sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Photoshop das Renováveis em Portugal

Vá a energias renováveis.gov.pt ou consulte um BANCO aderente! Ora nem mais!... está tudo dito!
Quem quer votos, recorre ao photoshop! Maravilha!

Sim somos apologistas das energias renováveis, mas sejamos realistas, por muito que este Governo tenha feito, ou possa vir a fazer, nunca ultrapassarão os 15% dos gastos totais energéticos do País. Somos um dos Países mais dependentes, no campo energético, da Europa, já para não falar de tudo o resto.

Falemos então de poupança e de alternativas, ao mesmo tempo.
Segundo Carmen Lima, da Quercus, 1 litro de óleo polui 10.000 litros de água, quer seja depositado directamente nas condutas de esgoto, quer no aterro, alcança sempre os lençóis friáticos. Que fazer então, com os óleos usados, dos restaurantes e das famílias? refeitórios e cantinas? Reciclar; produto final- BIODÍESEL.
É viável em Portugal? Não! Porquê, se temos uma das melhores legislações da Europa, onde as directivas europeias definem os parâmetros?!
1º Mão de obra portuguesa
2º Produto (óleo) português
3º Contratos de longo prazo, o que evita o trabalho precário.
A atribuição de quotas em Portugal, está completamente ilegal, segundo Carmen Lima e o administrador da Iberol, João Rodrigues as quotas estão a ser atribuídas a empresas designadas, fantasma, que não têm contratos com a petrolífera e se tornam assim reféns desta; como a GALP é quem dita o preço de venda, os transformadores desistem e ficam com a quota sem produzir. Ou então a empresas que dizem: "nós produzimos o máximo". Isso é ilegal...
A Iberol pode produzir 150 milhões de litros e só vende à GALP, 70 milhões, pois é toda a sua quota. A Iberol, produz farinha de soja, para ração de animais. Neste processo é obrigada a não produzir mais, isto num processo contínuo de produção. Como as quotas estão ilegais, a Iberol recorreu ao Tribunal Administrativo de Loures, este mandou a Iberol para o Tribunal Fiscal e vice-versa. No meio disto tudo, há que recorrer ao Supremo Tribunal, que com providência cautelar, interposta há mais de um ano, ainda vai decidir de quem é a competência! É a tradicional Justiça portuguesa...
Apanhados nesta trama e numa tentativa ecológica desesperada, os Municípios puseram mãos à obra e começaram a recolha dos óleos usados, em oleões espalhados pelos vários concelhos, sendo pioneiro o Município de Sintra em 2003. Sucederam-se muitos outros e um exemplo espectacular é o de Paços de Ferreira, aqui ao lado, que resolveu distribuir bidões, aos miúdos do ensino básico. Um sucesso! em 3 meses triplicaram a recolha do ano anterior.
Mas como não há quotas, o BIODÍESEL proveniente é ilegal, até porque não serve os parâmetros de pureza, estipulados pelas normas europeias, os municípios usam este biodíesel apenas para as suas próprias frotas... Uma poupança!
A Iberol queria assinar protocolos com as autarquias disponíveis, mas de mãos atadas, pela própria Justiça, nada pode fazer... é que poderia refinar e vender legalmente o biodíesel. Nem o stock da própria produção pode vender!... Há um circuito clandestino, a sobreposição de empresas não regularizadas, ou mal regularizadas, sem normas de qualidade, ou fantasma, ás que estão legais ou poderiam vir a estar!

A AMI recebe uma percentagem por litro reciclado para ajuda humanitária; 1 milhão e 200 mil euros até agora, segundo Luís Lucas, desta ONG.

Agora o que não se admite, como diz João Rodrigues, Carmen Lima, Luís Lucas e eu, já agora, é que este combustível aproveitado pelos municípios, para as suas frotas tenha de pagar imposto como o IVA (5% para o gás e 20% para o biodíesel) e o ISP, este último, só para combustíveis fósseis. Ainda por cima considerado ilegal... então como é?! É ilegal e paga impostos?! isto tem nexo?! Só neste País!! Vai daí, o Município da Tocha, levou com uma coima monumental, por não pagar os impostos!
Nos outros Países, por motivos ecológicos, o BIODÍESEL é isento de carga fiscal.

Portugal produz 125.000 toneladas/ano de óleos usados... para onde vão estes resíduos?!

Como diz o meu caro amigo Orlando Castro, só acontece neste País embora a norte, cada vez mais a sul de Marrocos! Quer painéis solares?! vá ao Governo ou à Banca!!
Sr Ministro, atenda estes senhores interessados na SUSTENTABILIDADE, mande alguém do Ambiente às entrevistas, ou pelo menos, dê uma satisfação a quem quer ser ouvido!
Ainda nos vem com fantasias, que foi quem mais ajudou o País nas renováveis?!
Ajudou a Banca a Galp e os Desgovernantes! E já agora a EDP, com painéis e tudo o resto.
Por este andar, é a completa escuridão! Não há raio de sol que nos valha!

Entrevistas na TSF - Mais Cedo ou mais Tarde - João Paulo Menezes, com:
17 Abril 2008 - Filipe Alves
21 Janeiro 2009 - João Rodrigues, Iberol
27 Março 2009 - Carmen Lima, Quercus - Luís Lucas, AMI
Representantes do Governo - são sempre convidados com antecedência, mas nunca estão disponíveis.

20 comentários:

  1. Este é o país de muitas leis, e tantas que se esbarram umas nas outras, que se impedem mutuamente de funcionar.
    Para que os grandes escritórios de advogados, que lá terão um ou outro deputado na Assembleia da República, tenham muito que fazer.
    Para que a justiça embarrile e não funcione. Alguém há-de lucrar.
    Como ouvi de um bastonário na entrevista, era deitar pelo menos metade das leis fora, e poderia ser que o país começasse a funcionar.

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  2. Ouvi o Marinho Pinto a dizer isso e não é, que o Senhor tem toda a razão?!
    Era meter 2/3 deles no esgoto que o País andava para a frente! Mas dá a impressão que o 1º Ministro gosta do estado da Nação! Aquilo na Assembleia é uma "panelinha"!
    Poluição himana não falta!

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  3. Humana... desculpa o erro

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  4. Essa frase (deitar metade das leis fora) julgo que foi o Fernando Santo (Bast. da Ordem dos Eng.s) que disse, e eu, técnica não jurista, no meu dia a dia de trabalho deparo-me constantemente com impasses devido a leis a mais que se incompatibilizam umas com as outras ficando tudo ao critério de quem as interpreta, que me perdoem os técnicos juristas.

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  5. Todos os Bastonários, disseram o mesmo, por outras palavras... não conseguem lidar, com tanta lei e leis contraditórias! O Marinho Pinto foi mais longe...
    Ninguém consegue fazer nada neste país! Acho que nem os juristas, conseguem já, interpretar tanta porcaria!...
    Por outro lado, o Bastonário dos engºs está á espera da aprovação de uma lei desde 1972. Isto é doutro Planeta!... Temos alienígenas na Assembleia.

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  6. De facto, há algum absurdo neste assunto todo. Mas parece-me que o problema é o monopólio que a GALP têm na área de distribuição. De qualquer forma, se assim é, o governo devia agir, caso contrário a GALP estará a torpedear as metas introduzidas pelo próprio executivo. Isto ainda não é uma república das bananas.

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  7. Mas o que mais me irrita, é que o povo vai eleger outra vez os mesmos de sempre, a bem da estabilidade... os que lá andam há 35 anos! Ora mais estabilidade (para eles), é impossível. Como diz o mano mais novo, os nossos "Governantes" são o nosso reflexo, azar das minorias!...

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  8. Diz-se dos portugueses que é um povo "de brandos costumes".E á a mais pura das verdades.
    Eu nem conhecia esta realidade do biodiesel,das quotas e dos impostos.Mas fiquei extremamente revoltada quando li o post.
    Então em vez de se promover a sustentabilidade vai-se colocar entraves?
    Além de que a questão da Galp não pode ser totalmente inocente.Existem muitos interesses...
    Eu também não consigo perceber como um país pequenino e com potencial como Portugal não funciona.Um país como o nosso seria à partida de fácil governação.
    Mas esta tradição da burocracia,do devagar, do papel não nos deixa avançar.E não nos deixa porque quem nos governa não faz por isso.
    De facto é triste que as pessoas voltem a votar nos mesmos em nome dos brandos costumes.
    Em Portugal não se arrisca,não se inova.Precisa-se de gente que pense "outside the box" e essencialmente com consciência e com vontade de mudar.
    A maior parte das pessoas não tem grande consciência crítica e não faz um esforço por ajudar a mudar.
    Um país como o nosso poderia perfeitamente aproveitar o biodiesel e outras energias mais verdes para não sermos tão dependentes em termos energéticos.Temos as condições ideais para tal.
    Segundo dados da EDP, se toda a gente em Portugal utilizasse a energia de forma eficiente (não estou a falar em diminuir o nº de horas que vê televisão,mas sim desligar as luzes quando não estamos na divisão,etc,) Portugal poderia reduzir 85% da sua factura energética.Basta sermos eficientes...
    Em Portugal falta educar e consciencializar.

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  9. Amigas Manuela e fada do Bosque!

    Mais um texto fabuloso que alerta para problemas reais que só alguns, muito poucos, têm plena ou mesmo alguma consciência.

    No comentário da amiga Manuela, está dito que segundo "o bastonário, era preciso deitar pelo menos metade das leis fora, e poderia ser que o país começasse a funcionar". Eu diria que para além disso, é preciso cimentar uns bons pares de botas, da maioria dos nosos políticos e atirá-los ao mar...

    Beijos
    Bom fim de semana

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  10. Este"post" deveria ser uma chamada de atenção para o carácter antagónico do "nosso" país... parece-me que neste momento nem se consegue efectuar a denominada "vigilância ambiental". Acha possível observar um conjunto de acções que permita o conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos factores determinantes e condicionantes do meio ambiente?! Bem, observar é possível, mas será silenciada se tentar passar à acção.Boa continuação.

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  11. Ana
    Obrigada pelo seu comentário. Realmente é muito triste, continuarem a votar nos mesmos...
    Este país é de muito fácil governação por ser pequeno, veja a Áustra, Dinamarca por exemplo.
    Só que aqui o Sistema acabou com o factor mais importante, cultura e civismo. Não anda por causa da desinformação constante e desigualdade para com os partidos fora do Arco do Poder!

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  12. Tem toda a razão Amiga Fernanda, a começar pelo próprio botas, que foi um logro. Aquele homem, para ditador pouco ou nada, lhe falta! Dá-se até muito bem com homólogos como Hugo Chavez!
    Obrigada pelo seu comentário.
    Isto vai de mal a pior...

    Beijinho e bom fim de semana :))

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  13. Jeune Dame de Jazz

    Nada me admira. Pensa a maioria que temos uma democracia, mas é pior que a Ditadura, porque aí, sabemos quem é o vilão. Num Sistema destes, a culpa morre solteira porque ninguém dá a cara! é um joguete de interesses altamente viciado e o pior é que o povo não tem acesso à informação.
    Desengane-se quem pensa que há democracia em Portugal. Votar não é igual a democracia. Mas o que me espanta é que votam sempre nos mesmos, mesmo quando sentem na pele. Não entendo!...

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  14. Não culpemos só os outros... a culpa é também nossa que assistimos impávidos e serenos a um país de panelinhas, "amiguinhos" e cunhinhas ... assim nunca irá lá!
    Nunca é privilegiado o mérito.
    Se calhar temos os políticos que merecemos... afinal, donde é que eles saem?

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  15. Concordo com o facto de que o sistema acabou com a cultura e civismo.Mas como aconteceu é que eu ainda não consegui perceber.
    Pelo que tenho visto por este e outros blogues,felizmente ainda há muita gente com vontade de mudar.

    Abraço e continuação do bom trabalho

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  16. Já sou blogger, para a próxima comento...

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  17. Parece que anda por aqui uma nova "ana". Bem vinda a este blogue.

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  18. Ana

    Obrigada pela participação neste diálogo.
    Parabéns pelo seu esforço e vontade de mudar, e pelo seu óptimo blogue "Um blog pelo ambiente" (http://www.boramudaromundo.blogspot.com/).

    Volte sempre.

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Obrigada por visitar o blogue "Sustentabilidade é Acção"!

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