quinta-feira, 11 de março de 2010

Palavras de esperança

A propósito do recente post sobre Bill Gates e a energia nuclear "limpa", Rudolfo Wolf fez um comentário, o qual, face ao seu conteúdo e à reflexão para que ele nos remete, não pude deixar de publicar aqui (autorizado e corrigido pelo autor):

"A sustentabilidade energética sempre foi uma das bases das economias. Na lógica das sociedades capitalistas coevas, passa pelo custo que acarreta e pelas quantidades disponíveis que apresenta para consumo e consequente suporte das actividades económicas em geral e assim tem sido encarada tanto no plano dos pontos de vista científicos como políticos. Hoje em dia, porém, por bastos motivos que aqui poderemos deixar por dizer, importa também que a mesma seja entendida, em igual nível de importância e consideração, no âmbito quer dos seus equilíbrios geo-físicos, quer das consequências que as suas utilizações possam ter no planeta, mormente em termos de impactos sobre os ecossistemas e na atmosfera. Em suma, é imperioso que consigamos explorar energias renováveis ou, se quisermos, inesgotáveis que temos como recursos à disposição neste berlindezinho cósmico em que todos vivemos e que por isso é a nossa casa comum.

Perante notícias como esta há, por vezes, aquele discurso cínico que fala dos lucros e do poder que tais investimento propiciam a quem os controla, mas isso, parece-me, é a regra com que se joga no modo de organizar a economia em que vivemos e, em conformidade, muito prosaicamente é a realidade com que estamos a viver, no entanto, na minha modesta opinião, não me parece motivo para deixar de sublinhar aquilo que importa destacar no anúncio em causa; a consciencialização dos agentes económicos a respeito dos problemas que expusemos no parágrafo anterior o que, sendo na prática um factor de primordial importância, é um dado bastante positivo para aquilo que poderemos designar genericamente de esperança num amanhã melhor.

Contudo, o problema da sustentabilidade dos recursos energéticos é também uma nova janela sobre um futuro diferente das maneiras de viver que conhecemos e há que ter consciência que existe toda uma área de pensamento a explorar a partir daí e isto é evidentemente válido no domínio das ciências mas também da reflexão filosófica em que, por exemplo, o Professor Peter Singer tem produzido um trabalho significativo. Enquanto o homo económicus que somos, temos construído a cultura contra a Natureza que temos delapidado. Dispomos agora e pela primeira vez na história da Humanidade, a possibilidade de voltarmos a erigir a cultura na Natureza, no sentido de conseguirmos a sabedoria de aprender a viver em harmonia com os equilíbrios geo-físicos desta nossa prodigiosa casinha comum, por enquanto, o único paraíso que nos foi dado para vivermos.

Boa saúde para todos os que nos proporcionam este bonito convívio e que sempre estejam em paz

Rudolfo Wolf"

4 comentários:

  1. Parabéns pela postagem... Adorei
    bjs
    Joicinha

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  2. Olá, sou brasileira, e aqui aconteceu o pior acidente radioativo urbano do mundo - em Goiânia.

    Mesmo assim, poucos brasileiros conhecem informação a este respeito, assim como desconhecem a maior parte do programa nuclear brasileiro! que é mantido em sigilo pelo exercito.

    Convido vocês a conhecerem um pouco mais aqui:
    http://perigoconcreto.blogspot.com/

    Uma das piores partes do acidente foi o preconceito com as vitimas, que passaram a serem discriminadas pelo medo e falta de informação!

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  3. Nitschka
    Isso de que fala é tudo muito grave: acidente radioactivo urbano, programa nuclear "secreto" e discriminação!
    Dei uma espreitadela em seu blogue, e vi que o acidente foi provocado por césio radioactivo de uma máquina de radiografias no lixo em 1987.
    Mais tarde vou tentar saber mais por lá, não tinha ideia nenhuma disso.
    Obrigada pela visita

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