domingo, 5 de julho de 2009

Fórum do Condomínio da Terra - 2º dia

Hoje, 2º dia do Fórum Internacional do Condomínio da Terra, foi dedicado aos temas da Vizinhança Económico-ambiental e à Valorização Jurídica e Económica da Interdependência Global.
Foram oradores:
- Bill Mckibben, EUA, "Porque o mundo precisa saber: Construir um Movimento Climático em 2009"
- Fernando Nobre, Portugal
- Colin Soskolne, Espanha, "Valores, Ética e Sustentabilidade"
- Marti Boada, Espanha, "Crise Ambiental, uma Crise Civilizacional"
- D. Manuel Martins, Portugal, "Uma perspectiva Cristã sobre o Condomínio Terra"
- Purificació Canals, Espanha
- Paulo Magalhães, Portugal, " A Crise Ambiental e a Consequente Crise no Edifício de Preconceitos: o Condomínio Terra como Proposta de Adaptação das Sociedades Humanas ao Funcionamento Global da Biosfera"

Foram intervenções de grande alcance, com o objectivo de provocar uma ruptura com preconceitos e abertura de mentalidades para a urgência de uma nova sociedade que ponha à frente de tudo o respeito pela Natureza e pelo Homem como parte integrante da mesma, e que tem de deixar de estar amarrada a um pensamento preconceituoso que coloca a economia e o lucro de alguns à frente de tudo.

Embora todas as exposições tenham sido de excelente qualidade, destaco aqui duas:

- O apelo do Dr. Bill Mckibben para a campanha 350.org, que pretende envolver a população, organizações e cidades para chamarem a atenção dos decisores políticos que vão estar em Copenhaga em Dezembro, de que a meta tem de ser uma concentração máxima de CO2 equivalente na atmosfera de 350 ppm. O dia 24 de Outubro é a data escolhida para os actos simbólicos.

- O apelo do Dr. Fernando Nobre para a necessidade de alterar mentalidades, e de percebermos que somos nós cidadãos que temos de tudo fazer para obrigar os nossos governantes também a mudar, pois é essencial promover uma repartição mais justa da riqueza do mundo. Mencionou uma comparação que utilizou no prefácio para a versão portuguesa do livro "Comércio Justo Para Todos", que transcrevo: "É necessário que as empresas globais e os governos que têm incentivado e dominado as estratégias do subdesenvolvimento perene dos mais fracos assumam compromissos claros de não estrangulamento da sobrevivência dos pequenos agricultores do Sul. Como podem competir estes pequenos agricultores com os grandes monopólios do Norte que definem as regras e são, ainda por cima, maciçamente subvencionados e têm os seus mercados protegidos? Permitam-me uma metáfora: como pode um perneta famélico competir com um campeão olímpico superalimentado e medicamente assistido e ainda por cima dopado? É impossível."

Que nos fique na mente a frase de Einstein que quase todos os conferencistas usaram e com a qual o Dr. Paulo Magalhães finalizou o fórum:

"Não se pode resolver um problema usando o mesmo raciocínio que foi usado para causar o problema"

7 comentários:

  1. Grande frase. Onde é que Einstein terá dito isso?

    É o que está a acontecer na educação em Portugal actualmente!

    No que diz respeito aos problemas ambientais sou um grande leigo - ignorante, para ser mais claro!

    Nunca tive tempo para ler e aprender a sério sobre o assunto.

    Por isso, fico um pouco perplexo e atrapalhado ao observar abordagens do problema semelhantes à do Fórum e abordagens mais "cépticas" (ou, noutro ângulo, mais optimistas) em que se alega que os problemas estão a ser exagerados, que muito provavelmente o aquecimento global não tem causas humanas, etc.

    Gostaria de formar uma opinião racionalmente fundamentada e não ideológica, mas não consigo - devido à diversidade de dados (ou alegados dados) e opiniões divergentes e à minha falta de estudo e reflexão na área.

    cumprimentos

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  2. Carlos Pires
    Não podemos ser especialistas em tudo. Eu não sou especialista em nada, mas a minha formação leva-me a valorizar mais uns temas que outros. Sou uma leiga em filosofia e em educação, mas são temas que me são caros, um por gosto, outro porque tenho filhos a estudar, e porque é na educação que está o futuro.

    Quanto às questões ambientais, e embora com alguma formação na área, não me considero propriamente especialista, mas penso que o assunto devia preocupar toda a gente, pois a crise é de tal ordem que está a colocar em risco a sobrevivência da nossa civilização e espécie (e outras espécies, claro).

    Mas tem sido muito difícil passar a mensagem e o alerta, pois a mensagem oposta passada pelos chamados cépticos do clima, que na sua maioria devem ser "pagos" pelos lobbies do petróleo, tem vindo a baralhar as pessoas em geral e a impedir decisões políticas sérias.

    Leia por favor o "post" seguinte:
    http://sustentabilidadenaoepalavraeaccao.blogspot.com/2009/04/os-cepticos-do-aquecimento-global.html

    Obrigada pela participação

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  3. Quanto às campanhas de informação e de contra-informação, penso que em anmbos os campos existem posições sérias e aquelas que ou são folclore ou tipicamente parvas e desnecessárias!

    Aliás, tirando o comodismo inerente ao ser humano especialmente dos tempos hodiernos, uma das coisas que contribuiu para descredebilizar inicialmente as posições de quem queria alertar para o aquecimento global foi o radicalismo de certos sectores. As pessoas normalmente tendem a reagir mal a atitudes extremas, onde tudo é como um dogma e mais ninguém pode ter alguma razão (por pouca que seja).

    Daí à contra reacção de certos sectores e lobbies foi um passo; com a vantagem para estes de teremo dinheiro!

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  4. Manuela:

    Dizer que os chamados "cépticos do clima, (...) na sua maioria devem ser "pagos" pelos lobbies do petróleo" é uma enorme simplificação e uma generalização sem fundamento.

    Li textos interessantes de Jorge Buescu (matemático e extraordinário divulgador da ciência) no blogue De Rerum Natura sobre o assunto e achei - talvez na minha ignorância - que levantavam questões pertinentes - acerca de assuntos que nada têm a ver com as indústrias petrolíferas, como os ciclos da actividade solar.
    O que ele aí escreveu até pode estar eventualmente errado (é um risco que todos corremos, por muitos indícios que acumulemos), mas considerar que escreveu porque foi pago pelas petrolíferas é descabido... Conforme se percebe lendo os seus livros, artigos e posts.

    Há problemas ambientais imediatamente óbvios: poluição do ar, dos rios e do mar, diminuição constante das áreas verdes, etc, e que são completamente factuais e independentes de valores e perspectivas pessoais.
    Pretender que quase todas as pessoas que duvidam que o aquecimento global seja causado pela actividade humana são umas vendidas não é a melhor maneira de sensibilizar a sociedade para esses problemas. CREIO QUE É UM TIRO NO PÉ!

    Talvez a causa fosse melhor defendida com uma atitude mais "fria", mais racional e menos ideológica. Vou dizer de outro modo: menos religiosa. Pois muitos activista ambientais parecem ter uma atitude religiosa, que está para além do estudo racional e da apresentação de provas. Acusar a maioria dos referidos cépticos de serem uns vendidos é - desculpe que lhe diga - uma atitude desse género.

    Talvez se consiga defender melhor o meio ambiente com uma atitude tranquila e racional, como a defendida por Aires Almeida num post do "Críca: blog": http://blog.criticanarede.com/2009/07/aquecimento-global-o-outro-lado-da.html

    cumprimentos

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  5. Uauu... parece que a coisa está a melhorar.

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  6. Este debate pode ser interessante mas penso que é mais simples. Começar assim.
    - Tenho um papel na mão rasgado, deito no contentor do papel. Um plástico, deito no contentor dos plásticos, estou a passear com o meu cão na rua (eu não tenho), apanho os detritos. Por aí fora. Se todos nós começarmos por aqui, tinha a certeza quando chega-se à agricultura aproveitava-se os detritos dos animais para os campos. O petróleo, precisamos dele. Que venha alternativas. À. Vai surgindo.
    Uauu... a coisa melhoraria ou não!

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  7. A partir de agora e neste local, vou entrar à Lobo-castanho.Com meiguice, claro. É permitido?

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