quinta-feira, 3 de junho de 2010

A nossa voz é importante

É uma constatação que muitos fazem e que muitos outros não querem ver: a nossa sociedade está gravemente doente e está a fazer muito mal a todas as outras espécies que habitam o nosso planeta. Não é só o problema da crise económica que se vive em Portugal ou no mundo. É um problema muito mais vasto: a crise de valores e a consequente generalização da falta de respeito pelos outros e pela natureza, que actuam em benefício de grandes ganhos de poder e de dinheiro por parte de uma minoria que desconhece totalmente o sentido da palavra ética.

Possivelmente o colapso da sociedade para que caminhamos, e que parece inevitável, poderá mudar radicalmente a abordagem errada que fazemos do mundo. Mas será à custa de muitas mortes e sofrimento, a uma escala bem maior e aterradora que aquela que vemos pelos quatro cantos do mundo.

Não vejo capacidade de os governantes mundiais mudarem o estado de coisas, pois pertencem à sociedade mundial da cegueira de que fala Leonardo Boff, e são dominados pelos donos da economia: mega-corporações sem rosto com uma feroz sede de lucro e expansão, a todo o custo.

A actual possibilidade de comunicação através da internet, apesar dos seus erros, excessos e perigos, permite-nos estar a par de assuntos que são, infelizmente, ignorados pela comunicação social, mas sobretudo permite-nos muitas vezes, de uma forma rápida e fácil participar, divulgar e manifestar a nossa opinião sobre questões importantes.

Os casos dos blogues, das redes sociais, dos e-mails, e sobretudo das petições criaram uma nova força que há uma década ou menos era praticamente inexistente, e que consegue mexer com interesses instalados.

Se muitas das petições não chegam a lado nenhum, algumas têm dado os seus frutos. É o caso da Petição à Nestlé para parar de comprar óleo de palma derivado da destruição das florestas tropicais habitats dos orangotangos - a Nestlé ouviu e já começou a tomar medidas . Outro caso é a petição a favor da redução do número de deputados na Assembleia da República de 230 para 180, que começou como um grupo no Facebook, e que após 1 mês de ter sido colocada online já arrecadou mais de 58 mil assinaturas, tendo obrigado o Parlamento a discutir o assunto.

Uma voz não chega para fazer um coro, mas sem cada uma delas o coro não é de todo possível!

12 comentários:

  1. Pois claro que escreveste apenas verdades e as primeiras são realmente aterradoras, especialmente para quem tem filhos pequenos ou jovens... Infelizmente, eles também são os 1ºs a querer estar distantes destes problemas. Pelo pouco tempo que ando no FB, posso constatar, que não lêem ou sequer se importam, com os problemas do Mundo. Estão no Direito deles... querem gozar a juventude. Completamente alheios ao que se está a passar na realidade, esperam que os mais velhos resolvam os problemas todos. Posso constatar isso, porque sou amiga da minha filha nessa rede social. É algo que eu apelo aos pais de hoje em dia, falem sempre sobre os assuntos, que se estão a passar de mal no Mundo. Não desliguem este mundo real e ao mesmo tempo virtual, para a vida diária... bem sei que castigo a minha filha, já com os seus 20 anos ao falar disto a todas as refeições ou quase, bem sei que a revolta dela é grande, quando me acusa de saber demais para ser faliz, mas também sei que água mole em pedra dura tanto dá até que fura. Sei que um dia vai ser ela a preocupar-se com estes assuntos... está por dentro embora queira afastá-los do pensamento. Uma boa forma de se alienarem e de se afastarem, é dedicarem-se a jogos viciantes no PC, (o lado maléfico do virtual) e estar horas a fio a ver TV.
    Apelo aos pais, que imponham regras sem forçar demais e "lavagem cerebral" para consciencializar ao longo do tempo... acabam por ir lá assinar petições e fazer tudo para ajudar a transformar o mundo.
    Nem que tenham que ouvir consecutivamente: - Mãe, que tenho eu a ver com Israel e Palestina?! - Mãe, para ti o Mundo, acaba sempre amanhã... se acaba, não fales que eu não quero saber!- Uma defesa normal, tendo em conta os meios que o Sistema lhes deu para se alienarem. Eu compreendo. Temos de ser nós, adultos acima dos 30 ou 30 e muitos a "acordá-los", custe o que custar. Mas infelizmente há cada vez mais adultos, tão ou mais irresponsáveis... querendo apenas curtir o lado bom da vida. Nem se apercebem que não vivem... vegetam á frente de uma TV, á espera de saber como devem agir... A Indução a que o Sistema já os habituou e habituação ao conforto intelectual, de não terem de pensar no mal dos outros! Lamentável! E tantos por aí e espero que cada vez mais, que dedicam horas a fio a pesquisar, a alertar e a divulgar... sendo apesar de tudo, ainda uma minoria.
    Sejamos então optimistas pelo FUTURO da Natureza, das espécies e dos nossos filhos... mas digo sempre isto. com um nó na garganta...
    Mesmo assim, uma gota, duas gotas e de repente temos um lago... depois quem sabe um mar e por fim, um oceano!

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  2. Olá Fada do Bosque

    Bem vinda de volta a este espaço.
    Devemos alertar os jovens, sim, mas não massacrar. Quer eles quer nós, precisamos de estar atentos e minimamente informados, temos de agir, de mudar comportamentos, mas também temos de estudar ou trabalhar, conviver, viver a vida. Só assim poderemos ser mentalmente saudáveis para aguentar com as coisas más desta sociedade. Que não são poucas, como dizes e sabes.

    Obrigada pelo teu comentário e um beijinhos

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  3. Subscrevo o que a FADA escreveu... mas tenho que rematar!...
    Infelizmente as gotas ainda mal chegam para encher um copo!
    Basta termos a noção que este meio de comunicação apenas é lido e visto por "meia dúzia" de pessoas a nível global... Dessa meia dúzia há umas poucas gotas que falam sobre estes assuntos com os seus amigos, familiares e estes são olhados como paranóicos... Chegará o dia em que os paranóicos serão vistos não como tal mas como "aqueles que nos tentaram avisar" mas aí já as cordas se partiram.
    Não tenho visto sinceramente nada que me leve a escrever que o futuro será melhor, bem pelo contrário...
    As gotas fazem o que podem mas sob um sol escaldante acabam por se evaporar...

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  4. Parabéns pelo belo post, muito informativo, um alerta vibrante.
    Os jovens não podem demorar a sua reacção ao estado em que o planeta lhes é entregue. Os pais e avós já estão de tal forma comprometidos e tolerantes que já não conseguem mudar nada. São aqueles que começam agora a vida activa que têm que tomar consciência da sua responsabilidade em preparar o mundo em que vão viver e trabalhar. Têm que se preparar para estruturar a sociedade do futuro da melhor forma. E todo o cuidado é pouco porque o planeta não aguenta mais erros. Está nos limites da resistência. E a humanidade também está farta de sofrer e não suporta aventuras de teóricos «criativos não praticantes».

    Beijos
    João
    Do Miradouro

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  5. Voz
    É, também acho que as gotas ainda são muito poucas. Mas apesar de tudo, penso que estão a aumentar.
    Precisamos de esperança e alguma tranquilidade, senão é que a mensagem não passa mesmo.

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  6. Olá João Soares

    A minha esperança são as crianças e os jovens, que têm mais consciência do que as nossas gerações.
    Infelizmente, noto mais essa consciência nas crianças do que nos jovens, mas mesmo assim, parece-me que os jovens estão mais alerta do que quando eu era jovem.
    E se algo se perde da infância até à juventude, uma parte será próprio da idade (a adolescência é problemática), a maior parte será culpa dos adultos e da sociedade, claro.
    De qualquer modo, é um peso e um fardo muito grande colocarmos em cima deles essa responsabilidade. Tem de ser dividida e assumida, embora sejam eles as principais vítimas dos pecados velhos. É muito importante a tomada de consciência por parte dos mais velhos, pois foram eles (nós) que deixaram as coisas chegar ao ponto que chegou.

    Em qualquer dos casos, o importante é passar a mensagem sem recorrer ao terror e ao alarmismo, pois, embora me pareça ser caso disso, se assim o fizermos, então não seremos ouvidos mesmo, mas seremos os "paranóicos" de que o Voz fala.

    Obrigada e um abraço

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  7. Enganas-te minha irmã... os tais paranóicos e marginalizados, começam a juntar-se em redes sociais, como por exemplo o FB... eles têm a tendencia de nada esconder e fazer passar a mensagem, com o alarmismo e a veracidade necessária, para que sejam acordados os outros. É essa forma de estar que me faz continuar, o saber que cada vez somos mais a passar a msg aos seus amigos sem panos quentes, como se costuma dizer. Não é á toa que a Salomé saiu da mesa e foi de imediato ao perfil do Voz... aliás custou a aceitá-lo como amigo do fb, pois sabia pela mãe, o que esperar... mas o que é certo é que lá vai e faz perguntas.

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  8. É bem verdade, Manuela, todas as vozes contam na luta por um mundo melhor. Por vezes, uma voz a mais ou a menos faz toda a diferença.

    Pouco a pouco, alguma coisa vai mudando para melhor na luta pela consciencialização do estado do nosso mundo. Eu ainda tenho alguma esperança, embora quase nada nos leve a tê-la :(

    Um abraço :)

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  9. O TEMPO de passar a mensagem em suaves prestações mensais já era!!!
    Aliás já está mumificado...
    É por andarmos há décadas armados em faz de conta que hoje temos o Planeta literalmente a definhar...
    A continuarmos com o mesmo comportamento de faz de conta, então podem fazer de conta de que o vosso Mundo e o vosso suporte de vida se restringe aos vossos metros quadrados onde vivem e trabalham e que tudo o resto é ilusório.
    Chegou o Tempo de gritar a plenos pulmões... pois só assim os que pensam que tudo o resto não lhes diz respeito sairão do transe...

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  10. Estou de acordo com vocês todos, aquilo que teria para dizer, seria o conjunto de todos estes comentários, o que me leva a perguntar, qual a melhor maneira de lidar com esta realidade.
    Ás vezes tenho esperança, ás vezes não tenho.
    Ás vezes falo sem "panos quentes", ás vezes nem falo, porque me olham como se eu estivesse maluca.
    Mas sei que só posso viver com a minha consciência e essa é que me leva a este comportamento.
    Sei que se não dermos exemplo, os mais novos acharão mesmo que não valerá a pena mexerem se pelo que acreditam. Porque a realidade está á mostra e como diz a Manuela, a internet, apesar dos excessos e perigos, permite-nos aceder a verdades não manipuladas e manifestar a nossa opinião. Penso que o problema maior é as pessoas não acreditarem na força que têm, nem chegam a experimentar e já estão derrotadas á partida. Claro que muitos não querem saber, mas há cada vez mais que sim, só ainda não perceberam que podem fazer alguma coisa.
    Precisam de exemplos.
    Um abraço

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  11. Olá Ana Paula, Voz e Teresa

    A esperança e o uso da nossa "voz" é ainda aquilo que nos resta. Porque já não há mais tempo para pessimismos.
    Obrigada pelos vossos comentários e um bom fim de semana.
    Abraços

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