segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Estado do Mundo 2010 - Ascensão e queda das culturas de consumo

O relatório do Estado do Mundo 2010 - Transformando Culturas - Do Consumismo à Sustentabilidade, produzido pelo World Watch Institute,  foi  traduzido para português (do Brasil) pelo Instituto Akatu  e está disponível para download na respectiva página.

Os parágrafos que transcrevo a seguir são extractos do capítulo "Ascensão e Queda das Culturas de Consumo", por Erik Assadourian

"...
O consumo teve um crescimento tremendo nos últimos cinquenta anos, registrando um aumento de 28% em relação aos US$ 23,9 trilhões gastos em 1996 e seis vezes mais do que os US$ 4,9 trilhões gastos em 1960 (em dólares de 2008). Parte desse aumento é resultante do crescimento populacional, mas o número de seres humanos cresceu apenas a uma razão de 2,2 entre 1960 e 2006. Sendo assim, os gastos com consumo por pessoa praticamente triplicaram.
Como o consumo aumentou, mais combustíveis, minerais e metais foram extraídos da terra, mais árvores foram derrubadas e mais terra foi arada para o cultivo de alimentos (muitas vezes para alimentar gado, visto que pessoas com patamares de renda mais elevada começaram a comer mais carne). Entre 1950 e 2005, por exemplo, a produção de metais cresceu seis vezes, a de petróleo, oito, e o consumo de gás natural, 14 vezes. No total, 60 bilhões de toneladas de recursos são hoje extraídas anualmente – cerca de 50% a mais do que há apenas 30 anos. Hoje, o europeu médio usa 43 quilos de recursos diariamente, e o americano médio, 88 quilos. No final das contas, o mundo extrai o equivalente a 112 edifícios Empire State da Terra a cada dia. 
A exploração desses recursos para a manutenção de níveis de consumo cada vez mais altos vem exercendo pressão crescente sobre os sistemas da Terra, e esse processo vem destruindo com grande impacto os sistemas ecológicos dos quais a humanidade e incontáveis outras espécies dependem.
 ...
E a mudança climática é apenas um dos muitos sintomas de níveis excessivos de consumo. A poluição do ar, a destruição média de 7 milhões de hectares de floresta por ano, a erosão do solo, a produção anual de mais de 100 milhões de toneladas de dejetos perigosos, práticas trabalhistas abusivas movidas pelo desejo de produzir bens de consumo em maior quantidade e a preço mais baixo, obesidade, estresse crescente – a lista poderia continuar indefinidamente. Todos esses problemas são quase sempre tratados em separado, ainda que muitas de suas raízes remontem aos atuais padrões de consumo. 
Além de serem acima de tudo excessivos, os níveis de consumo moderno são altamente enviesados, e, entre os ricos, assumem responsabilidade desproporcional pelos males ambientais de nossos dias.
 ...
O consumismo está hoje infiltrado de modo tão absoluto nas culturas humanas que, por vezes, fica até difícil reconhecê-lo como uma construção cultural. Ele dá a impressão de ser simplesmente natural. Mas, de fato, os elementos culturais – linguagem e símbolos, normas e tradições, valores e instituições – foram profundamente transformados pelo consumismo em sociedades do mundo todo. De fato, “consumidor” hoje em dia é com frequência usado como sinônimo de pessoa nos 10 idiomas mais usados no mundo, e seria plausível pensar em um número bem maior.
...
O consumismo também está afetando os valores das pessoas. A crença de que mais riqueza e mais posses materiais são essenciais para se chegar a uma vida boa aumentou de modo surpreendente em muitos países nas últimas décadas. Uma pesquisa anual com alunos de primeiro ano de faculdades nos Estados Unidos investigou durante mais de 35 anos as prioridades de vida dos alunos. No transcorrer desse tempo, a importância atribuída a ter boa situação financeira aumentou, enquanto a importância atribuída à construção de uma filosofia de vida plena de sentido diminui.
 ...
Talvez a crítica mais forte às escolas seja o fato de que elas representam um enorme desperdício de oportunidade para combater o consumismo e educar alunos em relação a seus efeitos sobre as pessoas e o meio ambiente. Poucas escolas ensinam educomunicação para ajudar os alunos a interpretar o marketing; poucas ensinam ou servem de modelo de alimentação adequada, inclusive ao propiciarem acesso a produtos de consumo não saudáveis ou não sustentáveis; e poucas ensinam uma compreensão básica das ciências ecológicas, em especial, que a espécie humana não é distinta e que, para sobreviver, é tão dependente de um sistema terrestre que funcione quanto qualquer outra espécie. A falta de integração desse conhecimento básico ao currículo escolar, aliada à repetida exposição a bens de consumo e publicidade, além de um lazer voltado em grande parte à televisão, ajuda a reforçar a ideia fantasiosa de que os seres humanos estão separados da Terra e a ilusão de que o aumento perpétuo de consumo é ecologicamente possível e mesmo vantajoso.
 ...
Um grande número de movimentos sociais está começando a se formar para, direta ou indiretamente, tratar de questões de sustentabilidade. Centenas de milhares de organizações estão trabalhando, não raro por conta própria e sem se conhecerem, muitos aspectos essenciais referentes à criação de culturas sustentáveis – como justiça social e ambiental, responsabilidade corporativa, recuperação de ecossistemas e reformagovernamental. “Esse movimento anônimo é o mais diversificado que o mundo já testemunhou”, explica o ambientalista Paul Hawken. “Creio que a própria palavra movimento seja muito limitada para descrevê-lo”. Juntos, eles têm o poder de redirecionar o ímpeto consumista e oferecer uma visão de um futuro sustentável que interessa a todos. As iniciativas para que se estimule trabalhar menos e viver de modo mais simples, o movimento Slow Food, Cidades em Transição e ecovilas estão inspirando as pessoas e conferindo-lhes poder de participação para que redirecionem as próprias vidas e amplos setores da sociedade rumo à sustentabilidade . 
 ...
Talvez em um ou dois séculos, ações abrangentes para liderar uma nova orientação cultural não sejam mais necessárias, quando as pessoas tiverem internalizado muitas dessas novas ideias, enxergando a sustentabilidade – e não o consumismo – como “natural”. Até então, redes de pioneiros culturais serão necessárias para impelir as pessoas proativa e intencionalmente a acelerar essa mudança. A antropóloga Margaret Mead é muitas vezes citada por dizer: “Jamais duvide que um pequeno grupo de cidadãos comprometidos e sensatos consegue mudar o mundo. De fato, é a única atitude que sempre o mudou”. Com a interconexão de tantos cidadãos mobilizados, organizados e comprometidos em difundir um modo de vida sustentável, um novo paradigma cultural pode surgir, permitindo à humanidade viver vidas melhores e mais longas no futuro."


(Nota 1: negrito meu.  Nota 2: ver aqui as relações entre trilhão, bilhão, bilião em Portugal e no Brasil)

domingo, 28 de novembro de 2010

A crise e a injustiça da austeridade

Neste blogue apela-se à Transição para um modo de vida mais sustentável. Por isso, apela-se à redução do consumo, ao respeito pela natureza,.Apela-se a que se aproveite a terra para cultivo de alimentos de forma limpa (biológica) e com pouco consumo de energia. Apela-se à equidade social, à solidariedade, ao regresso à vida em comunidade, à justiça. Apela-se à simplicidade consciente.

Não há dúvida de que a natureza e o planeta não suportam a nossa acção excessivamente predadora, e que é preciso a acção consertada de todos numa mudança de estilo de vida. Mas estamos em crise económica e financeira. E ela vai agravar-se com o eminente pico do petróleo - quando há uma crescente e exponencial procura do "ouro negro" pelas economias emergentes e a diminuição das reservas mundiais. Não se apostando fortemente em energias renováveis e na redução do consumo energético, não há fuga possível a uma crise bem maior.

Urge tornarmo-nos independentes do petróleo. Mas o problema não é só a crise económica. É sobretudo a crise de valores que o actual e falso sistema financeiro alimenta, e que obriga sempre os mesmos, aqueles que não provocaram a crise, aqueles que menos podem, a pagá-la. E isto implica necessariamente o aumento  do fosso entre os ricos e os pobres, implica que a má e injusta distribuição de riqueza se agrave e que caminhemos no sentido perigoso do caos social.

Sem enveredar pelas questões ambientais ou de dependência de petróleo que por aqui se enfoca, o professor de economia Mark Blyth, dá uma explicação sobre crise e austeridade, fácil de entender:


sábado, 27 de novembro de 2010

Koyaanisqatsi - A Vida Fora de Equilíbrio

A palavra koyaanisqatsi tem origem na língua dos índios Hopi e quer dizer "vida desequilibrada", ou "vida louca". O filme, "Koyaanisqatsi, de 1983 é o primeiro da Trilogia Qatsi - as sequelas são Powaqqatsi (1988) e Naqoyqatsi (2002).


Koyaanisqatsi - A Vida Fora de Equilíbrio é um filme realizado por Godfrey Reggio, com música de Philip Glass, produzido por Francis Ford Coppola e Godfrey Reggio.

Apenas imagens e música. Sem palavras, sem comentários. Para reflectir.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Comprar, não comprar ou dar

Neste fim de semana (27 e 28 de Novembro) decorre mais uma campanha de recolha de alimentos do Banco Alimentar Contra a Fome nos supermercados e superfícies comerciais. 

"Os Bancos Alimentares Contra a Fome voltam a apelar à solidariedade dos portugueses para mais uma recolha de alimentos nos os dias 27 e 28 deste mês (sábado e domingo).

Os portugueses têm sabido responder com grande generosidade aos apelos do Banco Alimentar com a doação de alimentos, e a Campanha que decorre este fim-de-semana realiza-se num contexto particularmente difícil para as famílias, mas por mais pequena que seja a contribuição, muitas pessoas irão beneficiar dessa ajuda. Em 18 regiões do País (Lisboa, Porto, Coimbra, Évora, Beja, Aveiro, Abrantes, Setúbal, Cova da Beira, Leiria-Fátima, Oeste, Algarve, Portalegre, Braga, Santarém, Viseu, Viana do Castelo e ilhas de São Miguel e Terceira), cerca de 30 mil voluntários devidamente identificados estarão à porta de 1.147 estabelecimentos comerciais a convidar os portugueses a associarem-se a uma causa que já conhecem, doando as suas contribuições em alimentos.

O produto da Campanha será distribuído de imediato e localmente a pessoas com carências alimentares comprovadas através de mais de 1.800 instituições de Solidariedade Social previamente seleccionadas e acompanhadas ao longo de todo o ano por voluntários visitadores. Este modelo de intervenção permite uma grande proximidade entre quem dá e quem recebe e possibilita o desenvolvimento de um trabalho de inclusão social que vai para além do mero assistencialismo." (Fonte: Banco Alimentar)



Por outro lado, amanhã, dia 27 e último sábado de Novembro, é mundialmente assinalado o Dia Sem Compras (Buy Nothing Day), um dia para reflectir e repensar sobre os hábitos consumistas que tanto contribuem para a insustentabilidade das sociedades ditas "desenvolvidas".

Mais uma vez, relato aqui a infeliz coincidência da campanha do Banco Alimentar e do Dia Sem Compras. 

Apelo a todos, não apenas no Dia Sem Compras, mas todos os dias, que pensem antes de comprar. Que comprem apenas o que realmente precisam. Porque o que realmente precisam, para muitas pessoas, é muito menos do que o que julgam. É preciso é pensar antes de comprar. Porque se comprarem apenas o que realmente precisam, estarão a contribuir para uma sociedade mais sustentável, para uma exploração de recursos mais equilibrada e para uma menor produção de lixo.

E neste fim de semana, se realmente precisa de ir ao supermercado, aproveite para ajudar aquele número assustadoramente crescente dos que nem sequer precisam pensar se realmente precisam, porque precisam e não podem comprar, e contribua para o Banco Alimentar contra a Fome.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Regresso às origens

Não perca hoje, às 21.00h, o programa "Linha da Frente" na RTP1, subordinado ao tema "Regresso às Origens":

"Numa altura em que a crise coloca graves constrangimentos nos orçamentos das famílias portuguesas, a RTP foi à procura de gente que acautelou o futuro, mudando hábitos de consumo, comportamentos, no sentido de garantir um modo de vida auto-sustentável.
Histórias de pessoas que se tornaram mais felizes com menos.
Seguem os princípios da Permacultura, isto é, a cultura da natureza.
Nesta reportagem do Linha da Frente, acompanhamos o quotidiano de uma conhecida manequim dos anos oitenta, que deixou Lisboa e está instalada no Montijo.Mudou todos os seus hábitos.
Optou por uma vida ligada à natureza.
Tem um jardim comestível. Dedica-se à agricultura biológica.
E agora, quando tem de fazer compras, não faz grandes gastos.
Um casal que vive no centro de Lisboa, transformou o quintal do apartamento numa horta com dezenas de plantas e flores.
Durante uma parte do ano.Este casal vive do que produz na horta.
Histórias cruzadas que se ligam com a Loja do Vizinho, em Pombal. Um lugar de troca de produtos e objectos em segunda mão.
Regresso às Origens é um trabalho do jornalista Alberto Serra com imagem de Rui Rodrigues, Carlos Oliveira e Rui Cesar. Edição de Sérgio Tomás.
" (Fonte: RTP)

Nota posterior: já podem ver o documentário aqui.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Introdução à permacultura no norte

 Oficina Tractor de Galinhas

No próximo Domingo à tarde, dia 28, a Quercus Porto faz mais uma acção de Introdução à Permacultura, a Oficina Tractor de Galinhas
Participei na anterior Oficina Espiral de Ervas, e embora já tivesse uma noção (vaga) do conceito de Permacultura (não é fácil definir), o que mais gostei foi da aceitação do tema e entusiasmo por parte dos amigos que "levei", e que não estavam minimamente familiarizados com o assunto.

A esta oficina, já "levo" mais amigos, que espero se entusiasmem do mesmo modo. Neste momento em que escrevo, ainda há duas vagas.

Mais informações e inscrição no site da Quercus



No Domingo seguinte, dia 5 de Dezembro, também da parte da tarde, ocorrerá, no Fórum da Maia, o seminário sobre Permacultura  Portugal: Paraíso ou Deserto?.. por Sepp Holzer,  especialista em permacultura e agricultor de montanha austríaco

O seminário consistirá na visualização de um documentário, apresentações multimédia e palestra seguida de debate. Sepp Holzer falará em alemão mas haverá tradução para português.

Mais informações e inscrição no site da Quercus

Haverá também, em Lisboa, no sábado, dia 4 de Dezembro, um seminário subordinado ao mesmo tema, com Sepp Holzer (ver aqui).


E após estes seminários e introduções à permacultura, espero que em breve haja um curso intensivo de formação em Permacultura aqui pelo norte.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Contra a corrupção

A corrupção mina todos os dias a nossa confiança na democracia, nas instituições, na  justiça, na política, nas outras pessoas. A corrupção faz aumentar todos os dias o fosso entre ricos e pobres. Desde o grande "corrupto" que desvia grandes capitais, que suborna e se deixa subornar, até ao "jeitinho" ao amigo,  a corrupção premeia os que subvertem o sistema  a seu favor, deturpa e suga a economia, desmoraliza os honestos.

Para além de repensarmos os nossos valores e as nossas acções,  e de não participarmos nestes esquemas, podemos fazer algo mais contra a corrupção. Como por exemplo, assinar petições para uma legislação mais eficaz contra a corrupção. Ou denunciar.

Pode-se assinar a petição à Assembleia da República, on line desde o passado dia 13 de Outubro: Combate à corrupção através da consciencialização, informação, formação e educação, e que tem a seguinte redacção:

"Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República

A corrupção, por ser transversal e pelo modo como está disseminada e impregnada na sociedade portuguesa, afecta directamente e trava o desenvolvimento do país a todos os níveis. Todos os fenómenos e manifestações de corrupção – pequenos e grandes - prejudicam e lesam a nação: tornando a sociedade portuguesa menos fraterna e justa, e afectando a própria performance da democracia e exercício da cidadania dos portugueses. Importa definir exactamente o que é a corrupção, as suas razões e causas, como nos afecta e prejudica, e quão melhor poderá ser a nossa sociedade se a conseguirmos fazer diminuir.

Os signatários desta petição, conscientes de que a corrupção, nas suas várias manifestações, pode ser travada - principalmente pela informação, formação e educação - apresentam as seguintes propostas aos senhores deputados da assembleia da república, esperando que as possam discutir e propor:
•Uma sessão na Assembleia da República Portuguesa onde se debatam as raízes, os efeitos e as medidas para a diminuição dos fenómenos de corrupção (desde a pequena à grande corrupção);
•Criar campanhas de consciencialização e informação tendo como alvo todos os cidadãos, informando-os sobre o fenómeno da corrupção e suas implicações no estado da democracia e da sociedade portuguesa;
•Criar aulas de frequência obrigatória de cidadania para todos os anos de escolaridade onde se aborde e explane a temática da corrupção;
•Criar uma disciplina obrigatória em todos os cursos superiores de ética e deontologia profissional em que se aborde e explane a temática da corrupção. "

Stop Corruption - Assine a PetiçãoEstá também online uma petição europeia destinada a promover o combate à corrupção à escala global: STOP Corruption

"Como cidadão da União Europeia (UE), solicito que a Comissão Europeia e os Estados-Membros proponham legislação e avancem com mecanismos para lutar contra a corrupção em geral e, em particular, nas relações da UE com países terceiros."


Pode-se (e deve-se) denunciar os casos de fraude e corrupção, mas como, neste país de "brandos costumes", quem denuncia acaba sendo perseguido, ostracizado e tratado como criminoso, há agora pelo menos a hipótese de fazer uma denúncia anónima de casos de fraude e corrupção, através deste site do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) do Ministério Público.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Para Salvar o Planeta Livrem-se do Capitalismo"

No próximo dia 19 de Novembro às 17.30, no Anfiteatro 3.1 da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, decorrerá a Conferência "Para Salvar o Planeta Livrem-se do Capitalismo", por Hervé Kempf, jornalista e escritor.

O seguinte texto foi transcrito do site do CES - Centros de Estudos Sociais, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra:

"Um outro mundo é possível, é indispensável e está ao nosso alcance. O capitalismo, após um reinado de 200 anos, entrou numa fase letal, gerando ao mesmo tempo uma grave crise económica e uma crise ecológica de proporções históricas. Para salvar o planeta devemos descartar-nos do capitalismo e reconstruir uma sociedade onde a economia não seja rainha, mas uma ferramenta. Onde prevaleça a cooperação sobre a concorrência, e onde o bem comum seja mais importante do que o lucro. O futuro não reside na tecnologia, mas num novo arranjo das relações sociais. A convicção e a celeridade com que exigirmos maior solidariedade humana é o que vai fazer a diferença. É esta a mensagem veiculada pelo jornalista francês Hervé Kempf, que a 19 de Novembro dará uma conferência na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra intitulada «Para Salvar o Planeta Livrem-se do Capitalismo», precisamente o título do seu mais recente livro(2009).

O autor explica como o capitalismo se transformou ao longo dos anos de 1980 ao conseguir impor o seu modelo comportamental individualista, marginalizando as lógicas colectivas. Ora para sair daí torna-se forçoso desmontar o condicionamento psíquico em que aquele modelo assenta.

A oligarquia no poder procura desviar a atenção do público para o desastre iminente fazendo crer que a tecnologia tudo pode fazer, inclusive evitá-lo. Esta ilusão mais não pretende que perpetuar o actual sistema de dominação. Como ilustram as reportagens demonstrativas realizadas pelo autor do livro, o futuro não está na tecnologia, mas antes em novas práticas no relacionamento social entre indivíduos e grupos.

Nota biográfica
Hervé Kempf, autor de vários livros sobre o capitalismo e a crise ecológica global, é director da revista Reporterre e editor do ambiente no diário francês Le Monde. É autor de «Comment les riches détruisent la planète» (Seuil, 2007) e de «Pour sauver la planète, sortez du capitalisme» (Seuil, 2009), duas obras que mostraram que a crise social e a crise ecológica são indissociáveis. Estas duas obras são êxitos editoriais com, respectivamente, 57 000 e 25 000 exemplares vendidos e traduções para português, inglês, espanhol, italiano, árabe, japonês, etc. "

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Conferência “Energy for Smart Cities”

A conferência Energy for Smart Cities que decorrerá amanhã, 16 de Novembro no Centro de Congressos do Estoril, terá transmissão em directo via internet, e pode ser acompanhada aqui





Programa:

 09.30 - 10.30 SESSA0 DE ABERTURA
• António d’Orey Capucho, Presidente da Câmara Municipal de Cascais
• László Hubay Cebrian, Presidente da Fundação Cascais
• Eduardo Oliveira Fernandes, Presidente da Conferência
• Carlos Zorrinho, Secretário de Estado da Energia e da Inovação

10.30 - 11.15 CONFERENCIA INAUGURAL
Arquitectura para Cidades Inteligentes: On the romance of (day)light
• Alexandros Tombazis, Arquitecto

11.45 - 13.15 SESSAO PLENARIA
Cidades Inteligentes, Cidades do Futuro
• Pedro Ballesteros, Pacto dos Autarcas
• Chiel Boonstra, Cidades Solares
• Nuno Vitorino, Consultor
• Diogo Vasconcelos, Cisco
• Miguel Stilwell de Andrade, EDP Distribuição

15.00 - 17.00 SESSOES PARALELAS
Sessões paralelas A – Planeamento Urbano e Energia
A1 – Energia e o Desafio na Construção
• Mattheos Santamouris, Universidade de Atenas & CRES e Susan Roaf, Univ. Heriot Watt University (coordenadores)
• Alexandre Fernandes, Adene - Agência para a Energia
• Constantino Cartalis, Universidade de Atenas & Deputado
• Pedro Montalvão, Mota-Engil
• Vitor Leal, MIT - Portugal & Universidade do Porto
A2 – Energia e Mobilidade Urbana
• Gonçalo Gonçalves, Câmara Municipal do Porto
• João Dias, Mobi-E
• José Manuel Viegas, IST, Universidade Técnica de Lisboa
• John Polak, Imperial College London
• Paulo Pinho, Universidade do Porto (coordenador)
• Tiago Farias, Universidade Técnica de Lisboa & EMEL
Sessão paralela B – Sistemas de Energia e Serviços Urbanos
• Jorge Vasconcelos, NEWES (coordenador)
• Christophe Hug, Tilia Umwelt
• João Peças Lopes, INESC
• José Ernesto d’Oliveira, Câmara Municipal de Évora
• Luís Marçal e Frederico Grases Rauter, SIEMENS
• Lorenzo Spadoni, A2A
• Miguel Moreira da Silva, Itron
Sessão paralela C – Governança da Energia e Gestão nas Cidades
• Eduardo de Oliveira Fernandes, Universidade do Porto (coordenador)
• Álvaro Martins, ISEG, Universidade Técnica de Lisboa
• Carlos Carreiras, Câmara Municipal de Cascais
• Chiel Boonstra, Tredocome & Cidades Solares
• Paulo Ferrão, MIT - Portugal
• Roberto Pagani, Politecnico di Torino
17.00 - 18.00 SESSAO DE ENCERRAMENTO

Site oficial: www.energy4smartcities.org , Contacto: secretariado@fundacaocascais.pt

sábado, 13 de novembro de 2010

Aung San Suu Kyi libertada

Finalmente uma boa notícia vinda da Birmânia: Aung San Suu Kyi foi finalmente libertada. Na notícia da AFP, consta o seguinte: «A Junta Militar de Mianmar não exigiu nenhuma condição para a libertação da dissidente birmanesa Aung San Suu Kyi. ... Segundo a televisão birmanesa, Aung San Suu Kyi foi libertada por boa conduta. Ela comportou-se bem", e "obteve anistia pela totalidade da pena»

Convinha à Junta Militar de Mianmar que ela estivesse presa pelo menos até às eleições, pouco justas e muito pouco credíveis, que ocorreram há menos de uma semana (claro!). Convinha-lhes também arranjar "motivos" para dissolver o seu partido de Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (LND). E ainda falam como se tivessem sido "generosos"... é preciso ter lata...

O que importa agora é que Aung San Suu Kyi está livre, e com certeza, como lutadora que é, continuará a lutar pela liberdade na Birmânia (Mianmar).

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Limpar Portugal vence Green Projects Award

O Projecto Limpar Portugal foi o vencedor dos Green Project Awards 2010, na categoria de Campanha de Comunicação. Os outros vencedores foram o Município de Óbidos com o projecto Óbidos Solar, na categoria de Produto ou Serviço, e a Industrial Farense, com o projecto Valoralfa, na categoria Investigação e Desenvolvimento.

Parabéns a todos os vencedores, mas em especial aos mentores do Limpar Portugal, Paulo Torres, Nuno Mendes e Rui Marinho, e aos mais de 100 mil voluntários que limparam as florestas portuguesas no dia 20 de Março de 2010!

Mais informações em Green Savers, LXSustentável e Público.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A História dos Electrónicos - The Story of Electronics

Já pensou porque razão é tão difícil arranjar peças, quando o seu computador, o seu telemóvel ou outro aparelho electrónico avariam, ou porque tantos avariam pouco depois de a garantia ter acabado? Acha que é azar, ou que o software desenvolveu tão depressa que o antigo hardware não acompanha? Acha que é coincidência? Não, provavelmente não. Provavelmente os seus aparelhos foram projectados precisamente para durar pouco, para que você compre mais, alimentando a cadeia de ganância que (des)regula o mercado. Mas veja o novo vídeo da Annie Leonard sobre A História dos Electrónicos (The Story of Electronics) para perceber melhor o ciclo. 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Prémio Dardos

Foi com enorme satisfação que este blogue recebeu o Prémio Dardos das mãos da Helena Sacadura Cabral do blogue Fio de Prumo , da Ana Paula Fitas do blogue A Nossa Candeia, do Rogério Pereira do blogue Conversa Avinagrada. e do jovem Miguel Pereira do blogue O Escondidinho. Satisfação pelo que ele significa e pela honra de recebê-lo de pessoas por quem tenho estima e admiração, e cujos blogues são uma referência de reflexão e crítica séria e de elevados padrões culturais e éticos, e que muito gosto de visitar, só não o fazendo mais vezes porque o tempo disponível não o permite.

O significado deste selo é o seguinte: 
«O Prémio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras. Estes selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web» 

Por isso, nada mais justo que os blogues acima mencionados terem-no recebido, tornando-se obrigatório que eu aqui agradeça à Helena, à Ana Paula, ao Rogério e ao Miguel, do fundo do coração, pelo seu gesto,  e a eles também dedicando este selo.

Receber o prémio implica aceitar as suas regras, que neste caso são: 1 - Exibir a imagem do selo no blogue; 2 - Revelar o link do blogue que atribuiu o prémio; 3 - Escolher 10, 15 ou 30 blogues para premiar. Para cumprir a regra n.º 3, a seguir indico 30 blogues dedicados a temáticas relacionadas com sustentabilidade, a quem entrego este prémio:

domingo, 7 de novembro de 2010

Casas em palha

Imagem de http://ecohomeresource.com/
Em termos construtivos, não há qualquer dúvida de que o século XX foi o século do betão, que alavancou a arquitectura  modernista e a pós-modernista. Mas estamos no século XXI, e o betão já provou ser um material pouco amigo do ambiente e de elevada pegada ecológica. A par do fim da construção desenfreada que se verificou nas últimas décadas, começam a reaparecer técnicas construtivas simultâneamente ancestrais e inovadoras, como construções em terra (taipa ou adobe) e mesmo em fardos de palha.

Na 2ª sessão, dedicada a  Materiais, nas Jornadas de Arquitectura Sustentável promovidas pela Quercus, o Arq. Vítor Varão apresentou técnicas construtivas com estes materiais. Como conhecia o uso da taipa e do adobe, a construção em fardos de palha foi uma agradável surpresa, pois as características destas construções são muito melhores do que poderia supor.

Começam pelo baixo custo e sustentabilidade do material de construção, pois além de a palha ser barata e de ser um material residual na produção de cereais, as casa em palha são passíveis de auto-construção, desde que com alguma investigação e ajuda de quem já tem prática.
As propriedades térmicas e acústicas são excelentes, não há necessidade de qualquer material de isolamento extra.
Desde que bem executada, a resistência ao fogo é superior à das construções em betão (surpresa!).
A durabilidade é também uma vantagem, desde que o revestimento (em argila ou cal) seja bem executado. Existem casas de palha com 70 anos, duração que é a previsível como esperança de vida das construções em betão.
A estrutura destas construções pode ser autoportante (os próprios fardos de palha suportam a cobertura) ou podem ser usadas estruturas em madeira ou outros materiais. 

 E não é só para pequenas casas que a palha é adequada: vejam o exemplo de um hotel de luxo na África do Sul, construído em palha - Didimala Game Lodge (imagem ao lado esquerdo).

Vejam também a reportagem da euronews "Rendidos às casas de palha".

Mais informações e vídeos sobre construção em fardos na rede ning criada por Christopher Ripley - Global Strawbale Community, no seu blogue Straw Bale House at Quinta dos Melro ou na página StrawBale.com

Parece que a história dos 3 porquinhos foi mal contada, vamos ter de a reformular!