quarta-feira, 31 de março de 2010

Começar a Transição

No texto anterior falámos do pico do petróleo e de como a sua existência está eminente. Estando as economias tão dependentes desta fonte energética, é absolutamente necessário diminuir esta dependência para evitar o colapso.

Lentamente, as energias renováveis emergem, mas ainda estão longe de conseguir ter a capacidade e a eficiência para acabar com o consumo do petróleo. Dependem do sol, do vento, dos avanços tecnológicos, de apoios ao seu desenvolvimento, e de muitos outros factores. São uma aposta absolutamente necessária, mas infelizmente, não suficiente.

A par das apostas tecnológicas nas energias renováveis e na melhoria da eficiência energética dos edifícios, dos equipamentos, das indústrias e dos transportes, há que tornar as nossas sociedades menos dependentes desse combustível para que possam ter capacidade de enfrentar a crise económica que advirá do pico do petróleo. Outras soluções aparentemente "miraculosas" poderão aparecer, como o caso da energia nuclear "limpa", mas, para além de ainda estarem em fase "embrionária", sabemos que também o urânio não é inesgotável. A solução terá de passar forçosamente pela alteração de comportamentos e estilos de vida, pela mudança de paradigma e pela redução do consumo.

A Rede de Transição tem uma resposta a esta questão. Iniciou-se na cidade irlandesa de Kinsale, e na cidade inglesa de Totnes, baseado no "modelo de transição" de Rob Hopkins. Já se alargou a vários países e continentes em mais de cem comunidades de transição. Trata-se verdadeiramente de pensar global e agir local. E também de pensar local.

O tema das comunidades em Transição está a ser introduzido em Portugal através do colóquio, a realizar no próximo dia 10 de Abril, em Pombal, intitulado "Transição para uma Economia e Cultura Pós-carbono", organizado pela Associação Rio Vivo e o Projecto Coisas do Vizinho, com o apoio da Fundação Vox Populi. Se puder, dê um passeio até Pombal nesse sábado e entenda melhor o que é a Transição. Programa e inscrições aqui.

5 comentários:

  1. Independentemente da data do pico, já temos um problema grave. O EROI (energy return on energy investment), é cada vez menor, retirando recursos do resto da economia. Ao mesmo tempo, é muio duvidoso que seja possível voltar ao crédito barato do passado (usando produtos derivados), que foi compensando a falta de energia barata. Ou seja, a ideia de podermos continuar a crescer economicamente está posta em causa. Solução: reinventar sistemas. Transição!

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  2. A única certeza que tenho é que a Transição para a grande maioria da população a nível planetário será forçada e traumática, e não voluntária.
    Os que já compreenderam, aceitaram e praticam actos inerentes à Transição esses não terão muitas dificuldades no futuro próximo pois já estão a contar com o tombo...

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  3. João
    Mesmo que não houvesse pico do petróleo, mesmo que não houvesse alterações climáticas, a Transição para um mundo sustentável seria necessária, já que os outros recursos (para além do ouro negro) estão a ser explorados para além das possibilidades da Terra, e já que cada vez somos mais infelizes e cheios de doenças da alma!

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  4. Voz a 0 db,
    Acredito que assim será, ao que vejo. Mas a Transição é também o exemplo catalisador.
    Se morar perto de Pombal, inscreva-se e apareça no colóquio. Pode ser que o optimismo esperado o contagie um pouco :)

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  5. Manuela,

    Estou completamente de acordo consigo. Há muitas razões para tentar o Modelo Transição.

    Voz a 0 db,

    Provavelmente tem razão. No entanto, e dado que já estou a trablhar em Transição, com o Projecto Coisas do Vizinho, tentarei partilhar uma outra história do nosso futuro, com mais pessoas.

    Se não morar perto de Pombal, pode sempre vir de comboio :)

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