sábado, 24 de julho de 2010

Cidades, acessibilidade e inclusão

Se nós os que temos facilidade de locomoção, temos por vezes tantas dificuldades em nos deslocarmos nas cidades,  porque os passeios são estreitos, porque têm buracos, porque há obstáculos, porque os automóveis tomam conta dos espaços dos peões, porque os pavimentos são irregulares, imaginem o difícil que será para quem precisa de se deslocar em cadeira de rodas, para quem leva um carrinho de bebé, ou para quem é invisual!

Não pensar em preparar as cidades para esta minoria de pessoas é propiciar a exclusão.  Não é justo que alguém seja impedido de ir à mercearia, ao café, aos serviços, a casa de um amigo, só porque precisa de se deslocar de forma diferente. Porque a primazia do automóvel, a irregularidade dos pavimentos, a falta de rampas, a existência de obstáculos, a dimensão dos passeios, entre outros factores, impede que muitas e muitas pessoas, já diferentes porque lhe  falta a locomoção normal, sejam excluídas de uma vida normal e social.

Além do mais, esta minoria cresce com o aumento do envelhecimento da população, e qualquer um de nós está sujeito a assim ser rejeitado pela cidade. Porque qualquer um de nós pode ter um acidente por uma doença e ficar incapacitado de andar normalmente temporária ou permanentemente. Porque qualquer um de nós pode ficar mais velho e com mais dificuldade em se locomover.

A lei sobre acessibilidade já existe em Portugal desde 1997 (decreto-lei 123/97), e foi actualizada em 2006 (Decreto-lei 163/2006). Aplica-se a espaços públicos e edifícios públicos e privados, novos, agora também a habitação. Os edifícios públicos e espaços circundantes preexistentes  tinham 7 anos para se adaptar em 1997. Em 2006 passaram a ter 10 anos.

É importante que o estado e as autarquias façam o seu papel adaptando as e melhorando a acessibilidade e a mobilidade das pessoas com mobilidade reduzida, e fiscalizando.

Mas também é importante que todas as pessoas tomem consciência das necessidades especiais de algumas pessoas, não obstruindo passeios, não usurpando lugares de estacionamento próprios para deficientes motores, estando atentos e denunciando situações insustentáveis e abusos.

O primeiro vídeo a seguir é uma excelente demonstração do que é viver num mundo que não foi feito para nós. Os dois que se seguem são uma abordagem em teatro de revista, com a excelente representação de Marina Mota (e que agradeço ao Félix Correia que mos enviou) [entretanto foram retirados do Youtube, pelo que também os removi].

Vejam e oiçam. Abram os olhos, os ouvidos e o coração.  Porque as cidades são de todos e para todos. E nós somos uns para os outros.



8 comentários:

  1. Esta temática é bastante importante. Há alguns anos atrás, numa acção de formação, em que se falava no Design Universal, um dos formadores fez um jogo que consistia em fazer levantar todos os presentes e de seguida fazer perguntas sucessivas com o objectivo de saber se ali estava alguém que, em determinadas circunstâncias e por motivos vários, sentiu dificuldades na circulação e utilização de mobiliário urbano variado, por não estar no pleno das suas capacidades físicas. A cada resposta positiva a pessoa em causa sentava-se. No final estávamos todos sentados. Isto servia apenas para percebermos que todos nós somos únicos e com problemas variados. Por isso ao planear e executar deve-se pensar em todos e não só em alguns. A legislação existe, de facto, mas o grande problema continua a ser o seu cumprimento. E a chamada de atenção para os comportamentos que todos devem ter e que muitos parecem ter esquecido é, de facto, muito importante. Bom fim de semana.

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  2. Olá Manuela,
    muito giro o teatro com a Marina Mota, não conhecia...
    Se não te importares gostava de fazer um post também com este teatro... é sempre bom divulgar para sensibilizar.
    Bom fim de semana!

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  3. Olá Manuela,
    Deixei um desafio n'O Único Planeta que Temos!
    Passe por lá!

    Bom fim de semana,
    Mab

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  4. That's such an intelligent post which educates on the need to be empathetic by sharing and caring for people facing disabilities.
    dharbarkha.blogspot.com/

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  5. Olá Manuela!

    De novo passo por aqui após um período de ausência, que não foi programada ... mas que aconteceu.
    Os quadros de revista como a Marina Mota são de facto uma novidade inteligente - e corajosa - de dar mais visibilidade a este problema da deficiência que tanta gente afecta, ao mesmo tempo que sensibiliza a quem eles assiste. Quando não nos colocam perante as situações nós não as vemos, e, muitas vezes - até por comodismo, mais que por indiferença - também não as procuramos, delas ter conhecimento.
    Esta ideia, acho-a extraordinária, e seria bom que fosse mais divulgada, usando outros meios semelhantes.

    Um abraço.
    Vitor

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  6. Olá Analima, Mab, Barkha e Vítor

    Desculpem não ter respondido, mas este post ficou agendado para 24 de Julho, enquanto me descansei da internet.

    Este é um tema importante, de facto, e para além das questões técnicas, ainda há muito a fazer nas questões de cultura. Penso que os vídeos ilustram bem a situação.

    Muito obrigada pelos vossos comentários, Analima,Mab e Vítor.
    Obrigada pelo desafio, Mab, vou espreitar.
    Thank you, Barkha

    Um abraço

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  7. Olá Manuela,
    Mais do que as questões técnicas, de cultura, temos um verdadeiro problema de mentalidades.
    Há ainda um longo caminho a percorrer. A inclusão, para já, é apenas uma palavra, nada mais.
    Vou postar estes dois videos. Pode ser? Tudo o que se faça em prol destas pessoas é pouco, muito pouco.
    Abraço

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  8. Olá Teresa
    Obrigada pelo comentário e por divulgar os vídeos e o tema.
    Beijinhos

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