segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sobre a COP16

De  29 de Novembro a 10 de Dezembro, ocorreu, em Cancún, no México, a COP16 -16ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas

Como resumo do que se lá passou, pode-se ver/ouvir os primeiros 5 minutos do vídeo disponível no site brasileiro Cidades e Soluções.

O resumo da Quercus encara o resultado da cimeira com algum optimismo:
"Negociações climáticas retomam o caminho depois do desaire em Copenhaga. Os líderes deixaram Copenhaga para trás e colocaram as negociações do clima novamente nos eixos. Devolveram alguma confiança e começaram a construir um espírito de colaboração em varias áreas. Os países avançaram alguns passos em direcção a um verdadeiro acordo climático, e há novos países a emergir como lideres."

Por outro lado, o resumo da Greenpeace Brasil dá conta de alguns avanços, mas muito insuficientes:
"Os mais de 190 países reunidos em Cancún na COP16, deram alguns passos importantes mas insuficientes para se recuperar do fracasso da conferência anterior e avançar na negociação de um acordo global de redução das emissões de gases de efeito estufa. Os avanços conquistados – a criação de um “fundo verde”, voltado para os países em desenvolvimento, e a manutenção do processo multilateral de negociação – não respondem ao desafio maior: reduzir consideravelmente, e de forma consistente, as emissões."
E a conclusão, deixa mesmo qualquer réstia de optimismo afogada em Cancún:
"O fato de o Protocolo de Kyoto não ter morrido, a despeito do esforço de alguns países para fazê-lo, é uma vitória vazia enquanto números audaciosos, que respondam ao desafio, não forem colocados na mesa.
Nessa conferência, quando o que está em jogo é o futuro do mundo, prevaleceram a falta de liderança e vontade política necessárias para que os países deem um passo além de Kyoto e equacionem um acordo global. Sem ele, cada nação continuará a olhar para seu próprio umbigo, emitindo gases-estufa sem controle, a seu bel prazer.
Cada ano que passa sem definição é um passo mais próximo das mudanças climáticas perigosas. O trabalho dos negociadores, portanto, se perde no mar de Cancún.
Fica claro que o destino do planeta está cada vez mais nas mãos da sociedade. A ela foi jogada a responsabilidade de construir um futuro sem desmatamento, com energias limpas, mais justiça e com uma economia verde. A bola está conosco."

Nem a propósito, o seguinte texto, extraído do livro "O Sétimo Selo", de  José Rodrigues dos Santos, que se refere à Conferência de Quioto, em 1997, até parece que se poderia aplicar à COP15, à COP16,...:
«"Mas houve alguns peritos que participaram nessa conferência e que se aperceberam de que tudo aquilo não passava de fachada. Por pequenos pormenores de conversas entre delegações e pela forma como cada delegação enunciava generosas intenções gerais, mas evitava comprometer-se em medidas específicas que envolvessem custos, esses especialistas chegaram à conclusão de que, na hora da verdade, os políticos iriam roer a corda e adiar o problema, atirá-lo para os seus sucessores."»

Assim, e não desprezando o importante  trabalho das ONGA's e de alguns políticos verdadeiramente empenhados, uma coisa é certa: não podemos esperar que sejam os líderes mundiais a tratar das reduções de emissões, pois a bola está mesmo do nosso lado, já que a maioria deles, nem à defesa sabe jogar este jogo decisivo para o futuro. O jogo deles é outro, e joga-se com dólares, armas e petróleo.

6 comentários:

  1. Parabéns à Manuela.... Parabéns à Manuela...
    Então! Custou mas foi...
    Por momentos pensei que ia escrever que COP16=Êxito!

    Só há um grande contra nesta hipótese de sermos NÓS a fazer: a Grande Maioria nem sequer sabe o que se passa. E como NÓS não controlamos (estou a aprender!!!) os megafones (aka meios de comunicação social das Grandes Massas) provavelmente nunca teremos hipótese de conseguir isso...
    O caminho é lógico: É O OPOSTO DO QUE ATÉ AGORA TEMOS SEGUIDO... mas como somos poucos e o Sistema não é sustentado por poucos...

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  2. Sei que não devemos perder as esperanças, mas estou já um pouco desacreditada, pois de tanta conversa sai muito pouco resultado. Enfim...vamos continuar com esperança de que de tanto insistir os governantes caiam na realidade e, claro, nós também temos de fazer a nossa parte. Um beijinho
    Emília

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  3. Não nos resta mais nada mesmo a não ser continuar a divulgar e a abanar consciências adormecidas (hipnotizadas pela sociedade de consumo), mesmo não acreditando que as coisas mudem radicalmente. Se se tem consciência dos problemas, não há maneira de não fazer a nossa parte, ou seja, "incomodar" um bocado os ignorantes por conveniência.
    Num mundo aonde se faz guerra para se obter lucros, não se espera muita coisa dos governantes.
    Um abraço a todos... :((

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  4. Ou começamos agora a mudar, enquanto ainda temos tanta natureza, e realmente mudamos o rumo e preservarmos o que ainda de bom existe, ou mais para a frente, por escassez dos recursos naturais, não conseguiremos viver, a não ser deste modo, mas com muuuuito menos e devido á escassez, será ainda mais difícil viver com harmonia.

    Porque é que as Sociedades Entram em Colapso: ver nesta palestra TED

    http://incitador.blogspot.com/search/label/Sociedade

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  5. O comentário acima é para o post a seguir
    "Pode a Permacultura Mudar o Mundo?"
    Enganei-me...

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  6. Voz, Emília e Ana Teresa

    O fracasso pelo menos parece ter sido menor que em Copenhaga, o que já não é mau de todo...
    O problema está sobretudo em dois países: a China e os Estados Unidos. Juntos têm 60% das jazidas de carvão... e não querem abrir mão de serem as super-potências económicas: a economia à frente da sobrevivência ou o suicídio colectivo!
    Já pouca esperança tenho num acordo que seja ambicioso (com metas a sério), justo (para os países mais pobres) e vinculativo (serem obrigados a atingir as metas)...
    Resta-nos fazer a nossa parte, que a deles, infelizmente, não podemos!

    Obrigada

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