terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Boa Governação segundo o Dr. Fernando Nobre


Na sua última mensagem de 2009 no blogue Contra a Indiferença", o Dr. Fernando Nobre, fundador e presidente da AMI, dá-nos o seu entendimento sobre o que é a boa governação, e a sua crítica à actual (des)governação global. Transcrevo para aqui uma parte do texto, mas aconselho a que o leiam na íntegra aqui, no texto original.

E se perguntarem o que é que este assunto tem a ver com sustentabilidade, respondo com uma outra pergunta: e o que há de mais insustentável que uma má governação?



Por boa governação entendo uma governação exclusivamente norteada para o bem da Res Publica e da Humanidade.
Boa governação exige ética, rigor, verdade, responsabilidade, coerência, compromisso e respeito pelas promessas contidas nos programas eleitorais ou feitas em campanha o que a coloca nos antípodas da corrupção, demagogia, manipulação, mentira…
Boa governação implica preocupação com os mais fragilizados e desprotegidos da sociedade, estar à escuta e em diálogo com as mais íntimas aspirações dos cidadãos e colocar o Estado Nacional e o Mundo acima dos momentâneos interesses partidários e pessoais.
Boa governação requer ideias claras quanto às verdadeiras causas Nacionais e Globais existentes e lutar, contra ventos e marés, por elas.
A boa governação deve impelir a um diálogo singular e colectivo com os povos, olhos nos olhos, explicando bem e claramente a razão de certas decisões deveras difíceis e sensíveis como são certas decisões económicas e todas as guerras, mesmo as incompreensíveis, como a do Iraque. Exige ainda que se consulte os povos quando a opção da guerra não consta de nenhum programa eleitoral ou de governo, pelo que, de seguida restará apenas acatar a decisão soberana e sem apelo dos povos.
A boa governação não aceita que se façam guerras baseadas na trapaça e na mentira (como aconteceu com a guerra do Iraque) e que se encete, em período próximo de eleições, malabarismos de marketing, afirmando e prometendo tudo e o seu contrário ou pura e simplesmente que se fuja às suas responsabilidades, sobretudo se for para ocupar um lugar de maior destaque… Esses espúrios comportamentos e atitudes vergonhosas contribuíram decisivamente para a descredibilização das classes políticas e dos governantes responsáveis pela actual desorientação e desmotivação dos povos.
(...)
Ao fim e ao cabo, a liderança global já existe! Infelizmente, actualmente ela é secreta, feita de cima para baixo e nada democrática. Ela está inoperativa, descoordenada, cacofónica e descredibilizada com as guerras do Iraque e Afeganistão com as confusões do Kosovo (estendidas à Ossétia do Sul e à Abacásia), com a Crise Financeira e Económica sistémica, com as piratagens no mar da Somália e a desgovernação na República Democrática do Congo, no Zimbabué, na Somália, na Chechénia, Birmânia…
Por tudo isso é que a nada clara governação global, não assumida, constituída pelas Nações Unidas, FMI, BM, OMC, Clube de Roma, o G8, o G20, G2+18, G2 e, menos globalmente, a OPEP, a ASEAN, a União Europeia, a OCDE, a OSCE… está caduca. A Governação Global tem que ser absoluta e urgentemente reformada, reenquadrada e democraticamente legalizada, tendo em conta a premência de Soluções Globais. Não há volta a dar!
(...)"

17 comentários:

  1. Agora que todos se apercebem que entramos na Nova Ordem Mundial, temo que seja demasiado tarde. Ouvi o Dr. Fernando Nobre na TV e não o vi nada optimista...
    Isto só lá iria com uma revolta mundial... é disso que estão à espera e irá acontecer mais cedo ou mais tarde, infelizmente. Quando faltarem os recursos para a maioria dos ocidentais e as restrições começarem a aumentar, como já vão começando a fazer numa velocidade de cruzeiro, iremos aperceber-nos do quanto têm sofrido outros povos. Só que como estávamos habituados a uma vida boa e falsa, vamo-nos revoltar... nós o ocidentais, claro.
    Entretanto muniram-se de armamento.
    Sempre te disse que a sustentabilidade está directamente ligada à politica... Não sei como pensam as pessoas, que existe a Democracia... morreu quase à nascença. A isto chama-se ditadura tecnocrática Mundial.

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  2. Excelente artigo sobre governança ou quem sabe desgovernança...Torço para que a governança global seja feita por nós, sociedade civil organizada, porque de outra forma é sempre temerário...
    Feliz 2010 Manuela!

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  3. Manuela, é muito oportuna esta chamada de atenção para o pensamento do Dr. Fernando Nobre, um homem que sabe do que fala porque está no terreno, no meio dos que sofrem os efeitos de muitas dessas más governanças.
    Obrigada e beijinho.

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  4. Olá Fada, Liete e Josefa

    É como diz o Dr. Fernando Nobre, já que temos de ter uma governação global, que seja boa e não desgovernação. Um governação que ponha em primeiro lugar o bem estar de todos aqueles que estão desprotegidos e que não permita que o interesse de alguns se sobreponha a tudo o resto, com hoje acontece.
    Mas eu bem sei que isso é uma miragem, um sonho, uma utopia. Só que também acho que o sonho comanda a vida, e se muuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiitos sonharmos o mesmo, o mundo avançará para aí. Embora bem saiba que a meta é inatingível, estou convencida que para lá caminharemos.

    Obrigada pelo vosso comentário.
    Beijinhos

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  5. Não comento o texto todo pois o Dr. Nobre, no seu pensar descarrega um manancial de ideias que para ele aconteceu,é verdade, preocupações de um estado com governantes, que foram pouco sérios, honestos e irresponsáveis. .
    No entanto digo e penso que o Dr, Nobre entenderá, que na boa verdade a exigência aos governantes por ventura está desvirtuada no seu contexto no sentido restrito que diz respeito à questão das campanhas por parte dos partidos/movimentos e outros.
    Todos sabem que as campanhas tem como fim, expor propostas de intenções de governação por parte de todos os partidos pois eles todos querem ganhar. Sempre foi assim sempre será assim; propor. Se não surgir outras contrariedades vindas da (CE, FMI, outros), por coerência todos tentam fazer o melhor, embora às vezes não conseguem ou não os deixam.
    Não será assim feita através feita nas investiduras. "Prometo pela minha honra, etc,etc...
    O problema não está nas promessas pois esta é o principio das intenções para se fazer, o problema está depois ao ter conhecimento dos dossiers, às dificuldades escondidas pelo anterior governo e que a seguir que vier tem que se desenrascar.
    Por outro lado, estamos e continuamos a estar à escala territorial do tamanho de uma ILHA dentro de uma comunidade países mais ricos. Fomos ricos (tínhamos as províncias ultramarinas), perdemos o poder negocial.
    Portanto dando ajuda aos pessimistas deste país, não temos nada para poder negociar.
    Somos uma espécie de ricos que ficaram pobres. A honra nossa fica em salvado, por enquanto, a nossa língua Portuguesa. Mas há os que tem vergonha de falar cá dentro e falam inglês. Que eu saiba um inglês na sua terra não fala em Português para os Portugueses entenderem.
    Que venha o diabo escolher, desgraça a nossa, caro Dr. Fernando Nobre.

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  6. Amiga Manuela,
    Este artigo demonstra bem o caminho que vem sendo trilhado para mal dos nossos pecados e das possíveis saídas no sentido de melhorar tal estado de coisas. Atente-se, no entanto, no teor do comentário anterior do amigo Fernado Teixeira que é muito pertinente! Responde bem porque não se inverte a actual situação...
    O "sistema" não o permite para, assim, se poder manter!
    Um abraço amigo.
    Luís

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  7. Caro Fernando
    Penso que o Dr. Fernando Nobre se refere neste artigo ao estado global do mundo, mas em Portugal há muita coisa mal também. Não podemos é baixar os braços e entregar os pontos ao pessimismo dominante ou ao sistema que sufoca. Temos de reagir para mudar, e nunca alinhar com um sistema que está podre.
    E depois, nós somos ricos em muitas coisas, falta-nos é uma maior capacidade de contrariar os interesses instalados, mesmo sabendo que é uma batalha dificílima de ganhar.
    Obrigada pela participação, e um bom fim de semana.

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  8. Caro Luís
    É verdade, o sistema está cheio de vícios e tem uma força incrível, mas cada um terá de o contrariar, mesmo sentindo-nos como uma formiga contra um elefante. Mas se muitas formigas picarem o elefante, ele sente...
    Um abraço e obrigada pelo comentário.

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  9. Amiga Manuela. Eu percebi e concordo com o texto do Dr.Nobre e subscrevo por baixo mas, sabe só que me (chateia) é ver pessoas com poso da sociedade como Dr. Nobre, Medina e tantos outros, criticarem e não os vejo a oferecerem-se ao Chefe do Governo e da Nação, para ajudar que o país vá para frente. Só sabem dizer mal e deitar uns "biteites" para os outros (povo) ficarem aborrecidos com isto em vez de se animarem.
    De resto estou de acordo com ele e consigo, claro.
    Parece que vamos ter novidades lá para a Primavera coisa assim. Fale com o Quintino.
    Bom Fim de Semana.
    Teixera

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  10. Caro Fernando
    Desculpe-me a frontalidade, mas por acaso conhece o trabalho e tem acompanhado as intervenções do Dr. Fernando Nobre?
    Pode haver, mas olhe que eu não conheço nem sei, neste país, de alguém que tanto tenha trabalhado na prática por um mundo melhor e mais solidário!
    Houvesse 1% da população como o Dr. Fernando Nobre e lhe garanto que este mundo seria uma maravilha, pois chegariam para compensar a asneira dos outros 99%.

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  11. Era tão bem entregue o Nobel da Paz ao Dr. Fernando Nobre... se não fossem todos uns hipócritas, nunca tinha ido parar ao nº1 da guerra...
    Um homem que fez da vida uma missão de Paz, bem que merecia ter um Nobel.

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  12. Confesso que não li o texto na integra do Dr. Nobres não preciso, sei o que faz mas, isso não deixa em branco o que penso. Dele sei que é pessoa sincera, honesta de um voluntarismo que não há na memória. Sim, Ele é excepcional. Agora digo e continuo a dizer, porque é que estes homens úteis à pátria como deixam transparecer, não vão para a frente da batalha (oferecerem-se com os seus serviços como políticos e servir a causa da Pátria?) Pois não vão porque aquilo, (governar) não é pêra doce.
    É mais fácil estar de fora. Ele e os outros todos críticos da nossa praça política e civil.
    Criticar é felicíssimo.
    A Fada diz; ele merecia o Prémio Nobel da Paz? Talvez.
    Vale mais ele do que por exemplo o recém galardoado, penso com o Prémio da Paz salvo erro, o Barak Obama. Este tipo ainda cá chegou. Já fez alguma coisa pela humanidade?
    Ao Dr. Nobre eu atribuía-lhe o Prémio de Paz e Liberdade, este sim, ele merece.
    Fica aqui registado que não sou contra o pensamento do Dr. Fernando Nobre.

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  13. Caro Fernando
    Estamos esclarecidos, mas tenho a certeza que o Dr Fernando Nobre é muito mais útil ao mundo naquilo que faz do que se dedicasse à política.
    Mas, como homem de acção, tem todo o direito de dizer, de escrever e de alertar para o que está mal. E olhe que está muita coisa mal neste mundo e neste país, é preciso é que as pessoas saibam para reagirem.
    Um bom fim de semana

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  14. É assim mesmo, Nela!... Activismo p'ra frentex!!

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  15. Amiga Manuela (se me permite trata-la assim). Estou de acordo mas repare parece que pensa que estou contra o Dr,Nobre, não estou, para prova-lo lhe digo o seguinte:

    O Prémio dos Direitos Humanos
    (Atribuído entre 1999 e 2008)
    Ano 2000
    Prémio: - Conselho Português para os Refugiados.
    Medalhas atribuídas: - D.Alexandre Nascimento (Arcebispo Luanda)
    Dr. Fernando Ribeiro Nobre (Pres. AMI).
    Como vê este amigo além do seu trabalho humanitário em todo o mundo é reconhecido principalmente em África.
    Ele será mais útil como presidente da AMI? Talvez.
    Mas com estas distinções lhe dá mais responsabilidade individual e colectiva. Por isso lhe digo que cada um dá aos outros os talentos que têm. Por ele nem falo tanto mal. Como diz e bem, expôs o seu ponto de vista. Certo.
    Eu é que errei e meti o Dr. Nobre no mesmo saco, (dos que protestam) e não fazem leria.
    Desculpe lá a minha má interpretação.
    Estou desculpado?

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  16. Caro amigo Fernando
    Não tenho nada de que o desculpar, cada um expressa aqui a sua opinião, e acabamos por fazer um diálogo que é saudável.
    Fico contente que não meta o Dr. Nobre no "saco" dos que protestam e não fazem mais nada, pois seria mesmo muito injusto. Mas de facto pareceu-me que quis dizer isso, por isso contestei.
    Muito obrigada pela participação, e volte sempre, da discussão sai a luz!
    Um abraço

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  17. Não o meu problema é que sou um pouco exigente comigo e depois caiu na tentação em julgar os outros pondo todos no mesmo saco e sai besta.
    Está esclarecido.
    Obrigado
    Bom fim de semana.
    Por cá continuaremos.

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