terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Para Salvar o Planeta Livrem-se do Capitalismo"

No próximo dia 19 de Novembro às 17.30, no Anfiteatro 3.1 da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, decorrerá a Conferência "Para Salvar o Planeta Livrem-se do Capitalismo", por Hervé Kempf, jornalista e escritor.

O seguinte texto foi transcrito do site do CES - Centros de Estudos Sociais, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra:

"Um outro mundo é possível, é indispensável e está ao nosso alcance. O capitalismo, após um reinado de 200 anos, entrou numa fase letal, gerando ao mesmo tempo uma grave crise económica e uma crise ecológica de proporções históricas. Para salvar o planeta devemos descartar-nos do capitalismo e reconstruir uma sociedade onde a economia não seja rainha, mas uma ferramenta. Onde prevaleça a cooperação sobre a concorrência, e onde o bem comum seja mais importante do que o lucro. O futuro não reside na tecnologia, mas num novo arranjo das relações sociais. A convicção e a celeridade com que exigirmos maior solidariedade humana é o que vai fazer a diferença. É esta a mensagem veiculada pelo jornalista francês Hervé Kempf, que a 19 de Novembro dará uma conferência na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra intitulada «Para Salvar o Planeta Livrem-se do Capitalismo», precisamente o título do seu mais recente livro(2009).

O autor explica como o capitalismo se transformou ao longo dos anos de 1980 ao conseguir impor o seu modelo comportamental individualista, marginalizando as lógicas colectivas. Ora para sair daí torna-se forçoso desmontar o condicionamento psíquico em que aquele modelo assenta.

A oligarquia no poder procura desviar a atenção do público para o desastre iminente fazendo crer que a tecnologia tudo pode fazer, inclusive evitá-lo. Esta ilusão mais não pretende que perpetuar o actual sistema de dominação. Como ilustram as reportagens demonstrativas realizadas pelo autor do livro, o futuro não está na tecnologia, mas antes em novas práticas no relacionamento social entre indivíduos e grupos.

Nota biográfica
Hervé Kempf, autor de vários livros sobre o capitalismo e a crise ecológica global, é director da revista Reporterre e editor do ambiente no diário francês Le Monde. É autor de «Comment les riches détruisent la planète» (Seuil, 2007) e de «Pour sauver la planète, sortez du capitalisme» (Seuil, 2009), duas obras que mostraram que a crise social e a crise ecológica são indissociáveis. Estas duas obras são êxitos editoriais com, respectivamente, 57 000 e 25 000 exemplares vendidos e traduções para português, inglês, espanhol, italiano, árabe, japonês, etc. "

14 comentários:

  1. Oi Manuela,

    Grande tema esse dessa postagem.
    A idéia explorada no texto do Hervé Kempf está totalmente alinhada com as opiniões consensuais emitidas no Seminário Internacional de mudança climática, por grandes nomes também, que versaram sobre a necessidade da criação de um novo modelo de desenvolvimento, pois o nosso está falido. Eu tive a oportunidade de poder participar de 1/4 do evento e fiz uma cobertura parcial no meu blogue.

    Deixaram claro também que não será a tecnologia o ator principal dessa mudança, será justamente novas práticas no relacionamento social entre indivíduos e grupos.

    Acho que você vai gostar das notas que fiz lá dê uma olhada:
    http://www.zonadeequilibrio.com.br/2010/11/notas-do-seminario-internacional-de.html

    Aproveita e dê uma olhada no meu projeto/campanha:
    http://www.zonadeequilibrio.com.br/p/ajuda-voce-ajudar.html

    Conto com sua ajuda,

    Abraços
    Apoena

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  2. Olá, Manuela; boa tarde!

    De vez em quando dou à costa, e hoje cá estou de novo.

    Independentemente da explicação que cada um possa encontrar para o falhanço do sistema que nos tem des -governado nas última décadas, especialmente a partir da 2º metade do século passado, a verdade - que já não se consegue esconder - é a de que falhou.
    Enveredámos pelo caminho errado; o mundo deixou de ser governado pelos eleitos, passando sê-lo por quem está por detrás deles ... e sempre com o dinheiro por detrás.
    O Estado, tal como o conhecíamos, perdeu poder, e já não manda, passando a ser mandado por quem detém o verdadeiro poder, os donos dinheiro.E a lógica de funcionamento deles é primária - e também cega: apenas a de fazer mais dinheiro...

    Bem precisamos de por fim a este modo de vida, ditado pelos "senhores" do dinheiro.

    Um abraço.
    Vitor

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  3. Olá Apoena

    Não fiz um comentário ao texto resumo que transcrevi, mas concordo com as ideias de Kempf, pelo menos pelo pouco que li.
    O capitalismo colou-nos nesta situação de insustentabilidade ambiental, económica e social. E o pior, é como diz, há grandes empresas e produtos que agora se querem rotular de "verdes" com o objectivo de continuar a maximizar lucros e manter o capitalismo alimento os gordos e emagrecendo os magros.

    Visitei os seus links, já sabe que gosto do seu blogue :)
    Quanto ao ajudar para ajudar, suponho que se destina a divulgar produtos e empresas REALMENTE amigos do ambiente e que buscam sustentabilidade, quando posso e sei, divulgo por aqui, embora não tenha propriamente uma lista.

    Estou a pensar criar uma lista é no meu outro blogue (http://www.famalicaomelhor.blogspot.com/), de natureza local, mas ultimamente tenho tido pouco tempo livre, pois trabalho noutra área, e sobra pouco... de modo que o outro blogue está um pouco parado...

    Parabéns pelo seu trabalho e empenho, e obrigada pela visita :)

    Um abraço

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  4. Caro Vítor Chuva

    Estou 100% de acordo consigo! O sistema falhou redondamente, o fosso entrericos e pobres aumenta que até faz doer a alma, os governos alimentam a máquina capitalista dominada pelas grandes corporações, e os políticos, ou não são sérios, ou são cegos de todo!

    Precisamos de mudar isto. Para já, vamos mudando nossas atitudes, tentando abrir os olhos a quem nos rodeia... mas o processo é muito lento, e o colapso do sistema está eminente: será nesta década ou na próxima? eis a questão.

    Espero que as comunidades locais comecem a organizar-se para começar a Transição, a exemplo do que acontece noutros países, e também em Pombal, em Paredes,...

    Mudar para uma vida simples, abolir os luxos, partilhar, valorizar a comunidade, diminuir os consumos energéticos, reduzir o consumo, respeitar a natureza... este é o caminho para fazer frente aos "senhores" do dinheiro!

    Obrigada pelo seu contributo e um abraço

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  5. Boa Tarde, Manelinha

    [...] “onde a economia não seja uma rainha, mas uma ferramenta”
    Rainha que tudo pretende subjugar, invertendo as situações: o ser humano é que passou a ser a ferramenta que facilmente se põe de lado, quando é causa de empecilho à marcha triunfal dos lucros, não lhe parece?

    Um beijinho
    Alda

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  6. Olá amiga D. Alda

    Claro que parece! Subscrevo o texto transcrito e subscrevo o que diz no seu comentário.

    Os seres humanos cada vez mais têm sido ferramentas e "moeda" no mega jogo do monopólio (que nunca joguei...) em que as grandes corporações sem rosto e ávidas de lucro transforam a sociedade.

    Obrigada pela visita e beijinhos :)

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  7. Excelente tema, e que pena não poder ir a Coimbra para assistir.
    Este sim, é um evento que merecia todos os holofotes sobre ele, ao contrário dessa tal conferência da NATO que nos deve ir custar mais uns valentes "cobres".

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  8. Olá,
    Á partida, este comentário não teria a ver com este post...mas tem e muito.
    Fico indignada com o que tem acontecido por causa da cimeira. As pessoas estão a ser impedidas de se manifestarem, de entrarem em portugal (c/ p minúsculo mesmo). Medo do terrorismo? Porque será que as pessoas estão tão descontentes??? Isto vai de mal a pior...fico chocada com esta ditadura disfarçada de democracia. Está a galgar cada vez mais terreno e qq dia não haverá volta a dar. (como sempre ainda tenho esperança)
    Se eu estivesse desse outro lado, com certeza que me juntaria a protestos que espero que aconteçam e muitos.
    Abraço

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  9. Nem para salvar o semelhante nos livramos do Capitalismo... quanto mais para salvar o Planeta... O Planeta é que irá arranjar forma de se salvar de Nós!!!

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  10. Pois é Eduardo, eu também gostaria de ter podido ir...
    Quanto ao resto, bem sabe o jornalismo mediático que temos por cá... falam sempre do mesmo, todos do mesmo, e omitem demasiado do que verdadeiramente interessa. Uma palhaçada...

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  11. Olá Ana

    Eu também vi as notícias, e fiquei surpreendida com as restrições... impressionou-me aquela camioneta cheia de finlandeses que fizeram mais de 4 mil quilómetros para fazerem uma manifestação contra a NATO, pacífica, presumo, pois parece que apenas encontraram cartazes e faixas ("material anti-NATO"), e tiveram de voltar para trás...
    Compreendo as medidas de segurança no que respeita ao controle de armas, acho muito bem, mas isto é um exagero!
    Abraço

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  12. Voz, eu bem sei que livrarmo-nos do capitalismo não vai ser nada fácil... está de tal modo enraizado nas pessoas, que são meros instrumentos (faz-me lembrar a "soma" do Admirável Mundo Novo) e nem dão por isso...
    Em último caso, o planeta tratará do assunto, sem dúvida!

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  13. É inegável que o tópico de procurar alternativas ao capitalismo tem enorme actualidade e pertinência. Há pelo menos umas boas largas centenas de razões para isso. Para "salvar o planeta" é que me parece um motivo no minimo rebuscado. O dito já girava muito antes do capitalismo e decerto vai continuar a girar muito para além do prazo de validade dos ultimos restos fossilizados dos humanos. Tenho sérias dúvidas de que a ecologia necessite de ser lida numa chave ideologica. Há nesta passagem para a politica pressupostos filosóficos que possivelmente seriam melhor alimentados pela tradição do pensamento asiático ( Kong Fuzi, Lao Tzé )que põem a ênfase no percursso em detrimento dos destinos.
    Cumprimentos pelo espaço.

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  14. Manuel Rocha

    Penso que tem razão, o "planeta" livra-se de nós quando quiser...

    De facto, tem-se falado muito em "salvar o planeta" como uma forma de expressão que tanto pode significar "salvar a natureza" (normalmente as espécies vivas, a biodiversidade, mas também as paisagens), ou então "salvar a humanidade", querendo com isto assumir que as nossas agressões ao planeta, à natureza, acabarão por nos afectar, à nossa espécie, trucidando muitas outras espécies pelo caminho.

    Eu tenho muitas dúvidas também, mas uma coisa me parece certa: a ideologia, o sistema económico e político, ou seja a acção "socio-economico-política" dos humanos está a colocar a natureza, tal como a conhecemos, em risco.

    O planeta poderá continuar a existir muitos milénios, mas o capitalismo é sem dúvida um factor (se não "o factor") de aceleração da destruição do equilíbrio que existe no planeta desde que a espécie "homo sapiens" por cá anda.

    E é pena que toda esta natureza tão bela que nos rodeia seja destruída... como é pena que a ganância nos leve à auto destruição...

    Obrigada pela visita e pela participação

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