domingo, 24 de janeiro de 2010

Desenvolvimento Sustentável - estamos tão longe...

Na edição especial da revista "National Geographic" intitulada "O Estado do Planeta", de 2008, e que este fim de semana estava à venda em conjunto com mais duas revistas ("Alterações Climáticas" e "Mares e Oceanos"), esbarrei na primeira fase do primeiro tema "A Condição Humana", e que é a seguinte:

"A fortuna das 2 pessoas mais ricas do mundo é maior que a soma do PIB dos 45 países mais pobres"

Eu já tinha uma noção das disparidades e desequilíbrios económicos deste mundo, mas isto, dito assim com estes números chocantes, confesso que me abalou.

Entretanto, descobri hoje um livro, que ainda não li, mas que folheei e me pareceu muito interessante. Chama-se "Desenvolvimento Sustentável, Uma Introdução Crítica", de Valdemar Rodrigues. Fica aqui abaixo parte do texto da contracapa:

"O desenvolvimento sustentável não pode, nem deve, continuar a confundir-se com o discurso pragmático e superficial da modernização ecológica, para bem da protecção do ambiente e em benefício da possibilidade de uma vida digna para as gerações vindouras.
A sustentabilidade apresenta um extraordinário potencial mobilizador das vontades humanas - o qual tem sido frequentemente obliterado e incompreendido - no sentido de uma sociedade mais justa, mais democrática e mais respeitadora da multiplicidade de energias criadoras existentes na Terra; e implica o crescimento em cada indivíduo e em cada geração de um sentido amplo e altruísta do dever de cuidar daquilo que não é seu, embora esteja à disposição de cada pessoa e de cada sociedade humana.
A educação para a sustentabilidade, a boa governação, a boa ciência e a ligação mutuamente produtiva das pessoas com a natureza e com a restante humanidade são exemplos de factores «enzimáticos» da cristalização nas sociedades humanas deste novo quadro de valores."

Não podia estar mais de acordo. Tal como referi num comentário do "post" anterior: «Na minha "versão" de sustentabilidade, a equidade e justiça na distribuição de recursos pelos diferentes povos é tão essencial como o preservar recursos para as gerações futuras: há "gerações presentes" sem qualquer direito a recursos básicos, que outras "gerações presentes" desperdiçam e esbanjam. Isto é absolutamente insustentável. A sustentabilidade passa também pela satisfação das necessidades de todos, e não de alguns. Todos: pessoas, fauna, flora, toda a natureza.»

26 comentários:

  1. Oi amiga,

    muito bom esse post!!
    Realmente estamos longe, mas chegaremos lá,
    bj

    ÉRICA SENA

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  2. Continuo aqui, pois o tema é o mesmo.
    O realmente engraçado é que eu ando no caminho da utopia desde 1997, data em que me tornei eco-consciente, seja lá o que isto for!!! E digo-lhe cara Manuela: meta nem vê-la! Mas é utopia apenas porque, infelizmente, somos muito poucos os que fazem algo para tentar alterar o rumo das coisas. Se algum dia fossemos a maioria, nem que fosse por 1, aí deixaria de ser utopia e passaria a ser uma realidade. Como isso, no meu entender, nunca acontecerá, o máximo que posso fazer é o que já faço, e tentar cada vez fazer mais.

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  3. Olá Érica
    Obrigada. Estamos muito longe e andando devagarinho. Não sei se chegaremos lá, mas tentar é o mínimo.
    Um beijinho

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  4. Olá Voz a 0 db
    Pois é, eu também "batalho" nesta frente já desde o princípio dos anos 90, pois até aí não tinha a menor ideia sobre o assunto. Com o meu comportamento, tentando explicar a quem me rodeia... agora com o blogue.
    Por vezes apetece desistir, tantas são as orelhas moucas, os olhos que não querem ver o óbvio.
    Somos pouco, estamos bem longe, muito longe mesmo, de ser maioria, bem sei. Mas o número aumenta gradualmente, devagarinho, infelizmente, como disse à Érica.
    Resta-nos tentar, e apesar de ser muito difícil, não é impossível. Tenho alguma esperança nas novas gerações. Não estão todos atentos, mas a percentagem é bem maior que a da minha geração.
    Eu não sei se faço o máximo que posso, acho que não. Penso sempre que poderia fazer mais alguma coisa. Há sempre coisas que me escapam, até porque não tenho tendência para ser radical.
    Mas bem sei o que custa a alienação consumista que domina este mundo!

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  5. Já somos três radicais!
    Desculpa mana, mas eu de vez em quando interfiro. :)
    Se fossem todos ecoconscientes desde de 97, ou então de 90, e com essa força que aplicamos, já teríamos recuperado a maior parte dos males, que provocamos ao Planeta. O problema é que além de sermos minoria, os outros, os que querem boa vidinha, além de não colaborarem ainda dão com o pézinho, se a mentalização se tornar desconfortável, no seu american way of living!
    "Não leves tudo tão a sério"... é a frase que mais se ouve!

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  6. Olá Fada
    Curioso... ouço muito essa frase... "não leves tão a sério"!
    Mas apesar de tudo, de ouvir muito essa frase, já começo a notar alguma mudança de comportamentos à minha volta. Algumas pessoas de quem eu não esperaria! Não é tudo mau. Por isso, não podemos desistir, há que continuar a dar o exemplo e a explicar.
    Beijinhos

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  7. É no mínimo chocante este post.
    Cada dia me é mais difícil ver como a humanidade destrói alegremente o planeta e assiste às desigualdades gritantes entre pessoas/países... e continua sem fazer nada.
    O ser humano é realmente egoísta...
    Só age quando a desgraça lhe toca à porta,ou pelo menos a maioria...

    Abraço,
    Ana

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  8. A solidariedade entre gerações e nações é um conceito que nos deveria ser caro a todos, mas que normalmente esbarra quando nos toca à porta.
    Comecemos, pois, por exemplos comezinhos de conseguirmos olhar para o nosso lado e vermos o que desperdiçamos, o que deitamos fora que poderíamos reutilizar, o que deitamos fora e poderíamos doar a alguém ...
    Contudo, não hesitemos também em exigir que especialmente as instituições cumpram com as suas obrigações; não hesitemos em denunciar quando sabemos que alguém ao lado de nós rouba água da rede pública ...
    A sustentabilidade, como aqui sempre nos é dito, não é palavra, é acção. Pois. Que cada um comece, conforme dizes, Manuela, por aplicar tão nobre princípio a si próprio antes de o exigir aos outros. Quando tal suceder na plenitudem poderemos depois todos avançar em uníssono para a exigência de mudanças colectivas.
    Até lá, a batalha prossegue mas convinha que também não esquecer que na mesma os fundamentalismos não têm lugar sob pena de nos tornarmos iguais àquilo que dizemos combater!

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  9. Olá Manuela!
    Conseguir um mínimo aceitável de igualdade e solidariedade entre povos - ou dentro dum mesmo país - é batalha sem fim à vista.Infelizmente, a humanidade está cada cada vez mais egoista, individualista, e mudar esta mentalidade demora tempo - se é que alguma vez mudará - de modo a que todos possam ter uma vida minimamente digna , e em paralelo não destruir o planeta.
    Quando vemos num país com os Estados Unidos, com toda a - má, digo eu - capacidade de influência que exerce sobre o resto do mundo, não conseguir consenso para implementar um serviço de saúde universal porque uma larga maioria dos seus cidadãos entende que cada um, a título individual, deve prover às suas próprias necessidades, estamos muito mal ... e infelizmente este pensamento faz escola em muito lado.
    Só com gente com uma visão oposta a esta pode, em lugares de influência, contribuir para para que olhemos para o mundo de outra forma, mais justa , mais social, menos desumanizada.
    A título individual, cabe a cada um de nós combater estas ideias, denunciá-las naquilo que estiver ao nosso alcance - tal como em espaços como este, e sempre que a oportunidae surja.
    Uma abraço.
    Vitor

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  10. Minha Amiga Manuela,
    Li este seu post e não poderia estar mais de acordo com o que nele é dito. Tudo o que nessas reuniões que tem feito e dito não passam de panaceias para "inglès ver", pois de nada trazem de novo para bem do comum dos mortais! Se não vir inconveniente gostaria de postá-lo na minha Tulha pois vem, como disse, ao encontro do que penso sobre estes assuntos!
    Um beijinho amigo.

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  11. Olá Ana
    É mesmo difícil ver como é possível tanta desigualdade na distribuição de recursos. E ainda por cima, a "riqueza" ou pobreza dos povos parece que não tem nada a ver com os recursos naturais de que o seu país foi dotado!
    Beijos

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  12. Ferreira-Pinto
    Texto muito acertado, como é teu apanágio. Comecemos por nós e pelo que nos é próximo, mas não esqueçamos o que nos está longe.
    A SUSTENTABILIDADE das nossas sociedades tem de começar por cada um, mas só pode ser eficaz se houver JUSTIÇA, se houver DEMOCRACIA VERDADEIRA, se houver RESPEITO pelo PRÓXIMO e pelo AMBIENTE, se houver CONHECIMENTO do mal que estamos a fazer ao planeta.
    Quanto aos fundamentalismos, são perigosos, como dizes, e desviam-nos de uma interpretação racional do mundo; no entanto, há fundamentalismos ou convicções que não prejudicam ninguém, enquanto que há outros que são extremamente prejudiciais e muitíssimo perigosos - há que distinguir!

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  13. Olá Vítor
    Tem toda a razão no que diz, e muito bem explicou e exemplificou. Na minha opinião, o egoísmo das sociedades actuais é mais um produto dessas sociedades do que uma característica inata do indivíduo. Todos nascemos com uma boa dose de egoísmo, mas também sabemos que uma sociedade justa educa para o altruísmo. Falta uma consciência global informada.
    Um abraço

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  14. Olá Luís
    Pois é, fala-se muito em sustentabilidade relacionado com gerações futuras, está certo, mas não deviam esquecer as gerações presentes com modos de vida de miséria e pobreza insustentável.
    Claro que pode usar o texto, eu também usei um texto do Dr. Valdemar Rodrigues para o "post". Penso que não haverá problema, desde que refira o autor; o texto transcrito já está na net, na página do livro, conforme pode verificar no link.
    Um abraço

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  15. BOA TARDE LINDA!!!ADORO VISITAR SEU BLOG..CADA DIA MELHOR...BJS

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  16. Olá Alexandre
    Obrigada, em breve também visitarei seu blogue Instituto Quero Paz
    com tempo, pois gosto muito do espírito de paz que por lá se respira.
    Um abraço

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  17. Olá amiga Manuela.
    Um breve comentário. Realmente as diferenças dentre duas pessoas terem mais riqueza em comparação com a soma do PIB dosa 45 países, para mim é mais do que um desequilíbrio económico, é um autentico atentado aos desequilíbrios sociais e falta de amor pelo próximo.
    Eu sei que tem de haver ricos e pobres, eu sei mas, devia de ser melhor distribuída por quem tem mais. E quando sai a alguém a sorte grande há outros que dizem; o dinheiro não é dele bem podia dar a quem precisa. Isto é uma frase que se houve constantemente mas na verdade a distribuição não existe. Agora dizemos o seguinte. Á se sai-se a sorte grande comprava isto, comprava aquilo. Cá está somos ou melhor, o homem é bicho soberbo, sujeita-se à gula, adora o (deus-dinheiro). Ali está o tal deus.
    Também tenho essa sensação do poder ter dinheiro mas, à dias dei por mim pensando com os meus botões; o melhor é que não sai. Assim é melhor. Me basta ter o essencial, sorte de ter tido um emprego razoável que dei para sustentar a família.
    O homem não sabe o que quer e com a natureza ainda pior. Só destrói, berra, não são sensíveis que ao sujar as ruas, por exemplo, com o lixo metido em sacas vai, ou podem ir para os esgotos, poluindo os rios. É o que se vê.
    Se eu pudesse dizer em vos alta a todos que passam na (Via Pública) que se cruzam comigo disse-se:
    - É pessoal, eu rasguei um papel e trago no bolso, não deito para o chão!
    É gente, vou a caminho de um mega-contentor fazer a reciclagem do meu lixo doméstico!
    Mas não posso faze-lo. Diziam logo; ali vai um maluco a berrar.
    Bom que cada um faça a sua quota-parte.

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  18. Realmente Manuela, é mais do que absurdo, é indecente esta realidade entre os mais ricos e os mais pobres. Principalmente porque sabemos que esta riqueza foi construída graças a espoliação dos mais pobres. Abraço, Liete.

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  19. Caro Fernando
    Faz parte da natureza do ser humano, como indivíduo, querer sempre mais e melhor para si próprio. Mas algo está muito mal na sociedade mundial quando as disparidades atingem estes níveis, bem o diz. Porque se alguns dos que têm demais até ajudam os que precisam, muitos não o fazem.
    Era bom mesmo que cada um fizesse a sua quota parte, mas para isso é necessário uma outra mentalidade, que vai levar muito tempo...
    Um abraço

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  20. Olá Liete
    São números totalmente absurdos, concordo, e chocantes, mesmo.
    Os dois homens mais ricos do mundo foram em 2009 os mesmos que em 2007 (data dos dados): Bill Gates e Warren Buffett. O primeiro toda a gente sabe quem é. É um homem com inteligência e visão, não herdou a fortuna, construiu-a, criou muitos postos de trabalho, riqueza, e muito lixo tecnológico também. Talvez mais tarde tenha pensado que para ter tanto dinheiro alguém deveria estar a ser prejudicado, mesmo que não directamente. Talvez por isso tenha criado a Fundação Bill e Melinda Gates que se dedica a combater a pobreza.
    Quanto ao Warren Buffett, decidiu, em 2006, deixar como herança 85% da sua fortuna à referida Fundação.
    No fundo, estes dois até estão a contribuir para melhorar a vida de outros. Mas quantos outros milionários o farão? Quantos não enriquecem mesmo à custa da exploração de trabalho mal pago, do suor de tantos e tantos? São legítimas estas disparidades em nome de um capitalismo que já provou que não funciona? Porque continua a alargar o fosso entre ricos e pobres? Não é o planeta de todos?
    São muitas perguntas sem resposta! Eu sei que não somos todos iguais, e que quem trabalha mais e melhor deve ser recompensado, mas chegar a estes extremos, só pode ser sinal de uma humanidade doente!
    Um abraço

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  21. Devemos mudar nossos conseitos, a maneira de pensar do ser humano é que está destruindo o Planeta...a evolução tecnológica é inevitável e nem adianta fugir disso, mas precisamos aprender a associar as coisas, devemos para de pensar mais no bolso e pensar mais no planeta e nos nosso irmãos menos privilegiados, pois é a maior erança que deixamos para nossos filhos, temos que ser rápido nessas ações pois o tempo está esgotando...

    Um Forte abraço...

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  22. Sobre o assunto em causa recomendo, a toda a gente, o livro "Commonwealth" de Jeffrey Sachs. Cientifico, mas simples e directo ao assunto, mostrando como é possível uma sociedade equilibrada e mais justa, conciliando o capitalismo com a sustentabilidade dos recursos e a responsabilidade social das organizações.

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  23. Billy (Espaonet)
    É isso mesmo que precisamos - mudar os nossos conceitos. A evolução tecnológica devia ser usada sobretudo para melhorar as condições de vida de quem não as tem, e não apenas para alguns ganharem dinheiro. Mas infelizmente as prioridades andam invertidas. O tempo falta mesmo, mas não me parece que as mudanças sejam rápidas, a não ser que impostas por catástrofes. Mas tenhamos esperança!
    um abraço

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  24. André Miguel
    Obrigada pela sugestão. Já tinha ouvido falar no livro, mas nunca o li ou sequer folheei. Face às críticas que o mesmo obteve e aos assuntos que aborda, vou estar atenta, espero que não seja "pesado", já que trata de economia :)
    Também gostaria de saber mais sobre as teorias (democracia económica) de Ladislau Dowbor, espero ter tempo de ler, que o saber não ocupa lugar, mas infelizmente exige tempo.
    Obrigada.

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  25. A frase em destaque é chocante... como é possivel que isso seja possivel?

    A NG é a minha revista preferida, leio sempre :-D

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  26. Ecila
    Chocante mesmo. Não sei como chegámos a tais extremos, mas duas pessoas terem mais em sua posse que 45 países, é absolutamente irracional!
    Um abraço

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