quarta-feira, 8 de julho de 2009

Aquecimento Global - arma de arremesso?

Não tenho qualquer formação na área da meteorologia ou da climatologia que me permita fazer qualquer juízo sobre quais os modelos climáticos mais correctos para descrever o que se passa ou o que se prevê para o clima da Terra.
Tenho apenas a noção de que é uma ciência sujeita a muitas incertezas, quer pelos inúmeros factores a ter em conta, quer pela dificuldade de medição das diversas variáveis à escala global. Aliás, qualquer cientista que se preze é céptico. Para cada conclusão a que chega deve colocar todas as perguntas possíveis até provar que assim é. E em ciência, uma verdade hoje pode não o ser amanhã!

Talvez porque haja muito pouca gente que perceba realmente de climatologia e de meteorologia, é difícil para as pessoas comuns entenderem se há ou não aquecimento global.
Nem cientistas de áreas diferentes (da química, da biologia, da matemática,...), e por si só, o entenderão em profundidade. E com tanta informação contraditória, pior ainda.
De modo que, o assunto das alterações climáticas e do aquecimento global, parece que se tornou em arma de arremesso, em assunto político e religioso. Admito a dificuldade de discutir aquilo de que não se sabe ou percebe, mas é pena que assim seja.

Apesar do início da contestação à teoria do aquecimento global ter sido devido aos esforços da GCC - Global Climate Coalition (formada em 1989 para se opor aos relatórios do IPCC, e que reunia algumas das maiores empresas dos sectores petrolífero, automóvel e do carvão), não afirmo que os cientistas que para eles trabalharam e outros, que desligados da GCC, põem em causa o aquecimento global não sejam sérios. Como já disse, esta é uma ciência sujeita a muitas incertezas.

Mas tal como se devem respeitar as teorias dos que consideram não haver qualquer problema com o aquecimento global, também estes se deviam abster de considerações. A não ser que chamar farsa ao 4º relatório do IPCC não seja ofensivo...

Assumo que acredito nas teorias e previsões que indicam que estão a ocorrer alterações climáticas e aquecimento global, e que nos colocam um cenário futuro pouco atractivo.
A escolha antagónica seria a de acreditar nas teorias e previsões daqueles que dizem que não há aquecimento global, ou que se o há, não tem origem antropogénica ou, mesmo que seja provocado pela actividade humana, nada de mal se passará por isso.
Também podia ficar confusa com as opiniões divergentes e nem sequer me preocupar com o assunto, tipo “outros que pensem nisso”!

Como disse, escolhi e escolho a primeira hipótese. Não por sabedoria ou conhecimentos científicos, mas certamente que não por uma questão de religiosidade ou fanatismo ambientalista.

Não me integro nesses grupos. É tão-somente uma questão de bom senso, acho eu.
E penso que não ando mal acompanhada pois é muito maior o número de cientistas que afirmam com grau de certeza considerável que o planeta está a aquecer, que uma parte desse motivo é de origem antropogénica, e que esse aquecimento põe em risco o equilíbrio do planeta, do que os que afirmam o contrário.

Não há como evitar certas evidências: os glaciares estão a recuar, os icebergues a derreter cada vez mais depressa, o Árctico a descongelar, a Gronelândia e as montanhas de todo o planeta têm cada vez menos gelo ou neve.
Não há dúvida que a concentração de CO2 na atmosfera é agora muito superior à que existia antes da revolução industrial.
Está mais que comprovado que o CO2 é um gás com efeito de estufa. Também não é difícil entender que as actividades humanas emitem grande quantidade de gases com efeito de estufa; basta saber a reacção química que ocorre nos motores de combustão dos nossos automóveis, ou que ocorre nas centrais térmicas a carvão ou a derivados do petróleo!
Também é lógico que, ao desflorestar maciçamente, se está a reduzir substancialmente a capacidade de absorção de CO2 da atmosfera pelas árvores.

E se mesmo assim me restassem dúvidas, que opção seria essa a de ficar de braços cruzados à espera de ver o que acontece?
Talvez nunca venha a saber, talvez esses desequilíbrio e mudanças mais drásticas não aconteçam no meu tempo de vida.
E se acontecerem, pode ser que não atinjam cá o meu cantinho.

Mas, e as gerações futuras?
Estamos dispostos a deixá-los correr o risco sem nada fazermos?
É justo que sejam eles a pagar a factura?
Não, eu não quero ficar como o sapo numa tina a aquecer lentamente, e a não conseguir saltar fora porque já é tarde de mais. Não, se eu puder fazer alguma coisa, farei!

16 comentários:

  1. De forma emírica, e avaliando os últimos verões em Portugal, eu diria que, pelo menos localmente, estamos em arrefecimento. E recordo que há 2 ou 3 anos nevou no sul, coisa que não sucedia há mais de 50 anos.

    Quanto ao resto, e mesmo que haja o tal aquecimento global, já ouvi uma teoria (pouco propalada porque não é fantástica nem serve nenhum interesse) de que o mesmo se deve a oscilações cíclicas na temperatura do planeta que têm a ver com o ângulo relativamente ao sol e com a actividade solar.

    Quem tem razão? Não sei. De qualquer forma a redução da emissão de gases, por esse ou outro qualquer motivo, parece-me sempre benéfica.

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  2. Alinho pela equipa dos que constatam, ainda que empiricamente, que o clima tem registado mudanças assinaláveis e perfeitamente visíveis a olho nu.

    Se é só por causa do efeita de estufa, não sei. Nem me importa!
    E não importa porque, mesmo que seja por factores naturais, aquele efeito estará a contribuir sobremaneira para agravar os efeitos dos tais factores naturais que muitos apoiam.

    Permito-me ainda perguntar qual a justeza e necessidade de nos andarmos a digladiar se as razões estão pelo lado dos que dizem que não há aquecimento global algum, que há mas apenas provocado por factores naturais ou que há provocado pelo homem ou pela conjugação de ambos, se todos sabemos e sentimos que existem coisas que, tal como estão, não podem continuar?

    Por acaso, acho imensa piada aos sacripantas que vêm armados em finos e moralistas apregoar que os que defendem o aquecimento global assente ou potenciado em maior grau pelo efeito de estufa, quando os argumentos que apresentame a veemência que empregam é igual ao radicalismo que apontam aos outros!

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  3. Estou de perfeito acordo contigo Quinn!
    E se noutras Eras o aquecimento global, se deveu a efeitos de erupções vulcânicas, não só, ao deslocamento da Terra no seu eixo( o que provocaria a idade do gelo de novo, não de aquecimento), o que se observa e segundo o que vi numa reportagem, bem fundamentada na RTP2, os degelos deveram-se a grande actividade vulcânica.O que não se passa hoje em dia.
    O efeito de aquecimento global provocado pelos humanos, é bem superior a qualquer actividade vulcânica registada e estudada pelos cientistas, em toda a história do planeta.
    Quando a Terra chegar ao máximo de inclinação, 26 graus, que já quase atingiu, e fizer o movimento inverso, eu quero ver... vai ser assim para o catastrófico, porque vai aquecer mesmo!
    Se o humano não começa a prevenir desde já, não teremos muito futuro!
    Ou seja, evitámos mais uma era glaciar, mas daqui para diante, vai ser sempre a aquecer.
    É preciso ver, que neste momento o Planeta foi de tal forma devastado, por nós, que perdeu quase todas as suas defesas.
    Isto, claro, de uma leiga, apoiada no conhecimento de Antímio de Azevedo e não só.

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  4. Olá. Começo pelo princípio. O seu tema é complicado para discussão como ressalva logo de inicio mas, tem que se começar por algum lado. Esse lado justamente é a exposição pelo tema que escolheu. Difícil com certeza, desenvolvê-lo ainda pior. Mas da discussão é que se faz luz, vai obrigar-me a estar atento à sua página, porque estou interessado em saber chegar a um valor que me aproxime em sabedoria e aos comportamentos que contribuí para o aquecimento do globo. Como sou burro nesta matéria, ouço dizer que os aerossóis (Suspensão de partículas finíssimas sólidas ou a maior parte das vezes líquidas num gás), contribuem para o aquecimento da terra. Pergunto: - Como se pode deixar o uso dessas substâncias e quais são as alternativas? Agora, que é ou serve de arma de arremesso às populações para a sobrevivência do habitat, aqui não tenho dúvida.
    Um Lobo-castanho, que não tem espaço e ar para respirar.

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  5. Caríssimos, muito obrigada pela vossa participação. Como disse no texto, não sou especialista no assunto, mas bem sei que também há factores externos à terra que interferem com o clima, como os que referiram: a inclinação da terra e a actividade solar. Mas quanto a esses, nada podemos fazer. O nosso sistema solar tem a longo prazo, os anos contados... Mas talvez possamos fazer alguma coisa em relação aos factores antropogénicos, para tentar prolongar a nossa estadia como espécie neste lindo planeta.

    Em relação à pergunta do Lobo-Castanho sobre os aerossóis, não tenho respostas concretas ou definitivas para lhe dar, como já disse, não sou especialista (e decerto nem que o fosse). Até porque deve saber que é um assunto que tem sido objecto de estudos, uns mais antigos, outros mais recentes - talvez tenha visto o artigo de 30/6 no Público-Ecosfera sobre uma publicação na revista Nature (http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1227104&idCanal=96), onde concluem que os aerossóis, que são poluentes indesejados, têm efeito antagónico ao aquecimento global.
    Apesar de terem efeito de estufa, porque absorvem a radiação IV, parece que o efeito de "escurecimento" que provocam, reflectindo a luz solar visível, compensa o efeito de estufa, contribuindo antes para o "arrefecimento global".
    Já James Lovelock, uns anos atrás, e antes da actual crise económica, disse que a redução na produção de aerossóis (poluentes) devido a uma eventual crise económica poderia intensificar o aquecimento global.
    Mas não me parece solução credível ou desejável aumentarmos a poluição com aerossóis para combater o aquecimento global.
    Penso que quanto menos alterarmos o equilíbrio do nosso planeta, mais hipótese teremos de contribuir para a sua saúde.

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  6. E não é, que a miúda, tem resposta para tudo?!
    Tamos feitos lol lol lol

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  7. OLÁ. Vou continuar a seguir os seus pensamentos, é um (privilégio) a ler. Eu é que não percebo nada disto. Bem, tenho uma tarefa para apresentar em PowerPoint a um júri das CNO-Novas Oportunidades, pensava escolher este tema sobre a Terra e ou o que é um condomínio da Terra, por exemplo, mas começo a cair em mim e vejo que na generalidade das questões são difíceis de explicar ao júri. Acho que me vou ficar por temas sobre o movimento de escutas e/ou, sobre as Conferências Vicentinas no mundo ou Portugal.
    Um Lobo-Castanho, aflito.

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  8. Concordo inteiramente contigo: há uma enorme confusão em relação aos estudos climáticos, o que nos deixa confusos, por nossa "leigalidade" e posição passiva perante o assunto. Gostaria muito de poder ajudar num âmbito maior, contudo, isso não é possível, assim, vou tentando mostrar as pessoas ao meu redor o quão importante esses assuntos são.
    E acho que as mudanças climáticas são as mais importantes, vide o Condomínio da Terra: nos céus e nos mares não há divisa, no final das contas, a Terra é uma só, sem etnia ou fronteiras.
    Com origem antropogênica ou não, digo, com todo certeza, que o a atividade humana no planeta tem sim provocado um desequílibrio.

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  9. Graças ali ao Diêgo Lôbo, este texto foi parar a um jovem e interessante blogue de uns jovens brasileiros, acho que da Baía, que se interessam pelo Ambiente: "E Esse Tal Meio Ambiente? (http://essetalmeioambiente.wordpress.com/.
    Obrigada, Diêgo, pela divulgação.

    E já agora (last but not least), obrigada também ao amigo Ferreira-Pinto pela revisão do texto.

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  10. Penso que o problema não é saber se há aquecimento global, se os argumentos contra ou a favor são mais fracos ou mais fortes, mas sim, termos uma atitude de defesa do ambiente e consequentemente do planeta, quer com as nossas acções, quer com a divulgação da informação e sensibilização dos outros para uma atitude responsável. A problemática do aquecimento global teve e tem o grande mérito de alertar as pessoas e os governos para a necessidade urgente de pormos um travão na destruição sistemática dos recursos e biodiversidade do planeta. Contribuiu de uma forma fundamental para a tomada de consciência de que os níveis de consumo das nossas sociedades industrializadas é abismal e simplesmente descontextualizado se tivermos em conta o que a terra nos pode dar e o número de seres humanos que cá estão. Digamos que o houve um grande avanço, especialmente nestes últimos 10 anos,..que a maioria dos governos está disposta a colaborar na redução das emissões de CO2 e consequentemente de todos os outros poluentes,...que as energias alternativas ganharam relevo,...que o lobbie do petróleo perdeu poder. Devemos continuar a exigir políticas sustentáveis. Parabéns pela discussão....

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  11. Ora agora é que tu disseste tudo!!! :)
    Poucas, mas boas!

    Morena with a phd!

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  12. Tens razão, Fada do Bosque. Obrigada Cila, por contribuíres com lucidez e optimismo para este blogue.

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  13. Na minha escola os meus colegas deitam os papéis para o chão, mas eu nunca deito nada ao chão fico com o papael até encontrar um caixote do lixo. Eu agora estou a tentar tornar-me mais ambientalista, como fazer a reciclagem, não gastar tanta energia e água, porque eu não quero sofrer as consequências no futuro.

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  14. Miss s.
    Obrigada por apareceres por aqui. Deu para notar que és jovem e é nos jovens que está o futuro deste planeta. Bem vinda e volta sempre.

    Continua a dar o exemplo aos colegas.
    Eles acabarão por aprender.

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