segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Certificação Energética dos Edifícios

Todos já nos habituámos a ver aquelas etiquetas da eficiência energética dos grandes electrodomésticos como frigoríficos, máquinas de lavar e secar, fornos, e a tê-las em conta quando os vamos comprar.

Sendo os edifícios responsáveis por cerca de 30 a 40 % do consumo energético e das emissões de gases de efeito de estufa, nada mais lógico que também eles serem objecto de tal classificação.

Na sequência de uma directiva europeia (2002/91/CE), e com base do Decreto-Lei 78/2006, desde 1 de Janeiro de 2009, todos os edifícios ou fracções destinados a habitação ou serviços (em que se inclui o comércio) que sejam construídos, transaccionados ou arrendados, têm de ter obrigatoriamente um certificado energético, que os classificará desde os mais eficientes (A ou A+) até aos menos eficientes (G).

Para os edifícios novos, aos quais a certificação energética se tem vindo a aplicar desde o projecto, e por fases desde Julho de 2007, o nível mais baixo de eficiência energética admissível é o B-.

A classificação e certificação energética dos edifícios é feita por peritos qualificados para o efeito, tem em conta quer as características energéticas passivas, como isolamento, orientação solar, sombreamento, quer as activas, como produção de água quente ou electricidade a partir de fontes renováveis de energia como solar, eólica, geotérmica ou biomassa. No caso de a eficiência energética ser baixa ou poder ser aumentada, é obrigação do perito propor medidas para melhoria da classificação energética do edifício ou fracção.

A certificação energética dos edifícios é um importante contributo para a sustentabilidade da construção, para que no futuro o edificado seja cada vez menos responsável pelo consumo de energias não renováveis e cada vez mais económico ao pagar a factura energética.

Em Portugal, a entidade gestora do Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar dos Edifícios (SCE) é a ADENE - Agência para a Energia, em cujo site pode obter vasta informação sobre o assunto.

A plataforma on-line Casa Certificada, com protocolo com a ADENE, facilita a relação entre a procura e a oferta de Certificados Energéticos. Caso pretenda certificar a sua casa e não conheça um perito qualificado, vários peritos estão já lá registados, por distritos e concelhos.

10 comentários:

  1. Cara Manuela Araújo,
    "Sustentabilidade é Acção" desenvolve um excelente projecto a caminho de/para a "sustentabilidade". Desde já, o meu bem haja a esta iniciativa. Relativamente à Certificação Energética dos Edifícios diria que é como se fosse uma premissa base da própria sustentabilidade que, através da aplicação de mecanismos de certificação, promove a eficiência. A propósito desta certificação e, nunca esquecendo a necessidade estratégica face aos riscos e ameaças do stress hídrico, nunca é demais lembrar-me que as normas gerais para a etiquetagem ambiental (as ISO) podem também ser readaptadas para uma rotulagem parcial – hídrica. Significaria tudo isto que a velha/nova política de: a) reduzir os consumos; reutilizar a água; reciclar a água e recorrer a origens alternativas culminará na eficiência hídrica dos edifícios..(que a "nossa" ANQIP tanto tem contribuído). Às vezes penso algumas pessoas têm um interesse súbito de desprezar a relevância do PNAAS..uma boa continuação.

    ResponderEliminar
  2. Aqui está uma boa medida, mas não basta. Por exemplo, nas casas novas uma das casas de banho devia estar obrigatoriamente junto da cozinha, para evitar excesso no consumo de água e gás. Os autoclismos devia ter obrigatoriamente dois botões: o de carga e o de meia-carga. Enfim, pequenas sugestões.

    ResponderEliminar
  3. E mais... Para continuar as ideias do Rui...
    Os vidros deviam ser duplos. Já se devia contar com o espaço para separar os lixos desde casa, etc!

    ResponderEliminar
  4. Caros colegas desta blogosfera, plenamente de acordo com vocês. Este "post" só aborda a certificação energética dos edifícios, na sua vertente "institucional" e já está demasiado extenso (de acordo com o que me dizem meus conhecidos e familiares a quem peço para participar comentando: "os textos são muitos longos...").
    Sei que muito mais haveria a dizer, e só a respeito deste assunto.
    Mas tenho intenção de ir falando aos poucos dos assuntos que vós aqui falastes:

    - a vertente técnica e construtiva da eficiência energética (vidros duplos, como dia a Adoa, ou triplos, materiais, isolamentos, orientação solar, ventilação, localização dos equipamentos, como diz o Rui, etc.;

    - a redução de consumos de água, a que a Jeune Dame de Jazz bem chama eficiência hídrica, e que o Rui também abordou referindo-se aos autoclismos;

    - quanto à etiquetagem ambiental, tenho de confessar que estou um bocado desactualizada do assunto, preciso de uma "reciclagem", mas espero lá chegar

    - a adaptação desta etiquetagem para o foro hídrico parece-me um bom tema a discutir, Jeune Dame de Jazz, poderia dar-me nais umas dicas?

    - Quanto ao PNAAS (penso que se refere ao Plano Nacional de Acção Ambiente e Saúde 2008 -2013, aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 91/2008 de 4 de Junho), também admito que não li, pois com a quantidade de legislação que tem saído para a área em que trabalho, estou saturada de leis... mas aceito o desafio, Jeune Dame de Jazz.

    Aos três, muito obrigada pelo vosso contributo, e vão visitando aqui a "casa" para darem mais achegas, que muito enriquecem este blogue.

    ResponderEliminar
  5. Ue por acaso só conheço uma casa assim, aqui na nossa vilória...
    Daqui para a frente devia ser obrigatório.

    ResponderEliminar
  6. Cara Manuela Araújo,
    Num Seminário de Engenharia do Ambiente a "adaptação desta etiquetagem para o foro hídrico (...)" pareceu-me ser abordada através da transposição de um modelo de certificado energético para edifícios. Esta iniciativa surgiu em Portugal (em 2008) através da ANQIP, uma associação sem fins lucrativos que tem associadas várias universidades, institutos politécnicos, empresas, entidades gestoras... Poderá informar-se mais precisamente, mas segundo anotei, a certificação e rotolagem ANQIP da eficiência hídrica dos produtos tem sido implementada de acordo com o seguinte plano: a) autocolismos (no 2º semestre de 2008); b) duches (no 1º semestre de 2009); c) torneiras e fluxómetros (no 2º semestre de 2009); d) máquinas de lavar e outros dispositivos (ainda a designar). No fundo, esta iniciativa irá contribuir para um conhecimento informado sobre a eficiência hídrica dos produtos no mercado e, ao mesmo tempo, permite ao cidadão a escolha de um produto adequado às suas necessidades do ponto de vista técnico. Pegando no exemplo do Rui Herbon, os autoclismos, em modelos de 4 litros têm revelado problemas no que diz respeito ao arrastamento de sólidos em redes prediais e públicas, porém não se diz que a Norma Europeia (EN) 12056-2 não autoriza a adopção de autoclismo de 4 litros em redes prediais (aquelas de acordo com o Sistema I da Norma) – curiosamente é o sistema mais habitual em Portugal! Também se devia consultar a performance do conjunto autoclismo-bacia (prEN 14055), etc. ...(a ANQIP estabeleceu categorias de eficiência hídrica "A"; "A+"; "A++"). Poder-se-ia falar de muita coisa, mas talvez o comentário seja muito extenso. Relativamente ao PNAS é, de facto, o Plano Nacional de Acção Ambiente e Saúde, uma leitura inadiável (o Vector V da intervenção do plano é direccionado à "articulação com iniciativas internacionais de ambiente e saúde". Uma boa continuação.

    ResponderEliminar
  7. Cara Jeune Dame de Jazz,
    obrigadíssima pela informação e contribuição.
    Hei-de pesquisar mais um bocado, e um dia destes falo sobre o assunto aqui no blogue. Se não se importa usarei parte do seu texto, com a fonte indicada, claro.

    ResponderEliminar
  8. Muito interessante essa idéia do selo... Ainda não conhecia... vou inclusive repassar a idéia... Talvez assim iniciemos, por outra via, a sensibilização dos moradores aqui de MS.

    Valeu...

    Abração

    Visite-nos também ;)

    ResponderEliminar
  9. Cara Manuela,
    Primeiramente muito interessante a questão do selo dos edifícios. Aqui no Brsil ainda não estamos neste patamar: temos o selo Procel para os eletrodomésticos, mas infelizemente a adesão não é obrigatória.
    Meu blog trata da questão das Licitações Sustentáveis e temos tentado defender a ACV (Avaliação do Ciclo de Vida) como o melhor critério para seleção de bens e materiais para serem introduzidos no mercado.
    Se quiser trocar alguma idéia, meu e-mail é: leonardo2710@gmail.com

    ResponderEliminar
  10. Biosfera e Licitações Sustentáveis:

    Agradeço a vossa visita.
    É pena que aí no Brasil ainda não seja obrigatória a certificação energética dos edifícios, pois é um passo em frente para um menor consumo de energia. Talvez seja mais necessária aqui na Europa do que no Brasil, porque há mais frio e se precisa de mais aquecimento, mas a certificação energética também tem em conta as necessidades de arrefecimento (aí serão maiores), as características passivas dos edifícios e as energias renováveis.

    Espero que vão divulgando essa ideia, Portugal teve de aderir por fazer parte da União Europeia (senão... não sei).

    Quanto ao ciclo de vida, penso que será dos materiais construtivos, acho um bom princípio para tornar os edifícios mais amigos do ambiente.

    Para breve vou também falar (assim pela rama, não dá para aprofundar muito no blogue) sobre a certificação ambiental dos edifícios (inclui energia, água, materiais, local....), que não é obrigatória mas devia ser.

    Mais uma vez, obrigada por participarem.

    ResponderEliminar

Obrigada por visitar o blogue "Sustentabilidade é Acção"!

Agradeço o seu comentário, mesmo que não venha a ter disponibilidade para responder. Comentários que considere de teor insultuoso ou que nada tenham a ver com o tema do post ou com os temas do blogue, não serão publicados ou serão apagados.