e formas, quando estas falharem no serviço à sociedade em geral;
  • Criarmos novas estruturas e apoiarmos novos líderes quando necessário, para atender as necessidades do mundo;
  • Agirmos com integridade em tudo o que fazemos, exigindo o mesmo dos nossos companheiros cidadãos globais com os quais compartilhamos a interdependência;
  • Defendermos estas atitudes, filosofias e acções, ou similares, com base nas premissas de cidadania global interdependente, de forma que os outros as adoptem como suas.
O Pacto
Portanto, nós, abaixo-assinados, declaramos e prometemos publicamente e uns aos outros honrar estes princípios, decididos e comprometidos como mulheres e homens íntegros, compartilhando a obrigação solene de cidadania global."

Este é um "post" em que espero sinceramente a vossa colaboração: por favor, comentem, e digam se assinariam esta declaração. Se não, por favor digam porquê.