sábado, 23 de maio de 2009

Consertar a cadeia alimentar

Já pensaram bem na insustentabilidade da curta vida dos animais que nos alimentam? Eu confesso que evito o mais possível pensar nisso. É demasiado degradante o que a nossa espécie faz às outras de que se alimenta. Mas nem sempre assim foi.

No Reino Unido, a organização Friends of the Earth produziu um pequeno filme para a campanha "Fix The Food Chain", para que os britânicos pressionem o seu governo a passar os subsídios dos sistemas intensivos de produção pecuária para a produção de pequena escala, promovendo uma forma mais amiga do ambiente e dos animais.

Uma boa ideia, que espero dê resultados. Não quererá a Quercus seguir o exemplo? O filme não está traduzido, mas é fácil de entender.




Também o filme "Our Daily Bread", de Nikolaus Geyhalter, do qual deixo ficar aqui, primeiro o trailer de apresentação e depois um extracto, retrata a agricultura e pecuária intensiva. Não precisa tradução, pois não tem comentários. E eu também não vou comentar. Uma imagem vale mais que mil palavras.


13 comentários:

  1. Afinal, vou comentar: cada vez estou mais convencida de que devemos reduzir a quantidade de carne que ingerimos. Eu tenho reduzido, e vou reduzir mais. Não se trata de ser vegetariano, mas de fazer alimentação equilibrada. Comemos carne demais.

    Mais uma nota: agradeço ao João Salvado a indicação do filme "Our Daily Bread". Obrigada

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  2. Do filme "Our Daily Bread" recomendo o visionamento da parte do nascimento dos pintos. Pintaínhos saiem da chocadeira e são "tratados", nos tapetes rolantes, a baixo de "linha de engarrafamento de cerveja". Bizarro, o primeiro contacto do animal com a vida.
    Aconselho ver: não é chocante como as imagens de matadouro, não é sanguineamente violento, mas é ridiculo do ponto de vista do comportamento da espécie humana como predador dos predadores.
    Dá para ficar a pensar o ponto de “desenvolvimento” industrial que temos que atingir para permitir que 6 biliões de seres humanos (nem todos) possam, de repente, apetecer-lhe Kentucky Fried Chicken.
    Subscrevo a Manuela: comer com sustentabilidade, é preciso!

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  3. Há muito que este tema da indústria de animais me tira o sono.
    Comecem por deixar de comer animais bebés. É um bom começo! Todo o animal que nasce tem pelo menos o direito de viver até à fase adulta. A vida das galinhas poedeiras é sinistra e violenta, há ovos à venda de galinhas criadas ao ar livre...procurem-nos! Podem também comer carne de vaca criada ao livre. É mais cara, mas não precisamos de comer tanta.
    É preciso começar!
    Já agora! Comprem produtos portugueses...a agricultura portuguesa está a morrer!

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  4. Para a Cila:

    Num blog que precisa de consenso para ganhar energia, balanço e crescer, fica mal, eu sei, “postar” comentários desconcertantes.
    Ainda assim, por imperativo de consciência, eu tenho que dizer o seguinte:

    Deixar de comer animais bebés?
    Sim, absolutamente de acordo.
    As marcas Bairrada ou Negrais são a vergonha da cultura gastronómica nacional. À conta disso o Concelho de Sintra tem a maior concentração de matadouros de leitões do país - onze! Isso mesmo, há matadouros especializados em bebés. Que horror! As condições de vida e de morte dos pobres menores seria matéria para uma longa reportagem.
    Por isso subscrevo as palavras da Cila: leitão, vitela, cabrito, “jaquinzinhos”, frango da guia, etc, etc, devem ser revistos da nossa cultura gastronómica.

    Quanto ao resto, Cila, estamos em desacordo.

    O problema não é tão simples de resolver quanto a Cila o anuncia: eu posso passar a comprar ovos do campo, ou vaquinhas do prado... Mas o problema da sustentabilidade é planetário. Isto é, diz respeito aos ovos, aos bifes e ao leite que são consumidos por dois biliões de seres vivos com poder de compra. Requer soluções industriais, massificadas... Esqueça o romantismo e a visão bucólica do prado e da vaquinha. Como vamos resolver o problema global?

    Por último, perdoe-me, estou em total desacordo com a frase “comprem produtos portugueses – a agricultura portuguesa está a morrer”. É um disparate pensar que o consumidor deve atribuir preferencia ao produto nacional... só por afinidade geográfica ou cultural.

    Devemos escolher o que consumimos, isso sim, em função de outros critérios que não a nacionalidade ou o proteccionismo industrial. A qualidade e o preço, por exemplo, são bons critérios de escolha... Mas se quiser um outro, ecológico, ou ideológico, escolha pelas boas práticas de produção, por exemplo. Produtos criados e manufacturados sob boas condições ambientais... e esses nem sempre são os nacionais, convenhamos!).
    Adimito que se diga não compro este produto porque é chinês ou indiano porque é fabricado sob condições de exploração de trabalho infantil ou de mão de obra escrava, ou de arrepio às normas comerciais, de marca, de patentes ou de direitos de autor... Mas imagine o seu argumento “nacional” aplicado por 4 biliões de chineses e indianos!!!
    Por que razão haveria eu de preferir, por exemplo, o leite português contra o galego, se este é melhor e mais barato? Apenas porque entendo proteger as cooperativas Agros, Lacticoop, etc?

    Não baralhemos a confusão... se a indústria portuguesa está a morrer é por outras razões... é por razões (passe a redundância...) industriais.

    Não se esqueça que vivemos numa economia global (pelo menos na Europa) da qual também beneficiamos, e estamos sujeitos a regras de livre concorrência que, analisadas neste âmbito particular, nada têm de mal.

    Reconheça, Cila, que não conduz um carro português... que quando vai ao supermercado comprar um bom queijo, escolhe pelo gosto e não pela nacionalidade... o perfume que usa não é de fabrico nacional... e o aspirador ou frigorífico que tem em casa não são da marca Jocel.
    E quando amanhã for ao cinema escolhe um bom filme, não um filme português.
    Vê a diferença?

    Convenhamos, há uma fronteira ténue entre ecologia e demagogia... não vamos ultrapassá-la, ok?

    Cila, sem agravo, seu

    JS

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  5. Eu só tenho uma coisa a dizer...
    Vi o filme inteiro e fiquei doente!
    De qualquer forma o que achei é que a trilogia do filme MATRIX, é uma metáfora bem estudada, do que nós seres humanos somos! Eu senti que fazia parte do sistema das ditas máquinas, que transformavam, a energia por nós libertada! Só é pena que os animais, não possam tomar o dito comprimido azul, para percepcionarem uma outra realidade bem melhor.
    E não há volta a dar. Neste ponto concordo com o João Salvado. Quem pensa que isto pode mudar para melhor, é mesmo uma pessoa romântica.
    Quanto à agricultura portuguesa, infelizmente é das coisas que mais dói, especialmente no que respeita
    à produção de frutos e legumes, que são considerados, dos mais saborosos e nutritivos do Mundo.

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  6. Para se comer com sustentabilidade, é necessário estar de "barriga cheia". Muitos há que morrem de fome. Este tipo de apresentações só podem provir de quem, não tendo fome, medita sobre o "horrores" que os miseráveis dos agricultores praticam para alimentar esta sociedade ocidental gorda, balofa e urbana, que normalmente fala do que não sabe, nem conhece.

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  7. Para o João Salvado:

    Antes de mais quero reforçar que acredito que a actual situação pode mudar para melhor e isso depende de nós.

    Quando deixei alguns exemplos do que podemos fazer para contribuir não foi por demagogia nem por achar que encontrei a solução (esta última só mesmo querendo deturpar a minha mensagem), mas porque acredito que é com a contribuição, por pequena que seja, de cada um que se pode fazer a diferença.

    As grandes mudanças nas sociedades humanas, não foram impulsionadas por governos mas pela consciência e força das massas.

    Quando introduzi o tema proteccionista do "consumir o que é português" imaginei que poderia ferir o politicamente correcto. Este meu proteccionismo só tem a medida de nos colocar em pé de igualdade com os outros europeus. Realmente, fomos sempre bons alunos e isso levou-nos ao abismo económico.
    Também não exclui neste meu apelo os critérios sociais e de sustentabilidade que referiu e quanto a isto, nada mais acrescento.

    É evidente que é quase impossível comprar tudo o que é português, mas tenho essa preocupação, especialmente nas compras de produtos alimentares, onde essa escolha é mais fácil. Não sou fundamentalista como parece pretender que seja.

    Felizmente que começa em Portugal algum movimento, mesmo de grupos económicos fortes, nesse sentido. É proteccionismo, mas de sobrevivência. Não tenho vergonha dele.

    As razões industriais dariam pano para mangas....as razões são muitas, mas de uma forma abrangente - o "deixa andar" da maioria e a esperteza e ganância de alguns...portugueses.

    Não, não esqueço o romantismo!

    Cila

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  8. Então, para que eu também possa inluir, um pouco de romantismo também, vamos todos defender e aplicar a lei dos Direitos dos Animais! Alguém ouviu falar nesta lei? Será que existe? Será aplicada a animais com vista ao consumo humano?! A ver pelos chamados de estimação, que andam abandonados neste país, não vejo nada! E os outros? os de consumo? Ninguém zela por eles? Já estiveram in loco, numa suinicultura ou aviário? Pois eu estive e desde já digo que se há muitos que passam fome, crianças inclusive, será que sofrem mais que estes seres? Não me parece. Mania que o Humano tem, de se considerar superior e não criar leis e mentalidades que ponham os animais no mesmo patamar em que estamos. Azar meu, e digo meu, por estar no topo da cadeia Alimentar! Subescrevo S.S. Dalai Lama, quando diz que a pior coisa que faz na sua vida, é a de ter de consumir carne! Agora digo-vos, como é que se consegue trabalhar com bastante desgaste físico, sendo vegetariana?! É quase como uma orca ter de sobreviver a comer algas!
    Quanto a compras, não me cabe mim dar conselhos, mas é ir pela via da subsistência.
    Acredito que se todos assim o fizerem, o Mundo sentir-se-á muito melhor!
    Só mais uma coisa, já viram o que se passa com os bovinos na Índia, por serem considerados sagrados, e por isso serem poupados á matança?
    É simplesmente de cortar o coração!
    Pior que os animais abandonados neste malfadado país!

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  9. Resumindo, no que diz respeito aos animais, está tudo muito mal, não por sermos predadores, que é essa a nossa sina, mas sim, por nos considerarmos uma espécie superior, e não respeitar-mos os outros, como seres sensíveis e pensantes!
    Nisso culpo a presunção humana!

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  10. Os meus amigos/as andam a discutir o sexo dos anjos. O João Salvado tem toda a razão, quando diz que não pode haver romantismo na questão alimentar de 6 biliões de seres humanos. Somos tantos que o problema só se resolve com produção massificada de alimentos, sejam eles animais ou vegetais. Sabem dos problemas ecológicos que surgem com extensas áreas de monocultura? As pragas que se desenvolvem, os desiquilibrios que provocam, a erosão dos solos, a exaustão das terras? Somos demasiados e a única solução seria diminuir o tamanho da população humana... não vejo que isso seja possível, a nãop ser que a própria Natureza se encarregue de restabelecer os desiquilibrios que a Humanidade causa.

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  11. É certo que não é possível eliminar a produção intensiva de "carne".
    Porque nós ocidentais comemos carne demais. Se ao menos fosse para impedir que tantas crianças morram de fome em tantos países! Mas não, mais do que para nos alimentar é também para satisfazer a nossa gula.
    Mas será que nessas explorações é necessário tratar os animais com tão pouca dignidade? Será que não podiam existir leis que impedissem estes maus tratos aos animais?
    Eu também não concordo com as touradas, mas touradas em comparação com o que aqui vemos, são "softs": pelo menos o touro viveu, até ali, uma vida decente.

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  12. Interessante polémica instalada. Só não percebi o comentário, acima, do amigo anómimo. Que discorda mas não diz com quê nem com quem. Limita-se às considerações de moral grandiloquente do costume. Se ao menos tivesse deixado nome...
    Quanto aos comentários da fada do bosque, para evitar estender-me em longas considerações aqui, deixo a conversa e os pormenores para um mail.

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  13. Para a Fada do Bosque:
    Por não querer sobrecarregar este blog com comentários excessivos, pensei em congregar as ideias que me propunha trocar consigo num simples mail... mas não dá, não consta aqui o seu endereço. Impossibilitado: se quiser, diga-me para onde posso enviar através do meu joaolively@yahoo.com
    Mas deixe-me só dizer-lhe: acho a referência ao Matrix muito apropriada. Eu sou suspeito... sou um cinéfilo, mas você "agarrou" bem a questão.

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