terça-feira, 22 de junho de 2010

A insustentabilidade do consumismo

Falar de sustentabilidade virou moda. Usar a sustentabilidade como bandeira para vender produtos, virou moda, tendo-se tornado uma estratégia comum adoptada por muitas empresas. A sustentabilidade não pode ser apenas uma palavra que está na moda, mas terá de ser, antes de mais, uma atitude de respeito pelo ambiente e pelos outros!

O termo sustentabilidade, ou mais propriamente, desenvolvimento sustentável, apareceu em 1987 no relatório Brundtland (O Nosso Futuro Comum), definido assim: “O desenvolvimento sustentável é aquele que procura satisfazer as necessidades da geração actual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades”.

Hoje em dia, são inúmeras as definições. De um modo geral, todas elas abarcam três componentes essenciais: o ambiente, a sociedade e a economia. Se o ambiente não for são, a sociedade não poderá ser sã, e se a sociedade não for sã, a economia também não o poderá ser. Mas a sustentabilidade não se pode limitar a uma definição inter-geracional, pois há que ter em conta que também se aplica intra-geracionalmente: não é sustentável que uma parte da população deste planeta consuma desenfreadamente, gastando excessivamente recursos e produzindo demasiado lixo, enquanto outra parte da população vive abaixo do limiar da pobreza, em estado de fome crónica, vendo familiares e amigos sucumbir diariamente por falta de alimento ou de condições sanitárias básicas.

A pegada ecológica, que exprime a área da superfície terrestre produtiva para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resíduos gerados por um indivíduo, uma comunidade, um país, ou mesmo para a população mundial, é uma forma de termos uma ideia da insustentabilidade da nossa actuação:  Face à população existente, a pegada ecológica média que nos cabe é de 2,0 hectares por pessoa; no entanto, a pegada ecológica média estimada na terra é de 2,9 hectares por pessoa. Estamos a usar mais 45% da superfície da terra e oceanos para produzir o que consumimos e depositar o lixo que produzimos do que o que ela pode sustentar. E a isto acrescem as disparidades que vão desde os 12,5 hectares por pessoa nos EUA (e mais noutros países) até aos 0,6 hectares por pessoa no Bangladesh.

Alcançar um mundo sustentável depende de todos nós, de estarmos esclarecidos e de esclarecermos que o caminho que a economia global tem seguido é errado. O caminho para a sustentabilidade tem de passar não só pelo respeito pelo ambiente e equilíbrio dos ecossistemas, mas também pela justiça social e pela distribuição equitativa de recursos. Há que mudar de rumo, e esta viragem implica uma acção individual e colectiva na redução do consumo e na redução da produção de resíduos.

(Este texto foi publicado no passado dia 11 de Maio no blogue Ponto Marketing, no âmbito da Semana da Sustentabilidade, e na revista resultante. Muito obrigada ao Gabriel Galvão pelo convite, e parabéns pelo sucesso dessa iniciativa)

8 comentários:

  1. Muito legal!!!!Adorei saber sobre a reciclagem das radiografias....bjcas

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  2. A minha teoria é que tudo tem a haver com as canções de embalar.

    Basta pensar naquela canção de embalar tradicional do sul dos EUA, muito famosa e que apela ao consumismo desenfreado: "Hush little baby"

    "Hush little baby don't say a word
    Papa's gonna buy you a mocking bird
    And if that mocking bird don't sing
    Papa's gonna buy you a diamond ring
    And if that diamond ring gets broke
    Papa's gonna buy you a billy goat
    And if that billy goat don't pull
    Papa's gonna buy you a cart and bull
    And if that cart and bull turn over
    Papa's gonna buy you a dog named Rover
    And if that dog named Rover won't bark
    Papa's gonna buy you a horse and cart
    And if that horse and cart fall down
    You'll still be the sweetest baby in town."

    Quando li no "Seis graus" do Mark Lynas que, mesmo sem o aquecimento global, ao ritmo que a China está a aumentar o seu consumo o planeta vai esgotar os seus recursos rápido, é que tive consciência do quanto se desperdiça e se consome desnecessariamente!!!
    Ando a trabalhar para mudar isso, mas nem todos se preocupam com a sustentabilidade em detrimento do luxo ou do facilitismo... :(

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  3. Olá, deixo aqui uma ligação a uma idéia (projecto) para um novo modelo de sociedade mais justa e sustentável.
    Gostaria de saber mais opiniões sobre o assunto.
    Mesmo que pareça uma utopia, acho válido. Utopia maior será achar que podemos continuar neste modelo e sobreviver minimamente.
    Um abraço

    http://www.zeitgeistportugal.org

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  4. Olá Mimirabolante

    Obrigada, beijinhos e bom fim de semana - Pelo menos, Brasil e Portugal continuam no Mundial :)

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  5. Olá Sónia DaVeiga
    Bem visto!
    No meu caso, que "cresci" a ouvir essa de atirar o pau ao gato, não teve influência nenhuma, talvez por causa da minha mãe que sempre foi muito respeitadora dos animais, ou porque já nasci assim, não sei. Mas vi tanta gente a fazer mal aos gatos, há umas décadas era terrível!
    Acredito que as canções de embalar influenciem muito mesmo: os americanos de hoje foram "embalados" ao som da palavra "comprar", e vê-se os resultados - consumismo desenfreado!

    Temos mas é de começar a "embalar" as crianças com "lullabyes" para proteger a natureza e fomentar a amizade e respeito entre pessoas!

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  6. Olá Ana Teresa

    Já conheço esse movimento há algum tempo, e gosto do que por lá se pensa. Estou em contacto já há algum tempo com ele no Facebook, mas ainda não "aderi" propriamente porque não tive ainda tempo de me informar convenientemente.

    Quando tiver mais tempo livre (ultimamente está difícil), contacto consigo para trocarmos ideias e opiniões.

    Um abraço

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  7. A sustentabilidade começa nas decisões que cada um de nós toma.
    Diariamente compramos milhões de embalagens de detergentes e outros produtos em que a maior percentagem é água, levando a que as embalagens sejam maiores, logo mais plástico mais CO2. E se deixassemos de comprar e carregar com água para nossa casa?

    http://www.facebook.com/profile.php?id=100001030877604&ref=profile&v=info

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  8. Grupo Carpe Diem

    Concordo. Penso que as embalagens s são um dos grandes problemas do consumo, e que precisam de ser minimizadas, já que é difícil aboli-las. Em primeiro lugar, devemos comprar apenas o que precisamos, e de preferência com informação sobre a origem dos produtos. Os produtos concentrados reduzem consideravelmente o material de embalagem. Mas o melhor mesmo são os produtos naturais, mas ainda vai levar algum tempo até regressarmos a eles. É necessário que haja a consciência do excessivo consumo, e gradualmente devemos reduzi-lo e melhorá-lo, como "consumidores" informados e conscientes.
    Optar por produtos mais eficazes e concentrados, reduzindo o tamanho das embalagens, já é um bom começo. Se forem produtos ecológicos, melhor ainda.

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